Suzana Barelli

Um enólogo inconformado faz uma revolução


Em 2019, Marcelo Retamal lançou o seu projeto pessoal, Reta, junto com sua mulher

Por Suzana Barelli

As apresentações do enólogo Marcelo Retamal no Brasil começam, inevitavelmente, com uma caipirinha de cachaça. Foi com o típico drinque brasileiro na mão que ele anunciou, em 2011, a radical mudança que aconteceria com a vinícola chilena De Martino. Na época, Retamal era enólogo deste projeto e convenceu os donos da bodega a mudar totalmente o estilo de seus vinhos chilenos, que faziam muito sucesso também por aqui. “Eu não gostava dos vinhos, não abria uma garrafa em casa com meus amigos”, lembra o enólogo, com uma sinceridade incomum. Sua crítica é que os vinhos que ele elaborava eram concentrados, pesados demais e poucos consumidores passavam para a segunda taça.

Assim, de brancos e tintos chilenos bem potentes, com muitas notas frutadas e longos estágios em carvalho, ele mostrou que vinhos em ânforas poderiam ter elegância. O primeiro exemplo foi o Viejas Tinajas, um moscatel fermentado por meses em potes de terracota, lançado quando poucos ousavam desafiar a supremacia dos tanques de inox para vinificação. Retamal foi pioneiro em mostrar que a América do Sul poderia, sim, elaborar vinhos com aromas de frutas mais frescas e corpo mais leve, sem o predomínio das notas de madeira, que traduzimos como baunilha, chocolate, cacau e afins.

NOVOS VALES, NOVOS PROJETOS

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Não foi fácil para a De Martino mostrar ao mundo seu novo perfil, até porque os antigos vinhos, mesmo potentes, eram muito bons. Assim como não tardou para a enologia de Retamal ganhar novos terroirs, resultado do seu inconformismo com os vinhos que fazia. Para ele, era preciso conhecer outros vales, outros solos, outras uvas. O primeiro projeto foi o Viñedos de Alcohuaz, em parceria com a família Flaño, no vale de Elqui, no norte do Chile, conhecido então pelas uvas para o pisco.

O enólogo Marcelo Retamal Foto: Reta

O primeiro tinto foi o Grus, uma mescla de syrah com variedades como petite sirah, garnacha, malbec, carignan e petit verdot, que fermenta em foudres (barricas grandes, que não passam as notas de carvalho para o vinho) e tanques de cimento em formato de ovo. A linha cresceu e atualmente são cinco tintos, todos frescos, com muita personalidade, e que fermentam em lagares de pedra. Os rótulos e a arquitetura da vinícola têm referências mais mística, pela crença do sócio de Retamal.

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A VINÍCOLA FAMILIAR

Mas o enólogo não parou aí. Em 2019, ele lançou o seu projeto pessoal, junto com sua mulher. Batizado de Reta, aqui ele vinifica uvas de alguns pequenos vinhedos chilenos, que foi conhecendo ao longo de sua carreira de enólogo. “São pequenos vinhedos, que eu acompanho a qualidade e o potencial”, diz ele, que passou por São Paulo esta semana para apresentar seus vinhos. Um deles é o Quebrada Seca, de um vinhedo de pouco mais de 4 hectares em Limarí, de notas bem minerais.

Retamal também decidiu elaborar vinhos na Espanha, na serra de Salamanca, em Jerez e na Rioja. Detalhe: faz um Jerez seco, sem fortificação. Não poderia ser diferente.

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OS NOVOS VINHOS

E até 2021 conseguiu conciliar os projetos pessoais com a enologia da De Martino, quando se desligou da vinícola chilena. Irrequieto, Retamal diz que não terá novas vinícolas, que Chile e Espanha são suficientes. Mas tem planos com novos vinhos, como um touriga nacional em Elqui, fortificado com uvas Pedro ximenez. Ele está encafifado com a variedade, que a cada safra resulta em um tinto diferente, com notas de frutas mais maduras em uma safra e de taninos adstringentes em outra. Outro é um branco que fermentou em qvevri, como são chamadas as ânforas georgianas, e chega ao mercado em 2029. “Acredito que os vinhos laranja devem ser envelhecidos”, afirma.

E assim ele segue, com elogios importantes, como o do crítico Luis Gutiérrez, que avalia os vinhos para a Wine Advocate, publicação fundada por Robert Parker. Em artigo recente, ele escreveu que considera Retamal um dos grandes enólogos e pensadores de vinho no Chile. Aos interessados, os vinhos de Retamal chegam ao Brasil pela importadora Decanter.

As apresentações do enólogo Marcelo Retamal no Brasil começam, inevitavelmente, com uma caipirinha de cachaça. Foi com o típico drinque brasileiro na mão que ele anunciou, em 2011, a radical mudança que aconteceria com a vinícola chilena De Martino. Na época, Retamal era enólogo deste projeto e convenceu os donos da bodega a mudar totalmente o estilo de seus vinhos chilenos, que faziam muito sucesso também por aqui. “Eu não gostava dos vinhos, não abria uma garrafa em casa com meus amigos”, lembra o enólogo, com uma sinceridade incomum. Sua crítica é que os vinhos que ele elaborava eram concentrados, pesados demais e poucos consumidores passavam para a segunda taça.

Assim, de brancos e tintos chilenos bem potentes, com muitas notas frutadas e longos estágios em carvalho, ele mostrou que vinhos em ânforas poderiam ter elegância. O primeiro exemplo foi o Viejas Tinajas, um moscatel fermentado por meses em potes de terracota, lançado quando poucos ousavam desafiar a supremacia dos tanques de inox para vinificação. Retamal foi pioneiro em mostrar que a América do Sul poderia, sim, elaborar vinhos com aromas de frutas mais frescas e corpo mais leve, sem o predomínio das notas de madeira, que traduzimos como baunilha, chocolate, cacau e afins.

NOVOS VALES, NOVOS PROJETOS

Não foi fácil para a De Martino mostrar ao mundo seu novo perfil, até porque os antigos vinhos, mesmo potentes, eram muito bons. Assim como não tardou para a enologia de Retamal ganhar novos terroirs, resultado do seu inconformismo com os vinhos que fazia. Para ele, era preciso conhecer outros vales, outros solos, outras uvas. O primeiro projeto foi o Viñedos de Alcohuaz, em parceria com a família Flaño, no vale de Elqui, no norte do Chile, conhecido então pelas uvas para o pisco.

O enólogo Marcelo Retamal Foto: Reta

O primeiro tinto foi o Grus, uma mescla de syrah com variedades como petite sirah, garnacha, malbec, carignan e petit verdot, que fermenta em foudres (barricas grandes, que não passam as notas de carvalho para o vinho) e tanques de cimento em formato de ovo. A linha cresceu e atualmente são cinco tintos, todos frescos, com muita personalidade, e que fermentam em lagares de pedra. Os rótulos e a arquitetura da vinícola têm referências mais mística, pela crença do sócio de Retamal.

A VINÍCOLA FAMILIAR

Mas o enólogo não parou aí. Em 2019, ele lançou o seu projeto pessoal, junto com sua mulher. Batizado de Reta, aqui ele vinifica uvas de alguns pequenos vinhedos chilenos, que foi conhecendo ao longo de sua carreira de enólogo. “São pequenos vinhedos, que eu acompanho a qualidade e o potencial”, diz ele, que passou por São Paulo esta semana para apresentar seus vinhos. Um deles é o Quebrada Seca, de um vinhedo de pouco mais de 4 hectares em Limarí, de notas bem minerais.

Retamal também decidiu elaborar vinhos na Espanha, na serra de Salamanca, em Jerez e na Rioja. Detalhe: faz um Jerez seco, sem fortificação. Não poderia ser diferente.

OS NOVOS VINHOS

E até 2021 conseguiu conciliar os projetos pessoais com a enologia da De Martino, quando se desligou da vinícola chilena. Irrequieto, Retamal diz que não terá novas vinícolas, que Chile e Espanha são suficientes. Mas tem planos com novos vinhos, como um touriga nacional em Elqui, fortificado com uvas Pedro ximenez. Ele está encafifado com a variedade, que a cada safra resulta em um tinto diferente, com notas de frutas mais maduras em uma safra e de taninos adstringentes em outra. Outro é um branco que fermentou em qvevri, como são chamadas as ânforas georgianas, e chega ao mercado em 2029. “Acredito que os vinhos laranja devem ser envelhecidos”, afirma.

E assim ele segue, com elogios importantes, como o do crítico Luis Gutiérrez, que avalia os vinhos para a Wine Advocate, publicação fundada por Robert Parker. Em artigo recente, ele escreveu que considera Retamal um dos grandes enólogos e pensadores de vinho no Chile. Aos interessados, os vinhos de Retamal chegam ao Brasil pela importadora Decanter.

As apresentações do enólogo Marcelo Retamal no Brasil começam, inevitavelmente, com uma caipirinha de cachaça. Foi com o típico drinque brasileiro na mão que ele anunciou, em 2011, a radical mudança que aconteceria com a vinícola chilena De Martino. Na época, Retamal era enólogo deste projeto e convenceu os donos da bodega a mudar totalmente o estilo de seus vinhos chilenos, que faziam muito sucesso também por aqui. “Eu não gostava dos vinhos, não abria uma garrafa em casa com meus amigos”, lembra o enólogo, com uma sinceridade incomum. Sua crítica é que os vinhos que ele elaborava eram concentrados, pesados demais e poucos consumidores passavam para a segunda taça.

Assim, de brancos e tintos chilenos bem potentes, com muitas notas frutadas e longos estágios em carvalho, ele mostrou que vinhos em ânforas poderiam ter elegância. O primeiro exemplo foi o Viejas Tinajas, um moscatel fermentado por meses em potes de terracota, lançado quando poucos ousavam desafiar a supremacia dos tanques de inox para vinificação. Retamal foi pioneiro em mostrar que a América do Sul poderia, sim, elaborar vinhos com aromas de frutas mais frescas e corpo mais leve, sem o predomínio das notas de madeira, que traduzimos como baunilha, chocolate, cacau e afins.

NOVOS VALES, NOVOS PROJETOS

Não foi fácil para a De Martino mostrar ao mundo seu novo perfil, até porque os antigos vinhos, mesmo potentes, eram muito bons. Assim como não tardou para a enologia de Retamal ganhar novos terroirs, resultado do seu inconformismo com os vinhos que fazia. Para ele, era preciso conhecer outros vales, outros solos, outras uvas. O primeiro projeto foi o Viñedos de Alcohuaz, em parceria com a família Flaño, no vale de Elqui, no norte do Chile, conhecido então pelas uvas para o pisco.

O enólogo Marcelo Retamal Foto: Reta

O primeiro tinto foi o Grus, uma mescla de syrah com variedades como petite sirah, garnacha, malbec, carignan e petit verdot, que fermenta em foudres (barricas grandes, que não passam as notas de carvalho para o vinho) e tanques de cimento em formato de ovo. A linha cresceu e atualmente são cinco tintos, todos frescos, com muita personalidade, e que fermentam em lagares de pedra. Os rótulos e a arquitetura da vinícola têm referências mais mística, pela crença do sócio de Retamal.

A VINÍCOLA FAMILIAR

Mas o enólogo não parou aí. Em 2019, ele lançou o seu projeto pessoal, junto com sua mulher. Batizado de Reta, aqui ele vinifica uvas de alguns pequenos vinhedos chilenos, que foi conhecendo ao longo de sua carreira de enólogo. “São pequenos vinhedos, que eu acompanho a qualidade e o potencial”, diz ele, que passou por São Paulo esta semana para apresentar seus vinhos. Um deles é o Quebrada Seca, de um vinhedo de pouco mais de 4 hectares em Limarí, de notas bem minerais.

Retamal também decidiu elaborar vinhos na Espanha, na serra de Salamanca, em Jerez e na Rioja. Detalhe: faz um Jerez seco, sem fortificação. Não poderia ser diferente.

OS NOVOS VINHOS

E até 2021 conseguiu conciliar os projetos pessoais com a enologia da De Martino, quando se desligou da vinícola chilena. Irrequieto, Retamal diz que não terá novas vinícolas, que Chile e Espanha são suficientes. Mas tem planos com novos vinhos, como um touriga nacional em Elqui, fortificado com uvas Pedro ximenez. Ele está encafifado com a variedade, que a cada safra resulta em um tinto diferente, com notas de frutas mais maduras em uma safra e de taninos adstringentes em outra. Outro é um branco que fermentou em qvevri, como são chamadas as ânforas georgianas, e chega ao mercado em 2029. “Acredito que os vinhos laranja devem ser envelhecidos”, afirma.

E assim ele segue, com elogios importantes, como o do crítico Luis Gutiérrez, que avalia os vinhos para a Wine Advocate, publicação fundada por Robert Parker. Em artigo recente, ele escreveu que considera Retamal um dos grandes enólogos e pensadores de vinho no Chile. Aos interessados, os vinhos de Retamal chegam ao Brasil pela importadora Decanter.

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