Suzana Barelli

Vinho em garrafa de papelão?


A primeira sensação foi de estranhamento; até então, para mim, era um vinho engarrafado como todos os outros

Por Suzana Barelli
Um consumidor desavisado dificilmente perceberia que a garrafa não é de vidro. Foto: Suzana Barelli

Tive a oportunidade de provar, recentemente, o meu primeiro vinho em garrafa de papelão. Confesso que a primeira sensação foi de estranhamento: era um vinho branco inglês - sim, além dos espumantes, a Inglaterra também vem conseguindo elaborar brancos e tintos, consequência da mudança climática -, e sua embalagem era toda desenhada, com motivos florais. Não dava para ver o vidro, que costuma aparecer por traz do rótulo nas garrafas que conhecemos, e só soube do material da garrafa quando o enólogo Neil Walker contou. Até então, para mim, era um vinho engarrafado como todos os outros.

Quando peguei a garrafa nas mãos, seu peso surpreendeu mais ainda. Era levíssima. Walker informa que a garrafa pesa menos de 100 gramas. Garrafas de vinho mais leves pesam ao redor de 350 gramas a 400 gramas, e aquelas mais robustas chegam a ter inacreditáveis 1 quilo de vidro. A garrafa de papel tem um forro plástico interno, com um fecho que lembra uma tampa de rosca, e o contrarrótulo traz informações de como deve ser a reciclagem da garrafa após o seu consumo. A informação é que é possível reciclar 95% da garrafa.

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Um consumidor desavisado dificilmente perceberia que a garrafa não é de vidro. O vinho Bacchus (que é também o nome da uva, de origem alemã), da vinícola Redbrook Estate, utiliza esta embalagem em nome da sustentabilidade. Há menor consumo de energia na produção da garrafa e também no seu transporte, aqui, pela diminuição do peso. Seu maior problema é a durabilidade. O vinho nesta embalagem deve ser consumido em até um ano, acabando com a máxima de envelhecimento na garrafa. Não é à toa que são os vinhos de entrada de linha, mais simples e para consumo imediato, que são envazados nesta embalagem.

Mas a indústria de embalagem vem investindo em outros materiais para substituir as garrafas de vidro. A revista inglesa Decanter, por exemplo, informa de experiências em embalagens com tecido de fibra, que envolve um forro semelhante ao plástico usado nas garrafas de papelão. Esta garrafa começou a ser utilizada em alguns rótulos italianos. 

São pequenas produções ainda, que apontam para uma necessidade de cuidar melhor do nosso planeta. Seguem caminho semelhante ao das rolhas de cortiça. Depois de muito brigarem contra o TCA, uma doença na rolha que dá um aroma de papelão molhado aos vinhos, os fabricantes começaram a pesquisar opções para melhor fechar a garrafa e não garantir que o consumidor não tenha surpresas desagradáveis ao provar o vinho.

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No início, apostou-se em rolhas sintéticas, muitas delas coloridas, que não deu muito certo. Das opções que surgiram no mercado, duas se mostraram bem promissoras. A primeira é tampa de rosca, também chamada de screw cap. Se no início elas eram mais simples e destinadas a vinhos de consumo imediato, hoje há tampas para diversos estilos de vinho, inclusive para aqueles de longa guarda na garrafa, como bem mostram os grandes rótulos da Nova Zelândia, um dos países que mais apostou neste fecho. Pena que, aqui no Brasil, muitos consumidores ainda torçam o nariz para esta tecnologia. Não raro, vinícolas engarrafam o mesmo vinho com screw cap para os mercados e em rolha de cortiça para o Brasil.

A segunda é um aglomerado de cortiça chamado Diam, de produção francesa. Ao desfazer a rolha e limpá-las, com um sistema de passagem de Co2 por temperatura e pressão, eles conseguem matar o fungo que causa o TCA. Depois estes pedaços de rolha são juntos novamente, com cera de abelha, formando a nova rolha. Há consumidores que desconfiam desta rolha, pelos seus pedaços de cortiça unidos, mas não deveriam. Não raro, elas são melhores do que muitas rolhas de cortiça.

Um consumidor desavisado dificilmente perceberia que a garrafa não é de vidro. Foto: Suzana Barelli

Tive a oportunidade de provar, recentemente, o meu primeiro vinho em garrafa de papelão. Confesso que a primeira sensação foi de estranhamento: era um vinho branco inglês - sim, além dos espumantes, a Inglaterra também vem conseguindo elaborar brancos e tintos, consequência da mudança climática -, e sua embalagem era toda desenhada, com motivos florais. Não dava para ver o vidro, que costuma aparecer por traz do rótulo nas garrafas que conhecemos, e só soube do material da garrafa quando o enólogo Neil Walker contou. Até então, para mim, era um vinho engarrafado como todos os outros.

Quando peguei a garrafa nas mãos, seu peso surpreendeu mais ainda. Era levíssima. Walker informa que a garrafa pesa menos de 100 gramas. Garrafas de vinho mais leves pesam ao redor de 350 gramas a 400 gramas, e aquelas mais robustas chegam a ter inacreditáveis 1 quilo de vidro. A garrafa de papel tem um forro plástico interno, com um fecho que lembra uma tampa de rosca, e o contrarrótulo traz informações de como deve ser a reciclagem da garrafa após o seu consumo. A informação é que é possível reciclar 95% da garrafa.

Um consumidor desavisado dificilmente perceberia que a garrafa não é de vidro. O vinho Bacchus (que é também o nome da uva, de origem alemã), da vinícola Redbrook Estate, utiliza esta embalagem em nome da sustentabilidade. Há menor consumo de energia na produção da garrafa e também no seu transporte, aqui, pela diminuição do peso. Seu maior problema é a durabilidade. O vinho nesta embalagem deve ser consumido em até um ano, acabando com a máxima de envelhecimento na garrafa. Não é à toa que são os vinhos de entrada de linha, mais simples e para consumo imediato, que são envazados nesta embalagem.

Mas a indústria de embalagem vem investindo em outros materiais para substituir as garrafas de vidro. A revista inglesa Decanter, por exemplo, informa de experiências em embalagens com tecido de fibra, que envolve um forro semelhante ao plástico usado nas garrafas de papelão. Esta garrafa começou a ser utilizada em alguns rótulos italianos. 

São pequenas produções ainda, que apontam para uma necessidade de cuidar melhor do nosso planeta. Seguem caminho semelhante ao das rolhas de cortiça. Depois de muito brigarem contra o TCA, uma doença na rolha que dá um aroma de papelão molhado aos vinhos, os fabricantes começaram a pesquisar opções para melhor fechar a garrafa e não garantir que o consumidor não tenha surpresas desagradáveis ao provar o vinho.

No início, apostou-se em rolhas sintéticas, muitas delas coloridas, que não deu muito certo. Das opções que surgiram no mercado, duas se mostraram bem promissoras. A primeira é tampa de rosca, também chamada de screw cap. Se no início elas eram mais simples e destinadas a vinhos de consumo imediato, hoje há tampas para diversos estilos de vinho, inclusive para aqueles de longa guarda na garrafa, como bem mostram os grandes rótulos da Nova Zelândia, um dos países que mais apostou neste fecho. Pena que, aqui no Brasil, muitos consumidores ainda torçam o nariz para esta tecnologia. Não raro, vinícolas engarrafam o mesmo vinho com screw cap para os mercados e em rolha de cortiça para o Brasil.

A segunda é um aglomerado de cortiça chamado Diam, de produção francesa. Ao desfazer a rolha e limpá-las, com um sistema de passagem de Co2 por temperatura e pressão, eles conseguem matar o fungo que causa o TCA. Depois estes pedaços de rolha são juntos novamente, com cera de abelha, formando a nova rolha. Há consumidores que desconfiam desta rolha, pelos seus pedaços de cortiça unidos, mas não deveriam. Não raro, elas são melhores do que muitas rolhas de cortiça.

Um consumidor desavisado dificilmente perceberia que a garrafa não é de vidro. Foto: Suzana Barelli

Tive a oportunidade de provar, recentemente, o meu primeiro vinho em garrafa de papelão. Confesso que a primeira sensação foi de estranhamento: era um vinho branco inglês - sim, além dos espumantes, a Inglaterra também vem conseguindo elaborar brancos e tintos, consequência da mudança climática -, e sua embalagem era toda desenhada, com motivos florais. Não dava para ver o vidro, que costuma aparecer por traz do rótulo nas garrafas que conhecemos, e só soube do material da garrafa quando o enólogo Neil Walker contou. Até então, para mim, era um vinho engarrafado como todos os outros.

Quando peguei a garrafa nas mãos, seu peso surpreendeu mais ainda. Era levíssima. Walker informa que a garrafa pesa menos de 100 gramas. Garrafas de vinho mais leves pesam ao redor de 350 gramas a 400 gramas, e aquelas mais robustas chegam a ter inacreditáveis 1 quilo de vidro. A garrafa de papel tem um forro plástico interno, com um fecho que lembra uma tampa de rosca, e o contrarrótulo traz informações de como deve ser a reciclagem da garrafa após o seu consumo. A informação é que é possível reciclar 95% da garrafa.

Um consumidor desavisado dificilmente perceberia que a garrafa não é de vidro. O vinho Bacchus (que é também o nome da uva, de origem alemã), da vinícola Redbrook Estate, utiliza esta embalagem em nome da sustentabilidade. Há menor consumo de energia na produção da garrafa e também no seu transporte, aqui, pela diminuição do peso. Seu maior problema é a durabilidade. O vinho nesta embalagem deve ser consumido em até um ano, acabando com a máxima de envelhecimento na garrafa. Não é à toa que são os vinhos de entrada de linha, mais simples e para consumo imediato, que são envazados nesta embalagem.

Mas a indústria de embalagem vem investindo em outros materiais para substituir as garrafas de vidro. A revista inglesa Decanter, por exemplo, informa de experiências em embalagens com tecido de fibra, que envolve um forro semelhante ao plástico usado nas garrafas de papelão. Esta garrafa começou a ser utilizada em alguns rótulos italianos. 

São pequenas produções ainda, que apontam para uma necessidade de cuidar melhor do nosso planeta. Seguem caminho semelhante ao das rolhas de cortiça. Depois de muito brigarem contra o TCA, uma doença na rolha que dá um aroma de papelão molhado aos vinhos, os fabricantes começaram a pesquisar opções para melhor fechar a garrafa e não garantir que o consumidor não tenha surpresas desagradáveis ao provar o vinho.

No início, apostou-se em rolhas sintéticas, muitas delas coloridas, que não deu muito certo. Das opções que surgiram no mercado, duas se mostraram bem promissoras. A primeira é tampa de rosca, também chamada de screw cap. Se no início elas eram mais simples e destinadas a vinhos de consumo imediato, hoje há tampas para diversos estilos de vinho, inclusive para aqueles de longa guarda na garrafa, como bem mostram os grandes rótulos da Nova Zelândia, um dos países que mais apostou neste fecho. Pena que, aqui no Brasil, muitos consumidores ainda torçam o nariz para esta tecnologia. Não raro, vinícolas engarrafam o mesmo vinho com screw cap para os mercados e em rolha de cortiça para o Brasil.

A segunda é um aglomerado de cortiça chamado Diam, de produção francesa. Ao desfazer a rolha e limpá-las, com um sistema de passagem de Co2 por temperatura e pressão, eles conseguem matar o fungo que causa o TCA. Depois estes pedaços de rolha são juntos novamente, com cera de abelha, formando a nova rolha. Há consumidores que desconfiam desta rolha, pelos seus pedaços de cortiça unidos, mas não deveriam. Não raro, elas são melhores do que muitas rolhas de cortiça.

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