Suzana Barelli

Você já provou um vinho do seu ano?


A experiência de provar uma garrafa de um branco, tinto e, até melhor, de um fortificado elaborado no ano do seu nascimento como uma das boas coisas que só o mundo de Baco pode proporcionar

Por Suzana Barelli
Vinhos muito antigos precisam sempre ser decantados pelos muitos sedimentos que se formam na garrafa. Foto: Arquivo pessoal

Há quem ache que a pergunta do título é coisa de “enochato”, como são apelidados aqueles amigos que tornam qualquer comentário de vinho um momento pernóstico. Mas eu defendo a experiência de provar uma garrafa de um branco, tinto e, até melhor, de um fortificado elaborado no ano do seu nascimento como uma das boas coisas que só o mundo de Baco pode proporcionar.

Primeiro, é uma experiência única, de provar na taça a evolução de uma bebida que, assim como você, viveu todos os seus anos e manteve a boa forma. Aqui, claro, pensando que o vinho degustado estará em perfeitas condições. Nas poucas oportunidades que tive de provar um vinho do meu ano, vivi a poesia deste momento. Meu pensamento voou pelos anos, meus e do vinho, como um brinde à vida.

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Gargalo foi cortado com uma tenaz aquecida, porque a rolha, muito antiga, não resistiria ao saca-rolhas. Foto: Arquivo pessoal

Depois porque é um aprendizado provar vinhos mais antigos. As boas notas de evolução aparecem, como couro, tabaco, balsâmicos, frutos secos. A cor muda completamente – os tintos caminham para os tons de ocre, assim como os brancos vão ganhando esta coloração. A acidez se faz presente, bem integrada, mas como fator que garantiu ao longo dos anos, a sobrevivência do vinho. E é sempre preciso decantá-lo, pelos muitos sedimentos que se formam na garrafa.

No meu caso, que nasci em 1968, não é fácil encontrar estes vinhos. Primeiro porque foi uma safra ruim e, nestes casos, são poucos os produtores que guardam as garrafas. Sabem que o vinho não deve amadurecer bem e tratam de consumi-las logo.

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Mas, ainda bem que há achados. O mais recente aconteceu no mês passado, em Portugal. Uma garrafa do Casa de Santar 1968 estava a minha espera, gentileza do enólogo Osvaldo Amado, quando fui visitar a vinícola no Dão. A garrafa foi aberta com todo o cuidado que a situação pede. O gargalo foi cortado com uma tenaz aquecida, porque a rolha não resiste mais aos saca-rolhas. Depois o vinho foi decantado com muita paciência. E, assim, ganhou vida.

O Casa de Santar 1968 apresentounotas de figos secos, balsâmicos, com taninos muito sedosos, complexo e persistente. Foto: Arquivo Pessoal

Era grande a minha expectativa com a bebida. Ao provar vinhos antigos, o primeiro ponto é saber como a garrafa foi armazenada. Neste caso, havia segurança porque há 54 anos a garrafa descansa na cave da vinícola, distante menos de 10 metros de onde seria a degustação. Mas quando comemorei os meus 40 anos, abri uma garrafa de um grande Bordeaux, que havia comprado em uma loja em Saint-Émilion anos antes, e tenho de confessar que ele havia virado vinagre. No mesmo ano, por gentileza de um amigo, provei um Castilho Ygay 1968, um belo Rioja, da Marquês de Murrieta, que, este sim, estava divino.

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Em Portugal, eu estava novamente com sorte, e o tinto se mostrou vivo, ainda com capacidade de envelhecer por mais alguns anos. Logo abriu em notas de figos secos (divinos), empireumáticos, balsâmicos. E estava delicioso no paladar, taninos muito sedosos, macio, complexo e, principalmente, persistente. Ganhei o dia.

Mais recentemente a Taylor’s passou a lançar, anualmente, o seu Very Old Single Harvest Port. São vinhos do Porto com uvas de uma única safra, que envelhecem desde sempre em cascos de carvalho em Vila Nova de Gaia, e chegam ao mercado quando completam 50 anos. Claro que comprei (e provei) o 1968. Os Portos, pelo maior teor alcoólico e pelo açúcar residual, têm maior capacidade de envelhecer bem, ganhando a complexidade na garrafa por anos, até décadas. Se o preço do vinho, por aqui importado pela Qualimpor, não for um problema, eu recomendo a experiência.

Vinhos muito antigos precisam sempre ser decantados pelos muitos sedimentos que se formam na garrafa. Foto: Arquivo pessoal

Há quem ache que a pergunta do título é coisa de “enochato”, como são apelidados aqueles amigos que tornam qualquer comentário de vinho um momento pernóstico. Mas eu defendo a experiência de provar uma garrafa de um branco, tinto e, até melhor, de um fortificado elaborado no ano do seu nascimento como uma das boas coisas que só o mundo de Baco pode proporcionar.

Primeiro, é uma experiência única, de provar na taça a evolução de uma bebida que, assim como você, viveu todos os seus anos e manteve a boa forma. Aqui, claro, pensando que o vinho degustado estará em perfeitas condições. Nas poucas oportunidades que tive de provar um vinho do meu ano, vivi a poesia deste momento. Meu pensamento voou pelos anos, meus e do vinho, como um brinde à vida.

Gargalo foi cortado com uma tenaz aquecida, porque a rolha, muito antiga, não resistiria ao saca-rolhas. Foto: Arquivo pessoal

Depois porque é um aprendizado provar vinhos mais antigos. As boas notas de evolução aparecem, como couro, tabaco, balsâmicos, frutos secos. A cor muda completamente – os tintos caminham para os tons de ocre, assim como os brancos vão ganhando esta coloração. A acidez se faz presente, bem integrada, mas como fator que garantiu ao longo dos anos, a sobrevivência do vinho. E é sempre preciso decantá-lo, pelos muitos sedimentos que se formam na garrafa.

No meu caso, que nasci em 1968, não é fácil encontrar estes vinhos. Primeiro porque foi uma safra ruim e, nestes casos, são poucos os produtores que guardam as garrafas. Sabem que o vinho não deve amadurecer bem e tratam de consumi-las logo.

Mas, ainda bem que há achados. O mais recente aconteceu no mês passado, em Portugal. Uma garrafa do Casa de Santar 1968 estava a minha espera, gentileza do enólogo Osvaldo Amado, quando fui visitar a vinícola no Dão. A garrafa foi aberta com todo o cuidado que a situação pede. O gargalo foi cortado com uma tenaz aquecida, porque a rolha não resiste mais aos saca-rolhas. Depois o vinho foi decantado com muita paciência. E, assim, ganhou vida.

O Casa de Santar 1968 apresentounotas de figos secos, balsâmicos, com taninos muito sedosos, complexo e persistente. Foto: Arquivo Pessoal

Era grande a minha expectativa com a bebida. Ao provar vinhos antigos, o primeiro ponto é saber como a garrafa foi armazenada. Neste caso, havia segurança porque há 54 anos a garrafa descansa na cave da vinícola, distante menos de 10 metros de onde seria a degustação. Mas quando comemorei os meus 40 anos, abri uma garrafa de um grande Bordeaux, que havia comprado em uma loja em Saint-Émilion anos antes, e tenho de confessar que ele havia virado vinagre. No mesmo ano, por gentileza de um amigo, provei um Castilho Ygay 1968, um belo Rioja, da Marquês de Murrieta, que, este sim, estava divino.

Em Portugal, eu estava novamente com sorte, e o tinto se mostrou vivo, ainda com capacidade de envelhecer por mais alguns anos. Logo abriu em notas de figos secos (divinos), empireumáticos, balsâmicos. E estava delicioso no paladar, taninos muito sedosos, macio, complexo e, principalmente, persistente. Ganhei o dia.

Mais recentemente a Taylor’s passou a lançar, anualmente, o seu Very Old Single Harvest Port. São vinhos do Porto com uvas de uma única safra, que envelhecem desde sempre em cascos de carvalho em Vila Nova de Gaia, e chegam ao mercado quando completam 50 anos. Claro que comprei (e provei) o 1968. Os Portos, pelo maior teor alcoólico e pelo açúcar residual, têm maior capacidade de envelhecer bem, ganhando a complexidade na garrafa por anos, até décadas. Se o preço do vinho, por aqui importado pela Qualimpor, não for um problema, eu recomendo a experiência.

Vinhos muito antigos precisam sempre ser decantados pelos muitos sedimentos que se formam na garrafa. Foto: Arquivo pessoal

Há quem ache que a pergunta do título é coisa de “enochato”, como são apelidados aqueles amigos que tornam qualquer comentário de vinho um momento pernóstico. Mas eu defendo a experiência de provar uma garrafa de um branco, tinto e, até melhor, de um fortificado elaborado no ano do seu nascimento como uma das boas coisas que só o mundo de Baco pode proporcionar.

Primeiro, é uma experiência única, de provar na taça a evolução de uma bebida que, assim como você, viveu todos os seus anos e manteve a boa forma. Aqui, claro, pensando que o vinho degustado estará em perfeitas condições. Nas poucas oportunidades que tive de provar um vinho do meu ano, vivi a poesia deste momento. Meu pensamento voou pelos anos, meus e do vinho, como um brinde à vida.

Gargalo foi cortado com uma tenaz aquecida, porque a rolha, muito antiga, não resistiria ao saca-rolhas. Foto: Arquivo pessoal

Depois porque é um aprendizado provar vinhos mais antigos. As boas notas de evolução aparecem, como couro, tabaco, balsâmicos, frutos secos. A cor muda completamente – os tintos caminham para os tons de ocre, assim como os brancos vão ganhando esta coloração. A acidez se faz presente, bem integrada, mas como fator que garantiu ao longo dos anos, a sobrevivência do vinho. E é sempre preciso decantá-lo, pelos muitos sedimentos que se formam na garrafa.

No meu caso, que nasci em 1968, não é fácil encontrar estes vinhos. Primeiro porque foi uma safra ruim e, nestes casos, são poucos os produtores que guardam as garrafas. Sabem que o vinho não deve amadurecer bem e tratam de consumi-las logo.

Mas, ainda bem que há achados. O mais recente aconteceu no mês passado, em Portugal. Uma garrafa do Casa de Santar 1968 estava a minha espera, gentileza do enólogo Osvaldo Amado, quando fui visitar a vinícola no Dão. A garrafa foi aberta com todo o cuidado que a situação pede. O gargalo foi cortado com uma tenaz aquecida, porque a rolha não resiste mais aos saca-rolhas. Depois o vinho foi decantado com muita paciência. E, assim, ganhou vida.

O Casa de Santar 1968 apresentounotas de figos secos, balsâmicos, com taninos muito sedosos, complexo e persistente. Foto: Arquivo Pessoal

Era grande a minha expectativa com a bebida. Ao provar vinhos antigos, o primeiro ponto é saber como a garrafa foi armazenada. Neste caso, havia segurança porque há 54 anos a garrafa descansa na cave da vinícola, distante menos de 10 metros de onde seria a degustação. Mas quando comemorei os meus 40 anos, abri uma garrafa de um grande Bordeaux, que havia comprado em uma loja em Saint-Émilion anos antes, e tenho de confessar que ele havia virado vinagre. No mesmo ano, por gentileza de um amigo, provei um Castilho Ygay 1968, um belo Rioja, da Marquês de Murrieta, que, este sim, estava divino.

Em Portugal, eu estava novamente com sorte, e o tinto se mostrou vivo, ainda com capacidade de envelhecer por mais alguns anos. Logo abriu em notas de figos secos (divinos), empireumáticos, balsâmicos. E estava delicioso no paladar, taninos muito sedosos, macio, complexo e, principalmente, persistente. Ganhei o dia.

Mais recentemente a Taylor’s passou a lançar, anualmente, o seu Very Old Single Harvest Port. São vinhos do Porto com uvas de uma única safra, que envelhecem desde sempre em cascos de carvalho em Vila Nova de Gaia, e chegam ao mercado quando completam 50 anos. Claro que comprei (e provei) o 1968. Os Portos, pelo maior teor alcoólico e pelo açúcar residual, têm maior capacidade de envelhecer bem, ganhando a complexidade na garrafa por anos, até décadas. Se o preço do vinho, por aqui importado pela Qualimpor, não for um problema, eu recomendo a experiência.

Vinhos muito antigos precisam sempre ser decantados pelos muitos sedimentos que se formam na garrafa. Foto: Arquivo pessoal

Há quem ache que a pergunta do título é coisa de “enochato”, como são apelidados aqueles amigos que tornam qualquer comentário de vinho um momento pernóstico. Mas eu defendo a experiência de provar uma garrafa de um branco, tinto e, até melhor, de um fortificado elaborado no ano do seu nascimento como uma das boas coisas que só o mundo de Baco pode proporcionar.

Primeiro, é uma experiência única, de provar na taça a evolução de uma bebida que, assim como você, viveu todos os seus anos e manteve a boa forma. Aqui, claro, pensando que o vinho degustado estará em perfeitas condições. Nas poucas oportunidades que tive de provar um vinho do meu ano, vivi a poesia deste momento. Meu pensamento voou pelos anos, meus e do vinho, como um brinde à vida.

Gargalo foi cortado com uma tenaz aquecida, porque a rolha, muito antiga, não resistiria ao saca-rolhas. Foto: Arquivo pessoal

Depois porque é um aprendizado provar vinhos mais antigos. As boas notas de evolução aparecem, como couro, tabaco, balsâmicos, frutos secos. A cor muda completamente – os tintos caminham para os tons de ocre, assim como os brancos vão ganhando esta coloração. A acidez se faz presente, bem integrada, mas como fator que garantiu ao longo dos anos, a sobrevivência do vinho. E é sempre preciso decantá-lo, pelos muitos sedimentos que se formam na garrafa.

No meu caso, que nasci em 1968, não é fácil encontrar estes vinhos. Primeiro porque foi uma safra ruim e, nestes casos, são poucos os produtores que guardam as garrafas. Sabem que o vinho não deve amadurecer bem e tratam de consumi-las logo.

Mas, ainda bem que há achados. O mais recente aconteceu no mês passado, em Portugal. Uma garrafa do Casa de Santar 1968 estava a minha espera, gentileza do enólogo Osvaldo Amado, quando fui visitar a vinícola no Dão. A garrafa foi aberta com todo o cuidado que a situação pede. O gargalo foi cortado com uma tenaz aquecida, porque a rolha não resiste mais aos saca-rolhas. Depois o vinho foi decantado com muita paciência. E, assim, ganhou vida.

O Casa de Santar 1968 apresentounotas de figos secos, balsâmicos, com taninos muito sedosos, complexo e persistente. Foto: Arquivo Pessoal

Era grande a minha expectativa com a bebida. Ao provar vinhos antigos, o primeiro ponto é saber como a garrafa foi armazenada. Neste caso, havia segurança porque há 54 anos a garrafa descansa na cave da vinícola, distante menos de 10 metros de onde seria a degustação. Mas quando comemorei os meus 40 anos, abri uma garrafa de um grande Bordeaux, que havia comprado em uma loja em Saint-Émilion anos antes, e tenho de confessar que ele havia virado vinagre. No mesmo ano, por gentileza de um amigo, provei um Castilho Ygay 1968, um belo Rioja, da Marquês de Murrieta, que, este sim, estava divino.

Em Portugal, eu estava novamente com sorte, e o tinto se mostrou vivo, ainda com capacidade de envelhecer por mais alguns anos. Logo abriu em notas de figos secos (divinos), empireumáticos, balsâmicos. E estava delicioso no paladar, taninos muito sedosos, macio, complexo e, principalmente, persistente. Ganhei o dia.

Mais recentemente a Taylor’s passou a lançar, anualmente, o seu Very Old Single Harvest Port. São vinhos do Porto com uvas de uma única safra, que envelhecem desde sempre em cascos de carvalho em Vila Nova de Gaia, e chegam ao mercado quando completam 50 anos. Claro que comprei (e provei) o 1968. Os Portos, pelo maior teor alcoólico e pelo açúcar residual, têm maior capacidade de envelhecer bem, ganhando a complexidade na garrafa por anos, até décadas. Se o preço do vinho, por aqui importado pela Qualimpor, não for um problema, eu recomendo a experiência.

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