Ingredientes brasileiros estudados na cozinha

Pimenta-rosa para além da estética


Apesar do nome, o fruto da aroeira-pimenteira não tem nada de picante. Guarda como semelhança com a pimenta-do-reino apenas o formato e tamanho

Por Neide Rigo
Atualização:

Quem anda observando as árvores de São Paulo deve ter notado que as aroeiras-pimenteiras nas ruas e praças estão carregadas de frutinhos vermelhos do tamanho de grãos de pimenta-do-reino. Tão caras no mercado, tão fartas nas ruas. E, apesar do nome, esses pequenos frutos da aroeira-pimenteira não têm nada de picante. Guardam como semelhança com a pimenta-do-reino apenas o formato e o tamanho.

A pequena baga varia do rosa pink ao vermelho vivo. Ela se parece com uma bolinha vermelha oca. A parte vermelha é uma película fina e quebradiça, que envolve uma semente ligeiramente adocicada e resinosa.

Pink. Especiaria brasileira ficou famosa na França Foto: Neide Rigo|Estadão
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Até a semana passada essa era uma especiaria que não me apetecia muito, talvez pelo forte perfume de terebintina – as folhas recendem ainda mais à substância e daí o nome da espécie, Schinus terebinthifolia. Acontece que me deparei com aroeiras exuberantes em seus cachos vermelhos na entrada de Piracaia e no nosso sítio na cidade, e resolvi dar uma nova chance às mimosidades. 

De repente, o sabor resinoso me fez lembrar do mastique, pepitas de seiva endurecida da árvore Pistacia lenticus, muito usado como especiaria em doces árabes, e assim a característica que antes me incomodava ganhou novo significado.

O incrível é que mesmo com tanta aroeira-pimenteira, árvore brasileira espalhada por todo o território, grande parte da pimenta-rosa vendida nos mercados em passado bem recente vinha da França, que importava do Brasil, embalava e nos devolvia rotulada como baies roses ou poivre rose para ser vendida em mercearias de produtos finos.

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Brasil e Madagascar são os maiores produtores. Portanto, é melhor comprar a produção local. Se bem que devemos aos franceses a popularização de seu uso alimentício – a planta é tradicionalmente usada por suas propriedades fitoterápicas, está entre as espécies medicinais elencadas por naturalistas que percorreram Minas Gerais no século 19, como Carl FP von Martius (1794-1868) e Auguste Saint-Hilaire (1779-1853) e figura na primeira edição da Farmacopeia Brasileira, de 1929. Como especiaria, os frutos começaram a ser usados na França no começo do século passado, mas sobretudo a partir do avanço da nouvelle cuisine na década de 1970 – mais por afetação do que por suas características gustativas.

O fato é que boa parte do mundo passou a conhecê-la e abusar de sua beleza. Nos Estados Unidos, em 1982, a importação chegou a ser proibida sob a alegação de que poderia causar alergias e outros males, como acontece com espécies da mesma família das anacardiáceas, como manga ou caju. A proibição durou pouco, mas foi suficiente para dar o que falar, aumentando ainda mais a curiosidade.

Acontece que a aroeira-pimenteira pode causar alergias em pessoas mais sensíveis, mas o uso das bagas como tempero é considerado seguro. De qualquer forma, deve-se sempre empregar em doses de especiaria, sem exagero nem assombros, lembrando que noz-moscada, cravo-da-índia e anis-estrelado também contêm componentes tóxicos e podem fazer mal se consumidos em grandes doses.

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Beterrabas com pimenta-rosa e farofa de pão Foto: Neide Rigo|Estadão

Tudo bem que muita gente já não aguenta mais comer salmão com pimenta-rosa, mas experimente misturar as bagas vermelhas com os grãos de pimenta-do-reino em diferentes estágios de maturação e triturar todas juntas. Ou passar pela peneira grossa e recolher apenas a pele fininha do fruto, que pode ser misturada em manteiga com umas gotas de limão ou ser acrescentada à mostarda ou em caldas de sobremesa.

+ RECEITA: Beterraba com pimenta-rosa 

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As sementes, uma por baga, se forem frescas, devem ser desidratadas por 10 minutos a 100ºC para que possam ser guardadas em vidros sem mofar. Na hora de usar, basta triturar como pimenta-do-reino. Como aromatizante de vinagres ou kombuchas, as bagas podem ser acrescentadas ao líquido inteiras e deixadas até conferir aroma. Elas ainda podem ser usadas como mastique ou misk em sobremesas à base de leite, como sorvetes, musses, pudins, bolos, biscoitos e cremes. O sabor resinoso harmoniza com beterraba e creme de leite, daí a receita que me colocou no grupo dos que adoram pimenta-rosa para além da estética.

Quem anda observando as árvores de São Paulo deve ter notado que as aroeiras-pimenteiras nas ruas e praças estão carregadas de frutinhos vermelhos do tamanho de grãos de pimenta-do-reino. Tão caras no mercado, tão fartas nas ruas. E, apesar do nome, esses pequenos frutos da aroeira-pimenteira não têm nada de picante. Guardam como semelhança com a pimenta-do-reino apenas o formato e o tamanho.

A pequena baga varia do rosa pink ao vermelho vivo. Ela se parece com uma bolinha vermelha oca. A parte vermelha é uma película fina e quebradiça, que envolve uma semente ligeiramente adocicada e resinosa.

Pink. Especiaria brasileira ficou famosa na França Foto: Neide Rigo|Estadão

Até a semana passada essa era uma especiaria que não me apetecia muito, talvez pelo forte perfume de terebintina – as folhas recendem ainda mais à substância e daí o nome da espécie, Schinus terebinthifolia. Acontece que me deparei com aroeiras exuberantes em seus cachos vermelhos na entrada de Piracaia e no nosso sítio na cidade, e resolvi dar uma nova chance às mimosidades. 

De repente, o sabor resinoso me fez lembrar do mastique, pepitas de seiva endurecida da árvore Pistacia lenticus, muito usado como especiaria em doces árabes, e assim a característica que antes me incomodava ganhou novo significado.

O incrível é que mesmo com tanta aroeira-pimenteira, árvore brasileira espalhada por todo o território, grande parte da pimenta-rosa vendida nos mercados em passado bem recente vinha da França, que importava do Brasil, embalava e nos devolvia rotulada como baies roses ou poivre rose para ser vendida em mercearias de produtos finos.

Brasil e Madagascar são os maiores produtores. Portanto, é melhor comprar a produção local. Se bem que devemos aos franceses a popularização de seu uso alimentício – a planta é tradicionalmente usada por suas propriedades fitoterápicas, está entre as espécies medicinais elencadas por naturalistas que percorreram Minas Gerais no século 19, como Carl FP von Martius (1794-1868) e Auguste Saint-Hilaire (1779-1853) e figura na primeira edição da Farmacopeia Brasileira, de 1929. Como especiaria, os frutos começaram a ser usados na França no começo do século passado, mas sobretudo a partir do avanço da nouvelle cuisine na década de 1970 – mais por afetação do que por suas características gustativas.

O fato é que boa parte do mundo passou a conhecê-la e abusar de sua beleza. Nos Estados Unidos, em 1982, a importação chegou a ser proibida sob a alegação de que poderia causar alergias e outros males, como acontece com espécies da mesma família das anacardiáceas, como manga ou caju. A proibição durou pouco, mas foi suficiente para dar o que falar, aumentando ainda mais a curiosidade.

Acontece que a aroeira-pimenteira pode causar alergias em pessoas mais sensíveis, mas o uso das bagas como tempero é considerado seguro. De qualquer forma, deve-se sempre empregar em doses de especiaria, sem exagero nem assombros, lembrando que noz-moscada, cravo-da-índia e anis-estrelado também contêm componentes tóxicos e podem fazer mal se consumidos em grandes doses.

Beterrabas com pimenta-rosa e farofa de pão Foto: Neide Rigo|Estadão

Tudo bem que muita gente já não aguenta mais comer salmão com pimenta-rosa, mas experimente misturar as bagas vermelhas com os grãos de pimenta-do-reino em diferentes estágios de maturação e triturar todas juntas. Ou passar pela peneira grossa e recolher apenas a pele fininha do fruto, que pode ser misturada em manteiga com umas gotas de limão ou ser acrescentada à mostarda ou em caldas de sobremesa.

+ RECEITA: Beterraba com pimenta-rosa 

As sementes, uma por baga, se forem frescas, devem ser desidratadas por 10 minutos a 100ºC para que possam ser guardadas em vidros sem mofar. Na hora de usar, basta triturar como pimenta-do-reino. Como aromatizante de vinagres ou kombuchas, as bagas podem ser acrescentadas ao líquido inteiras e deixadas até conferir aroma. Elas ainda podem ser usadas como mastique ou misk em sobremesas à base de leite, como sorvetes, musses, pudins, bolos, biscoitos e cremes. O sabor resinoso harmoniza com beterraba e creme de leite, daí a receita que me colocou no grupo dos que adoram pimenta-rosa para além da estética.

Quem anda observando as árvores de São Paulo deve ter notado que as aroeiras-pimenteiras nas ruas e praças estão carregadas de frutinhos vermelhos do tamanho de grãos de pimenta-do-reino. Tão caras no mercado, tão fartas nas ruas. E, apesar do nome, esses pequenos frutos da aroeira-pimenteira não têm nada de picante. Guardam como semelhança com a pimenta-do-reino apenas o formato e o tamanho.

A pequena baga varia do rosa pink ao vermelho vivo. Ela se parece com uma bolinha vermelha oca. A parte vermelha é uma película fina e quebradiça, que envolve uma semente ligeiramente adocicada e resinosa.

Pink. Especiaria brasileira ficou famosa na França Foto: Neide Rigo|Estadão

Até a semana passada essa era uma especiaria que não me apetecia muito, talvez pelo forte perfume de terebintina – as folhas recendem ainda mais à substância e daí o nome da espécie, Schinus terebinthifolia. Acontece que me deparei com aroeiras exuberantes em seus cachos vermelhos na entrada de Piracaia e no nosso sítio na cidade, e resolvi dar uma nova chance às mimosidades. 

De repente, o sabor resinoso me fez lembrar do mastique, pepitas de seiva endurecida da árvore Pistacia lenticus, muito usado como especiaria em doces árabes, e assim a característica que antes me incomodava ganhou novo significado.

O incrível é que mesmo com tanta aroeira-pimenteira, árvore brasileira espalhada por todo o território, grande parte da pimenta-rosa vendida nos mercados em passado bem recente vinha da França, que importava do Brasil, embalava e nos devolvia rotulada como baies roses ou poivre rose para ser vendida em mercearias de produtos finos.

Brasil e Madagascar são os maiores produtores. Portanto, é melhor comprar a produção local. Se bem que devemos aos franceses a popularização de seu uso alimentício – a planta é tradicionalmente usada por suas propriedades fitoterápicas, está entre as espécies medicinais elencadas por naturalistas que percorreram Minas Gerais no século 19, como Carl FP von Martius (1794-1868) e Auguste Saint-Hilaire (1779-1853) e figura na primeira edição da Farmacopeia Brasileira, de 1929. Como especiaria, os frutos começaram a ser usados na França no começo do século passado, mas sobretudo a partir do avanço da nouvelle cuisine na década de 1970 – mais por afetação do que por suas características gustativas.

O fato é que boa parte do mundo passou a conhecê-la e abusar de sua beleza. Nos Estados Unidos, em 1982, a importação chegou a ser proibida sob a alegação de que poderia causar alergias e outros males, como acontece com espécies da mesma família das anacardiáceas, como manga ou caju. A proibição durou pouco, mas foi suficiente para dar o que falar, aumentando ainda mais a curiosidade.

Acontece que a aroeira-pimenteira pode causar alergias em pessoas mais sensíveis, mas o uso das bagas como tempero é considerado seguro. De qualquer forma, deve-se sempre empregar em doses de especiaria, sem exagero nem assombros, lembrando que noz-moscada, cravo-da-índia e anis-estrelado também contêm componentes tóxicos e podem fazer mal se consumidos em grandes doses.

Beterrabas com pimenta-rosa e farofa de pão Foto: Neide Rigo|Estadão

Tudo bem que muita gente já não aguenta mais comer salmão com pimenta-rosa, mas experimente misturar as bagas vermelhas com os grãos de pimenta-do-reino em diferentes estágios de maturação e triturar todas juntas. Ou passar pela peneira grossa e recolher apenas a pele fininha do fruto, que pode ser misturada em manteiga com umas gotas de limão ou ser acrescentada à mostarda ou em caldas de sobremesa.

+ RECEITA: Beterraba com pimenta-rosa 

As sementes, uma por baga, se forem frescas, devem ser desidratadas por 10 minutos a 100ºC para que possam ser guardadas em vidros sem mofar. Na hora de usar, basta triturar como pimenta-do-reino. Como aromatizante de vinagres ou kombuchas, as bagas podem ser acrescentadas ao líquido inteiras e deixadas até conferir aroma. Elas ainda podem ser usadas como mastique ou misk em sobremesas à base de leite, como sorvetes, musses, pudins, bolos, biscoitos e cremes. O sabor resinoso harmoniza com beterraba e creme de leite, daí a receita que me colocou no grupo dos que adoram pimenta-rosa para além da estética.

Quem anda observando as árvores de São Paulo deve ter notado que as aroeiras-pimenteiras nas ruas e praças estão carregadas de frutinhos vermelhos do tamanho de grãos de pimenta-do-reino. Tão caras no mercado, tão fartas nas ruas. E, apesar do nome, esses pequenos frutos da aroeira-pimenteira não têm nada de picante. Guardam como semelhança com a pimenta-do-reino apenas o formato e o tamanho.

A pequena baga varia do rosa pink ao vermelho vivo. Ela se parece com uma bolinha vermelha oca. A parte vermelha é uma película fina e quebradiça, que envolve uma semente ligeiramente adocicada e resinosa.

Pink. Especiaria brasileira ficou famosa na França Foto: Neide Rigo|Estadão

Até a semana passada essa era uma especiaria que não me apetecia muito, talvez pelo forte perfume de terebintina – as folhas recendem ainda mais à substância e daí o nome da espécie, Schinus terebinthifolia. Acontece que me deparei com aroeiras exuberantes em seus cachos vermelhos na entrada de Piracaia e no nosso sítio na cidade, e resolvi dar uma nova chance às mimosidades. 

De repente, o sabor resinoso me fez lembrar do mastique, pepitas de seiva endurecida da árvore Pistacia lenticus, muito usado como especiaria em doces árabes, e assim a característica que antes me incomodava ganhou novo significado.

O incrível é que mesmo com tanta aroeira-pimenteira, árvore brasileira espalhada por todo o território, grande parte da pimenta-rosa vendida nos mercados em passado bem recente vinha da França, que importava do Brasil, embalava e nos devolvia rotulada como baies roses ou poivre rose para ser vendida em mercearias de produtos finos.

Brasil e Madagascar são os maiores produtores. Portanto, é melhor comprar a produção local. Se bem que devemos aos franceses a popularização de seu uso alimentício – a planta é tradicionalmente usada por suas propriedades fitoterápicas, está entre as espécies medicinais elencadas por naturalistas que percorreram Minas Gerais no século 19, como Carl FP von Martius (1794-1868) e Auguste Saint-Hilaire (1779-1853) e figura na primeira edição da Farmacopeia Brasileira, de 1929. Como especiaria, os frutos começaram a ser usados na França no começo do século passado, mas sobretudo a partir do avanço da nouvelle cuisine na década de 1970 – mais por afetação do que por suas características gustativas.

O fato é que boa parte do mundo passou a conhecê-la e abusar de sua beleza. Nos Estados Unidos, em 1982, a importação chegou a ser proibida sob a alegação de que poderia causar alergias e outros males, como acontece com espécies da mesma família das anacardiáceas, como manga ou caju. A proibição durou pouco, mas foi suficiente para dar o que falar, aumentando ainda mais a curiosidade.

Acontece que a aroeira-pimenteira pode causar alergias em pessoas mais sensíveis, mas o uso das bagas como tempero é considerado seguro. De qualquer forma, deve-se sempre empregar em doses de especiaria, sem exagero nem assombros, lembrando que noz-moscada, cravo-da-índia e anis-estrelado também contêm componentes tóxicos e podem fazer mal se consumidos em grandes doses.

Beterrabas com pimenta-rosa e farofa de pão Foto: Neide Rigo|Estadão

Tudo bem que muita gente já não aguenta mais comer salmão com pimenta-rosa, mas experimente misturar as bagas vermelhas com os grãos de pimenta-do-reino em diferentes estágios de maturação e triturar todas juntas. Ou passar pela peneira grossa e recolher apenas a pele fininha do fruto, que pode ser misturada em manteiga com umas gotas de limão ou ser acrescentada à mostarda ou em caldas de sobremesa.

+ RECEITA: Beterraba com pimenta-rosa 

As sementes, uma por baga, se forem frescas, devem ser desidratadas por 10 minutos a 100ºC para que possam ser guardadas em vidros sem mofar. Na hora de usar, basta triturar como pimenta-do-reino. Como aromatizante de vinagres ou kombuchas, as bagas podem ser acrescentadas ao líquido inteiras e deixadas até conferir aroma. Elas ainda podem ser usadas como mastique ou misk em sobremesas à base de leite, como sorvetes, musses, pudins, bolos, biscoitos e cremes. O sabor resinoso harmoniza com beterraba e creme de leite, daí a receita que me colocou no grupo dos que adoram pimenta-rosa para além da estética.

Quem anda observando as árvores de São Paulo deve ter notado que as aroeiras-pimenteiras nas ruas e praças estão carregadas de frutinhos vermelhos do tamanho de grãos de pimenta-do-reino. Tão caras no mercado, tão fartas nas ruas. E, apesar do nome, esses pequenos frutos da aroeira-pimenteira não têm nada de picante. Guardam como semelhança com a pimenta-do-reino apenas o formato e o tamanho.

A pequena baga varia do rosa pink ao vermelho vivo. Ela se parece com uma bolinha vermelha oca. A parte vermelha é uma película fina e quebradiça, que envolve uma semente ligeiramente adocicada e resinosa.

Pink. Especiaria brasileira ficou famosa na França Foto: Neide Rigo|Estadão

Até a semana passada essa era uma especiaria que não me apetecia muito, talvez pelo forte perfume de terebintina – as folhas recendem ainda mais à substância e daí o nome da espécie, Schinus terebinthifolia. Acontece que me deparei com aroeiras exuberantes em seus cachos vermelhos na entrada de Piracaia e no nosso sítio na cidade, e resolvi dar uma nova chance às mimosidades. 

De repente, o sabor resinoso me fez lembrar do mastique, pepitas de seiva endurecida da árvore Pistacia lenticus, muito usado como especiaria em doces árabes, e assim a característica que antes me incomodava ganhou novo significado.

O incrível é que mesmo com tanta aroeira-pimenteira, árvore brasileira espalhada por todo o território, grande parte da pimenta-rosa vendida nos mercados em passado bem recente vinha da França, que importava do Brasil, embalava e nos devolvia rotulada como baies roses ou poivre rose para ser vendida em mercearias de produtos finos.

Brasil e Madagascar são os maiores produtores. Portanto, é melhor comprar a produção local. Se bem que devemos aos franceses a popularização de seu uso alimentício – a planta é tradicionalmente usada por suas propriedades fitoterápicas, está entre as espécies medicinais elencadas por naturalistas que percorreram Minas Gerais no século 19, como Carl FP von Martius (1794-1868) e Auguste Saint-Hilaire (1779-1853) e figura na primeira edição da Farmacopeia Brasileira, de 1929. Como especiaria, os frutos começaram a ser usados na França no começo do século passado, mas sobretudo a partir do avanço da nouvelle cuisine na década de 1970 – mais por afetação do que por suas características gustativas.

O fato é que boa parte do mundo passou a conhecê-la e abusar de sua beleza. Nos Estados Unidos, em 1982, a importação chegou a ser proibida sob a alegação de que poderia causar alergias e outros males, como acontece com espécies da mesma família das anacardiáceas, como manga ou caju. A proibição durou pouco, mas foi suficiente para dar o que falar, aumentando ainda mais a curiosidade.

Acontece que a aroeira-pimenteira pode causar alergias em pessoas mais sensíveis, mas o uso das bagas como tempero é considerado seguro. De qualquer forma, deve-se sempre empregar em doses de especiaria, sem exagero nem assombros, lembrando que noz-moscada, cravo-da-índia e anis-estrelado também contêm componentes tóxicos e podem fazer mal se consumidos em grandes doses.

Beterrabas com pimenta-rosa e farofa de pão Foto: Neide Rigo|Estadão

Tudo bem que muita gente já não aguenta mais comer salmão com pimenta-rosa, mas experimente misturar as bagas vermelhas com os grãos de pimenta-do-reino em diferentes estágios de maturação e triturar todas juntas. Ou passar pela peneira grossa e recolher apenas a pele fininha do fruto, que pode ser misturada em manteiga com umas gotas de limão ou ser acrescentada à mostarda ou em caldas de sobremesa.

+ RECEITA: Beterraba com pimenta-rosa 

As sementes, uma por baga, se forem frescas, devem ser desidratadas por 10 minutos a 100ºC para que possam ser guardadas em vidros sem mofar. Na hora de usar, basta triturar como pimenta-do-reino. Como aromatizante de vinagres ou kombuchas, as bagas podem ser acrescentadas ao líquido inteiras e deixadas até conferir aroma. Elas ainda podem ser usadas como mastique ou misk em sobremesas à base de leite, como sorvetes, musses, pudins, bolos, biscoitos e cremes. O sabor resinoso harmoniza com beterraba e creme de leite, daí a receita que me colocou no grupo dos que adoram pimenta-rosa para além da estética.

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