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Dormiu pão e acordou rabanada

Por Dias Lopes - jadiaslopes@gmail.com

Os brasileiros assimilaram no século 20 o costume italiano de celebrar o Natal com panetone. Mas até hoje não abandonaram a rabanada, o doce que a tradição luso-brasileira manda saborear na festa cristã. As duas preparações são levadas à mesa da celebração. No Rio de Janeiro, se não tiver rabanada a ceia de Natal fica sem graça.Feita com pão de trigo dormido, fatiado grosso e molhado no leite, eventualmente no vinho, passado em ovos batidos, frita na manteiga e servida com uma calda de açúcar ou mel, borrifada ou não com canela, ela virou especialidade nacional. Em alguns lugares de Portugal a conhecem por fatia dourada. Lá e cá ainda a denominam fatia de parida, por dar sustança à mulher que teve filho.A rabanada surgiu como reaproveitamento do pão dormido. Essa reutilização esconde um significado religioso. Luís da Câmara Cascudo, noDicionário do Folclore Brasileiro (Global Editora, São Paulo, 2000), lembra que no interior do Nordeste se considera pecado jogar fora o pão, deixá-lo cair propositadamente no chão e não o reerguer, porque simboliza a vida e guarda o espírito de Deus na hóstia consagrada.A origem do nome rabanada é controvertida. Segundo o etimólogo, filólogo e lexicógrafo brasileiro Antenor Nascentes, noDicionário Etimológico da Língua Portuguesa, lançado em 1932, deriva de rábano + ada, pelos cortes dados na raiz dessa planta quando usada em salada. Mas para seu colega lusitano Candido Figueiredo, noNovo Dicionário da Língua Portuguesa, publicado pela primeira vez em 1899, veio do espanhol rebanada, que saiu de rebanar, ou seja, cortar algo em rebanadas, de parte a parte. Curiosamente, na Espanha o doce é conhecido por torrija ou torreja (na Catalunha muda para torradetes de Santa Teresa). Saboreiam-no na quaresma e igualmente o recomendam às parturientes.Contrariando a voz do povo, a rabanada não teria sido inventada pelos portugueses. Foram eles que ensinaram os brasileiros a prepará-la. Trouxeram a receita do Entre Doutro e Minho, antiga divisão do noroeste lusitano que abrangia Viana do Castelo, Braga, Porto e parte de Aveiro, Viseu e Vila Real, até hoje famosa pela sua elaboração. Vários países fazem rabanada com nomes e adereços diferentes, da Indonésia (roti telur) ao Marrocos (khobz belbid), da Índia (meetha andewala toast) à Inglaterra (eggy bread, egg dip ou gypsy toast). Assim, conviria atribuir a autoria do doce a muitos povos, não a um só.Os franceses a chamam de pain perdu (pão perdido), em referência ao reaproveitamento que proporciona. Ultimamente, fazem-na não só com pão velho, mas também usam o de leite e o brioche (fica uma delícia!) ou os assados especialmente para a preparação. A mais antiga referência à rabanada está no clássicoDe Re Coquinaria (Livro VII, XIII-3), o mais importante receituário do Império Romano, escrito pelo gastrônomo latino Marco Gavio Apicio, que viveu no primeiro século da nossa era: "Corte um sigilineo (pão de aveia) em fatias grossas. Coloque-as de molho no leite e frite em óleo. Espalhe mel em cima e sirva".Os americanos chamam a rabanada de french toast, provavelmente pela influência francesa na culinária do Estado da Luisiana, onde também a denominam pain perdu. Clássica para o desjejum, compete com a tradicional panqueca. As french toasts variam de região para região e cada família tem sua receita. Ingredientes como suco de laranja ou raspas da casca da fruta, alguns licores e especiarias como canela e noz-moscada são misturados ao ovo batido com leite ou creme de leite, açúcar e essência de baunilha. Restaurantes, cafés e diners preferem o pão branco cortado em fatias grossas. Em casa, predomina o de fôrma. As french toasts podem ser doces ou salgadas, nesse caso temperadas com pimenta-da-jamaica, e também com queijo derretido em cima. Em Nova York, a comunidade judaica faz uma deliciosa rabanada com chalá, o pão festivo, em forma de trança, servido no shabat e feriados religiosos. Shalom aleichem!

Os brasileiros assimilaram no século 20 o costume italiano de celebrar o Natal com panetone. Mas até hoje não abandonaram a rabanada, o doce que a tradição luso-brasileira manda saborear na festa cristã. As duas preparações são levadas à mesa da celebração. No Rio de Janeiro, se não tiver rabanada a ceia de Natal fica sem graça.Feita com pão de trigo dormido, fatiado grosso e molhado no leite, eventualmente no vinho, passado em ovos batidos, frita na manteiga e servida com uma calda de açúcar ou mel, borrifada ou não com canela, ela virou especialidade nacional. Em alguns lugares de Portugal a conhecem por fatia dourada. Lá e cá ainda a denominam fatia de parida, por dar sustança à mulher que teve filho.A rabanada surgiu como reaproveitamento do pão dormido. Essa reutilização esconde um significado religioso. Luís da Câmara Cascudo, noDicionário do Folclore Brasileiro (Global Editora, São Paulo, 2000), lembra que no interior do Nordeste se considera pecado jogar fora o pão, deixá-lo cair propositadamente no chão e não o reerguer, porque simboliza a vida e guarda o espírito de Deus na hóstia consagrada.A origem do nome rabanada é controvertida. Segundo o etimólogo, filólogo e lexicógrafo brasileiro Antenor Nascentes, noDicionário Etimológico da Língua Portuguesa, lançado em 1932, deriva de rábano + ada, pelos cortes dados na raiz dessa planta quando usada em salada. Mas para seu colega lusitano Candido Figueiredo, noNovo Dicionário da Língua Portuguesa, publicado pela primeira vez em 1899, veio do espanhol rebanada, que saiu de rebanar, ou seja, cortar algo em rebanadas, de parte a parte. Curiosamente, na Espanha o doce é conhecido por torrija ou torreja (na Catalunha muda para torradetes de Santa Teresa). Saboreiam-no na quaresma e igualmente o recomendam às parturientes.Contrariando a voz do povo, a rabanada não teria sido inventada pelos portugueses. Foram eles que ensinaram os brasileiros a prepará-la. Trouxeram a receita do Entre Doutro e Minho, antiga divisão do noroeste lusitano que abrangia Viana do Castelo, Braga, Porto e parte de Aveiro, Viseu e Vila Real, até hoje famosa pela sua elaboração. Vários países fazem rabanada com nomes e adereços diferentes, da Indonésia (roti telur) ao Marrocos (khobz belbid), da Índia (meetha andewala toast) à Inglaterra (eggy bread, egg dip ou gypsy toast). Assim, conviria atribuir a autoria do doce a muitos povos, não a um só.Os franceses a chamam de pain perdu (pão perdido), em referência ao reaproveitamento que proporciona. Ultimamente, fazem-na não só com pão velho, mas também usam o de leite e o brioche (fica uma delícia!) ou os assados especialmente para a preparação. A mais antiga referência à rabanada está no clássicoDe Re Coquinaria (Livro VII, XIII-3), o mais importante receituário do Império Romano, escrito pelo gastrônomo latino Marco Gavio Apicio, que viveu no primeiro século da nossa era: "Corte um sigilineo (pão de aveia) em fatias grossas. Coloque-as de molho no leite e frite em óleo. Espalhe mel em cima e sirva".Os americanos chamam a rabanada de french toast, provavelmente pela influência francesa na culinária do Estado da Luisiana, onde também a denominam pain perdu. Clássica para o desjejum, compete com a tradicional panqueca. As french toasts variam de região para região e cada família tem sua receita. Ingredientes como suco de laranja ou raspas da casca da fruta, alguns licores e especiarias como canela e noz-moscada são misturados ao ovo batido com leite ou creme de leite, açúcar e essência de baunilha. Restaurantes, cafés e diners preferem o pão branco cortado em fatias grossas. Em casa, predomina o de fôrma. As french toasts podem ser doces ou salgadas, nesse caso temperadas com pimenta-da-jamaica, e também com queijo derretido em cima. Em Nova York, a comunidade judaica faz uma deliciosa rabanada com chalá, o pão festivo, em forma de trança, servido no shabat e feriados religiosos. Shalom aleichem!

Os brasileiros assimilaram no século 20 o costume italiano de celebrar o Natal com panetone. Mas até hoje não abandonaram a rabanada, o doce que a tradição luso-brasileira manda saborear na festa cristã. As duas preparações são levadas à mesa da celebração. No Rio de Janeiro, se não tiver rabanada a ceia de Natal fica sem graça.Feita com pão de trigo dormido, fatiado grosso e molhado no leite, eventualmente no vinho, passado em ovos batidos, frita na manteiga e servida com uma calda de açúcar ou mel, borrifada ou não com canela, ela virou especialidade nacional. Em alguns lugares de Portugal a conhecem por fatia dourada. Lá e cá ainda a denominam fatia de parida, por dar sustança à mulher que teve filho.A rabanada surgiu como reaproveitamento do pão dormido. Essa reutilização esconde um significado religioso. Luís da Câmara Cascudo, noDicionário do Folclore Brasileiro (Global Editora, São Paulo, 2000), lembra que no interior do Nordeste se considera pecado jogar fora o pão, deixá-lo cair propositadamente no chão e não o reerguer, porque simboliza a vida e guarda o espírito de Deus na hóstia consagrada.A origem do nome rabanada é controvertida. Segundo o etimólogo, filólogo e lexicógrafo brasileiro Antenor Nascentes, noDicionário Etimológico da Língua Portuguesa, lançado em 1932, deriva de rábano + ada, pelos cortes dados na raiz dessa planta quando usada em salada. Mas para seu colega lusitano Candido Figueiredo, noNovo Dicionário da Língua Portuguesa, publicado pela primeira vez em 1899, veio do espanhol rebanada, que saiu de rebanar, ou seja, cortar algo em rebanadas, de parte a parte. Curiosamente, na Espanha o doce é conhecido por torrija ou torreja (na Catalunha muda para torradetes de Santa Teresa). Saboreiam-no na quaresma e igualmente o recomendam às parturientes.Contrariando a voz do povo, a rabanada não teria sido inventada pelos portugueses. Foram eles que ensinaram os brasileiros a prepará-la. Trouxeram a receita do Entre Doutro e Minho, antiga divisão do noroeste lusitano que abrangia Viana do Castelo, Braga, Porto e parte de Aveiro, Viseu e Vila Real, até hoje famosa pela sua elaboração. Vários países fazem rabanada com nomes e adereços diferentes, da Indonésia (roti telur) ao Marrocos (khobz belbid), da Índia (meetha andewala toast) à Inglaterra (eggy bread, egg dip ou gypsy toast). Assim, conviria atribuir a autoria do doce a muitos povos, não a um só.Os franceses a chamam de pain perdu (pão perdido), em referência ao reaproveitamento que proporciona. Ultimamente, fazem-na não só com pão velho, mas também usam o de leite e o brioche (fica uma delícia!) ou os assados especialmente para a preparação. A mais antiga referência à rabanada está no clássicoDe Re Coquinaria (Livro VII, XIII-3), o mais importante receituário do Império Romano, escrito pelo gastrônomo latino Marco Gavio Apicio, que viveu no primeiro século da nossa era: "Corte um sigilineo (pão de aveia) em fatias grossas. Coloque-as de molho no leite e frite em óleo. Espalhe mel em cima e sirva".Os americanos chamam a rabanada de french toast, provavelmente pela influência francesa na culinária do Estado da Luisiana, onde também a denominam pain perdu. Clássica para o desjejum, compete com a tradicional panqueca. As french toasts variam de região para região e cada família tem sua receita. Ingredientes como suco de laranja ou raspas da casca da fruta, alguns licores e especiarias como canela e noz-moscada são misturados ao ovo batido com leite ou creme de leite, açúcar e essência de baunilha. Restaurantes, cafés e diners preferem o pão branco cortado em fatias grossas. Em casa, predomina o de fôrma. As french toasts podem ser doces ou salgadas, nesse caso temperadas com pimenta-da-jamaica, e também com queijo derretido em cima. Em Nova York, a comunidade judaica faz uma deliciosa rabanada com chalá, o pão festivo, em forma de trança, servido no shabat e feriados religiosos. Shalom aleichem!

Os brasileiros assimilaram no século 20 o costume italiano de celebrar o Natal com panetone. Mas até hoje não abandonaram a rabanada, o doce que a tradição luso-brasileira manda saborear na festa cristã. As duas preparações são levadas à mesa da celebração. No Rio de Janeiro, se não tiver rabanada a ceia de Natal fica sem graça.Feita com pão de trigo dormido, fatiado grosso e molhado no leite, eventualmente no vinho, passado em ovos batidos, frita na manteiga e servida com uma calda de açúcar ou mel, borrifada ou não com canela, ela virou especialidade nacional. Em alguns lugares de Portugal a conhecem por fatia dourada. Lá e cá ainda a denominam fatia de parida, por dar sustança à mulher que teve filho.A rabanada surgiu como reaproveitamento do pão dormido. Essa reutilização esconde um significado religioso. Luís da Câmara Cascudo, noDicionário do Folclore Brasileiro (Global Editora, São Paulo, 2000), lembra que no interior do Nordeste se considera pecado jogar fora o pão, deixá-lo cair propositadamente no chão e não o reerguer, porque simboliza a vida e guarda o espírito de Deus na hóstia consagrada.A origem do nome rabanada é controvertida. Segundo o etimólogo, filólogo e lexicógrafo brasileiro Antenor Nascentes, noDicionário Etimológico da Língua Portuguesa, lançado em 1932, deriva de rábano + ada, pelos cortes dados na raiz dessa planta quando usada em salada. Mas para seu colega lusitano Candido Figueiredo, noNovo Dicionário da Língua Portuguesa, publicado pela primeira vez em 1899, veio do espanhol rebanada, que saiu de rebanar, ou seja, cortar algo em rebanadas, de parte a parte. Curiosamente, na Espanha o doce é conhecido por torrija ou torreja (na Catalunha muda para torradetes de Santa Teresa). Saboreiam-no na quaresma e igualmente o recomendam às parturientes.Contrariando a voz do povo, a rabanada não teria sido inventada pelos portugueses. Foram eles que ensinaram os brasileiros a prepará-la. Trouxeram a receita do Entre Doutro e Minho, antiga divisão do noroeste lusitano que abrangia Viana do Castelo, Braga, Porto e parte de Aveiro, Viseu e Vila Real, até hoje famosa pela sua elaboração. Vários países fazem rabanada com nomes e adereços diferentes, da Indonésia (roti telur) ao Marrocos (khobz belbid), da Índia (meetha andewala toast) à Inglaterra (eggy bread, egg dip ou gypsy toast). Assim, conviria atribuir a autoria do doce a muitos povos, não a um só.Os franceses a chamam de pain perdu (pão perdido), em referência ao reaproveitamento que proporciona. Ultimamente, fazem-na não só com pão velho, mas também usam o de leite e o brioche (fica uma delícia!) ou os assados especialmente para a preparação. A mais antiga referência à rabanada está no clássicoDe Re Coquinaria (Livro VII, XIII-3), o mais importante receituário do Império Romano, escrito pelo gastrônomo latino Marco Gavio Apicio, que viveu no primeiro século da nossa era: "Corte um sigilineo (pão de aveia) em fatias grossas. Coloque-as de molho no leite e frite em óleo. Espalhe mel em cima e sirva".Os americanos chamam a rabanada de french toast, provavelmente pela influência francesa na culinária do Estado da Luisiana, onde também a denominam pain perdu. Clássica para o desjejum, compete com a tradicional panqueca. As french toasts variam de região para região e cada família tem sua receita. Ingredientes como suco de laranja ou raspas da casca da fruta, alguns licores e especiarias como canela e noz-moscada são misturados ao ovo batido com leite ou creme de leite, açúcar e essência de baunilha. Restaurantes, cafés e diners preferem o pão branco cortado em fatias grossas. Em casa, predomina o de fôrma. As french toasts podem ser doces ou salgadas, nesse caso temperadas com pimenta-da-jamaica, e também com queijo derretido em cima. Em Nova York, a comunidade judaica faz uma deliciosa rabanada com chalá, o pão festivo, em forma de trança, servido no shabat e feriados religiosos. Shalom aleichem!

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