Quais eram os hits gastronômicos no passado não tão distante de 2005, quando saiu a primeira edição de Paladar? Dezessete anos se passaram e muita água correu debaixo da deliciosa ponte da gastronomia, dos nossos costumes alimentares, dos nossos desejos de consumo. Nos idos de 2005, era raridade, por exemplo, conseguir comprar um pãozinho de fermentação natural ou encontrar uma cerveja artesanal decente no supermercado do bairro. Era muito corriqueiro, porém, topar com os ingleses Jamie Oliver e Nigella Lawson numa voltinha pelos canais a cabo que eram sucesso de audiência na época. Os livros dos dois também figuravam em listas dos mais vendidos nas megastores, num tempo em que pouco se falava sobre brasilidades gastronômicas em geral.
Alex Atala já era rei nas listagens dos melhores do mundo. Mas o assunto do momento, a essas alturas, pendia muito mais para o lado de nomes como o do espanhol Ferran Adrià -- que ainda “causava” com suas criações moleculares. Um cenário bem menos empolgante para nós, povo dos trópicos, do que o atual, em que chefs e ingredientes nacionais seguem mais valorizados do que nunca. Ao longo de 17 anos, aprendemos a reconhecer nossas heranças gastronômicas mais preciosas, a valorizar tapiocas, nibs de cacau made in Bahia, grãos de café com selo de origem... Bela Gil e Rita Lobo iniciaram sua corrida (e seguem firme no pódio das campeãs) rumo a liderança da preferência nacional não só n tevê, no streaming e nas redes sociais, mas também nas listas de livros de receitas mais vendidos no país.
Se na primeira década dos anos 2000 pedíamos Cosmopolitans e Mojitos em dias festivos, hoje nossas escolhas mais certas seguem em direção a Negronis com gelos imensos que ocupam boa parte do copo, canecas geladíssimas de Moscow Mules, múltiplas versões de Gin tônica e claro que não resistimos ao calor festivo das nossas valiosas cachaças, que hoje ocupam espaço nobre nas prateleiras das melhores adegas do mercado.
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Em meados de 2006, o Paladar começa a destacar o movimento "do campo à mesa", algo que hoje, 17 anos depois, é capaz não só de nortear, mas de definir o caráter das nossas escolhas na hora de comer. O que torna o mantra da valorização do pequeno produtor praticamente de um selo de qualidade nas melhores cozinhas.
O movimento dos bistrôs, registrado pelo Paladar em 2008, pretendia democratizar a alta gastronomia da França, oferecendo qualidade e bom preço em pequenas casas do país. Naquele mesmo ano, nos nossos registros, os "foodies", visitantes de restaurantes, começaram a se popularizar. Em 2022, a primeira coisa que fazemos antes de sair de casa para uma aventura gastronômica, seja ela uma ida ao bistrô do bairro ou uma incursão ao lugar mais fervido do momento, passa obrigatoriamente pelas páginas de redes sociais como o Instagram e o Pinterest. Agora queremos saber não só as opções do cardápio, mas também “sentir” o clima do lugar, checar o público que circula por ali, mergulhar antecipadamente na experiência que envolve a tríplice aliança do “comer, beber e viver”. Ao que tudo indica, ainda tem muita coisa boa no radar para os próximos anos sobre essa aventura deliciosa que é levar até vocês as melhores experiências quando o assunto é comida.