Responsável pelo Maní, restaurante contemplado com uma estrela do Guia Michelin, eleita uma das melhores chefs do mundo, presente na lista do Latin America’s 50 Best Restaurants e jurada de um dos programas culinários mais famosos do Brasil, o MasterChef, a chef Helena Rizzo tem anos muito bem-sucedidos de carreira e muitas experiências do universo gastronômico para compartilhar.
Transitando pelos vários setores da arte, Rizzo já trabalhou como modelo dos 16 anos aos 19 anos: “Ser modelo foi um momento determinante para minha independência [...] Depois, durante muito tempo, nessa transição de modelo para a cozinha, era algo que me dava uma ‘vergoinha’, tinha esse estigma de ‘chef modelo’. Hoje falo que fui mesmo, mas, durante muito tempo, me cobrava e me julgava. Agora, olho para tudo com mais humor e gratidão”, confessa em entrevista à revista Claudia.
Em seu período de formação como profissional da cozinha, ela estagiou em restaurantes renomados como o Roanne, do chef francês Emmanuel Bassoleil, e o Gero, e relata que a área da moda já lhe abriu muitas portas no ramo gastronômico, contudo “[...] tem aquela coisa do ‘ela não deve manjar muito’; ‘é mais um rostinho bonitinho fazendo pose’ ou ‘ah, a chef modelo’. Esse tipo de zoação”, reforça, imitando o tom de ironia. “É aquela coisa de que tu tá num lugar e não pode ter multiplicidade”, relembra.
Esse é um estigma que infelizmente ainda deixa vestígios, e isso pôde ser observado em um caso recente com o chef Alex Atala, que em agosto deste ano, durante a gravação de um episódio do MasterChef fez um discurso exaltando os feitos profissionais dos colegas Rodrigo Oliveira e Érick Jacquin, mas, quando mencionou Helena, abordou somente sua beleza.
“Ele tocou numa ferida”, diz a chef. “É muito diferente eu encontrar o Alex num jantar e ele falar: ‘nossa, como você está linda’, do que estarmos num ambiente profissional. Eu fiquei extremamente incomodada e sem graça na hora. Enquanto ele falava, estava pensando no que iria falar sobre ele, porque ele é um cara que tem uma representatividade, acho ele incrível, e eu esperava mais, fiquei chateada [...] Precisamos olhar para essas feridas, porque eu já engoli muito sapo, e machuca”, finaliza.