Sabe-se que o Brasil - assim como os demais países que compõem as Américas do Norte, Sul e Central - é uma terra essencialmente indígena, e isso, mesmo em meio a tantos processos de apagamento da cultura, reverbera em diferentes áreas, como a manifestação da língua portuguesa como é conhecida hoje entre os brasileiros e boa parte da culinária e dos hábitos alimentares.
Há, hoje, itens que aparecem na cozinha do dia a dia, ou até mesmo métodos de preparo, que são de origem indígena. O processo de cozimento de peixes em folhas de palmeira (ou patioba) é um exemplo disso. De acordo com a Revista Fraude, as folhas, quando aquecidas, liberam óleos que conferem mais sabor à carne, normalmente servida com farinha de puba (isto é, mandioca).
É das tradições indígenas também que surgem os inúmeros subprodutos da mandioca, uma raiz extremamente abundante em solo nacional e que dá origem a alimentos como tapioca, beiju, polvilho, goma e diversas farinhas. Estas entram em um dos pratos brasileiros mais emblemáticos: a farofa.
Essa, por sua vez, é feita nas mais diferentes versões, utilizando bacon, linguiça, cebola, banana, entre outros ingredientes, mas há uma versão que se destaca por utilizar formigas Saúva (tamém chamadas de Içá ou Tanajura). Segundo o portal Tapajós de Fato, a prática foi favorecida por períodos chuvosos, que são sucedidos pelo grande fluxo desses insetos.
Em entrevista para a equipe, Cristian Arapiun explica: “[...] é quando está no período chuvoso que depois da chuva o sol abre e as saúvas, que são formigas, saem do seu reino e vão voar. E nisso, as comunidades tradicionais indígenas têm o costume de sair para [pegá-las]. Então eu lembro que lá na aldeia as crianças, os adultos saíam com um galho de árvore para bater nelas, elas caírem no chão e, assim, fazer a coleta desses animais para consumo”.