O vinho biológico é um tipo da bebida mais limpo em todos os sentidos, pois utiliza frutas que não têm agrotóxicos e que são produzidas em solo fertilizado naturalmente com adubo orgânico, sem prejudicar o meio ambiente.
Além disso, a produção do vinho biológico lembra a forma tradicional de produção da bebida, sem todos os procedimento de industrialização que são feitos hoje para a conservação da bebida.
Vinho biológico do Pico
Esse tipo de vinho tem tido um crescimento no mercado e há vinícolas que tem apostado nesse estilo da bebida, como a Azores Wine Company, que fica na Ilha do Pico, em Portugal. Fundada em 2014, a vinícola passa por um processo de certificação em toda a sua área para a produção do vinho biológico.
A Ilha do Pico recebe esse nome devido a montanha vulcânica, a Montanha do Pico, que culmina num pico. É a mais alta montanha de Portugal e a terceira maior montanha que emerge do Atlântico, atingindo 2 351 metros acima do nível do mar.
Tais características da ilha refletem no vinho produzido através das vinhas plantadas na região. Ao Diário de Notícias, Filipe Rocha, que criou a empresa junto com Antonio Maçanita, disse que a diferença do vinho biológico produzido no Pico dos outros vinhos é o frescor mineral, de origem vulcânica, com um toque de sal. De acordo com ele, é uma combinação muito particular de vinhos que têm muita textura e toque de mar.
Hoje, a vinícola Azores Wine Company conta com mais 1000 hectares de vinha plantada num terreno, com 10 a 15% da produtividade de uma vinha normal. “Há uma década o Pico não estava no mapa e agora estamos em restaurantes em Paris e Milão, entre outros. Com vinhos com preços que chegam aos 400 euros”, declara Filipe.
Flores nos rótulos
A Adega Mayor, em Campo Maior, Portugal, também se converteu à tendência e destinou 10 hectares de vinha para modos de produção biológico e tem mais 60 hectares em fase de conversão. Na sua gama de vinhos biológicos, há brancos, tintos e rosés.
“Quando tivermos mais matéria-prima na mão, será mais interessante em termos de variedade e complexidade daquilo que podemos mostrar ao consumidor”, explica Carlos Rodrigues, enólogo da Adega Mayor.
Cumprindo a tradição de relacionar os rótulos às artes, os vinhos biológicos têm flores de Campo Maior em seus rótulos. Tudo começou com uma obsessão do diretor criativo José Cabaço, que de 15 em 15 dias recebe flores em casa e ganhou o hábito de as fotografar.
As imagens das flores partilhadas no Instagram por ele encantaram Rita Nabeiro, ceo da Adega Mayor, que numa reunião para decidir os rótulos dos vinhos da seleção bio da marca se lembrou das imagens.
“Em vez de bancos de imagem, e como a marca procura elevar e apoiar as artes e isso nem sempre é muito visível nos vinhos, percebemos que esta era uma oportunidade para apostar na fotografia de autor”, disse Ana Cunha, designer dos rótulos da Adega Mayor, ao Observador.
Assim, a linha de vinhos biológicos ganhou um designer com as flores fotografadas pelo diretor criativo da marca.
Vinhos mais naturais
Na Adega Mayor, os vinhos biológicos são feitos da forma mais natural possível. “Não há produtos e tentamos até ser um pouco extremistas. Agarramos nas uvas, fermentamos com leveduras autóctones, zero sulfuroso, e isolamos o vinho, para não haver eventuais contaminações de outros que vêm de vinhas não biológicas”, explicou Carlos Rodrigues, enólogo da Adega Mayor, ao Observador.
Para o rótulo do vinho branco, 100% Roupeiro, de uma vinha biológica de meio hectare e numa produção limitada a 1500 garrafas, a flor escolhida foi a saramago, numa interessante combinação entre a simplicidade da sombra e da composição.
O rosé, da casta Castelão, segue a mesma linha, com a fumária como protagonista. “São vinhos simples e elegantes”, afirmou o enólogo Carlos Rodrigues.