É a nova Mooca, meu!


O bairro completou 460 anos, mas está mais jovem do que há dez anos graças a novos e ótimos endereços para quem gosta de comer e beber

Por Patrícia Ferraz

A Mooca não é mais a mesma desde que começaram a surgir por ali alguns restaurantes e bares descolados, com boa comida e ambiente inspirado nos galpões industriais que contam a história da região. Um dos bairros mais antigos de São Paulo, inaugurado apenas 56 anos depois da chegada dos portugueses, está em plena transformação gastronômica. A simpática vizinhança com ares de cidade do interior, que tem lugares célebres como a Confeitaria Di Cunto, fundada em 1935, o Bar do Elídio, de 1959, a Pizzaria São Pedro, de 1966, a Cantina do Marinheiro, de 1942, e o Don Carlini, de 1985, abriu espaço para casas hipsters. 

Time. Eduardo Jarussi, Fellipe Zanuto, Alessandra Souza, Márcio Tirico, José Americo Crippa Filho (o Tatá) e Marco Di Cunto. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Os novos bares e restaurantes são comandados por mooqueiros (o melhor é dizer como eles, mókeros – pronúncia no bairro é coisa séria, belo). O termo correto é mooquense, mas mooqueira é essa nova geração que defende a tradição e a revitalização. Mooqueiro não precisa nascer no bairro, só viver ali. 

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A transformação começou há cinco anos, com a abertura d’A Pizza da Mooca, em 2011, de Fellipe Zanuto. No rastro surgiram o bar Cateto, em 2013, a Cadillac Burguer, de 2012, e a Hot Rod Dog, de hot-dog, de 2015. 

Os novos lugares acabaram inspirando a renovação também de endereços antigos, como a confeitaria Di Cunto, que tem pela primeira vez um membro do clã na cozinha, Gabriel Di Cunto, de 22 anos, formado em gastronomia. Outro herdeiro que embarcou na onda foi Bruno Carlini, do Don Carlini, formado em gastronomia e com passagem por cozinhas na Europa, que abriu um pastifício para abastecer o restaurante da família e diversos empórios. Os irmãos Carillo – Guilherme, 32, e Gabriel, 30 anos – são o retrato da nova Mooca: assumiram a padaria centenária aberta pelo bisavô, aprenderam o ofício com o avô e assumiram o comando dos fornos a lenha e a produção de pães italianos, desde a morte do avô, em 2005.

  Foto: Tiago Queiroz|Estadão
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Nos últimos meses, os mooqueiros se uniram em um projeto de revitalização do bairro. Escolheram a área que faz divisa com o Centro e o Cambuci, repleta de antigos galpões industriais e muros que estão ganhando grafites, e rebatizaram a área de Distrito Mooca. Um dos idealizadores do projeto é José Americo Crippa Filho, o Tatá, dono do Cadillac Burguer. Até o fim do ano serão inauguradas galerias de arte, o restaurante Hospedaria, com cardápio inspirado na comida de imigrantes, o Bar Cateto vai se mudar para lá, ampliado, e o Cadillac Burguer terá filial na área. Por enquanto é puro bairrismo comparar a Mooca ao Brooklyn, em Nova York, ou à WynWood em Miami, mas se a onda se alastrar… 

Com o pretexto do 460º aniversário, Paladar foi à Mooca visitar bares e restaurantes, confira abaixo um pouco mais sobre eles.

À moda de Nápoles

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Pequena, descolada, com boa música e forno a lenha à vista, esta pizzaria que tem garçons de coque no cabelo e cozinheiros de piercing foi inaugurada em 2011. O dono d’A Pizza da Mooca é um mooqueiro apaixonado, Fellipe Zanuto, formado em gastronomia, com mestrado em alimentos e bebidas cursado na Austrália. Quando abriu o lugar, apostando na receita napolitana de borda grossa e longa fermentação, causou estranheza no bairro acostumado às pizzas da tradicional São Pedro, bem paulistanas, de massa média e recheio abundante. 

A Pizza da Mooca

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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Levou tempo para A Pizza da Mooca conquistar a vizinhança com suas pizzas feitas com farinha italiana, fermentadas por 48 horas, de massa leve, com as bordas grossas crocantes. São dois tamanhos, a individual com 4 pedaços (preços de R$ 28,90 a R$ 32,90) e a de 6 pedaços (preços de R$ 38,90 a R$ 42,90). A estrela é a margherita, com molho de tomate fresco, mussarela e manjericão. O cardápio alia clássicos como alice, napolitana, castelões e calabresa, e apostas como caciocavallo, que leva molho béchamel, mussarela e manjericão, além do queijo que empresta seu nome. Não por acaso, há filas de espera nos fins de semana.

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Em expansão. Em 2013, Fellipe abriu a Da Mooca, que fabrica corniccione, focaccia e torradas. Ele acaba de inaugurar um restaurante-pizzaria no shopping do bairro, em parceria com a Di Cunto. E no fim de setembro deve abrir o restaurante Hospedaria, no Distrito, dedicado à comida de imigrantes.Serviço - A Pizza da Mooca Guaimbé, 439, Mooca. 2601-4653. Horário de funcionamento: 18h/23h30 (sex. e sáb., até 0h, e dom., até 23h).

Tudo artesanal

Pode prestar atenção, bar que dá certo é aquele que serve aquilo que os proprietários gostam de comer e beber. E é exatamente este o caso do Cateto, aberto em dezembro de 2013 pelo casal Eduardo Jarussi e Alessandra Souza, em parceria com Márcio Tirico. Eles trabalhavam juntos numa agência de publicidade na Mooca e resolveram apostar num bar pequeno, especializado em cervejas artesanais. Para acompanhar a bebida, a ideia era oferecer embutidos e queijos – tudo artesanal, claro, e eles saíram garimpando bebida e comida, visitaram fazendas, produtores de queijos, cervejarias. 

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O Cateto tem hoje em torno de 90 rótulos de cerveja, 80% deles nacionais vindos de diferentes regiões do País. Os queijos e embutidos servidos em tábuas vêm de quatro ou cinco produtores escolhidos a dedo. Para completar, há drinques autorais, incluindo alguns envelhecidos em barril. 

Cateto

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Cateto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Cateto

Foto: Alex Silva

Resultado? Primeiro, foram filas na porta, de sexta a domingo. Depois, uma filial, aberta em Pinheiros em outubro do ano passado. E, em breve, a matriz, que ficou pequena, vai se mudar para o Distrito Mooca.

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Serviço - Cateto  R. Fernando Falcão, 810, Mooca. 2367-7521. Horário de funcionamento: 18h/23h (sex., até 0h, sáb., 13h/0h, e dom., até 23h; fecha seg. e ter.).

Pão da balada 

Não há balada na Mooca que não termine no balcão da centenária Padaria Carillo. A primeira fornada sai às 4h, e é quando a moçada começa a se aglomerar no balcão, aos sábados e domingos. Depois da noitada, o mais concorrido é o filão de calabresa e queijo, recém-tirado do forno a lenha, fatiado e comido de pé. O programa tem tradição. “Eu passava para pegar pão com meu avô depois da balada”, conta Guilherme Carillo Fernandes, que hoje comanda a padaria com o irmão Gabriel.

Os pães da Carillo são preparados com a mesma receita desde a sua inauguração, há 103 anos, pelo bisavô de Guilherme e Gabriel, o napolitano Raphaelle Carillo, que era provador de vinhos na Itália. Ele abriu a padaria em 1912, fazia os pães durante a madrugada, com a ajuda da mulher e dos filhos, e depois saía de cavalo ou charrete, levando os pães em sacos, para fazer as entregas, cada dia numa região. Anotava tudo numa caderneta. 

O caçula, Paschoal, acabou herdando o negócio e manteve o sistema de trabalho, gostava de anotar a preferência de cada cliente ao lado do pedido “dois filões, branquinhos; uma pagnotta”. Trabalhou até pouco antes de morrer, em 2005, quando os netos assumiram o negócio. 

Padaria Carillo

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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A padaria está no atual endereço desde 1982, um salão pequeno com um enorme forno a lenha pilotado pelos irmãos, que se revezam nas funções de preparar a massa de longa fermentação, abrir, bolear, rechear, enrolar, colocar a lenha e controlar o tempo de forno, com a ajuda de três funcionários. Os pães ficam expostos, à moda antiga, em enormes tabuleiros de madeira – tanto durante a fermentação como depois de prontos. 

Ao som de música italiana e com um pequeno empório na entrada, a padaria mantém o movimento de clientes o dia todo, pingado. O filão e a pagnotta (o pão redondo) custam R$ 9 (cada um). Os recheados custam de R$ 17 (o de torresmo) a R$ 25 (calabresa e queijo ou azeitona e queijo). O lugar é charmoso e os pães valem a viagem – mas, para garantir, é melhor encomendar por telefone.

Serviço - Padaria Carillo R. Demétrio Ribeiro, 29, Mooca. 2605-4045. Horário de funcionamento: 7h/20h (sáb. e dom., 4h/18h; fecha seg.).

Madrinha do Distrito

Uma passada na Di Cunto é obrigatória para quem vai à Mooca – e ninguém precisa esperar o Natal para comprar seus célebres panetones – eles estão à venda o ano todo. A confeitaria fundada em 1935 tem outras especialidades como a trança e a coxinha, que foram ganhando fama com o tempo. Porém, nos últimos quatro anos, a grife da Mooca ganhou vigor com a chegada do confeiteiro napolitano Matteo Trapanesi, que passou em revista as receitas de pastiera di grano, sfogliatella, a cassata siciliana, as zeppole, o pan forte... 

Quando o napolitano (que é tão difícil de entender em italiano como em português) afirmar que o cannolo da Di Cunto é o melhor de São Paulo, responda que há controvérsias – se você der sorte, ele fará o mesmo que fez comigo: me levou até a cozinha, pegou uns rolinhos de massa que repousavam num tabuleiro envoltos em aros de metal, fritou, recheou com ricota branquíssima (é um creme, mas ele não dá a receita de jeito nenhum). E, antes de estender em minha direção o melhor cannolo que já comi em São Paulo, passou as bordas do doce numa farinha de pistache. 

Di Cunto

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Di Cunto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Di Cunto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Gabriel Di Cunto, 22 anos, o primeiro herdeiro a colocar a mão na massa, é formado em gastronomia e dá expediente como aprendiz de Matteo – com muito orgulho. Mas foi o primo, Marco Di Cunto, responsável pelo marketing da empresa, que insistiu para que a família apostasse no Distrito Mooca, de que a empresa se tornou espécie de madrinha – boa parte dos galpões ali são da Di Cunto. 

Serviço - Di Cunto R. Borges Figueiredo, 61, Mooca. 2081-7100. Horário de funcionamento: 9h/19h (dom., 8h30/17h; seg., 12h/19h).

Estilo gringo

Com jeito de hamburgueria americana retrô, a Cadillac Burguer, vive lotada. Não por acaso, a carne que dá origem aos hambúrgueres chega fresca a casa, duas vezes por dia – o blend é segredo guardado a sete chaves – os pães também são entregues de manhã e à tarde, o bacon curado e defumado na casa e a batata frita não é congelada.

Cadillac Burger

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Cadillac Burger

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Cadillac Burger

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Cadillac Burger

Foto: Tiago Querioz/Estadão
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Cadillac Burger

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Uma peculiaridade mooquense, a casa oferece refrigerantes importados. O dono da casa, Luiz Américo Crippa Filho, o Tatá, é um dos idealizadores do Distrito Mooca, que terá uma filial de sua hamburgueria ali, decorada com as mesmas placas de carro e referências ao estilo low-rider (aqueles carros rebaixados nos Estados Unidos e México), que ele trouxe ao Brasil.

Serviço - Cadillac Burguer Rua Juventus, 296, Parque da Mooca. 2273-8074

Hot Rod Dog

A lanchonete pequena é farta em referências às estradas norte-americanas – repare no puxador da porta, em formato de bico de bomba de gasolina. O negócio ali é o hot-dog, preparado com salsicha do tipo frankfurter feita por encomenda e os pães feitos também por encomenda por uma padaria no Ipiranga.

Hot Rod Dog

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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A casa é comandada pelo casal, Monia Ohatani, engenheira de alimentos, e Alexandre Brazales, guia de turismo especializado em programas para motoqueiros nos Estados Unidos. Eduardo Jarussi, do Cateto é um dos sócios da casa, inaugurada em julho do ano passado.

Serviço - Hot Rod Dog Rua Guaimbé, 302, Mooca. 3205-4698. Horário de funcionamento: 18h/23h (sáb., e dom., 13h/23h; fech. seg., e ter.)

Don Carlini

Com ambiente e cardápio à moda dos anos 1980, quando foi inaugurado, o Don Carlini está sempre lotado. No almoço durante a semana é frequentado por empresários que trabalham nas imediações e, nos fins de semana, por famílias que se deslocam em busca do famoso cabrito servido com batatas e cebolas e das massas, preparadas num pastifício comandado por Bruno Carlini, formado em gastronomia, neto do fundador, Arturo Carlini, italiano de Verona. As massas de fio ou recheadas, além de pães estão expostas numa vitrine na entrada do restaurante e podem ser compradas.

Serviço - Dom Carlini Rua Dona Ana Neri, 265, Mooca. 3208 2024. Horário de funcionamento: 12h/15h (sab., e dom., até as 17h)

Onde comer e beber na Mooca

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É a nova Mooca, meu!

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A Mooca não é mais a mesma desde que começaram a surgir por ali alguns restaurantes e bares descolados, com boa comida e ambiente inspirado nos galpões industriais que contam a história da região. Um dos bairros mais antigos de São Paulo, inaugurado apenas 56 anos depois da chegada dos portugueses, está em plena transformação gastronômica. A simpática vizinhança com ares de cidade do interior, que tem lugares célebres como a Confeitaria Di Cunto, fundada em 1935, o Bar do Elídio, de 1959, a Pizzaria São Pedro, de 1966, a Cantina do Marinheiro, de 1942, e o Don Carlini, de 1985, abriu espaço para casas hipsters. 

Time. Eduardo Jarussi, Fellipe Zanuto, Alessandra Souza, Márcio Tirico, José Americo Crippa Filho (o Tatá) e Marco Di Cunto. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Os novos bares e restaurantes são comandados por mooqueiros (o melhor é dizer como eles, mókeros – pronúncia no bairro é coisa séria, belo). O termo correto é mooquense, mas mooqueira é essa nova geração que defende a tradição e a revitalização. Mooqueiro não precisa nascer no bairro, só viver ali. 

A transformação começou há cinco anos, com a abertura d’A Pizza da Mooca, em 2011, de Fellipe Zanuto. No rastro surgiram o bar Cateto, em 2013, a Cadillac Burguer, de 2012, e a Hot Rod Dog, de hot-dog, de 2015. 

Os novos lugares acabaram inspirando a renovação também de endereços antigos, como a confeitaria Di Cunto, que tem pela primeira vez um membro do clã na cozinha, Gabriel Di Cunto, de 22 anos, formado em gastronomia. Outro herdeiro que embarcou na onda foi Bruno Carlini, do Don Carlini, formado em gastronomia e com passagem por cozinhas na Europa, que abriu um pastifício para abastecer o restaurante da família e diversos empórios. Os irmãos Carillo – Guilherme, 32, e Gabriel, 30 anos – são o retrato da nova Mooca: assumiram a padaria centenária aberta pelo bisavô, aprenderam o ofício com o avô e assumiram o comando dos fornos a lenha e a produção de pães italianos, desde a morte do avô, em 2005.

  Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Nos últimos meses, os mooqueiros se uniram em um projeto de revitalização do bairro. Escolheram a área que faz divisa com o Centro e o Cambuci, repleta de antigos galpões industriais e muros que estão ganhando grafites, e rebatizaram a área de Distrito Mooca. Um dos idealizadores do projeto é José Americo Crippa Filho, o Tatá, dono do Cadillac Burguer. Até o fim do ano serão inauguradas galerias de arte, o restaurante Hospedaria, com cardápio inspirado na comida de imigrantes, o Bar Cateto vai se mudar para lá, ampliado, e o Cadillac Burguer terá filial na área. Por enquanto é puro bairrismo comparar a Mooca ao Brooklyn, em Nova York, ou à WynWood em Miami, mas se a onda se alastrar… 

Com o pretexto do 460º aniversário, Paladar foi à Mooca visitar bares e restaurantes, confira abaixo um pouco mais sobre eles.

À moda de Nápoles

Pequena, descolada, com boa música e forno a lenha à vista, esta pizzaria que tem garçons de coque no cabelo e cozinheiros de piercing foi inaugurada em 2011. O dono d’A Pizza da Mooca é um mooqueiro apaixonado, Fellipe Zanuto, formado em gastronomia, com mestrado em alimentos e bebidas cursado na Austrália. Quando abriu o lugar, apostando na receita napolitana de borda grossa e longa fermentação, causou estranheza no bairro acostumado às pizzas da tradicional São Pedro, bem paulistanas, de massa média e recheio abundante. 

A Pizza da Mooca

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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Levou tempo para A Pizza da Mooca conquistar a vizinhança com suas pizzas feitas com farinha italiana, fermentadas por 48 horas, de massa leve, com as bordas grossas crocantes. São dois tamanhos, a individual com 4 pedaços (preços de R$ 28,90 a R$ 32,90) e a de 6 pedaços (preços de R$ 38,90 a R$ 42,90). A estrela é a margherita, com molho de tomate fresco, mussarela e manjericão. O cardápio alia clássicos como alice, napolitana, castelões e calabresa, e apostas como caciocavallo, que leva molho béchamel, mussarela e manjericão, além do queijo que empresta seu nome. Não por acaso, há filas de espera nos fins de semana.

Em expansão. Em 2013, Fellipe abriu a Da Mooca, que fabrica corniccione, focaccia e torradas. Ele acaba de inaugurar um restaurante-pizzaria no shopping do bairro, em parceria com a Di Cunto. E no fim de setembro deve abrir o restaurante Hospedaria, no Distrito, dedicado à comida de imigrantes.Serviço - A Pizza da Mooca Guaimbé, 439, Mooca. 2601-4653. Horário de funcionamento: 18h/23h30 (sex. e sáb., até 0h, e dom., até 23h).

Tudo artesanal

Pode prestar atenção, bar que dá certo é aquele que serve aquilo que os proprietários gostam de comer e beber. E é exatamente este o caso do Cateto, aberto em dezembro de 2013 pelo casal Eduardo Jarussi e Alessandra Souza, em parceria com Márcio Tirico. Eles trabalhavam juntos numa agência de publicidade na Mooca e resolveram apostar num bar pequeno, especializado em cervejas artesanais. Para acompanhar a bebida, a ideia era oferecer embutidos e queijos – tudo artesanal, claro, e eles saíram garimpando bebida e comida, visitaram fazendas, produtores de queijos, cervejarias. 

O Cateto tem hoje em torno de 90 rótulos de cerveja, 80% deles nacionais vindos de diferentes regiões do País. Os queijos e embutidos servidos em tábuas vêm de quatro ou cinco produtores escolhidos a dedo. Para completar, há drinques autorais, incluindo alguns envelhecidos em barril. 

Cateto

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Cateto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Cateto

Foto: Alex Silva

Resultado? Primeiro, foram filas na porta, de sexta a domingo. Depois, uma filial, aberta em Pinheiros em outubro do ano passado. E, em breve, a matriz, que ficou pequena, vai se mudar para o Distrito Mooca.

Serviço - Cateto  R. Fernando Falcão, 810, Mooca. 2367-7521. Horário de funcionamento: 18h/23h (sex., até 0h, sáb., 13h/0h, e dom., até 23h; fecha seg. e ter.).

Pão da balada 

Não há balada na Mooca que não termine no balcão da centenária Padaria Carillo. A primeira fornada sai às 4h, e é quando a moçada começa a se aglomerar no balcão, aos sábados e domingos. Depois da noitada, o mais concorrido é o filão de calabresa e queijo, recém-tirado do forno a lenha, fatiado e comido de pé. O programa tem tradição. “Eu passava para pegar pão com meu avô depois da balada”, conta Guilherme Carillo Fernandes, que hoje comanda a padaria com o irmão Gabriel.

Os pães da Carillo são preparados com a mesma receita desde a sua inauguração, há 103 anos, pelo bisavô de Guilherme e Gabriel, o napolitano Raphaelle Carillo, que era provador de vinhos na Itália. Ele abriu a padaria em 1912, fazia os pães durante a madrugada, com a ajuda da mulher e dos filhos, e depois saía de cavalo ou charrete, levando os pães em sacos, para fazer as entregas, cada dia numa região. Anotava tudo numa caderneta. 

O caçula, Paschoal, acabou herdando o negócio e manteve o sistema de trabalho, gostava de anotar a preferência de cada cliente ao lado do pedido “dois filões, branquinhos; uma pagnotta”. Trabalhou até pouco antes de morrer, em 2005, quando os netos assumiram o negócio. 

Padaria Carillo

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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A padaria está no atual endereço desde 1982, um salão pequeno com um enorme forno a lenha pilotado pelos irmãos, que se revezam nas funções de preparar a massa de longa fermentação, abrir, bolear, rechear, enrolar, colocar a lenha e controlar o tempo de forno, com a ajuda de três funcionários. Os pães ficam expostos, à moda antiga, em enormes tabuleiros de madeira – tanto durante a fermentação como depois de prontos. 

Ao som de música italiana e com um pequeno empório na entrada, a padaria mantém o movimento de clientes o dia todo, pingado. O filão e a pagnotta (o pão redondo) custam R$ 9 (cada um). Os recheados custam de R$ 17 (o de torresmo) a R$ 25 (calabresa e queijo ou azeitona e queijo). O lugar é charmoso e os pães valem a viagem – mas, para garantir, é melhor encomendar por telefone.

Serviço - Padaria Carillo R. Demétrio Ribeiro, 29, Mooca. 2605-4045. Horário de funcionamento: 7h/20h (sáb. e dom., 4h/18h; fecha seg.).

Madrinha do Distrito

Uma passada na Di Cunto é obrigatória para quem vai à Mooca – e ninguém precisa esperar o Natal para comprar seus célebres panetones – eles estão à venda o ano todo. A confeitaria fundada em 1935 tem outras especialidades como a trança e a coxinha, que foram ganhando fama com o tempo. Porém, nos últimos quatro anos, a grife da Mooca ganhou vigor com a chegada do confeiteiro napolitano Matteo Trapanesi, que passou em revista as receitas de pastiera di grano, sfogliatella, a cassata siciliana, as zeppole, o pan forte... 

Quando o napolitano (que é tão difícil de entender em italiano como em português) afirmar que o cannolo da Di Cunto é o melhor de São Paulo, responda que há controvérsias – se você der sorte, ele fará o mesmo que fez comigo: me levou até a cozinha, pegou uns rolinhos de massa que repousavam num tabuleiro envoltos em aros de metal, fritou, recheou com ricota branquíssima (é um creme, mas ele não dá a receita de jeito nenhum). E, antes de estender em minha direção o melhor cannolo que já comi em São Paulo, passou as bordas do doce numa farinha de pistache. 

Di Cunto

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Di Cunto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Di Cunto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Gabriel Di Cunto, 22 anos, o primeiro herdeiro a colocar a mão na massa, é formado em gastronomia e dá expediente como aprendiz de Matteo – com muito orgulho. Mas foi o primo, Marco Di Cunto, responsável pelo marketing da empresa, que insistiu para que a família apostasse no Distrito Mooca, de que a empresa se tornou espécie de madrinha – boa parte dos galpões ali são da Di Cunto. 

Serviço - Di Cunto R. Borges Figueiredo, 61, Mooca. 2081-7100. Horário de funcionamento: 9h/19h (dom., 8h30/17h; seg., 12h/19h).

Estilo gringo

Com jeito de hamburgueria americana retrô, a Cadillac Burguer, vive lotada. Não por acaso, a carne que dá origem aos hambúrgueres chega fresca a casa, duas vezes por dia – o blend é segredo guardado a sete chaves – os pães também são entregues de manhã e à tarde, o bacon curado e defumado na casa e a batata frita não é congelada.

Cadillac Burger

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Cadillac Burger

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Cadillac Burger

Foto: Tiago Querioz/Estadão
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Cadillac Burger

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Uma peculiaridade mooquense, a casa oferece refrigerantes importados. O dono da casa, Luiz Américo Crippa Filho, o Tatá, é um dos idealizadores do Distrito Mooca, que terá uma filial de sua hamburgueria ali, decorada com as mesmas placas de carro e referências ao estilo low-rider (aqueles carros rebaixados nos Estados Unidos e México), que ele trouxe ao Brasil.

Serviço - Cadillac Burguer Rua Juventus, 296, Parque da Mooca. 2273-8074

Hot Rod Dog

A lanchonete pequena é farta em referências às estradas norte-americanas – repare no puxador da porta, em formato de bico de bomba de gasolina. O negócio ali é o hot-dog, preparado com salsicha do tipo frankfurter feita por encomenda e os pães feitos também por encomenda por uma padaria no Ipiranga.

Hot Rod Dog

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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Hot Rod Dog

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A casa é comandada pelo casal, Monia Ohatani, engenheira de alimentos, e Alexandre Brazales, guia de turismo especializado em programas para motoqueiros nos Estados Unidos. Eduardo Jarussi, do Cateto é um dos sócios da casa, inaugurada em julho do ano passado.

Serviço - Hot Rod Dog Rua Guaimbé, 302, Mooca. 3205-4698. Horário de funcionamento: 18h/23h (sáb., e dom., 13h/23h; fech. seg., e ter.)

Don Carlini

Com ambiente e cardápio à moda dos anos 1980, quando foi inaugurado, o Don Carlini está sempre lotado. No almoço durante a semana é frequentado por empresários que trabalham nas imediações e, nos fins de semana, por famílias que se deslocam em busca do famoso cabrito servido com batatas e cebolas e das massas, preparadas num pastifício comandado por Bruno Carlini, formado em gastronomia, neto do fundador, Arturo Carlini, italiano de Verona. As massas de fio ou recheadas, além de pães estão expostas numa vitrine na entrada do restaurante e podem ser compradas.

Serviço - Dom Carlini Rua Dona Ana Neri, 265, Mooca. 3208 2024. Horário de funcionamento: 12h/15h (sab., e dom., até as 17h)

Onde comer e beber na Mooca

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É a nova Mooca, meu!

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A Mooca não é mais a mesma desde que começaram a surgir por ali alguns restaurantes e bares descolados, com boa comida e ambiente inspirado nos galpões industriais que contam a história da região. Um dos bairros mais antigos de São Paulo, inaugurado apenas 56 anos depois da chegada dos portugueses, está em plena transformação gastronômica. A simpática vizinhança com ares de cidade do interior, que tem lugares célebres como a Confeitaria Di Cunto, fundada em 1935, o Bar do Elídio, de 1959, a Pizzaria São Pedro, de 1966, a Cantina do Marinheiro, de 1942, e o Don Carlini, de 1985, abriu espaço para casas hipsters. 

Time. Eduardo Jarussi, Fellipe Zanuto, Alessandra Souza, Márcio Tirico, José Americo Crippa Filho (o Tatá) e Marco Di Cunto. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Os novos bares e restaurantes são comandados por mooqueiros (o melhor é dizer como eles, mókeros – pronúncia no bairro é coisa séria, belo). O termo correto é mooquense, mas mooqueira é essa nova geração que defende a tradição e a revitalização. Mooqueiro não precisa nascer no bairro, só viver ali. 

A transformação começou há cinco anos, com a abertura d’A Pizza da Mooca, em 2011, de Fellipe Zanuto. No rastro surgiram o bar Cateto, em 2013, a Cadillac Burguer, de 2012, e a Hot Rod Dog, de hot-dog, de 2015. 

Os novos lugares acabaram inspirando a renovação também de endereços antigos, como a confeitaria Di Cunto, que tem pela primeira vez um membro do clã na cozinha, Gabriel Di Cunto, de 22 anos, formado em gastronomia. Outro herdeiro que embarcou na onda foi Bruno Carlini, do Don Carlini, formado em gastronomia e com passagem por cozinhas na Europa, que abriu um pastifício para abastecer o restaurante da família e diversos empórios. Os irmãos Carillo – Guilherme, 32, e Gabriel, 30 anos – são o retrato da nova Mooca: assumiram a padaria centenária aberta pelo bisavô, aprenderam o ofício com o avô e assumiram o comando dos fornos a lenha e a produção de pães italianos, desde a morte do avô, em 2005.

  Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Nos últimos meses, os mooqueiros se uniram em um projeto de revitalização do bairro. Escolheram a área que faz divisa com o Centro e o Cambuci, repleta de antigos galpões industriais e muros que estão ganhando grafites, e rebatizaram a área de Distrito Mooca. Um dos idealizadores do projeto é José Americo Crippa Filho, o Tatá, dono do Cadillac Burguer. Até o fim do ano serão inauguradas galerias de arte, o restaurante Hospedaria, com cardápio inspirado na comida de imigrantes, o Bar Cateto vai se mudar para lá, ampliado, e o Cadillac Burguer terá filial na área. Por enquanto é puro bairrismo comparar a Mooca ao Brooklyn, em Nova York, ou à WynWood em Miami, mas se a onda se alastrar… 

Com o pretexto do 460º aniversário, Paladar foi à Mooca visitar bares e restaurantes, confira abaixo um pouco mais sobre eles.

À moda de Nápoles

Pequena, descolada, com boa música e forno a lenha à vista, esta pizzaria que tem garçons de coque no cabelo e cozinheiros de piercing foi inaugurada em 2011. O dono d’A Pizza da Mooca é um mooqueiro apaixonado, Fellipe Zanuto, formado em gastronomia, com mestrado em alimentos e bebidas cursado na Austrália. Quando abriu o lugar, apostando na receita napolitana de borda grossa e longa fermentação, causou estranheza no bairro acostumado às pizzas da tradicional São Pedro, bem paulistanas, de massa média e recheio abundante. 

A Pizza da Mooca

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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Levou tempo para A Pizza da Mooca conquistar a vizinhança com suas pizzas feitas com farinha italiana, fermentadas por 48 horas, de massa leve, com as bordas grossas crocantes. São dois tamanhos, a individual com 4 pedaços (preços de R$ 28,90 a R$ 32,90) e a de 6 pedaços (preços de R$ 38,90 a R$ 42,90). A estrela é a margherita, com molho de tomate fresco, mussarela e manjericão. O cardápio alia clássicos como alice, napolitana, castelões e calabresa, e apostas como caciocavallo, que leva molho béchamel, mussarela e manjericão, além do queijo que empresta seu nome. Não por acaso, há filas de espera nos fins de semana.

Em expansão. Em 2013, Fellipe abriu a Da Mooca, que fabrica corniccione, focaccia e torradas. Ele acaba de inaugurar um restaurante-pizzaria no shopping do bairro, em parceria com a Di Cunto. E no fim de setembro deve abrir o restaurante Hospedaria, no Distrito, dedicado à comida de imigrantes.Serviço - A Pizza da Mooca Guaimbé, 439, Mooca. 2601-4653. Horário de funcionamento: 18h/23h30 (sex. e sáb., até 0h, e dom., até 23h).

Tudo artesanal

Pode prestar atenção, bar que dá certo é aquele que serve aquilo que os proprietários gostam de comer e beber. E é exatamente este o caso do Cateto, aberto em dezembro de 2013 pelo casal Eduardo Jarussi e Alessandra Souza, em parceria com Márcio Tirico. Eles trabalhavam juntos numa agência de publicidade na Mooca e resolveram apostar num bar pequeno, especializado em cervejas artesanais. Para acompanhar a bebida, a ideia era oferecer embutidos e queijos – tudo artesanal, claro, e eles saíram garimpando bebida e comida, visitaram fazendas, produtores de queijos, cervejarias. 

O Cateto tem hoje em torno de 90 rótulos de cerveja, 80% deles nacionais vindos de diferentes regiões do País. Os queijos e embutidos servidos em tábuas vêm de quatro ou cinco produtores escolhidos a dedo. Para completar, há drinques autorais, incluindo alguns envelhecidos em barril. 

Cateto

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Cateto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Cateto

Foto: Alex Silva

Resultado? Primeiro, foram filas na porta, de sexta a domingo. Depois, uma filial, aberta em Pinheiros em outubro do ano passado. E, em breve, a matriz, que ficou pequena, vai se mudar para o Distrito Mooca.

Serviço - Cateto  R. Fernando Falcão, 810, Mooca. 2367-7521. Horário de funcionamento: 18h/23h (sex., até 0h, sáb., 13h/0h, e dom., até 23h; fecha seg. e ter.).

Pão da balada 

Não há balada na Mooca que não termine no balcão da centenária Padaria Carillo. A primeira fornada sai às 4h, e é quando a moçada começa a se aglomerar no balcão, aos sábados e domingos. Depois da noitada, o mais concorrido é o filão de calabresa e queijo, recém-tirado do forno a lenha, fatiado e comido de pé. O programa tem tradição. “Eu passava para pegar pão com meu avô depois da balada”, conta Guilherme Carillo Fernandes, que hoje comanda a padaria com o irmão Gabriel.

Os pães da Carillo são preparados com a mesma receita desde a sua inauguração, há 103 anos, pelo bisavô de Guilherme e Gabriel, o napolitano Raphaelle Carillo, que era provador de vinhos na Itália. Ele abriu a padaria em 1912, fazia os pães durante a madrugada, com a ajuda da mulher e dos filhos, e depois saía de cavalo ou charrete, levando os pães em sacos, para fazer as entregas, cada dia numa região. Anotava tudo numa caderneta. 

O caçula, Paschoal, acabou herdando o negócio e manteve o sistema de trabalho, gostava de anotar a preferência de cada cliente ao lado do pedido “dois filões, branquinhos; uma pagnotta”. Trabalhou até pouco antes de morrer, em 2005, quando os netos assumiram o negócio. 

Padaria Carillo

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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Padaria Carillo

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

A padaria está no atual endereço desde 1982, um salão pequeno com um enorme forno a lenha pilotado pelos irmãos, que se revezam nas funções de preparar a massa de longa fermentação, abrir, bolear, rechear, enrolar, colocar a lenha e controlar o tempo de forno, com a ajuda de três funcionários. Os pães ficam expostos, à moda antiga, em enormes tabuleiros de madeira – tanto durante a fermentação como depois de prontos. 

Ao som de música italiana e com um pequeno empório na entrada, a padaria mantém o movimento de clientes o dia todo, pingado. O filão e a pagnotta (o pão redondo) custam R$ 9 (cada um). Os recheados custam de R$ 17 (o de torresmo) a R$ 25 (calabresa e queijo ou azeitona e queijo). O lugar é charmoso e os pães valem a viagem – mas, para garantir, é melhor encomendar por telefone.

Serviço - Padaria Carillo R. Demétrio Ribeiro, 29, Mooca. 2605-4045. Horário de funcionamento: 7h/20h (sáb. e dom., 4h/18h; fecha seg.).

Madrinha do Distrito

Uma passada na Di Cunto é obrigatória para quem vai à Mooca – e ninguém precisa esperar o Natal para comprar seus célebres panetones – eles estão à venda o ano todo. A confeitaria fundada em 1935 tem outras especialidades como a trança e a coxinha, que foram ganhando fama com o tempo. Porém, nos últimos quatro anos, a grife da Mooca ganhou vigor com a chegada do confeiteiro napolitano Matteo Trapanesi, que passou em revista as receitas de pastiera di grano, sfogliatella, a cassata siciliana, as zeppole, o pan forte... 

Quando o napolitano (que é tão difícil de entender em italiano como em português) afirmar que o cannolo da Di Cunto é o melhor de São Paulo, responda que há controvérsias – se você der sorte, ele fará o mesmo que fez comigo: me levou até a cozinha, pegou uns rolinhos de massa que repousavam num tabuleiro envoltos em aros de metal, fritou, recheou com ricota branquíssima (é um creme, mas ele não dá a receita de jeito nenhum). E, antes de estender em minha direção o melhor cannolo que já comi em São Paulo, passou as bordas do doce numa farinha de pistache. 

Di Cunto

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Di Cunto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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Di Cunto

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Gabriel Di Cunto, 22 anos, o primeiro herdeiro a colocar a mão na massa, é formado em gastronomia e dá expediente como aprendiz de Matteo – com muito orgulho. Mas foi o primo, Marco Di Cunto, responsável pelo marketing da empresa, que insistiu para que a família apostasse no Distrito Mooca, de que a empresa se tornou espécie de madrinha – boa parte dos galpões ali são da Di Cunto. 

Serviço - Di Cunto R. Borges Figueiredo, 61, Mooca. 2081-7100. Horário de funcionamento: 9h/19h (dom., 8h30/17h; seg., 12h/19h).

Estilo gringo

Com jeito de hamburgueria americana retrô, a Cadillac Burguer, vive lotada. Não por acaso, a carne que dá origem aos hambúrgueres chega fresca a casa, duas vezes por dia – o blend é segredo guardado a sete chaves – os pães também são entregues de manhã e à tarde, o bacon curado e defumado na casa e a batata frita não é congelada.

Cadillac Burger

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Cadillac Burger

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Foto: Tiago Querioz/Estadão
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Cadillac Burger

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Uma peculiaridade mooquense, a casa oferece refrigerantes importados. O dono da casa, Luiz Américo Crippa Filho, o Tatá, é um dos idealizadores do Distrito Mooca, que terá uma filial de sua hamburgueria ali, decorada com as mesmas placas de carro e referências ao estilo low-rider (aqueles carros rebaixados nos Estados Unidos e México), que ele trouxe ao Brasil.

Serviço - Cadillac Burguer Rua Juventus, 296, Parque da Mooca. 2273-8074

Hot Rod Dog

A lanchonete pequena é farta em referências às estradas norte-americanas – repare no puxador da porta, em formato de bico de bomba de gasolina. O negócio ali é o hot-dog, preparado com salsicha do tipo frankfurter feita por encomenda e os pães feitos também por encomenda por uma padaria no Ipiranga.

Hot Rod Dog

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Hot Rod Dog

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Hot Rod Dog

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A casa é comandada pelo casal, Monia Ohatani, engenheira de alimentos, e Alexandre Brazales, guia de turismo especializado em programas para motoqueiros nos Estados Unidos. Eduardo Jarussi, do Cateto é um dos sócios da casa, inaugurada em julho do ano passado.

Serviço - Hot Rod Dog Rua Guaimbé, 302, Mooca. 3205-4698. Horário de funcionamento: 18h/23h (sáb., e dom., 13h/23h; fech. seg., e ter.)

Don Carlini

Com ambiente e cardápio à moda dos anos 1980, quando foi inaugurado, o Don Carlini está sempre lotado. No almoço durante a semana é frequentado por empresários que trabalham nas imediações e, nos fins de semana, por famílias que se deslocam em busca do famoso cabrito servido com batatas e cebolas e das massas, preparadas num pastifício comandado por Bruno Carlini, formado em gastronomia, neto do fundador, Arturo Carlini, italiano de Verona. As massas de fio ou recheadas, além de pães estão expostas numa vitrine na entrada do restaurante e podem ser compradas.

Serviço - Dom Carlini Rua Dona Ana Neri, 265, Mooca. 3208 2024. Horário de funcionamento: 12h/15h (sab., e dom., até as 17h)

Onde comer e beber na Mooca

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É a nova Mooca, meu!

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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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