Erika Renzetti, da Fame Osteria, e a arte do bem-receber


Em um espaço exclusivo na Oscar Freire, inaugurado em 2021, a recepção é o carro-chefe da casa – sem deixar de lado um menu-degustação sazonal de cozinha ítalo-autoral

Por Maria Isabel Miqueletto
Erika passou da coquetelaria para o gerencimanento de salão e, hoje, coordena a harmonização de vinhos Foto: Tadeu Brunelli

Ela de pronto sabe definir o diferencial da Fame Osteria: hospitalidade. É Erika Renzetti a responsável por criar um ambiente acolhedor para os até 18 clientes atendidos por noite na casa. Inaugurado no ano passado por Erika e seu marido, o chef Marco Renzetti, o restaurante apresenta um menu-degustação sazonal de cozinha ítalo-autoral. 

No restaurante, a figura do anfitrião é a peça central, que dita o mood do jantar. "É um serviço que não é pomposo – é como se a pessoa estivesse num lugar mais familiar, o marido na cozinha, a esposa na sala, com uma cozinha de qualidade", conta. "Queremos recepcionar os clientes como se eles estivessem entrando na nossa casa".

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Mas Erika colocou os pés no universo da gastronomia bem antes. "Foi quase acidental", relembra. Há 24 anos, ela foi jantar no restaurante de Marco na Bolívia. Não demorou para começar a participar da parte da coquetelaria aos fins de semana, enquanto cursava o último ano do curso de administração de empresas. 

De lá para cá, Erika passou da coquetelaria para o gerenciamento de salão e, mais recentemente, à coordenação da harmonização dos vinhos. "Diferenciamos o que seria sala e cozinha: a cozinha ele comanda 100% e a sala eu comando 100%", compartilha. A sintonia se estende aos outros funcionários – os clientes brincam que a equipe se comunica apenas com o olhar.

O primeiro restaurante do casal no Brasil foi inaugurado há 15 anos, a Osteria del Pettirosso. O desafio foi apresentar ao público uma cozinha regional romana, ainda desconhecida por aqui. "Era mais conhecida aqui a do norte da Itália, mas hoje todos conhecem cacio e pepe, carbonara, uso do queijo pecorino", reflete.

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Erika Renzetti eseu marido, o chef Marco Renzetti, sócios da Fame Osteria Foto: Daniel Teixeira

A grande diferença para a nova casa é a atenção colocada na experiência de cada um. "Observar o cliente, ver se podemos modificar alguma coisa para o gosto dele, deixá-lo mais confortável, ser mais personalizado. A gente consegue sentir a predisposição da pessoa, é diferente de um salão grande", ressalta.

O resultado do esforço diário se mostra na relação longínqua com os clientes. Os casos são vários. Erika lembra de uma cliente que costumava levar sua filha, ainda de colo, para o restaurante. Este ano, a criança vai completar 15 anos – e escolheu justamente a Fame para celebrar a data. Com um bônus feliz aos proprietários: decidiu, também, estudar gastronomia. "Ver crianças que vinham aqui e agora são adultas, e que sentiram essa curiosidade para estudar gastronomia, me faz muito feliz. Me marca muito", conta.

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A Fame

Na Fame os pratos tradicionais de origem italiana ainda brilham no menu, mas abrem espaço para modos de preparo de outros lugares – como o uso da brasa do jeito espanhol. "É italiano, mas mais aberto", resume. "Isso me permite ser mais criativa do que poderia em um restaurante tradicional".

O esqueleto do menu-degustação não muda: três entradas de mar, duas massas, salada, proteínas e duas sobremesas. São 11 tempos. A cozinha aberta permite que os clientes observem o preparo dos pratos – essencial para a experiência completa.

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A ideia começou a partir de uma cozinha de laboratório, apenas para delivery, durante a pandemia. E logo começou a tomar a forma de um pequeno restaurante. No salão atendem de 12 a 18 pessoas. "Direcionamos a cozinha sempre a algo sazonal, com ingredientes frescos e de pequenos produtores", conta.

Um dos pratos que sintetiza a essência da casa – e é um dos favoritos de Erika – une ingredientes típicos do sul da Itália com um toque asiático no preparo e apresentação. A lula é cortada muito fina, como uma espécie de espaguete, puxada com alho e óleo peperoncino, colocada no caldo de peixe e finalizada com bottarga. "Esse prato é fantástico, tem uma textura particular, fica aveludado, e a bottarga dá aquela coisa iodada de mar", descreve.

A harmonia perfeita

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Foi há 10 anos que Erika começou a se interessar por vinhos. Hoje, dedica-se em especial a criar a harmonização do menu. "Ela ajuda a experiência do cliente, acompanha os pratos de uma forma que não tenha contrastes", resume.

Durante a pandemia começou a criar infusões. No início usou como base o limoncello e adicionou ao menu infusões de alecrim e de amêndoa. Tem se dedicado, agora, a desenvolver opções não-alcoólicas para pessoas que não tomam vinho mas querem ter uma experiência agradável. 

A de amêndoa foi criada a partir de uma insatisfação de Erika com a harmonização do tiramisù, até então combinado com vinho Porto. "Ficava forte. A infusão de amêndoas é mais leve para finalizar um jantar com 11 pratos, além de ter um teor alcoólico mais baixo", analisa. 

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Em breve, a casa contará, também, com um espaço para o bar, mas ainda sem aumentar o número de clientes. A alma da casa é propiciar um jantar de família.

Erika passou da coquetelaria para o gerencimanento de salão e, hoje, coordena a harmonização de vinhos Foto: Tadeu Brunelli

Ela de pronto sabe definir o diferencial da Fame Osteria: hospitalidade. É Erika Renzetti a responsável por criar um ambiente acolhedor para os até 18 clientes atendidos por noite na casa. Inaugurado no ano passado por Erika e seu marido, o chef Marco Renzetti, o restaurante apresenta um menu-degustação sazonal de cozinha ítalo-autoral. 

No restaurante, a figura do anfitrião é a peça central, que dita o mood do jantar. "É um serviço que não é pomposo – é como se a pessoa estivesse num lugar mais familiar, o marido na cozinha, a esposa na sala, com uma cozinha de qualidade", conta. "Queremos recepcionar os clientes como se eles estivessem entrando na nossa casa".

Mas Erika colocou os pés no universo da gastronomia bem antes. "Foi quase acidental", relembra. Há 24 anos, ela foi jantar no restaurante de Marco na Bolívia. Não demorou para começar a participar da parte da coquetelaria aos fins de semana, enquanto cursava o último ano do curso de administração de empresas. 

De lá para cá, Erika passou da coquetelaria para o gerenciamento de salão e, mais recentemente, à coordenação da harmonização dos vinhos. "Diferenciamos o que seria sala e cozinha: a cozinha ele comanda 100% e a sala eu comando 100%", compartilha. A sintonia se estende aos outros funcionários – os clientes brincam que a equipe se comunica apenas com o olhar.

O primeiro restaurante do casal no Brasil foi inaugurado há 15 anos, a Osteria del Pettirosso. O desafio foi apresentar ao público uma cozinha regional romana, ainda desconhecida por aqui. "Era mais conhecida aqui a do norte da Itália, mas hoje todos conhecem cacio e pepe, carbonara, uso do queijo pecorino", reflete.

Erika Renzetti eseu marido, o chef Marco Renzetti, sócios da Fame Osteria Foto: Daniel Teixeira

A grande diferença para a nova casa é a atenção colocada na experiência de cada um. "Observar o cliente, ver se podemos modificar alguma coisa para o gosto dele, deixá-lo mais confortável, ser mais personalizado. A gente consegue sentir a predisposição da pessoa, é diferente de um salão grande", ressalta.

O resultado do esforço diário se mostra na relação longínqua com os clientes. Os casos são vários. Erika lembra de uma cliente que costumava levar sua filha, ainda de colo, para o restaurante. Este ano, a criança vai completar 15 anos – e escolheu justamente a Fame para celebrar a data. Com um bônus feliz aos proprietários: decidiu, também, estudar gastronomia. "Ver crianças que vinham aqui e agora são adultas, e que sentiram essa curiosidade para estudar gastronomia, me faz muito feliz. Me marca muito", conta.

A Fame

Na Fame os pratos tradicionais de origem italiana ainda brilham no menu, mas abrem espaço para modos de preparo de outros lugares – como o uso da brasa do jeito espanhol. "É italiano, mas mais aberto", resume. "Isso me permite ser mais criativa do que poderia em um restaurante tradicional".

O esqueleto do menu-degustação não muda: três entradas de mar, duas massas, salada, proteínas e duas sobremesas. São 11 tempos. A cozinha aberta permite que os clientes observem o preparo dos pratos – essencial para a experiência completa.

A ideia começou a partir de uma cozinha de laboratório, apenas para delivery, durante a pandemia. E logo começou a tomar a forma de um pequeno restaurante. No salão atendem de 12 a 18 pessoas. "Direcionamos a cozinha sempre a algo sazonal, com ingredientes frescos e de pequenos produtores", conta.

Um dos pratos que sintetiza a essência da casa – e é um dos favoritos de Erika – une ingredientes típicos do sul da Itália com um toque asiático no preparo e apresentação. A lula é cortada muito fina, como uma espécie de espaguete, puxada com alho e óleo peperoncino, colocada no caldo de peixe e finalizada com bottarga. "Esse prato é fantástico, tem uma textura particular, fica aveludado, e a bottarga dá aquela coisa iodada de mar", descreve.

A harmonia perfeita

Foi há 10 anos que Erika começou a se interessar por vinhos. Hoje, dedica-se em especial a criar a harmonização do menu. "Ela ajuda a experiência do cliente, acompanha os pratos de uma forma que não tenha contrastes", resume.

Durante a pandemia começou a criar infusões. No início usou como base o limoncello e adicionou ao menu infusões de alecrim e de amêndoa. Tem se dedicado, agora, a desenvolver opções não-alcoólicas para pessoas que não tomam vinho mas querem ter uma experiência agradável. 

A de amêndoa foi criada a partir de uma insatisfação de Erika com a harmonização do tiramisù, até então combinado com vinho Porto. "Ficava forte. A infusão de amêndoas é mais leve para finalizar um jantar com 11 pratos, além de ter um teor alcoólico mais baixo", analisa. 

Em breve, a casa contará, também, com um espaço para o bar, mas ainda sem aumentar o número de clientes. A alma da casa é propiciar um jantar de família.

Erika passou da coquetelaria para o gerencimanento de salão e, hoje, coordena a harmonização de vinhos Foto: Tadeu Brunelli

Ela de pronto sabe definir o diferencial da Fame Osteria: hospitalidade. É Erika Renzetti a responsável por criar um ambiente acolhedor para os até 18 clientes atendidos por noite na casa. Inaugurado no ano passado por Erika e seu marido, o chef Marco Renzetti, o restaurante apresenta um menu-degustação sazonal de cozinha ítalo-autoral. 

No restaurante, a figura do anfitrião é a peça central, que dita o mood do jantar. "É um serviço que não é pomposo – é como se a pessoa estivesse num lugar mais familiar, o marido na cozinha, a esposa na sala, com uma cozinha de qualidade", conta. "Queremos recepcionar os clientes como se eles estivessem entrando na nossa casa".

Mas Erika colocou os pés no universo da gastronomia bem antes. "Foi quase acidental", relembra. Há 24 anos, ela foi jantar no restaurante de Marco na Bolívia. Não demorou para começar a participar da parte da coquetelaria aos fins de semana, enquanto cursava o último ano do curso de administração de empresas. 

De lá para cá, Erika passou da coquetelaria para o gerenciamento de salão e, mais recentemente, à coordenação da harmonização dos vinhos. "Diferenciamos o que seria sala e cozinha: a cozinha ele comanda 100% e a sala eu comando 100%", compartilha. A sintonia se estende aos outros funcionários – os clientes brincam que a equipe se comunica apenas com o olhar.

O primeiro restaurante do casal no Brasil foi inaugurado há 15 anos, a Osteria del Pettirosso. O desafio foi apresentar ao público uma cozinha regional romana, ainda desconhecida por aqui. "Era mais conhecida aqui a do norte da Itália, mas hoje todos conhecem cacio e pepe, carbonara, uso do queijo pecorino", reflete.

Erika Renzetti eseu marido, o chef Marco Renzetti, sócios da Fame Osteria Foto: Daniel Teixeira

A grande diferença para a nova casa é a atenção colocada na experiência de cada um. "Observar o cliente, ver se podemos modificar alguma coisa para o gosto dele, deixá-lo mais confortável, ser mais personalizado. A gente consegue sentir a predisposição da pessoa, é diferente de um salão grande", ressalta.

O resultado do esforço diário se mostra na relação longínqua com os clientes. Os casos são vários. Erika lembra de uma cliente que costumava levar sua filha, ainda de colo, para o restaurante. Este ano, a criança vai completar 15 anos – e escolheu justamente a Fame para celebrar a data. Com um bônus feliz aos proprietários: decidiu, também, estudar gastronomia. "Ver crianças que vinham aqui e agora são adultas, e que sentiram essa curiosidade para estudar gastronomia, me faz muito feliz. Me marca muito", conta.

A Fame

Na Fame os pratos tradicionais de origem italiana ainda brilham no menu, mas abrem espaço para modos de preparo de outros lugares – como o uso da brasa do jeito espanhol. "É italiano, mas mais aberto", resume. "Isso me permite ser mais criativa do que poderia em um restaurante tradicional".

O esqueleto do menu-degustação não muda: três entradas de mar, duas massas, salada, proteínas e duas sobremesas. São 11 tempos. A cozinha aberta permite que os clientes observem o preparo dos pratos – essencial para a experiência completa.

A ideia começou a partir de uma cozinha de laboratório, apenas para delivery, durante a pandemia. E logo começou a tomar a forma de um pequeno restaurante. No salão atendem de 12 a 18 pessoas. "Direcionamos a cozinha sempre a algo sazonal, com ingredientes frescos e de pequenos produtores", conta.

Um dos pratos que sintetiza a essência da casa – e é um dos favoritos de Erika – une ingredientes típicos do sul da Itália com um toque asiático no preparo e apresentação. A lula é cortada muito fina, como uma espécie de espaguete, puxada com alho e óleo peperoncino, colocada no caldo de peixe e finalizada com bottarga. "Esse prato é fantástico, tem uma textura particular, fica aveludado, e a bottarga dá aquela coisa iodada de mar", descreve.

A harmonia perfeita

Foi há 10 anos que Erika começou a se interessar por vinhos. Hoje, dedica-se em especial a criar a harmonização do menu. "Ela ajuda a experiência do cliente, acompanha os pratos de uma forma que não tenha contrastes", resume.

Durante a pandemia começou a criar infusões. No início usou como base o limoncello e adicionou ao menu infusões de alecrim e de amêndoa. Tem se dedicado, agora, a desenvolver opções não-alcoólicas para pessoas que não tomam vinho mas querem ter uma experiência agradável. 

A de amêndoa foi criada a partir de uma insatisfação de Erika com a harmonização do tiramisù, até então combinado com vinho Porto. "Ficava forte. A infusão de amêndoas é mais leve para finalizar um jantar com 11 pratos, além de ter um teor alcoólico mais baixo", analisa. 

Em breve, a casa contará, também, com um espaço para o bar, mas ainda sem aumentar o número de clientes. A alma da casa é propiciar um jantar de família.

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