Faça você mesmo: pratos semiprontos estão em alta entre opções do delivery


O chef te ensina (a distância) o modo de preparo e manda os ingredientes porcionados; você executa a receita em casa – e fica com o crédito

Por Danielle Nagase e Renata Mesquita

São várias as tendências gastronômicas da quarentena; hoje vamos falar de duas delas: os novos modelos de delivery e a descoberta (ou redescoberta) de um hobby, cozinhar.

Há tempos não se cozinhava tanto em casa – e não é para menos: temos passado muito mais tempo dentro dela e os restaurantes, bem, estão com seus salões temporariamente fechados.

Ao que parece, chefs e restauranteurs atinaram para essa tendência e resolveram dar nova cara ao delivery. Em vez de entregar a comida pronta para comer, algumas casas passaram a oferecer também opções semiprontas para o cliente colocar a mão na massa (mas nem tanto).

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Kit do Più para fazer picci artesanal alla carbonara em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Os ingredientes chegam em casa separados e porcionados. Cabe a quem fez o pedido misturar, temperar, grelhar, assar...

É também uma forma de elevar a experiência do serviço, uma vez que a comida feita na hora é bem melhor do que aquela que enfrentou o trajeto do restaurante até a casa do cliente. Mesmo clássicos do delivery – como hambúrgueres e pizzas – ganham mais qualidade dessa forma. Testamos seis desses kits “faça você mesmo”. Confira como foi a experiência.

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Blue Cookies por Evvai

Sem falsa modéstia, sou excelente cozinheira. Mas nunca consegui produzir cookies que fizessem jus à minha fama. Por isso, quando tirei os do Evvai do forno, quebrei-os ao meio e vi o recheio molhadinho no centro, fui tomada por uma alegria instantânea. Tal qual eu tivesse feito a massa do zero. Na verdade, foi o chef Luiz Filipe Souza que desenvolveu a receita e, agora, está vendendo no delivery, em duas versões: pronto para comer (R$ 17 a unidade de 140g) ou para assar em casa (R$ 107; 850g), nos sabores chocolate, especiarias e mel, e chocolate com macadâmia. Na primeira leva, deixei um tantinho a mais no forno, por teimosia – as explicações que vêm junto à massa são impecáveis, é só seguir à risca. A massa chega embrulhada em papel-manteiga (use para forrar a forma) e pode ser congelada. Rende, em média, dez cookies. O Blue Cookies do Evvai, feito com insumos de pequenos produores, tem ainda um outro propósito: todo o lucro arrecadado com a venda é repassado aos funcionários, substituindo a gorjeta que, no momento, não existe mais. Encomendas pelo iFood ou WhatsApp (3062-1160). /R.M.

A nova Blue Cookies tem rolo de massa crua para o cliente porcionar e assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão
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Bráz Veloce 

Você deve estar se perguntando: pizza? Porque inventar moda naquilo que já funciona? Falo isso porque foi exatamente o que eu pensei quando soube do lançamento da linha Veloce, da Bráz, de pizzas pré-assadas para finalizar em casa. Mas a experiência foi bem diferente em relação a recebê-las prontas. É como se você substituísse as pizzas congeladas (que, francamente, ainda não prestam) por uma pizza artesanal, feita com ingredientes de primeira, assada em forno a lenha e que você pode deixar à mão, na geladeira ou congelador, para esquentar quando bem entender. E o resultado é muito próximo da pizza que comemos no salão da pizzaria. Basta tirar da embalagem a vácuo e colocar direto na grelha do forno por 15 minutos. Bordas macias, massa crocante e cobertura fresca e borbulhante, como, mesmo nas melhores entregas, é difícil de encontrar. Provei a Castelões (R$ 49), coberta por mussarela e calabresa; a Bráz (R$ 46), com fatias de abobrinha, alho, mussarela e parmesão; e a Caprese (R$ 56), um dos carros-chefe. Essa última vem com disco de mussarela e os outros ingredientes (mussarela de búfala, tomate, manjericão e pesto de azeitonas) em um recipiente separado – solução encontrada para a pizza não chegar molhada pelo líquido que a mussarela de búfala solta. No fim, o cliente ainda tem a experiência de montar a própria pizza. Pode parecer besteira, mas aqui em casa foi uma briga para ver quem iria prepará-la. A Bráz Veloce estreia no delivery (iFood e Rappi) em todas as unidades, exceto Tatuapé, no dia 22/5. Inicialmente, com esses três sabores, em tamanho médio (seis fatias). /R.M.

Nova linha Veloce, da Bráz, oferece pizzas semiprontas para assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão
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Lanchonete da Cidade 

Por melhor que seja a embalagem e por mais curto que seja o trajeto entre o restaurante e a casa do cliente, não há batata frita que passe ilesa ao teste do delivery. Pensando nisso, a Lanchonete da Cidade resolveu dar ao cliente a opção de escolher entre a versão pronta para comer e o kit para fritar e temperar em casa (R$ 15). Seiscentos gramas de batata cozida e fatiada em rodelas chegam embalados a vácuo, com alho confitado e alecrim à parte. Segui as instruções tim-tim por tim-tim: enchi a fritadeira com óleo suficiente para cobrir as batatas (fritei em duas etapas) e esperei que aquecesse até o ponto de fritura. “Frite até ficarem douradas”, diz o modo de preparo. Eu fritei por 15 minutos (cronometrados) e elas ficaram douradas e crocantes. Antes de servir, acomodei as batatas sobre papel-toalha para tirar o excesso de gordura (essa etapa, fiz por minha conta, por puro hábito). Numa frigideira à parte, aqueci um fio de azeite, salteei rapidinho o alho e o alecrim, tirei o excesso de gordura e servi por cima da batata – que, aliás, acomodei num potinho forrado com papel-manteiga, só para fazer charme. Encomendas via iFood, Rappi ou telefone (3086-3399). /D.N.

Delivery da Lanchonete da Cidade tem opção de batatas rústicas para fritar em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão
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Meats

“Um jeitinho maroto de ter o Meats na sua casa.” É assim que a hamburgueria define seus “kits quarenteiners” com um (R$ 27), dois (R$ 50), três (R$ 77) ou quatro (R$ 92) hambúrgueres para grelhar e montar em casa. Tudo vem separadinho – a carne, o queijo, o bacon, o pão (já pincelado com manteiga), o molho e demais complementos, além das instruções de preparo. Antes de começar, abra as janelas. Sim, vai fazer fumaça. É fácil de grelhar a carne: esquente “beeeem” a frigideira, salgue os discos (vem até sal no kit) e “baixe seu burguer” na superfície quente com um naco de manteiga em cima. Vire a cada dois minutos, até chegar ao ponto. Mesmo com a mise en place pronta, nadei na montagem (escolhi três versões diferentes. Para que facilitar, né?!). No fim, ficou muito bom. Na próxima, deixo a carne mais malpassada. Encomendas via iFood ou WhatsApp (2679-6323). /D.N.

Kit "quarenteiner" do Meats inclui, além do disco de carne, pão, queijo, molho e complementos como picles. Foto: Danielle Nagase/Estadão
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Più

Marcelo Laskani garante que, com o kit do Più (R$ 60), qualquer pessoa pode fazer um picci (tipo de macarrão grano duro) alla carbonara em casa. Para duas pessoas, o combo vem com a massa artesanal embrulhada em papel-manteiga e mais três potinhos: um com o fundo (vinho branco, caldo e pancetta curada); outro com a base de gemas, parmesão e pecorino; e o terceiro com pecorino ralado e pimenta preta para finalizar. Certo, mas e o passo a passo? Tive de recorrer ao Instagram (@piu_e_piccolo_restaurante), onde encontrei um vídeo do chef ensinando a preparar o prato (ufa!). É mesmo bem fácil: cozinhe a massa por dez minutos em água fervente, aqueça o fundo em outra panela, adicione o macarrão, desligue o fogo e, só então, despeje a base de gemas. Deu supercerto – e não acabei com um prato de macarrão com ovo mexido! A saber: há outras opções de kits, como o o nhoque porcini (com creme de funghi) e o papardelli com ragu de linguiça. Encomendas via WhatsApp (11-97740-0716). /D.N.

À prova de erro: kit de carbonara do Più inclui massas artesanal e base de gemas e queijos. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Sheikh Burger DeBetti 

Opção de delivery de hambúrguer é o que não falta nos aplicativos. Então, por que fazer em casa? Experiência! Já existem algumas marcas que vendem os discos do blend da casa in natura, com complementos a sua escolha: pão, queijo e afins. Eu escolhi testar o da Sheikh, marca mais acessível do deBetti. Fui no kit com quatro burguers de 120g, pão de brioche e cheddar inglês (R$ 49,48), e adicionei ao pedido bacon defumado (R$ 7; 120g). Chega tudo em bandejas separadas, pronto para fazer. Só senti falta de instruções. Sim, eu até sei fazer, mas seria simpático uma indicação de qual panela usar, dicas para derreter o queijo, qual a melhor forma de dourar o bacon... Funcionou, ficou digno do estilo e o preço é imbatível (R$ 12 cada). Mas, se você for fazer, como eu, na frigideira (e não na churrasqueira), prepare-se para uma cortina de fumaça. Encomendas pelo site debetti.com.br. /R.M.

Dá para incluir bacon defumado no kit de hambúrgueres da linha Sheikh, do DeBetti. Foto: Renata Mesquita/Estadão

São várias as tendências gastronômicas da quarentena; hoje vamos falar de duas delas: os novos modelos de delivery e a descoberta (ou redescoberta) de um hobby, cozinhar.

Há tempos não se cozinhava tanto em casa – e não é para menos: temos passado muito mais tempo dentro dela e os restaurantes, bem, estão com seus salões temporariamente fechados.

Ao que parece, chefs e restauranteurs atinaram para essa tendência e resolveram dar nova cara ao delivery. Em vez de entregar a comida pronta para comer, algumas casas passaram a oferecer também opções semiprontas para o cliente colocar a mão na massa (mas nem tanto).

Kit do Più para fazer picci artesanal alla carbonara em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Os ingredientes chegam em casa separados e porcionados. Cabe a quem fez o pedido misturar, temperar, grelhar, assar...

É também uma forma de elevar a experiência do serviço, uma vez que a comida feita na hora é bem melhor do que aquela que enfrentou o trajeto do restaurante até a casa do cliente. Mesmo clássicos do delivery – como hambúrgueres e pizzas – ganham mais qualidade dessa forma. Testamos seis desses kits “faça você mesmo”. Confira como foi a experiência.

Blue Cookies por Evvai

Sem falsa modéstia, sou excelente cozinheira. Mas nunca consegui produzir cookies que fizessem jus à minha fama. Por isso, quando tirei os do Evvai do forno, quebrei-os ao meio e vi o recheio molhadinho no centro, fui tomada por uma alegria instantânea. Tal qual eu tivesse feito a massa do zero. Na verdade, foi o chef Luiz Filipe Souza que desenvolveu a receita e, agora, está vendendo no delivery, em duas versões: pronto para comer (R$ 17 a unidade de 140g) ou para assar em casa (R$ 107; 850g), nos sabores chocolate, especiarias e mel, e chocolate com macadâmia. Na primeira leva, deixei um tantinho a mais no forno, por teimosia – as explicações que vêm junto à massa são impecáveis, é só seguir à risca. A massa chega embrulhada em papel-manteiga (use para forrar a forma) e pode ser congelada. Rende, em média, dez cookies. O Blue Cookies do Evvai, feito com insumos de pequenos produores, tem ainda um outro propósito: todo o lucro arrecadado com a venda é repassado aos funcionários, substituindo a gorjeta que, no momento, não existe mais. Encomendas pelo iFood ou WhatsApp (3062-1160). /R.M.

A nova Blue Cookies tem rolo de massa crua para o cliente porcionar e assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão

Bráz Veloce 

Você deve estar se perguntando: pizza? Porque inventar moda naquilo que já funciona? Falo isso porque foi exatamente o que eu pensei quando soube do lançamento da linha Veloce, da Bráz, de pizzas pré-assadas para finalizar em casa. Mas a experiência foi bem diferente em relação a recebê-las prontas. É como se você substituísse as pizzas congeladas (que, francamente, ainda não prestam) por uma pizza artesanal, feita com ingredientes de primeira, assada em forno a lenha e que você pode deixar à mão, na geladeira ou congelador, para esquentar quando bem entender. E o resultado é muito próximo da pizza que comemos no salão da pizzaria. Basta tirar da embalagem a vácuo e colocar direto na grelha do forno por 15 minutos. Bordas macias, massa crocante e cobertura fresca e borbulhante, como, mesmo nas melhores entregas, é difícil de encontrar. Provei a Castelões (R$ 49), coberta por mussarela e calabresa; a Bráz (R$ 46), com fatias de abobrinha, alho, mussarela e parmesão; e a Caprese (R$ 56), um dos carros-chefe. Essa última vem com disco de mussarela e os outros ingredientes (mussarela de búfala, tomate, manjericão e pesto de azeitonas) em um recipiente separado – solução encontrada para a pizza não chegar molhada pelo líquido que a mussarela de búfala solta. No fim, o cliente ainda tem a experiência de montar a própria pizza. Pode parecer besteira, mas aqui em casa foi uma briga para ver quem iria prepará-la. A Bráz Veloce estreia no delivery (iFood e Rappi) em todas as unidades, exceto Tatuapé, no dia 22/5. Inicialmente, com esses três sabores, em tamanho médio (seis fatias). /R.M.

Nova linha Veloce, da Bráz, oferece pizzas semiprontas para assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão

Lanchonete da Cidade 

Por melhor que seja a embalagem e por mais curto que seja o trajeto entre o restaurante e a casa do cliente, não há batata frita que passe ilesa ao teste do delivery. Pensando nisso, a Lanchonete da Cidade resolveu dar ao cliente a opção de escolher entre a versão pronta para comer e o kit para fritar e temperar em casa (R$ 15). Seiscentos gramas de batata cozida e fatiada em rodelas chegam embalados a vácuo, com alho confitado e alecrim à parte. Segui as instruções tim-tim por tim-tim: enchi a fritadeira com óleo suficiente para cobrir as batatas (fritei em duas etapas) e esperei que aquecesse até o ponto de fritura. “Frite até ficarem douradas”, diz o modo de preparo. Eu fritei por 15 minutos (cronometrados) e elas ficaram douradas e crocantes. Antes de servir, acomodei as batatas sobre papel-toalha para tirar o excesso de gordura (essa etapa, fiz por minha conta, por puro hábito). Numa frigideira à parte, aqueci um fio de azeite, salteei rapidinho o alho e o alecrim, tirei o excesso de gordura e servi por cima da batata – que, aliás, acomodei num potinho forrado com papel-manteiga, só para fazer charme. Encomendas via iFood, Rappi ou telefone (3086-3399). /D.N.

Delivery da Lanchonete da Cidade tem opção de batatas rústicas para fritar em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Meats

“Um jeitinho maroto de ter o Meats na sua casa.” É assim que a hamburgueria define seus “kits quarenteiners” com um (R$ 27), dois (R$ 50), três (R$ 77) ou quatro (R$ 92) hambúrgueres para grelhar e montar em casa. Tudo vem separadinho – a carne, o queijo, o bacon, o pão (já pincelado com manteiga), o molho e demais complementos, além das instruções de preparo. Antes de começar, abra as janelas. Sim, vai fazer fumaça. É fácil de grelhar a carne: esquente “beeeem” a frigideira, salgue os discos (vem até sal no kit) e “baixe seu burguer” na superfície quente com um naco de manteiga em cima. Vire a cada dois minutos, até chegar ao ponto. Mesmo com a mise en place pronta, nadei na montagem (escolhi três versões diferentes. Para que facilitar, né?!). No fim, ficou muito bom. Na próxima, deixo a carne mais malpassada. Encomendas via iFood ou WhatsApp (2679-6323). /D.N.

Kit "quarenteiner" do Meats inclui, além do disco de carne, pão, queijo, molho e complementos como picles. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Più

Marcelo Laskani garante que, com o kit do Più (R$ 60), qualquer pessoa pode fazer um picci (tipo de macarrão grano duro) alla carbonara em casa. Para duas pessoas, o combo vem com a massa artesanal embrulhada em papel-manteiga e mais três potinhos: um com o fundo (vinho branco, caldo e pancetta curada); outro com a base de gemas, parmesão e pecorino; e o terceiro com pecorino ralado e pimenta preta para finalizar. Certo, mas e o passo a passo? Tive de recorrer ao Instagram (@piu_e_piccolo_restaurante), onde encontrei um vídeo do chef ensinando a preparar o prato (ufa!). É mesmo bem fácil: cozinhe a massa por dez minutos em água fervente, aqueça o fundo em outra panela, adicione o macarrão, desligue o fogo e, só então, despeje a base de gemas. Deu supercerto – e não acabei com um prato de macarrão com ovo mexido! A saber: há outras opções de kits, como o o nhoque porcini (com creme de funghi) e o papardelli com ragu de linguiça. Encomendas via WhatsApp (11-97740-0716). /D.N.

À prova de erro: kit de carbonara do Più inclui massas artesanal e base de gemas e queijos. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Sheikh Burger DeBetti 

Opção de delivery de hambúrguer é o que não falta nos aplicativos. Então, por que fazer em casa? Experiência! Já existem algumas marcas que vendem os discos do blend da casa in natura, com complementos a sua escolha: pão, queijo e afins. Eu escolhi testar o da Sheikh, marca mais acessível do deBetti. Fui no kit com quatro burguers de 120g, pão de brioche e cheddar inglês (R$ 49,48), e adicionei ao pedido bacon defumado (R$ 7; 120g). Chega tudo em bandejas separadas, pronto para fazer. Só senti falta de instruções. Sim, eu até sei fazer, mas seria simpático uma indicação de qual panela usar, dicas para derreter o queijo, qual a melhor forma de dourar o bacon... Funcionou, ficou digno do estilo e o preço é imbatível (R$ 12 cada). Mas, se você for fazer, como eu, na frigideira (e não na churrasqueira), prepare-se para uma cortina de fumaça. Encomendas pelo site debetti.com.br. /R.M.

Dá para incluir bacon defumado no kit de hambúrgueres da linha Sheikh, do DeBetti. Foto: Renata Mesquita/Estadão

São várias as tendências gastronômicas da quarentena; hoje vamos falar de duas delas: os novos modelos de delivery e a descoberta (ou redescoberta) de um hobby, cozinhar.

Há tempos não se cozinhava tanto em casa – e não é para menos: temos passado muito mais tempo dentro dela e os restaurantes, bem, estão com seus salões temporariamente fechados.

Ao que parece, chefs e restauranteurs atinaram para essa tendência e resolveram dar nova cara ao delivery. Em vez de entregar a comida pronta para comer, algumas casas passaram a oferecer também opções semiprontas para o cliente colocar a mão na massa (mas nem tanto).

Kit do Più para fazer picci artesanal alla carbonara em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Os ingredientes chegam em casa separados e porcionados. Cabe a quem fez o pedido misturar, temperar, grelhar, assar...

É também uma forma de elevar a experiência do serviço, uma vez que a comida feita na hora é bem melhor do que aquela que enfrentou o trajeto do restaurante até a casa do cliente. Mesmo clássicos do delivery – como hambúrgueres e pizzas – ganham mais qualidade dessa forma. Testamos seis desses kits “faça você mesmo”. Confira como foi a experiência.

Blue Cookies por Evvai

Sem falsa modéstia, sou excelente cozinheira. Mas nunca consegui produzir cookies que fizessem jus à minha fama. Por isso, quando tirei os do Evvai do forno, quebrei-os ao meio e vi o recheio molhadinho no centro, fui tomada por uma alegria instantânea. Tal qual eu tivesse feito a massa do zero. Na verdade, foi o chef Luiz Filipe Souza que desenvolveu a receita e, agora, está vendendo no delivery, em duas versões: pronto para comer (R$ 17 a unidade de 140g) ou para assar em casa (R$ 107; 850g), nos sabores chocolate, especiarias e mel, e chocolate com macadâmia. Na primeira leva, deixei um tantinho a mais no forno, por teimosia – as explicações que vêm junto à massa são impecáveis, é só seguir à risca. A massa chega embrulhada em papel-manteiga (use para forrar a forma) e pode ser congelada. Rende, em média, dez cookies. O Blue Cookies do Evvai, feito com insumos de pequenos produores, tem ainda um outro propósito: todo o lucro arrecadado com a venda é repassado aos funcionários, substituindo a gorjeta que, no momento, não existe mais. Encomendas pelo iFood ou WhatsApp (3062-1160). /R.M.

A nova Blue Cookies tem rolo de massa crua para o cliente porcionar e assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão

Bráz Veloce 

Você deve estar se perguntando: pizza? Porque inventar moda naquilo que já funciona? Falo isso porque foi exatamente o que eu pensei quando soube do lançamento da linha Veloce, da Bráz, de pizzas pré-assadas para finalizar em casa. Mas a experiência foi bem diferente em relação a recebê-las prontas. É como se você substituísse as pizzas congeladas (que, francamente, ainda não prestam) por uma pizza artesanal, feita com ingredientes de primeira, assada em forno a lenha e que você pode deixar à mão, na geladeira ou congelador, para esquentar quando bem entender. E o resultado é muito próximo da pizza que comemos no salão da pizzaria. Basta tirar da embalagem a vácuo e colocar direto na grelha do forno por 15 minutos. Bordas macias, massa crocante e cobertura fresca e borbulhante, como, mesmo nas melhores entregas, é difícil de encontrar. Provei a Castelões (R$ 49), coberta por mussarela e calabresa; a Bráz (R$ 46), com fatias de abobrinha, alho, mussarela e parmesão; e a Caprese (R$ 56), um dos carros-chefe. Essa última vem com disco de mussarela e os outros ingredientes (mussarela de búfala, tomate, manjericão e pesto de azeitonas) em um recipiente separado – solução encontrada para a pizza não chegar molhada pelo líquido que a mussarela de búfala solta. No fim, o cliente ainda tem a experiência de montar a própria pizza. Pode parecer besteira, mas aqui em casa foi uma briga para ver quem iria prepará-la. A Bráz Veloce estreia no delivery (iFood e Rappi) em todas as unidades, exceto Tatuapé, no dia 22/5. Inicialmente, com esses três sabores, em tamanho médio (seis fatias). /R.M.

Nova linha Veloce, da Bráz, oferece pizzas semiprontas para assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão

Lanchonete da Cidade 

Por melhor que seja a embalagem e por mais curto que seja o trajeto entre o restaurante e a casa do cliente, não há batata frita que passe ilesa ao teste do delivery. Pensando nisso, a Lanchonete da Cidade resolveu dar ao cliente a opção de escolher entre a versão pronta para comer e o kit para fritar e temperar em casa (R$ 15). Seiscentos gramas de batata cozida e fatiada em rodelas chegam embalados a vácuo, com alho confitado e alecrim à parte. Segui as instruções tim-tim por tim-tim: enchi a fritadeira com óleo suficiente para cobrir as batatas (fritei em duas etapas) e esperei que aquecesse até o ponto de fritura. “Frite até ficarem douradas”, diz o modo de preparo. Eu fritei por 15 minutos (cronometrados) e elas ficaram douradas e crocantes. Antes de servir, acomodei as batatas sobre papel-toalha para tirar o excesso de gordura (essa etapa, fiz por minha conta, por puro hábito). Numa frigideira à parte, aqueci um fio de azeite, salteei rapidinho o alho e o alecrim, tirei o excesso de gordura e servi por cima da batata – que, aliás, acomodei num potinho forrado com papel-manteiga, só para fazer charme. Encomendas via iFood, Rappi ou telefone (3086-3399). /D.N.

Delivery da Lanchonete da Cidade tem opção de batatas rústicas para fritar em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Meats

“Um jeitinho maroto de ter o Meats na sua casa.” É assim que a hamburgueria define seus “kits quarenteiners” com um (R$ 27), dois (R$ 50), três (R$ 77) ou quatro (R$ 92) hambúrgueres para grelhar e montar em casa. Tudo vem separadinho – a carne, o queijo, o bacon, o pão (já pincelado com manteiga), o molho e demais complementos, além das instruções de preparo. Antes de começar, abra as janelas. Sim, vai fazer fumaça. É fácil de grelhar a carne: esquente “beeeem” a frigideira, salgue os discos (vem até sal no kit) e “baixe seu burguer” na superfície quente com um naco de manteiga em cima. Vire a cada dois minutos, até chegar ao ponto. Mesmo com a mise en place pronta, nadei na montagem (escolhi três versões diferentes. Para que facilitar, né?!). No fim, ficou muito bom. Na próxima, deixo a carne mais malpassada. Encomendas via iFood ou WhatsApp (2679-6323). /D.N.

Kit "quarenteiner" do Meats inclui, além do disco de carne, pão, queijo, molho e complementos como picles. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Più

Marcelo Laskani garante que, com o kit do Più (R$ 60), qualquer pessoa pode fazer um picci (tipo de macarrão grano duro) alla carbonara em casa. Para duas pessoas, o combo vem com a massa artesanal embrulhada em papel-manteiga e mais três potinhos: um com o fundo (vinho branco, caldo e pancetta curada); outro com a base de gemas, parmesão e pecorino; e o terceiro com pecorino ralado e pimenta preta para finalizar. Certo, mas e o passo a passo? Tive de recorrer ao Instagram (@piu_e_piccolo_restaurante), onde encontrei um vídeo do chef ensinando a preparar o prato (ufa!). É mesmo bem fácil: cozinhe a massa por dez minutos em água fervente, aqueça o fundo em outra panela, adicione o macarrão, desligue o fogo e, só então, despeje a base de gemas. Deu supercerto – e não acabei com um prato de macarrão com ovo mexido! A saber: há outras opções de kits, como o o nhoque porcini (com creme de funghi) e o papardelli com ragu de linguiça. Encomendas via WhatsApp (11-97740-0716). /D.N.

À prova de erro: kit de carbonara do Più inclui massas artesanal e base de gemas e queijos. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Sheikh Burger DeBetti 

Opção de delivery de hambúrguer é o que não falta nos aplicativos. Então, por que fazer em casa? Experiência! Já existem algumas marcas que vendem os discos do blend da casa in natura, com complementos a sua escolha: pão, queijo e afins. Eu escolhi testar o da Sheikh, marca mais acessível do deBetti. Fui no kit com quatro burguers de 120g, pão de brioche e cheddar inglês (R$ 49,48), e adicionei ao pedido bacon defumado (R$ 7; 120g). Chega tudo em bandejas separadas, pronto para fazer. Só senti falta de instruções. Sim, eu até sei fazer, mas seria simpático uma indicação de qual panela usar, dicas para derreter o queijo, qual a melhor forma de dourar o bacon... Funcionou, ficou digno do estilo e o preço é imbatível (R$ 12 cada). Mas, se você for fazer, como eu, na frigideira (e não na churrasqueira), prepare-se para uma cortina de fumaça. Encomendas pelo site debetti.com.br. /R.M.

Dá para incluir bacon defumado no kit de hambúrgueres da linha Sheikh, do DeBetti. Foto: Renata Mesquita/Estadão

São várias as tendências gastronômicas da quarentena; hoje vamos falar de duas delas: os novos modelos de delivery e a descoberta (ou redescoberta) de um hobby, cozinhar.

Há tempos não se cozinhava tanto em casa – e não é para menos: temos passado muito mais tempo dentro dela e os restaurantes, bem, estão com seus salões temporariamente fechados.

Ao que parece, chefs e restauranteurs atinaram para essa tendência e resolveram dar nova cara ao delivery. Em vez de entregar a comida pronta para comer, algumas casas passaram a oferecer também opções semiprontas para o cliente colocar a mão na massa (mas nem tanto).

Kit do Più para fazer picci artesanal alla carbonara em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Os ingredientes chegam em casa separados e porcionados. Cabe a quem fez o pedido misturar, temperar, grelhar, assar...

É também uma forma de elevar a experiência do serviço, uma vez que a comida feita na hora é bem melhor do que aquela que enfrentou o trajeto do restaurante até a casa do cliente. Mesmo clássicos do delivery – como hambúrgueres e pizzas – ganham mais qualidade dessa forma. Testamos seis desses kits “faça você mesmo”. Confira como foi a experiência.

Blue Cookies por Evvai

Sem falsa modéstia, sou excelente cozinheira. Mas nunca consegui produzir cookies que fizessem jus à minha fama. Por isso, quando tirei os do Evvai do forno, quebrei-os ao meio e vi o recheio molhadinho no centro, fui tomada por uma alegria instantânea. Tal qual eu tivesse feito a massa do zero. Na verdade, foi o chef Luiz Filipe Souza que desenvolveu a receita e, agora, está vendendo no delivery, em duas versões: pronto para comer (R$ 17 a unidade de 140g) ou para assar em casa (R$ 107; 850g), nos sabores chocolate, especiarias e mel, e chocolate com macadâmia. Na primeira leva, deixei um tantinho a mais no forno, por teimosia – as explicações que vêm junto à massa são impecáveis, é só seguir à risca. A massa chega embrulhada em papel-manteiga (use para forrar a forma) e pode ser congelada. Rende, em média, dez cookies. O Blue Cookies do Evvai, feito com insumos de pequenos produores, tem ainda um outro propósito: todo o lucro arrecadado com a venda é repassado aos funcionários, substituindo a gorjeta que, no momento, não existe mais. Encomendas pelo iFood ou WhatsApp (3062-1160). /R.M.

A nova Blue Cookies tem rolo de massa crua para o cliente porcionar e assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão

Bráz Veloce 

Você deve estar se perguntando: pizza? Porque inventar moda naquilo que já funciona? Falo isso porque foi exatamente o que eu pensei quando soube do lançamento da linha Veloce, da Bráz, de pizzas pré-assadas para finalizar em casa. Mas a experiência foi bem diferente em relação a recebê-las prontas. É como se você substituísse as pizzas congeladas (que, francamente, ainda não prestam) por uma pizza artesanal, feita com ingredientes de primeira, assada em forno a lenha e que você pode deixar à mão, na geladeira ou congelador, para esquentar quando bem entender. E o resultado é muito próximo da pizza que comemos no salão da pizzaria. Basta tirar da embalagem a vácuo e colocar direto na grelha do forno por 15 minutos. Bordas macias, massa crocante e cobertura fresca e borbulhante, como, mesmo nas melhores entregas, é difícil de encontrar. Provei a Castelões (R$ 49), coberta por mussarela e calabresa; a Bráz (R$ 46), com fatias de abobrinha, alho, mussarela e parmesão; e a Caprese (R$ 56), um dos carros-chefe. Essa última vem com disco de mussarela e os outros ingredientes (mussarela de búfala, tomate, manjericão e pesto de azeitonas) em um recipiente separado – solução encontrada para a pizza não chegar molhada pelo líquido que a mussarela de búfala solta. No fim, o cliente ainda tem a experiência de montar a própria pizza. Pode parecer besteira, mas aqui em casa foi uma briga para ver quem iria prepará-la. A Bráz Veloce estreia no delivery (iFood e Rappi) em todas as unidades, exceto Tatuapé, no dia 22/5. Inicialmente, com esses três sabores, em tamanho médio (seis fatias). /R.M.

Nova linha Veloce, da Bráz, oferece pizzas semiprontas para assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão

Lanchonete da Cidade 

Por melhor que seja a embalagem e por mais curto que seja o trajeto entre o restaurante e a casa do cliente, não há batata frita que passe ilesa ao teste do delivery. Pensando nisso, a Lanchonete da Cidade resolveu dar ao cliente a opção de escolher entre a versão pronta para comer e o kit para fritar e temperar em casa (R$ 15). Seiscentos gramas de batata cozida e fatiada em rodelas chegam embalados a vácuo, com alho confitado e alecrim à parte. Segui as instruções tim-tim por tim-tim: enchi a fritadeira com óleo suficiente para cobrir as batatas (fritei em duas etapas) e esperei que aquecesse até o ponto de fritura. “Frite até ficarem douradas”, diz o modo de preparo. Eu fritei por 15 minutos (cronometrados) e elas ficaram douradas e crocantes. Antes de servir, acomodei as batatas sobre papel-toalha para tirar o excesso de gordura (essa etapa, fiz por minha conta, por puro hábito). Numa frigideira à parte, aqueci um fio de azeite, salteei rapidinho o alho e o alecrim, tirei o excesso de gordura e servi por cima da batata – que, aliás, acomodei num potinho forrado com papel-manteiga, só para fazer charme. Encomendas via iFood, Rappi ou telefone (3086-3399). /D.N.

Delivery da Lanchonete da Cidade tem opção de batatas rústicas para fritar em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Meats

“Um jeitinho maroto de ter o Meats na sua casa.” É assim que a hamburgueria define seus “kits quarenteiners” com um (R$ 27), dois (R$ 50), três (R$ 77) ou quatro (R$ 92) hambúrgueres para grelhar e montar em casa. Tudo vem separadinho – a carne, o queijo, o bacon, o pão (já pincelado com manteiga), o molho e demais complementos, além das instruções de preparo. Antes de começar, abra as janelas. Sim, vai fazer fumaça. É fácil de grelhar a carne: esquente “beeeem” a frigideira, salgue os discos (vem até sal no kit) e “baixe seu burguer” na superfície quente com um naco de manteiga em cima. Vire a cada dois minutos, até chegar ao ponto. Mesmo com a mise en place pronta, nadei na montagem (escolhi três versões diferentes. Para que facilitar, né?!). No fim, ficou muito bom. Na próxima, deixo a carne mais malpassada. Encomendas via iFood ou WhatsApp (2679-6323). /D.N.

Kit "quarenteiner" do Meats inclui, além do disco de carne, pão, queijo, molho e complementos como picles. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Più

Marcelo Laskani garante que, com o kit do Più (R$ 60), qualquer pessoa pode fazer um picci (tipo de macarrão grano duro) alla carbonara em casa. Para duas pessoas, o combo vem com a massa artesanal embrulhada em papel-manteiga e mais três potinhos: um com o fundo (vinho branco, caldo e pancetta curada); outro com a base de gemas, parmesão e pecorino; e o terceiro com pecorino ralado e pimenta preta para finalizar. Certo, mas e o passo a passo? Tive de recorrer ao Instagram (@piu_e_piccolo_restaurante), onde encontrei um vídeo do chef ensinando a preparar o prato (ufa!). É mesmo bem fácil: cozinhe a massa por dez minutos em água fervente, aqueça o fundo em outra panela, adicione o macarrão, desligue o fogo e, só então, despeje a base de gemas. Deu supercerto – e não acabei com um prato de macarrão com ovo mexido! A saber: há outras opções de kits, como o o nhoque porcini (com creme de funghi) e o papardelli com ragu de linguiça. Encomendas via WhatsApp (11-97740-0716). /D.N.

À prova de erro: kit de carbonara do Più inclui massas artesanal e base de gemas e queijos. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Sheikh Burger DeBetti 

Opção de delivery de hambúrguer é o que não falta nos aplicativos. Então, por que fazer em casa? Experiência! Já existem algumas marcas que vendem os discos do blend da casa in natura, com complementos a sua escolha: pão, queijo e afins. Eu escolhi testar o da Sheikh, marca mais acessível do deBetti. Fui no kit com quatro burguers de 120g, pão de brioche e cheddar inglês (R$ 49,48), e adicionei ao pedido bacon defumado (R$ 7; 120g). Chega tudo em bandejas separadas, pronto para fazer. Só senti falta de instruções. Sim, eu até sei fazer, mas seria simpático uma indicação de qual panela usar, dicas para derreter o queijo, qual a melhor forma de dourar o bacon... Funcionou, ficou digno do estilo e o preço é imbatível (R$ 12 cada). Mas, se você for fazer, como eu, na frigideira (e não na churrasqueira), prepare-se para uma cortina de fumaça. Encomendas pelo site debetti.com.br. /R.M.

Dá para incluir bacon defumado no kit de hambúrgueres da linha Sheikh, do DeBetti. Foto: Renata Mesquita/Estadão

São várias as tendências gastronômicas da quarentena; hoje vamos falar de duas delas: os novos modelos de delivery e a descoberta (ou redescoberta) de um hobby, cozinhar.

Há tempos não se cozinhava tanto em casa – e não é para menos: temos passado muito mais tempo dentro dela e os restaurantes, bem, estão com seus salões temporariamente fechados.

Ao que parece, chefs e restauranteurs atinaram para essa tendência e resolveram dar nova cara ao delivery. Em vez de entregar a comida pronta para comer, algumas casas passaram a oferecer também opções semiprontas para o cliente colocar a mão na massa (mas nem tanto).

Kit do Più para fazer picci artesanal alla carbonara em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Os ingredientes chegam em casa separados e porcionados. Cabe a quem fez o pedido misturar, temperar, grelhar, assar...

É também uma forma de elevar a experiência do serviço, uma vez que a comida feita na hora é bem melhor do que aquela que enfrentou o trajeto do restaurante até a casa do cliente. Mesmo clássicos do delivery – como hambúrgueres e pizzas – ganham mais qualidade dessa forma. Testamos seis desses kits “faça você mesmo”. Confira como foi a experiência.

Blue Cookies por Evvai

Sem falsa modéstia, sou excelente cozinheira. Mas nunca consegui produzir cookies que fizessem jus à minha fama. Por isso, quando tirei os do Evvai do forno, quebrei-os ao meio e vi o recheio molhadinho no centro, fui tomada por uma alegria instantânea. Tal qual eu tivesse feito a massa do zero. Na verdade, foi o chef Luiz Filipe Souza que desenvolveu a receita e, agora, está vendendo no delivery, em duas versões: pronto para comer (R$ 17 a unidade de 140g) ou para assar em casa (R$ 107; 850g), nos sabores chocolate, especiarias e mel, e chocolate com macadâmia. Na primeira leva, deixei um tantinho a mais no forno, por teimosia – as explicações que vêm junto à massa são impecáveis, é só seguir à risca. A massa chega embrulhada em papel-manteiga (use para forrar a forma) e pode ser congelada. Rende, em média, dez cookies. O Blue Cookies do Evvai, feito com insumos de pequenos produores, tem ainda um outro propósito: todo o lucro arrecadado com a venda é repassado aos funcionários, substituindo a gorjeta que, no momento, não existe mais. Encomendas pelo iFood ou WhatsApp (3062-1160). /R.M.

A nova Blue Cookies tem rolo de massa crua para o cliente porcionar e assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão

Bráz Veloce 

Você deve estar se perguntando: pizza? Porque inventar moda naquilo que já funciona? Falo isso porque foi exatamente o que eu pensei quando soube do lançamento da linha Veloce, da Bráz, de pizzas pré-assadas para finalizar em casa. Mas a experiência foi bem diferente em relação a recebê-las prontas. É como se você substituísse as pizzas congeladas (que, francamente, ainda não prestam) por uma pizza artesanal, feita com ingredientes de primeira, assada em forno a lenha e que você pode deixar à mão, na geladeira ou congelador, para esquentar quando bem entender. E o resultado é muito próximo da pizza que comemos no salão da pizzaria. Basta tirar da embalagem a vácuo e colocar direto na grelha do forno por 15 minutos. Bordas macias, massa crocante e cobertura fresca e borbulhante, como, mesmo nas melhores entregas, é difícil de encontrar. Provei a Castelões (R$ 49), coberta por mussarela e calabresa; a Bráz (R$ 46), com fatias de abobrinha, alho, mussarela e parmesão; e a Caprese (R$ 56), um dos carros-chefe. Essa última vem com disco de mussarela e os outros ingredientes (mussarela de búfala, tomate, manjericão e pesto de azeitonas) em um recipiente separado – solução encontrada para a pizza não chegar molhada pelo líquido que a mussarela de búfala solta. No fim, o cliente ainda tem a experiência de montar a própria pizza. Pode parecer besteira, mas aqui em casa foi uma briga para ver quem iria prepará-la. A Bráz Veloce estreia no delivery (iFood e Rappi) em todas as unidades, exceto Tatuapé, no dia 22/5. Inicialmente, com esses três sabores, em tamanho médio (seis fatias). /R.M.

Nova linha Veloce, da Bráz, oferece pizzas semiprontas para assar em casa. Foto: Renata Mesquita/Estadão

Lanchonete da Cidade 

Por melhor que seja a embalagem e por mais curto que seja o trajeto entre o restaurante e a casa do cliente, não há batata frita que passe ilesa ao teste do delivery. Pensando nisso, a Lanchonete da Cidade resolveu dar ao cliente a opção de escolher entre a versão pronta para comer e o kit para fritar e temperar em casa (R$ 15). Seiscentos gramas de batata cozida e fatiada em rodelas chegam embalados a vácuo, com alho confitado e alecrim à parte. Segui as instruções tim-tim por tim-tim: enchi a fritadeira com óleo suficiente para cobrir as batatas (fritei em duas etapas) e esperei que aquecesse até o ponto de fritura. “Frite até ficarem douradas”, diz o modo de preparo. Eu fritei por 15 minutos (cronometrados) e elas ficaram douradas e crocantes. Antes de servir, acomodei as batatas sobre papel-toalha para tirar o excesso de gordura (essa etapa, fiz por minha conta, por puro hábito). Numa frigideira à parte, aqueci um fio de azeite, salteei rapidinho o alho e o alecrim, tirei o excesso de gordura e servi por cima da batata – que, aliás, acomodei num potinho forrado com papel-manteiga, só para fazer charme. Encomendas via iFood, Rappi ou telefone (3086-3399). /D.N.

Delivery da Lanchonete da Cidade tem opção de batatas rústicas para fritar em casa. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Meats

“Um jeitinho maroto de ter o Meats na sua casa.” É assim que a hamburgueria define seus “kits quarenteiners” com um (R$ 27), dois (R$ 50), três (R$ 77) ou quatro (R$ 92) hambúrgueres para grelhar e montar em casa. Tudo vem separadinho – a carne, o queijo, o bacon, o pão (já pincelado com manteiga), o molho e demais complementos, além das instruções de preparo. Antes de começar, abra as janelas. Sim, vai fazer fumaça. É fácil de grelhar a carne: esquente “beeeem” a frigideira, salgue os discos (vem até sal no kit) e “baixe seu burguer” na superfície quente com um naco de manteiga em cima. Vire a cada dois minutos, até chegar ao ponto. Mesmo com a mise en place pronta, nadei na montagem (escolhi três versões diferentes. Para que facilitar, né?!). No fim, ficou muito bom. Na próxima, deixo a carne mais malpassada. Encomendas via iFood ou WhatsApp (2679-6323). /D.N.

Kit "quarenteiner" do Meats inclui, além do disco de carne, pão, queijo, molho e complementos como picles. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Più

Marcelo Laskani garante que, com o kit do Più (R$ 60), qualquer pessoa pode fazer um picci (tipo de macarrão grano duro) alla carbonara em casa. Para duas pessoas, o combo vem com a massa artesanal embrulhada em papel-manteiga e mais três potinhos: um com o fundo (vinho branco, caldo e pancetta curada); outro com a base de gemas, parmesão e pecorino; e o terceiro com pecorino ralado e pimenta preta para finalizar. Certo, mas e o passo a passo? Tive de recorrer ao Instagram (@piu_e_piccolo_restaurante), onde encontrei um vídeo do chef ensinando a preparar o prato (ufa!). É mesmo bem fácil: cozinhe a massa por dez minutos em água fervente, aqueça o fundo em outra panela, adicione o macarrão, desligue o fogo e, só então, despeje a base de gemas. Deu supercerto – e não acabei com um prato de macarrão com ovo mexido! A saber: há outras opções de kits, como o o nhoque porcini (com creme de funghi) e o papardelli com ragu de linguiça. Encomendas via WhatsApp (11-97740-0716). /D.N.

À prova de erro: kit de carbonara do Più inclui massas artesanal e base de gemas e queijos. Foto: Danielle Nagase/Estadão

Sheikh Burger DeBetti 

Opção de delivery de hambúrguer é o que não falta nos aplicativos. Então, por que fazer em casa? Experiência! Já existem algumas marcas que vendem os discos do blend da casa in natura, com complementos a sua escolha: pão, queijo e afins. Eu escolhi testar o da Sheikh, marca mais acessível do deBetti. Fui no kit com quatro burguers de 120g, pão de brioche e cheddar inglês (R$ 49,48), e adicionei ao pedido bacon defumado (R$ 7; 120g). Chega tudo em bandejas separadas, pronto para fazer. Só senti falta de instruções. Sim, eu até sei fazer, mas seria simpático uma indicação de qual panela usar, dicas para derreter o queijo, qual a melhor forma de dourar o bacon... Funcionou, ficou digno do estilo e o preço é imbatível (R$ 12 cada). Mas, se você for fazer, como eu, na frigideira (e não na churrasqueira), prepare-se para uma cortina de fumaça. Encomendas pelo site debetti.com.br. /R.M.

Dá para incluir bacon defumado no kit de hambúrgueres da linha Sheikh, do DeBetti. Foto: Renata Mesquita/Estadão

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