Identidade musical dá personalidade para restaurantes em São Paulo


Restaurantes como Cão Véio e La Borratxeria vibram com inspirações musicais, fazendo com que música se torne parte da experiência

Por Matheus Mans

Os Titãs dizem que “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Na cena gastronômica de São Paulo, alguns levam essa expressão à risca, principalmente na mistura de gastronomia e música. Mais do que ter o som de fundo, quase imperceptível e em caixinhas tímidas espalhadas pelo espaço, restaurantes colocam as notas musicais no coração do negócio — seja na ambientação, no cardápio ou até na identidade visual. 

Um dos casos mais expressivos é o Cão Véio, gastropub comandado pelo chef Henrique Fogaça e por Fernando Badauí, vocalista da banda CPM22. Além da relação óbvia deste último, lembrado por sua presença nos palcos, Fogaça é conhecido por ser jurado no MasterChef e pelo restaurante Sal Gastronomia. Mas não esconde a paixão pela música, evidenciada nas tatuagens, nas roupas, na atitude e na forma como encara a comida.

Henrique Fogaça, da banda Oitão, e Badauí, do CPM 22, comandam o gastropub Cão Véio Foto: FELIPE RAU/ESTADAO
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“É total [a relação entre música e gastronomia]”, opina o chef Henrique Fogaça. “Afinal, a gastronomia é um momento de confraternização, de compartilhar, de estar com as pessoas. E a música nada mais é do que isso: o lado artístico, pra gente se expressar através do instrumental e das letras, para que a gente possa compartilhar o momento com a música”.

Afinal, além de ser jurado e chef, ele também é vocalista da banda Oitão, em atividade desde 2008. Conhecida pela pegada hardcore, o grupo agora prepara um novo álbum que deve ser lançado no meio do ano com o nome de Sem Fronteiras, com a ideia de falar sobre temas sociais e ambientais. Na entrevista com o Paladar, os olhos de Fogaça brilham quando fala sobre o grupo: compartilha ideias do novo disco com empolgação e, na hora de tirar as fotos para a reportagem, venceu o calor e colocou uma camisa preta da banda. 

Ambiente do gastropub Cão Véio traz influências do rock e da música Foto: FOTO: JF DIORIO/ ESTADÃO
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E o que Fogaça leva da Oitão para seus restaurantes? “A relação é 100%. Voltando ao punk e aos primórdios, tem uma filosofia de vida que é o ‘do it yourself’ (‘faça-você-mesmo’, em tradução para o português). Isso é usado em outras vertentes da vida, mas nasceu com o punk”, conta o chef em entrevista. “O ‘do it yourself' é o que trouxe logo à frente nos meus restaurantes. Quando abri o Sal, comecei na raça e na coragem. Fui fazendo as coisas que eu acreditava, sem depender dos outros. Hoje, apesar de ter crescido, tudo é muito feito com o arregaçar as mangas e fazer acontecer. A minha raiz e filosofia é no ‘do it yourself’”.

Ambientação

No ambiente do Cão Véio, há poucas coisas que remetem exatamente à música. O cenário é mais formado por quadros de cachorros e outras coisas que falam sobre a vida de seus donos — Fogaça, por exemplo, é representado por seus cachorros desenhados em uma parede (Julieta, Granola, Zorro e outros), além de itens familiares, como pesos de mesa de seu pai. No entanto, o local pulsa a música: o rock’n’roll está no couro escuro da poltrona, na lâmpada industrial, no neon perto do banheiro vibrando em vermelho. 

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Além disso, a música está sempre no ar. Playlists de vários gêneros (rock, ska, reggae) tocam ao longo de todo o tempo de funcionamento do espaço. Há, também, uma ideia para deixar o ambiente mais confortável: o dia começa com a música alta, mas vai diminuindo de volume conforme o dia passa. Tudo é pensado para que a música sirva à experiência.

O som eclético, aliás, reflete os diferentes estilos que tocam nos aplicativos de streaming de música de Fogaça e Badauí. O chef conta que gosta de ouvir jazz, rockabilly, hardcore, metal, punk e rap. Só tem restrições com o sertanejo e o funk. “Gosto do funk antigo apenas, um Tim Maia da vida, que está no meu Spotify”, diz Fogaça. “A música traz, para mim, muitas lembranças boas e inspiração principalmente, além de muita nostalgia”.

Quadros de cachorros são um dos destaques do Cão Véio Foto: FOTO: JF DIORIO/ ESTADÃO
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Badauí, que também se diz eclético, celebra essa mistura. “Se for pensar no ambiente, sempre tem música do nosso gosto. A minha relação com a banda, sabe? O ambiente todo. A gente valoriza muito o que rola aqui dentro. A conexão é inevitável. Bandas gringas que tocam aqui no Brasil e depois passam aqui, além do cara do pessoal do rock mais hardcore que não sai aqui”, conta o vocalista do CPM22, em entrevista descontraída no Cão Véio.

Alguns metros à frente

Curiosamente, a apenas um quarteirão abaixo do Cão Véio, ainda na Rua João Moura, está o La Borratxeria. Bar e restaurante, o local tem Jão, guitarrista do Ratos de Porão, como um dos donos. No cardápio, assados típicos da Argentina, país de origem do outro sócio, o chef argentino Santi Roig, que colocou muito de sua marca e de sua identidade no restaurante.

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No entanto, há muito de Jão. O espaço frequentemente recebe shows de grupos de rock, inclusive da banda Ratos do Porão. Além disso, assim como o Cão Véio, o ambiente transpira rock’n’roll: luz neon vermelha em todo lugar e ambiente com pegada industrial. Na música que embala o lugar, também há mais rock e outras músicas que dão o tom de lá.

“Acho que [música e gastronomia] podem se misturar perfeitamente. Até deve. Na Borratxeria, a música faz parte do contexto, de tudo ali. Não seria a mesma coisa se não tivesse a música no restaurante”, diz Jão, ao Paladar. Sobre a influência da música na hora de comer um prato, Jão é taxativo: faz muita diferença. “É importante a pessoa estar em um lugar que ela se identifique com a música. Vai se sentir mais à vontade. As influências musicais, minha e de outros sócios, determinaram bastante a ideia total da casa. Então, a gente tem uma pegada roqueira, e levamos isso para o bar, desde o nosso começo”.

Celebração

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Vale dizer que ambas as casas estão em momentos positivos, mesmo após a avalanche que foi a pandemia de coronavírus nas duas áreas — gastronomia e música. O Cão Véio já vai para sua sétima unidade, em Alphaville. Já a casa de Pinheiros, matriz do gastropub, vai para a Vila Madalena em março deste ano. Já a La Borratxeria, depois de se tornar uma coisa só com o Underdog, também está sempre com casa cheia e agenda de shows lotada.

Além disso, Badauí está animado em reforçar outra ligação umbilical do Cão Véio com a música: a presença constante em eventos. “Estamos sempre em festivais, muito provavelmente estaremos com o Cão Veio no Rock in Rio e no Lollapalooza de novo”, conta. “Já fizemos shows do Aerosmith e do Guns’n’Roses. No João Rock, fizemos um estande enorme. Agora vamos fazer um estande gigantesco. A maior relação que a gente pode ter entre o Cão Véio e a música é nós estarmos em festivais assim”.

Os Titãs dizem que “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Na cena gastronômica de São Paulo, alguns levam essa expressão à risca, principalmente na mistura de gastronomia e música. Mais do que ter o som de fundo, quase imperceptível e em caixinhas tímidas espalhadas pelo espaço, restaurantes colocam as notas musicais no coração do negócio — seja na ambientação, no cardápio ou até na identidade visual. 

Um dos casos mais expressivos é o Cão Véio, gastropub comandado pelo chef Henrique Fogaça e por Fernando Badauí, vocalista da banda CPM22. Além da relação óbvia deste último, lembrado por sua presença nos palcos, Fogaça é conhecido por ser jurado no MasterChef e pelo restaurante Sal Gastronomia. Mas não esconde a paixão pela música, evidenciada nas tatuagens, nas roupas, na atitude e na forma como encara a comida.

Henrique Fogaça, da banda Oitão, e Badauí, do CPM 22, comandam o gastropub Cão Véio Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

“É total [a relação entre música e gastronomia]”, opina o chef Henrique Fogaça. “Afinal, a gastronomia é um momento de confraternização, de compartilhar, de estar com as pessoas. E a música nada mais é do que isso: o lado artístico, pra gente se expressar através do instrumental e das letras, para que a gente possa compartilhar o momento com a música”.

Afinal, além de ser jurado e chef, ele também é vocalista da banda Oitão, em atividade desde 2008. Conhecida pela pegada hardcore, o grupo agora prepara um novo álbum que deve ser lançado no meio do ano com o nome de Sem Fronteiras, com a ideia de falar sobre temas sociais e ambientais. Na entrevista com o Paladar, os olhos de Fogaça brilham quando fala sobre o grupo: compartilha ideias do novo disco com empolgação e, na hora de tirar as fotos para a reportagem, venceu o calor e colocou uma camisa preta da banda. 

Ambiente do gastropub Cão Véio traz influências do rock e da música Foto: FOTO: JF DIORIO/ ESTADÃO

E o que Fogaça leva da Oitão para seus restaurantes? “A relação é 100%. Voltando ao punk e aos primórdios, tem uma filosofia de vida que é o ‘do it yourself’ (‘faça-você-mesmo’, em tradução para o português). Isso é usado em outras vertentes da vida, mas nasceu com o punk”, conta o chef em entrevista. “O ‘do it yourself' é o que trouxe logo à frente nos meus restaurantes. Quando abri o Sal, comecei na raça e na coragem. Fui fazendo as coisas que eu acreditava, sem depender dos outros. Hoje, apesar de ter crescido, tudo é muito feito com o arregaçar as mangas e fazer acontecer. A minha raiz e filosofia é no ‘do it yourself’”.

Ambientação

No ambiente do Cão Véio, há poucas coisas que remetem exatamente à música. O cenário é mais formado por quadros de cachorros e outras coisas que falam sobre a vida de seus donos — Fogaça, por exemplo, é representado por seus cachorros desenhados em uma parede (Julieta, Granola, Zorro e outros), além de itens familiares, como pesos de mesa de seu pai. No entanto, o local pulsa a música: o rock’n’roll está no couro escuro da poltrona, na lâmpada industrial, no neon perto do banheiro vibrando em vermelho. 

Além disso, a música está sempre no ar. Playlists de vários gêneros (rock, ska, reggae) tocam ao longo de todo o tempo de funcionamento do espaço. Há, também, uma ideia para deixar o ambiente mais confortável: o dia começa com a música alta, mas vai diminuindo de volume conforme o dia passa. Tudo é pensado para que a música sirva à experiência.

O som eclético, aliás, reflete os diferentes estilos que tocam nos aplicativos de streaming de música de Fogaça e Badauí. O chef conta que gosta de ouvir jazz, rockabilly, hardcore, metal, punk e rap. Só tem restrições com o sertanejo e o funk. “Gosto do funk antigo apenas, um Tim Maia da vida, que está no meu Spotify”, diz Fogaça. “A música traz, para mim, muitas lembranças boas e inspiração principalmente, além de muita nostalgia”.

Quadros de cachorros são um dos destaques do Cão Véio Foto: FOTO: JF DIORIO/ ESTADÃO

Badauí, que também se diz eclético, celebra essa mistura. “Se for pensar no ambiente, sempre tem música do nosso gosto. A minha relação com a banda, sabe? O ambiente todo. A gente valoriza muito o que rola aqui dentro. A conexão é inevitável. Bandas gringas que tocam aqui no Brasil e depois passam aqui, além do cara do pessoal do rock mais hardcore que não sai aqui”, conta o vocalista do CPM22, em entrevista descontraída no Cão Véio.

Alguns metros à frente

Curiosamente, a apenas um quarteirão abaixo do Cão Véio, ainda na Rua João Moura, está o La Borratxeria. Bar e restaurante, o local tem Jão, guitarrista do Ratos de Porão, como um dos donos. No cardápio, assados típicos da Argentina, país de origem do outro sócio, o chef argentino Santi Roig, que colocou muito de sua marca e de sua identidade no restaurante.

No entanto, há muito de Jão. O espaço frequentemente recebe shows de grupos de rock, inclusive da banda Ratos do Porão. Além disso, assim como o Cão Véio, o ambiente transpira rock’n’roll: luz neon vermelha em todo lugar e ambiente com pegada industrial. Na música que embala o lugar, também há mais rock e outras músicas que dão o tom de lá.

“Acho que [música e gastronomia] podem se misturar perfeitamente. Até deve. Na Borratxeria, a música faz parte do contexto, de tudo ali. Não seria a mesma coisa se não tivesse a música no restaurante”, diz Jão, ao Paladar. Sobre a influência da música na hora de comer um prato, Jão é taxativo: faz muita diferença. “É importante a pessoa estar em um lugar que ela se identifique com a música. Vai se sentir mais à vontade. As influências musicais, minha e de outros sócios, determinaram bastante a ideia total da casa. Então, a gente tem uma pegada roqueira, e levamos isso para o bar, desde o nosso começo”.

Celebração

Vale dizer que ambas as casas estão em momentos positivos, mesmo após a avalanche que foi a pandemia de coronavírus nas duas áreas — gastronomia e música. O Cão Véio já vai para sua sétima unidade, em Alphaville. Já a casa de Pinheiros, matriz do gastropub, vai para a Vila Madalena em março deste ano. Já a La Borratxeria, depois de se tornar uma coisa só com o Underdog, também está sempre com casa cheia e agenda de shows lotada.

Além disso, Badauí está animado em reforçar outra ligação umbilical do Cão Véio com a música: a presença constante em eventos. “Estamos sempre em festivais, muito provavelmente estaremos com o Cão Veio no Rock in Rio e no Lollapalooza de novo”, conta. “Já fizemos shows do Aerosmith e do Guns’n’Roses. No João Rock, fizemos um estande enorme. Agora vamos fazer um estande gigantesco. A maior relação que a gente pode ter entre o Cão Véio e a música é nós estarmos em festivais assim”.

Os Titãs dizem que “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Na cena gastronômica de São Paulo, alguns levam essa expressão à risca, principalmente na mistura de gastronomia e música. Mais do que ter o som de fundo, quase imperceptível e em caixinhas tímidas espalhadas pelo espaço, restaurantes colocam as notas musicais no coração do negócio — seja na ambientação, no cardápio ou até na identidade visual. 

Um dos casos mais expressivos é o Cão Véio, gastropub comandado pelo chef Henrique Fogaça e por Fernando Badauí, vocalista da banda CPM22. Além da relação óbvia deste último, lembrado por sua presença nos palcos, Fogaça é conhecido por ser jurado no MasterChef e pelo restaurante Sal Gastronomia. Mas não esconde a paixão pela música, evidenciada nas tatuagens, nas roupas, na atitude e na forma como encara a comida.

Henrique Fogaça, da banda Oitão, e Badauí, do CPM 22, comandam o gastropub Cão Véio Foto: FELIPE RAU/ESTADAO

“É total [a relação entre música e gastronomia]”, opina o chef Henrique Fogaça. “Afinal, a gastronomia é um momento de confraternização, de compartilhar, de estar com as pessoas. E a música nada mais é do que isso: o lado artístico, pra gente se expressar através do instrumental e das letras, para que a gente possa compartilhar o momento com a música”.

Afinal, além de ser jurado e chef, ele também é vocalista da banda Oitão, em atividade desde 2008. Conhecida pela pegada hardcore, o grupo agora prepara um novo álbum que deve ser lançado no meio do ano com o nome de Sem Fronteiras, com a ideia de falar sobre temas sociais e ambientais. Na entrevista com o Paladar, os olhos de Fogaça brilham quando fala sobre o grupo: compartilha ideias do novo disco com empolgação e, na hora de tirar as fotos para a reportagem, venceu o calor e colocou uma camisa preta da banda. 

Ambiente do gastropub Cão Véio traz influências do rock e da música Foto: FOTO: JF DIORIO/ ESTADÃO

E o que Fogaça leva da Oitão para seus restaurantes? “A relação é 100%. Voltando ao punk e aos primórdios, tem uma filosofia de vida que é o ‘do it yourself’ (‘faça-você-mesmo’, em tradução para o português). Isso é usado em outras vertentes da vida, mas nasceu com o punk”, conta o chef em entrevista. “O ‘do it yourself' é o que trouxe logo à frente nos meus restaurantes. Quando abri o Sal, comecei na raça e na coragem. Fui fazendo as coisas que eu acreditava, sem depender dos outros. Hoje, apesar de ter crescido, tudo é muito feito com o arregaçar as mangas e fazer acontecer. A minha raiz e filosofia é no ‘do it yourself’”.

Ambientação

No ambiente do Cão Véio, há poucas coisas que remetem exatamente à música. O cenário é mais formado por quadros de cachorros e outras coisas que falam sobre a vida de seus donos — Fogaça, por exemplo, é representado por seus cachorros desenhados em uma parede (Julieta, Granola, Zorro e outros), além de itens familiares, como pesos de mesa de seu pai. No entanto, o local pulsa a música: o rock’n’roll está no couro escuro da poltrona, na lâmpada industrial, no neon perto do banheiro vibrando em vermelho. 

Além disso, a música está sempre no ar. Playlists de vários gêneros (rock, ska, reggae) tocam ao longo de todo o tempo de funcionamento do espaço. Há, também, uma ideia para deixar o ambiente mais confortável: o dia começa com a música alta, mas vai diminuindo de volume conforme o dia passa. Tudo é pensado para que a música sirva à experiência.

O som eclético, aliás, reflete os diferentes estilos que tocam nos aplicativos de streaming de música de Fogaça e Badauí. O chef conta que gosta de ouvir jazz, rockabilly, hardcore, metal, punk e rap. Só tem restrições com o sertanejo e o funk. “Gosto do funk antigo apenas, um Tim Maia da vida, que está no meu Spotify”, diz Fogaça. “A música traz, para mim, muitas lembranças boas e inspiração principalmente, além de muita nostalgia”.

Quadros de cachorros são um dos destaques do Cão Véio Foto: FOTO: JF DIORIO/ ESTADÃO

Badauí, que também se diz eclético, celebra essa mistura. “Se for pensar no ambiente, sempre tem música do nosso gosto. A minha relação com a banda, sabe? O ambiente todo. A gente valoriza muito o que rola aqui dentro. A conexão é inevitável. Bandas gringas que tocam aqui no Brasil e depois passam aqui, além do cara do pessoal do rock mais hardcore que não sai aqui”, conta o vocalista do CPM22, em entrevista descontraída no Cão Véio.

Alguns metros à frente

Curiosamente, a apenas um quarteirão abaixo do Cão Véio, ainda na Rua João Moura, está o La Borratxeria. Bar e restaurante, o local tem Jão, guitarrista do Ratos de Porão, como um dos donos. No cardápio, assados típicos da Argentina, país de origem do outro sócio, o chef argentino Santi Roig, que colocou muito de sua marca e de sua identidade no restaurante.

No entanto, há muito de Jão. O espaço frequentemente recebe shows de grupos de rock, inclusive da banda Ratos do Porão. Além disso, assim como o Cão Véio, o ambiente transpira rock’n’roll: luz neon vermelha em todo lugar e ambiente com pegada industrial. Na música que embala o lugar, também há mais rock e outras músicas que dão o tom de lá.

“Acho que [música e gastronomia] podem se misturar perfeitamente. Até deve. Na Borratxeria, a música faz parte do contexto, de tudo ali. Não seria a mesma coisa se não tivesse a música no restaurante”, diz Jão, ao Paladar. Sobre a influência da música na hora de comer um prato, Jão é taxativo: faz muita diferença. “É importante a pessoa estar em um lugar que ela se identifique com a música. Vai se sentir mais à vontade. As influências musicais, minha e de outros sócios, determinaram bastante a ideia total da casa. Então, a gente tem uma pegada roqueira, e levamos isso para o bar, desde o nosso começo”.

Celebração

Vale dizer que ambas as casas estão em momentos positivos, mesmo após a avalanche que foi a pandemia de coronavírus nas duas áreas — gastronomia e música. O Cão Véio já vai para sua sétima unidade, em Alphaville. Já a casa de Pinheiros, matriz do gastropub, vai para a Vila Madalena em março deste ano. Já a La Borratxeria, depois de se tornar uma coisa só com o Underdog, também está sempre com casa cheia e agenda de shows lotada.

Além disso, Badauí está animado em reforçar outra ligação umbilical do Cão Véio com a música: a presença constante em eventos. “Estamos sempre em festivais, muito provavelmente estaremos com o Cão Veio no Rock in Rio e no Lollapalooza de novo”, conta. “Já fizemos shows do Aerosmith e do Guns’n’Roses. No João Rock, fizemos um estande enorme. Agora vamos fazer um estande gigantesco. A maior relação que a gente pode ter entre o Cão Véio e a música é nós estarmos em festivais assim”.

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