Joaquim Lopes abre o Oripi, boteco no Ipiranga com pegada de chef


Com tartar de camarão e ravioli no cardápio, casa do chef e ator quer ser uma nova referência no bairro

Por Matheus Mans

É na esquina das ruas Lord Cockrane e Cipriano Barata, no coração do bairro do Ipiranga, que o chef Joaquim Lopes resolveu fincar as raízes de seu primeiro empreendimento gastronômico. O Oripi, boteco com a proposta de ter um cardápio com assinatura de chef, abriu as portas no final de março -- e, nas últimas semanas, busca se tornar uma nova referência no bairro e ser a porta de entrada de Joaquim, de vez, para a gastronomia.

“É a realização de um grande sonho que eu tenho desde muito pequeno”, conta Joaquim, sentado em uma das mesas de Oripi, enquanto a casa começa a abrir e a ter as primeiras movimentações do dia. Joca lembra, um tanto nostálgico, que tudo começou com sua avó, dona de um bar, que o acordava antes do dia raiar para fazer feira. Depois, voltava pra casa e, ao lado do neto, mostrava os ingredientes. Nascia ali a paixão por fazer boa comida.

Chef e ator, Joaquim Lopes tem uma nova paixão: o boteco Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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No entanto, muita coisa aconteceu no caminho de Joaquim antes de chegar de vez na cozinha. Primeiro pensou em seguir os passos de quase toda sua família, mas desistiu. Depois, arriscou faculdade de administração de empresas. “Não era pra mim. Os números soam como grego”, conta ele, hoje, relembrando. Acabou caindo na faculdade de teatro.

Em 2004, já formado em teatro, teve que escolher entre a cozinha e a televisão quando foi chamado, no mesmo dia, para estagiar no DOM, restaurante de Alex Atala, ou fazer seu primeiro papel em uma novela. Seguiu pelo segundo caminho, atuando na produção Os Ricos também Choram, do SBT. Ele chegou a fazer faculdade de gastronomia, como queria, mas os compromissos no cinema, na TV e no teatro não deixaram ele ir para a cozinha.

Até agora. “A gastronomia ficou guardada num lugar muito sagrado. Agora, que teve final de contrato com a Globo e estava com uma peça em São Paulo, senti que as coisas se alinharam para seguir por esse caminho”, conta. O convite de abrir o Oripi veio de um dos seus outros quatro sócios, Raoni Carneiro, quando ele lhe sugeriu abrir um negócio no Ipiranga -- coincidentemente, todos os sócios moraram ou tiveram familiares no bairro.

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Ipiranga, Dr. Antônio e a memória afetiva

Joaquim, no caso, vem de uma longa geração de ipiranguistas: desde o bisavô até seu pai, todos moraram no bairro. Por isso, a casa acaba sendo uma homenagem ao Ipiranga (o nome é uma abreviação de “Origem Ipiranga”) e, também, ao que está na memória do chef.

Um dos carros-chefes do Oripi, por exemplo, é o ravióli Dr. Antônio Lopes (R$ 64) -- criado em homenagem ao pai de Joca - com raviolis recheados com ricota e abóbora, servido com fonduta de parmesão e farofa de linguiça (além de uma demi-glace feito por 36 horas de fazer salivar só de pensar). “Sempre que eu ia em um restaurante com meu pai, ele sempre pedia uma massa com uma linguicinha”, conta. “Depois, quando perguntavam se tinha ficado bom, ele sempre falava que estava ‘quase’ e que só faltava, de verdade, o ovo frito”.

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De comer rezando: o ravióli é uma das estrelas do cardápio do Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Também é da lembrança de seu pai que surge a manjubinha frita com maionese de endro (R$ 38, por 7 unidades). Outros pratos, enquanto isso, nascem das tradições dos botecos, como os bolovinhos (R$ 32, por 3 unidades), que são bolinhos de carne recheados com ovo de codorna com gema mole. Um trabalho delicado (afinal, pense fazer todos esses bolinhos com ovinhos de codorna!) e que chegaram na mesa do jeito certo: bem fritos e suculentos.

Outro prato que merece destaque é o tartar de camarão (R$ 58, por três unidades), que traz uma base de arroz crocante, coroada com tartar de camarão, azeite de camarão e endro. Não só não fica com aquele gosto exagerado de camarão cru, como o arroz ajuda a equilibrar bem a explosão de sabores no prato. Para fãs do fruto do mar, uma pedida certa.

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Nos drinques, encontramos não apenas clássicos, mas algumas criações autorais interessantes. O Bourbon de Sabugosa (R$ 38), por exemplo, é uma inusitada mistura de uísque com suco de milho. Parece estranho, mas funciona muito bem depois do primeiro gole e é a melhor opção para fãs de uísque. Outra boa pedida é a Caipora do Oripi (R$ 38), uma caipirinha de vodka, limão siciliano, limão tahiti, melaço de cana e polpa de caju.

Pode parecer estranho, mas a mistura de uísque com suco de milho funciona -- e dá vontade de repetir Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Depois do furacão

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Joca conta que ainda está se adaptando com o ritmo de um boteco como o Oripi -- além disso, ele também está em cartaz com a peça Beetlejuice, na Liberdade. “Logo quando abrimos, ficamos os cinco sócios sentados aqui, olhando para as paredes, pensando em tudo o que a gente tinha feito para chegar no Oripi. Cada degrauzinho”, relembra.

Por enquanto, ele está se adaptando ao clima do Ipiranga -- como ele mesmo descreveu, é como se fosse uma cidade de interior no meio de São Paulo, com as pessoas parando o carro na frente do boteco e chamando Joca para tomar um café em casa. “Esse clima de comunidade é muito importante pra mim. É essencial”, diz. “O Ipiranga é um bairro que tem isso como algo muito importante. Sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos longe”.

Apesar do começo movimentado no bairro, porém, Joca já está olhando para além das fronteiras ipiranguistas. Diz que, até o final do ano, pensa em abrir uma segunda unidade do boteco. “Queremos deixar tudo certo aqui para podermos ir muito além”, explica.

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Serviço

Oripi

Rua Cipriano Barata, 2640 - Ipiranga

@oripiboteco

Horário de atendimento:

Quarta a sexta-feira, das 17h à 0h

Sábado e domingo, das 12h à 0h

É na esquina das ruas Lord Cockrane e Cipriano Barata, no coração do bairro do Ipiranga, que o chef Joaquim Lopes resolveu fincar as raízes de seu primeiro empreendimento gastronômico. O Oripi, boteco com a proposta de ter um cardápio com assinatura de chef, abriu as portas no final de março -- e, nas últimas semanas, busca se tornar uma nova referência no bairro e ser a porta de entrada de Joaquim, de vez, para a gastronomia.

“É a realização de um grande sonho que eu tenho desde muito pequeno”, conta Joaquim, sentado em uma das mesas de Oripi, enquanto a casa começa a abrir e a ter as primeiras movimentações do dia. Joca lembra, um tanto nostálgico, que tudo começou com sua avó, dona de um bar, que o acordava antes do dia raiar para fazer feira. Depois, voltava pra casa e, ao lado do neto, mostrava os ingredientes. Nascia ali a paixão por fazer boa comida.

Chef e ator, Joaquim Lopes tem uma nova paixão: o boteco Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No entanto, muita coisa aconteceu no caminho de Joaquim antes de chegar de vez na cozinha. Primeiro pensou em seguir os passos de quase toda sua família, mas desistiu. Depois, arriscou faculdade de administração de empresas. “Não era pra mim. Os números soam como grego”, conta ele, hoje, relembrando. Acabou caindo na faculdade de teatro.

Em 2004, já formado em teatro, teve que escolher entre a cozinha e a televisão quando foi chamado, no mesmo dia, para estagiar no DOM, restaurante de Alex Atala, ou fazer seu primeiro papel em uma novela. Seguiu pelo segundo caminho, atuando na produção Os Ricos também Choram, do SBT. Ele chegou a fazer faculdade de gastronomia, como queria, mas os compromissos no cinema, na TV e no teatro não deixaram ele ir para a cozinha.

Até agora. “A gastronomia ficou guardada num lugar muito sagrado. Agora, que teve final de contrato com a Globo e estava com uma peça em São Paulo, senti que as coisas se alinharam para seguir por esse caminho”, conta. O convite de abrir o Oripi veio de um dos seus outros quatro sócios, Raoni Carneiro, quando ele lhe sugeriu abrir um negócio no Ipiranga -- coincidentemente, todos os sócios moraram ou tiveram familiares no bairro.

Ipiranga, Dr. Antônio e a memória afetiva

Joaquim, no caso, vem de uma longa geração de ipiranguistas: desde o bisavô até seu pai, todos moraram no bairro. Por isso, a casa acaba sendo uma homenagem ao Ipiranga (o nome é uma abreviação de “Origem Ipiranga”) e, também, ao que está na memória do chef.

Um dos carros-chefes do Oripi, por exemplo, é o ravióli Dr. Antônio Lopes (R$ 64) -- criado em homenagem ao pai de Joca - com raviolis recheados com ricota e abóbora, servido com fonduta de parmesão e farofa de linguiça (além de uma demi-glace feito por 36 horas de fazer salivar só de pensar). “Sempre que eu ia em um restaurante com meu pai, ele sempre pedia uma massa com uma linguicinha”, conta. “Depois, quando perguntavam se tinha ficado bom, ele sempre falava que estava ‘quase’ e que só faltava, de verdade, o ovo frito”.

De comer rezando: o ravióli é uma das estrelas do cardápio do Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Também é da lembrança de seu pai que surge a manjubinha frita com maionese de endro (R$ 38, por 7 unidades). Outros pratos, enquanto isso, nascem das tradições dos botecos, como os bolovinhos (R$ 32, por 3 unidades), que são bolinhos de carne recheados com ovo de codorna com gema mole. Um trabalho delicado (afinal, pense fazer todos esses bolinhos com ovinhos de codorna!) e que chegaram na mesa do jeito certo: bem fritos e suculentos.

Outro prato que merece destaque é o tartar de camarão (R$ 58, por três unidades), que traz uma base de arroz crocante, coroada com tartar de camarão, azeite de camarão e endro. Não só não fica com aquele gosto exagerado de camarão cru, como o arroz ajuda a equilibrar bem a explosão de sabores no prato. Para fãs do fruto do mar, uma pedida certa.

Nos drinques, encontramos não apenas clássicos, mas algumas criações autorais interessantes. O Bourbon de Sabugosa (R$ 38), por exemplo, é uma inusitada mistura de uísque com suco de milho. Parece estranho, mas funciona muito bem depois do primeiro gole e é a melhor opção para fãs de uísque. Outra boa pedida é a Caipora do Oripi (R$ 38), uma caipirinha de vodka, limão siciliano, limão tahiti, melaço de cana e polpa de caju.

Pode parecer estranho, mas a mistura de uísque com suco de milho funciona -- e dá vontade de repetir Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Depois do furacão

Joca conta que ainda está se adaptando com o ritmo de um boteco como o Oripi -- além disso, ele também está em cartaz com a peça Beetlejuice, na Liberdade. “Logo quando abrimos, ficamos os cinco sócios sentados aqui, olhando para as paredes, pensando em tudo o que a gente tinha feito para chegar no Oripi. Cada degrauzinho”, relembra.

Por enquanto, ele está se adaptando ao clima do Ipiranga -- como ele mesmo descreveu, é como se fosse uma cidade de interior no meio de São Paulo, com as pessoas parando o carro na frente do boteco e chamando Joca para tomar um café em casa. “Esse clima de comunidade é muito importante pra mim. É essencial”, diz. “O Ipiranga é um bairro que tem isso como algo muito importante. Sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos longe”.

Apesar do começo movimentado no bairro, porém, Joca já está olhando para além das fronteiras ipiranguistas. Diz que, até o final do ano, pensa em abrir uma segunda unidade do boteco. “Queremos deixar tudo certo aqui para podermos ir muito além”, explica.

Serviço

Oripi

Rua Cipriano Barata, 2640 - Ipiranga

@oripiboteco

Horário de atendimento:

Quarta a sexta-feira, das 17h à 0h

Sábado e domingo, das 12h à 0h

É na esquina das ruas Lord Cockrane e Cipriano Barata, no coração do bairro do Ipiranga, que o chef Joaquim Lopes resolveu fincar as raízes de seu primeiro empreendimento gastronômico. O Oripi, boteco com a proposta de ter um cardápio com assinatura de chef, abriu as portas no final de março -- e, nas últimas semanas, busca se tornar uma nova referência no bairro e ser a porta de entrada de Joaquim, de vez, para a gastronomia.

“É a realização de um grande sonho que eu tenho desde muito pequeno”, conta Joaquim, sentado em uma das mesas de Oripi, enquanto a casa começa a abrir e a ter as primeiras movimentações do dia. Joca lembra, um tanto nostálgico, que tudo começou com sua avó, dona de um bar, que o acordava antes do dia raiar para fazer feira. Depois, voltava pra casa e, ao lado do neto, mostrava os ingredientes. Nascia ali a paixão por fazer boa comida.

Chef e ator, Joaquim Lopes tem uma nova paixão: o boteco Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No entanto, muita coisa aconteceu no caminho de Joaquim antes de chegar de vez na cozinha. Primeiro pensou em seguir os passos de quase toda sua família, mas desistiu. Depois, arriscou faculdade de administração de empresas. “Não era pra mim. Os números soam como grego”, conta ele, hoje, relembrando. Acabou caindo na faculdade de teatro.

Em 2004, já formado em teatro, teve que escolher entre a cozinha e a televisão quando foi chamado, no mesmo dia, para estagiar no DOM, restaurante de Alex Atala, ou fazer seu primeiro papel em uma novela. Seguiu pelo segundo caminho, atuando na produção Os Ricos também Choram, do SBT. Ele chegou a fazer faculdade de gastronomia, como queria, mas os compromissos no cinema, na TV e no teatro não deixaram ele ir para a cozinha.

Até agora. “A gastronomia ficou guardada num lugar muito sagrado. Agora, que teve final de contrato com a Globo e estava com uma peça em São Paulo, senti que as coisas se alinharam para seguir por esse caminho”, conta. O convite de abrir o Oripi veio de um dos seus outros quatro sócios, Raoni Carneiro, quando ele lhe sugeriu abrir um negócio no Ipiranga -- coincidentemente, todos os sócios moraram ou tiveram familiares no bairro.

Ipiranga, Dr. Antônio e a memória afetiva

Joaquim, no caso, vem de uma longa geração de ipiranguistas: desde o bisavô até seu pai, todos moraram no bairro. Por isso, a casa acaba sendo uma homenagem ao Ipiranga (o nome é uma abreviação de “Origem Ipiranga”) e, também, ao que está na memória do chef.

Um dos carros-chefes do Oripi, por exemplo, é o ravióli Dr. Antônio Lopes (R$ 64) -- criado em homenagem ao pai de Joca - com raviolis recheados com ricota e abóbora, servido com fonduta de parmesão e farofa de linguiça (além de uma demi-glace feito por 36 horas de fazer salivar só de pensar). “Sempre que eu ia em um restaurante com meu pai, ele sempre pedia uma massa com uma linguicinha”, conta. “Depois, quando perguntavam se tinha ficado bom, ele sempre falava que estava ‘quase’ e que só faltava, de verdade, o ovo frito”.

De comer rezando: o ravióli é uma das estrelas do cardápio do Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Também é da lembrança de seu pai que surge a manjubinha frita com maionese de endro (R$ 38, por 7 unidades). Outros pratos, enquanto isso, nascem das tradições dos botecos, como os bolovinhos (R$ 32, por 3 unidades), que são bolinhos de carne recheados com ovo de codorna com gema mole. Um trabalho delicado (afinal, pense fazer todos esses bolinhos com ovinhos de codorna!) e que chegaram na mesa do jeito certo: bem fritos e suculentos.

Outro prato que merece destaque é o tartar de camarão (R$ 58, por três unidades), que traz uma base de arroz crocante, coroada com tartar de camarão, azeite de camarão e endro. Não só não fica com aquele gosto exagerado de camarão cru, como o arroz ajuda a equilibrar bem a explosão de sabores no prato. Para fãs do fruto do mar, uma pedida certa.

Nos drinques, encontramos não apenas clássicos, mas algumas criações autorais interessantes. O Bourbon de Sabugosa (R$ 38), por exemplo, é uma inusitada mistura de uísque com suco de milho. Parece estranho, mas funciona muito bem depois do primeiro gole e é a melhor opção para fãs de uísque. Outra boa pedida é a Caipora do Oripi (R$ 38), uma caipirinha de vodka, limão siciliano, limão tahiti, melaço de cana e polpa de caju.

Pode parecer estranho, mas a mistura de uísque com suco de milho funciona -- e dá vontade de repetir Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Depois do furacão

Joca conta que ainda está se adaptando com o ritmo de um boteco como o Oripi -- além disso, ele também está em cartaz com a peça Beetlejuice, na Liberdade. “Logo quando abrimos, ficamos os cinco sócios sentados aqui, olhando para as paredes, pensando em tudo o que a gente tinha feito para chegar no Oripi. Cada degrauzinho”, relembra.

Por enquanto, ele está se adaptando ao clima do Ipiranga -- como ele mesmo descreveu, é como se fosse uma cidade de interior no meio de São Paulo, com as pessoas parando o carro na frente do boteco e chamando Joca para tomar um café em casa. “Esse clima de comunidade é muito importante pra mim. É essencial”, diz. “O Ipiranga é um bairro que tem isso como algo muito importante. Sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos longe”.

Apesar do começo movimentado no bairro, porém, Joca já está olhando para além das fronteiras ipiranguistas. Diz que, até o final do ano, pensa em abrir uma segunda unidade do boteco. “Queremos deixar tudo certo aqui para podermos ir muito além”, explica.

Serviço

Oripi

Rua Cipriano Barata, 2640 - Ipiranga

@oripiboteco

Horário de atendimento:

Quarta a sexta-feira, das 17h à 0h

Sábado e domingo, das 12h à 0h

É na esquina das ruas Lord Cockrane e Cipriano Barata, no coração do bairro do Ipiranga, que o chef Joaquim Lopes resolveu fincar as raízes de seu primeiro empreendimento gastronômico. O Oripi, boteco com a proposta de ter um cardápio com assinatura de chef, abriu as portas no final de março -- e, nas últimas semanas, busca se tornar uma nova referência no bairro e ser a porta de entrada de Joaquim, de vez, para a gastronomia.

“É a realização de um grande sonho que eu tenho desde muito pequeno”, conta Joaquim, sentado em uma das mesas de Oripi, enquanto a casa começa a abrir e a ter as primeiras movimentações do dia. Joca lembra, um tanto nostálgico, que tudo começou com sua avó, dona de um bar, que o acordava antes do dia raiar para fazer feira. Depois, voltava pra casa e, ao lado do neto, mostrava os ingredientes. Nascia ali a paixão por fazer boa comida.

Chef e ator, Joaquim Lopes tem uma nova paixão: o boteco Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No entanto, muita coisa aconteceu no caminho de Joaquim antes de chegar de vez na cozinha. Primeiro pensou em seguir os passos de quase toda sua família, mas desistiu. Depois, arriscou faculdade de administração de empresas. “Não era pra mim. Os números soam como grego”, conta ele, hoje, relembrando. Acabou caindo na faculdade de teatro.

Em 2004, já formado em teatro, teve que escolher entre a cozinha e a televisão quando foi chamado, no mesmo dia, para estagiar no DOM, restaurante de Alex Atala, ou fazer seu primeiro papel em uma novela. Seguiu pelo segundo caminho, atuando na produção Os Ricos também Choram, do SBT. Ele chegou a fazer faculdade de gastronomia, como queria, mas os compromissos no cinema, na TV e no teatro não deixaram ele ir para a cozinha.

Até agora. “A gastronomia ficou guardada num lugar muito sagrado. Agora, que teve final de contrato com a Globo e estava com uma peça em São Paulo, senti que as coisas se alinharam para seguir por esse caminho”, conta. O convite de abrir o Oripi veio de um dos seus outros quatro sócios, Raoni Carneiro, quando ele lhe sugeriu abrir um negócio no Ipiranga -- coincidentemente, todos os sócios moraram ou tiveram familiares no bairro.

Ipiranga, Dr. Antônio e a memória afetiva

Joaquim, no caso, vem de uma longa geração de ipiranguistas: desde o bisavô até seu pai, todos moraram no bairro. Por isso, a casa acaba sendo uma homenagem ao Ipiranga (o nome é uma abreviação de “Origem Ipiranga”) e, também, ao que está na memória do chef.

Um dos carros-chefes do Oripi, por exemplo, é o ravióli Dr. Antônio Lopes (R$ 64) -- criado em homenagem ao pai de Joca - com raviolis recheados com ricota e abóbora, servido com fonduta de parmesão e farofa de linguiça (além de uma demi-glace feito por 36 horas de fazer salivar só de pensar). “Sempre que eu ia em um restaurante com meu pai, ele sempre pedia uma massa com uma linguicinha”, conta. “Depois, quando perguntavam se tinha ficado bom, ele sempre falava que estava ‘quase’ e que só faltava, de verdade, o ovo frito”.

De comer rezando: o ravióli é uma das estrelas do cardápio do Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Também é da lembrança de seu pai que surge a manjubinha frita com maionese de endro (R$ 38, por 7 unidades). Outros pratos, enquanto isso, nascem das tradições dos botecos, como os bolovinhos (R$ 32, por 3 unidades), que são bolinhos de carne recheados com ovo de codorna com gema mole. Um trabalho delicado (afinal, pense fazer todos esses bolinhos com ovinhos de codorna!) e que chegaram na mesa do jeito certo: bem fritos e suculentos.

Outro prato que merece destaque é o tartar de camarão (R$ 58, por três unidades), que traz uma base de arroz crocante, coroada com tartar de camarão, azeite de camarão e endro. Não só não fica com aquele gosto exagerado de camarão cru, como o arroz ajuda a equilibrar bem a explosão de sabores no prato. Para fãs do fruto do mar, uma pedida certa.

Nos drinques, encontramos não apenas clássicos, mas algumas criações autorais interessantes. O Bourbon de Sabugosa (R$ 38), por exemplo, é uma inusitada mistura de uísque com suco de milho. Parece estranho, mas funciona muito bem depois do primeiro gole e é a melhor opção para fãs de uísque. Outra boa pedida é a Caipora do Oripi (R$ 38), uma caipirinha de vodka, limão siciliano, limão tahiti, melaço de cana e polpa de caju.

Pode parecer estranho, mas a mistura de uísque com suco de milho funciona -- e dá vontade de repetir Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Depois do furacão

Joca conta que ainda está se adaptando com o ritmo de um boteco como o Oripi -- além disso, ele também está em cartaz com a peça Beetlejuice, na Liberdade. “Logo quando abrimos, ficamos os cinco sócios sentados aqui, olhando para as paredes, pensando em tudo o que a gente tinha feito para chegar no Oripi. Cada degrauzinho”, relembra.

Por enquanto, ele está se adaptando ao clima do Ipiranga -- como ele mesmo descreveu, é como se fosse uma cidade de interior no meio de São Paulo, com as pessoas parando o carro na frente do boteco e chamando Joca para tomar um café em casa. “Esse clima de comunidade é muito importante pra mim. É essencial”, diz. “O Ipiranga é um bairro que tem isso como algo muito importante. Sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos longe”.

Apesar do começo movimentado no bairro, porém, Joca já está olhando para além das fronteiras ipiranguistas. Diz que, até o final do ano, pensa em abrir uma segunda unidade do boteco. “Queremos deixar tudo certo aqui para podermos ir muito além”, explica.

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Oripi

Rua Cipriano Barata, 2640 - Ipiranga

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Horário de atendimento:

Quarta a sexta-feira, das 17h à 0h

Sábado e domingo, das 12h à 0h

É na esquina das ruas Lord Cockrane e Cipriano Barata, no coração do bairro do Ipiranga, que o chef Joaquim Lopes resolveu fincar as raízes de seu primeiro empreendimento gastronômico. O Oripi, boteco com a proposta de ter um cardápio com assinatura de chef, abriu as portas no final de março -- e, nas últimas semanas, busca se tornar uma nova referência no bairro e ser a porta de entrada de Joaquim, de vez, para a gastronomia.

“É a realização de um grande sonho que eu tenho desde muito pequeno”, conta Joaquim, sentado em uma das mesas de Oripi, enquanto a casa começa a abrir e a ter as primeiras movimentações do dia. Joca lembra, um tanto nostálgico, que tudo começou com sua avó, dona de um bar, que o acordava antes do dia raiar para fazer feira. Depois, voltava pra casa e, ao lado do neto, mostrava os ingredientes. Nascia ali a paixão por fazer boa comida.

Chef e ator, Joaquim Lopes tem uma nova paixão: o boteco Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

No entanto, muita coisa aconteceu no caminho de Joaquim antes de chegar de vez na cozinha. Primeiro pensou em seguir os passos de quase toda sua família, mas desistiu. Depois, arriscou faculdade de administração de empresas. “Não era pra mim. Os números soam como grego”, conta ele, hoje, relembrando. Acabou caindo na faculdade de teatro.

Em 2004, já formado em teatro, teve que escolher entre a cozinha e a televisão quando foi chamado, no mesmo dia, para estagiar no DOM, restaurante de Alex Atala, ou fazer seu primeiro papel em uma novela. Seguiu pelo segundo caminho, atuando na produção Os Ricos também Choram, do SBT. Ele chegou a fazer faculdade de gastronomia, como queria, mas os compromissos no cinema, na TV e no teatro não deixaram ele ir para a cozinha.

Até agora. “A gastronomia ficou guardada num lugar muito sagrado. Agora, que teve final de contrato com a Globo e estava com uma peça em São Paulo, senti que as coisas se alinharam para seguir por esse caminho”, conta. O convite de abrir o Oripi veio de um dos seus outros quatro sócios, Raoni Carneiro, quando ele lhe sugeriu abrir um negócio no Ipiranga -- coincidentemente, todos os sócios moraram ou tiveram familiares no bairro.

Ipiranga, Dr. Antônio e a memória afetiva

Joaquim, no caso, vem de uma longa geração de ipiranguistas: desde o bisavô até seu pai, todos moraram no bairro. Por isso, a casa acaba sendo uma homenagem ao Ipiranga (o nome é uma abreviação de “Origem Ipiranga”) e, também, ao que está na memória do chef.

Um dos carros-chefes do Oripi, por exemplo, é o ravióli Dr. Antônio Lopes (R$ 64) -- criado em homenagem ao pai de Joca - com raviolis recheados com ricota e abóbora, servido com fonduta de parmesão e farofa de linguiça (além de uma demi-glace feito por 36 horas de fazer salivar só de pensar). “Sempre que eu ia em um restaurante com meu pai, ele sempre pedia uma massa com uma linguicinha”, conta. “Depois, quando perguntavam se tinha ficado bom, ele sempre falava que estava ‘quase’ e que só faltava, de verdade, o ovo frito”.

De comer rezando: o ravióli é uma das estrelas do cardápio do Oripi Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Também é da lembrança de seu pai que surge a manjubinha frita com maionese de endro (R$ 38, por 7 unidades). Outros pratos, enquanto isso, nascem das tradições dos botecos, como os bolovinhos (R$ 32, por 3 unidades), que são bolinhos de carne recheados com ovo de codorna com gema mole. Um trabalho delicado (afinal, pense fazer todos esses bolinhos com ovinhos de codorna!) e que chegaram na mesa do jeito certo: bem fritos e suculentos.

Outro prato que merece destaque é o tartar de camarão (R$ 58, por três unidades), que traz uma base de arroz crocante, coroada com tartar de camarão, azeite de camarão e endro. Não só não fica com aquele gosto exagerado de camarão cru, como o arroz ajuda a equilibrar bem a explosão de sabores no prato. Para fãs do fruto do mar, uma pedida certa.

Nos drinques, encontramos não apenas clássicos, mas algumas criações autorais interessantes. O Bourbon de Sabugosa (R$ 38), por exemplo, é uma inusitada mistura de uísque com suco de milho. Parece estranho, mas funciona muito bem depois do primeiro gole e é a melhor opção para fãs de uísque. Outra boa pedida é a Caipora do Oripi (R$ 38), uma caipirinha de vodka, limão siciliano, limão tahiti, melaço de cana e polpa de caju.

Pode parecer estranho, mas a mistura de uísque com suco de milho funciona -- e dá vontade de repetir Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Depois do furacão

Joca conta que ainda está se adaptando com o ritmo de um boteco como o Oripi -- além disso, ele também está em cartaz com a peça Beetlejuice, na Liberdade. “Logo quando abrimos, ficamos os cinco sócios sentados aqui, olhando para as paredes, pensando em tudo o que a gente tinha feito para chegar no Oripi. Cada degrauzinho”, relembra.

Por enquanto, ele está se adaptando ao clima do Ipiranga -- como ele mesmo descreveu, é como se fosse uma cidade de interior no meio de São Paulo, com as pessoas parando o carro na frente do boteco e chamando Joca para tomar um café em casa. “Esse clima de comunidade é muito importante pra mim. É essencial”, diz. “O Ipiranga é um bairro que tem isso como algo muito importante. Sozinhos vamos mais rápido, mas juntos vamos longe”.

Apesar do começo movimentado no bairro, porém, Joca já está olhando para além das fronteiras ipiranguistas. Diz que, até o final do ano, pensa em abrir uma segunda unidade do boteco. “Queremos deixar tudo certo aqui para podermos ir muito além”, explica.

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