La Peruana reúne frescor e autenticidade


Restaurante que nasceu de um food truck tem no comando a jovem peruana Marisabel Woodman, que conquista a simpatia da clientela com mimos e boa comida

Por José Orenstein

O La Peruana é das poucas coisas boas que os food trucks legaram para São Paulo. O restaurante começou sobre rodas, em 2014, e desde o fim do ano passado tem endereço fixo no Jardim Paulista – num pedaço da cidade em que se forma um microcosmo gastronômico cada vez mais interessante... Mas isso é papo para outros textos.

Vamos ao ponto, desde já: o La Peruana é um restaurante redondo. Ambiente, serviço, preços e, por supuesto, comida irmanam-se a seu favor; sim, seu, leitor. Parece óbvio, mas não é. O que mais se vê em São Paulo são restaurantes que abrem portentosos, jogam todas as luzes num só aspecto: no todo poderoso chef, na decoração do arquiteto XYZ, nos ingredientes colhidos na serrinha dos fundos do Jalapão. E assim resultam capengas, desequilibrados, feitos para o dono, não para o cliente. 

O La Peruana tem uma proposta – comida peruana autêntica, não folclórica, fresca sem frescura, despretensiosa, a bons preços – e a cumpre. A casa é pequena, colorida, arejada. A música latina é um pouco alta; os tecidos de lã variegada que recobrem os sofás junto à parede são simpáticos, como a bonita louça e os cestos de palha em que vem a comida. 

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Ceviche, o protagonista do menu, para não temer nem coentro nem picância Foto: Gabriela Biló|Estadão

Você senta e logo chega uma garrafa d’água e uns potinhos com lentilha, grão-de-bico e milho torrados, crocantes, tudo cortesia da casa. A gente é cachorro pidão, fácil de agradar; como diz o poeta, #ficaadica: restaurantes, adotem esses gestos. O custo é baixo ante à simpatia conquistada.

A brigada sabe explicar as peculiaridades peruanas do cardápio. As entradas quentes são boas, como as minilulas grelhadas – cheias de vida marinha, com batatas e molho de alcaparras – ou como os pasteizinhos em formato de rolinho primavera. Peça o trio de causas, saboroso, montado de forma adorável. Minhas vizinhas de mesa japonesas vibraram quando viram o prato chegar para mim e pediram igual: três bases de batata amassada fria, cada uma de uma cor, encimadas por siri, polvo e camarão, adornadas por molho de azeitona e salsa huancaina.

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Os tiraditos vão bem, o Nikkei e o amazônico extrapolam fronteiras da tradição. Mas são os ceviches as estrelas do cardápio e eles fazem jus ao protagonismo. Aqui não se teme o coentro nem a picância, que é bem manejada (no ponto para mim; leve, talvez, para peruanos). Os peixes, robalo ou pescada, são cortados em cubos, bem cozidos pelo limão, embebidos numa encorpada leche de tigre. O porém fica com o camarão no ceviche misto: vem murcho, erro que se repete no arroz com frutos do mar.

A parte quente da cozinha recebe o mesmo cuidado da fria: o arroz com pato é um acerto, assim como o polvo. Ao fim, a intensidade da refeição condimentada é amansada pelas hiperdoces sobremesas – vá na tres leches: pão de ló encharcado de leite condensado, evaporado e batido com merengue. Só não recomendo para diabéticos.

CHEF DE PIURA

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A chef é a jovem Marisabel Woodman, peruana da cidade de Piura, no norte do país. Ela se formou em gastronomia em 2012, em Paris, e estagiou no Plaza Athenée de Alain Ducasse, além de ter trabalhado no D.O.M. e no Dalva e Dito, em São Paulo, e no Central, em Lima. Marisabel começou o próprio negócio com uma barraca na Feirinha de Pinheiros em 2013 e no ano seguinte montou um food truck. Em 2015, abriu o La Peruana. 

A jovem peruana Marisabel Woodman Foto: Gabriela Biló|Estadão

O MELHOR E O PIOR

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PROVE

Os tequeños, pasteizinhos pequenos, mas muito bons, massa seca e recheio de verdade: carne úmida ou queijo cremoso.

O ceviche clássico. Bem montado e fresco. Dá-lhe picante (mas sem incendiar a boca).

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Os drinques de pisco. São oito. O com tangerina kinkan, limão e lima é amigão dos ceviches.

EVITE

O arroz com frutos do mar. Ele é bonito, o arroz vem no ponto – mas não os frutos do mar, murchos.

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Ir com pressa; no fim de semana, a casa lota e é pequena. Espere, ou volte durante a semana.

Decoração típica com mantas peruanas, coloridas, alegram o ambiente Foto: Gabriela Biló|Estadão

Estilo de cozinha: peruana tradicional, com pratos frios e quentes. 

Bom para: almoço que foge do ordinário, jantar entre amigos regado a pisco. 

Acústica: as mesas são bem perto uma da outra, vaza um pouco de ruído da cozinha se você senta perto dela. Não é silencioso.

Vinho: carta pequerrucha, um espumante, três brancos, dois rosés e um tinto, que no fim dão conta do recado – todos estão abaixo de R$ 100. Não se cobra taxa de rolha.

Cerveja: três opções convencionais, Heineken, Stella Artois e Sol (R$ 9) – mais dois rótulos da boa brasileira Wäls.

Água e café: viva, viva! Água é cortesia da casa e vem mais quando a garrafa é esvaziada. O café é um bem tirado Suplicy (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 14 a R$ 26), pratos (R$ 23 a R$ 55), sobremesas (R$ 10 a R$ 16); executivo, R$ 39,90.

Vou voltar? vou, sim, com amigos a quem quero apresentar a casa. 

SERVIÇO

La Peruana Al. Campinas, 1.357, Jardim Paulista Tel.: 3885-0148 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/23h (sáb., 12h/23h; dom., 12h/ 16h; fecha seg.) Valet: R$ 20 Ciclovia a 500m (R. Honduras) Não tem paraciclo

O La Peruana é das poucas coisas boas que os food trucks legaram para São Paulo. O restaurante começou sobre rodas, em 2014, e desde o fim do ano passado tem endereço fixo no Jardim Paulista – num pedaço da cidade em que se forma um microcosmo gastronômico cada vez mais interessante... Mas isso é papo para outros textos.

Vamos ao ponto, desde já: o La Peruana é um restaurante redondo. Ambiente, serviço, preços e, por supuesto, comida irmanam-se a seu favor; sim, seu, leitor. Parece óbvio, mas não é. O que mais se vê em São Paulo são restaurantes que abrem portentosos, jogam todas as luzes num só aspecto: no todo poderoso chef, na decoração do arquiteto XYZ, nos ingredientes colhidos na serrinha dos fundos do Jalapão. E assim resultam capengas, desequilibrados, feitos para o dono, não para o cliente. 

O La Peruana tem uma proposta – comida peruana autêntica, não folclórica, fresca sem frescura, despretensiosa, a bons preços – e a cumpre. A casa é pequena, colorida, arejada. A música latina é um pouco alta; os tecidos de lã variegada que recobrem os sofás junto à parede são simpáticos, como a bonita louça e os cestos de palha em que vem a comida. 

Ceviche, o protagonista do menu, para não temer nem coentro nem picância Foto: Gabriela Biló|Estadão

Você senta e logo chega uma garrafa d’água e uns potinhos com lentilha, grão-de-bico e milho torrados, crocantes, tudo cortesia da casa. A gente é cachorro pidão, fácil de agradar; como diz o poeta, #ficaadica: restaurantes, adotem esses gestos. O custo é baixo ante à simpatia conquistada.

A brigada sabe explicar as peculiaridades peruanas do cardápio. As entradas quentes são boas, como as minilulas grelhadas – cheias de vida marinha, com batatas e molho de alcaparras – ou como os pasteizinhos em formato de rolinho primavera. Peça o trio de causas, saboroso, montado de forma adorável. Minhas vizinhas de mesa japonesas vibraram quando viram o prato chegar para mim e pediram igual: três bases de batata amassada fria, cada uma de uma cor, encimadas por siri, polvo e camarão, adornadas por molho de azeitona e salsa huancaina.

Os tiraditos vão bem, o Nikkei e o amazônico extrapolam fronteiras da tradição. Mas são os ceviches as estrelas do cardápio e eles fazem jus ao protagonismo. Aqui não se teme o coentro nem a picância, que é bem manejada (no ponto para mim; leve, talvez, para peruanos). Os peixes, robalo ou pescada, são cortados em cubos, bem cozidos pelo limão, embebidos numa encorpada leche de tigre. O porém fica com o camarão no ceviche misto: vem murcho, erro que se repete no arroz com frutos do mar.

A parte quente da cozinha recebe o mesmo cuidado da fria: o arroz com pato é um acerto, assim como o polvo. Ao fim, a intensidade da refeição condimentada é amansada pelas hiperdoces sobremesas – vá na tres leches: pão de ló encharcado de leite condensado, evaporado e batido com merengue. Só não recomendo para diabéticos.

CHEF DE PIURA

A chef é a jovem Marisabel Woodman, peruana da cidade de Piura, no norte do país. Ela se formou em gastronomia em 2012, em Paris, e estagiou no Plaza Athenée de Alain Ducasse, além de ter trabalhado no D.O.M. e no Dalva e Dito, em São Paulo, e no Central, em Lima. Marisabel começou o próprio negócio com uma barraca na Feirinha de Pinheiros em 2013 e no ano seguinte montou um food truck. Em 2015, abriu o La Peruana. 

A jovem peruana Marisabel Woodman Foto: Gabriela Biló|Estadão

O MELHOR E O PIOR

PROVE

Os tequeños, pasteizinhos pequenos, mas muito bons, massa seca e recheio de verdade: carne úmida ou queijo cremoso.

O ceviche clássico. Bem montado e fresco. Dá-lhe picante (mas sem incendiar a boca).

Os drinques de pisco. São oito. O com tangerina kinkan, limão e lima é amigão dos ceviches.

EVITE

O arroz com frutos do mar. Ele é bonito, o arroz vem no ponto – mas não os frutos do mar, murchos.

Ir com pressa; no fim de semana, a casa lota e é pequena. Espere, ou volte durante a semana.

Decoração típica com mantas peruanas, coloridas, alegram o ambiente Foto: Gabriela Biló|Estadão

Estilo de cozinha: peruana tradicional, com pratos frios e quentes. 

Bom para: almoço que foge do ordinário, jantar entre amigos regado a pisco. 

Acústica: as mesas são bem perto uma da outra, vaza um pouco de ruído da cozinha se você senta perto dela. Não é silencioso.

Vinho: carta pequerrucha, um espumante, três brancos, dois rosés e um tinto, que no fim dão conta do recado – todos estão abaixo de R$ 100. Não se cobra taxa de rolha.

Cerveja: três opções convencionais, Heineken, Stella Artois e Sol (R$ 9) – mais dois rótulos da boa brasileira Wäls.

Água e café: viva, viva! Água é cortesia da casa e vem mais quando a garrafa é esvaziada. O café é um bem tirado Suplicy (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 14 a R$ 26), pratos (R$ 23 a R$ 55), sobremesas (R$ 10 a R$ 16); executivo, R$ 39,90.

Vou voltar? vou, sim, com amigos a quem quero apresentar a casa. 

SERVIÇO

La Peruana Al. Campinas, 1.357, Jardim Paulista Tel.: 3885-0148 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/23h (sáb., 12h/23h; dom., 12h/ 16h; fecha seg.) Valet: R$ 20 Ciclovia a 500m (R. Honduras) Não tem paraciclo

O La Peruana é das poucas coisas boas que os food trucks legaram para São Paulo. O restaurante começou sobre rodas, em 2014, e desde o fim do ano passado tem endereço fixo no Jardim Paulista – num pedaço da cidade em que se forma um microcosmo gastronômico cada vez mais interessante... Mas isso é papo para outros textos.

Vamos ao ponto, desde já: o La Peruana é um restaurante redondo. Ambiente, serviço, preços e, por supuesto, comida irmanam-se a seu favor; sim, seu, leitor. Parece óbvio, mas não é. O que mais se vê em São Paulo são restaurantes que abrem portentosos, jogam todas as luzes num só aspecto: no todo poderoso chef, na decoração do arquiteto XYZ, nos ingredientes colhidos na serrinha dos fundos do Jalapão. E assim resultam capengas, desequilibrados, feitos para o dono, não para o cliente. 

O La Peruana tem uma proposta – comida peruana autêntica, não folclórica, fresca sem frescura, despretensiosa, a bons preços – e a cumpre. A casa é pequena, colorida, arejada. A música latina é um pouco alta; os tecidos de lã variegada que recobrem os sofás junto à parede são simpáticos, como a bonita louça e os cestos de palha em que vem a comida. 

Ceviche, o protagonista do menu, para não temer nem coentro nem picância Foto: Gabriela Biló|Estadão

Você senta e logo chega uma garrafa d’água e uns potinhos com lentilha, grão-de-bico e milho torrados, crocantes, tudo cortesia da casa. A gente é cachorro pidão, fácil de agradar; como diz o poeta, #ficaadica: restaurantes, adotem esses gestos. O custo é baixo ante à simpatia conquistada.

A brigada sabe explicar as peculiaridades peruanas do cardápio. As entradas quentes são boas, como as minilulas grelhadas – cheias de vida marinha, com batatas e molho de alcaparras – ou como os pasteizinhos em formato de rolinho primavera. Peça o trio de causas, saboroso, montado de forma adorável. Minhas vizinhas de mesa japonesas vibraram quando viram o prato chegar para mim e pediram igual: três bases de batata amassada fria, cada uma de uma cor, encimadas por siri, polvo e camarão, adornadas por molho de azeitona e salsa huancaina.

Os tiraditos vão bem, o Nikkei e o amazônico extrapolam fronteiras da tradição. Mas são os ceviches as estrelas do cardápio e eles fazem jus ao protagonismo. Aqui não se teme o coentro nem a picância, que é bem manejada (no ponto para mim; leve, talvez, para peruanos). Os peixes, robalo ou pescada, são cortados em cubos, bem cozidos pelo limão, embebidos numa encorpada leche de tigre. O porém fica com o camarão no ceviche misto: vem murcho, erro que se repete no arroz com frutos do mar.

A parte quente da cozinha recebe o mesmo cuidado da fria: o arroz com pato é um acerto, assim como o polvo. Ao fim, a intensidade da refeição condimentada é amansada pelas hiperdoces sobremesas – vá na tres leches: pão de ló encharcado de leite condensado, evaporado e batido com merengue. Só não recomendo para diabéticos.

CHEF DE PIURA

A chef é a jovem Marisabel Woodman, peruana da cidade de Piura, no norte do país. Ela se formou em gastronomia em 2012, em Paris, e estagiou no Plaza Athenée de Alain Ducasse, além de ter trabalhado no D.O.M. e no Dalva e Dito, em São Paulo, e no Central, em Lima. Marisabel começou o próprio negócio com uma barraca na Feirinha de Pinheiros em 2013 e no ano seguinte montou um food truck. Em 2015, abriu o La Peruana. 

A jovem peruana Marisabel Woodman Foto: Gabriela Biló|Estadão

O MELHOR E O PIOR

PROVE

Os tequeños, pasteizinhos pequenos, mas muito bons, massa seca e recheio de verdade: carne úmida ou queijo cremoso.

O ceviche clássico. Bem montado e fresco. Dá-lhe picante (mas sem incendiar a boca).

Os drinques de pisco. São oito. O com tangerina kinkan, limão e lima é amigão dos ceviches.

EVITE

O arroz com frutos do mar. Ele é bonito, o arroz vem no ponto – mas não os frutos do mar, murchos.

Ir com pressa; no fim de semana, a casa lota e é pequena. Espere, ou volte durante a semana.

Decoração típica com mantas peruanas, coloridas, alegram o ambiente Foto: Gabriela Biló|Estadão

Estilo de cozinha: peruana tradicional, com pratos frios e quentes. 

Bom para: almoço que foge do ordinário, jantar entre amigos regado a pisco. 

Acústica: as mesas são bem perto uma da outra, vaza um pouco de ruído da cozinha se você senta perto dela. Não é silencioso.

Vinho: carta pequerrucha, um espumante, três brancos, dois rosés e um tinto, que no fim dão conta do recado – todos estão abaixo de R$ 100. Não se cobra taxa de rolha.

Cerveja: três opções convencionais, Heineken, Stella Artois e Sol (R$ 9) – mais dois rótulos da boa brasileira Wäls.

Água e café: viva, viva! Água é cortesia da casa e vem mais quando a garrafa é esvaziada. O café é um bem tirado Suplicy (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 14 a R$ 26), pratos (R$ 23 a R$ 55), sobremesas (R$ 10 a R$ 16); executivo, R$ 39,90.

Vou voltar? vou, sim, com amigos a quem quero apresentar a casa. 

SERVIÇO

La Peruana Al. Campinas, 1.357, Jardim Paulista Tel.: 3885-0148 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/23h (sáb., 12h/23h; dom., 12h/ 16h; fecha seg.) Valet: R$ 20 Ciclovia a 500m (R. Honduras) Não tem paraciclo

O La Peruana é das poucas coisas boas que os food trucks legaram para São Paulo. O restaurante começou sobre rodas, em 2014, e desde o fim do ano passado tem endereço fixo no Jardim Paulista – num pedaço da cidade em que se forma um microcosmo gastronômico cada vez mais interessante... Mas isso é papo para outros textos.

Vamos ao ponto, desde já: o La Peruana é um restaurante redondo. Ambiente, serviço, preços e, por supuesto, comida irmanam-se a seu favor; sim, seu, leitor. Parece óbvio, mas não é. O que mais se vê em São Paulo são restaurantes que abrem portentosos, jogam todas as luzes num só aspecto: no todo poderoso chef, na decoração do arquiteto XYZ, nos ingredientes colhidos na serrinha dos fundos do Jalapão. E assim resultam capengas, desequilibrados, feitos para o dono, não para o cliente. 

O La Peruana tem uma proposta – comida peruana autêntica, não folclórica, fresca sem frescura, despretensiosa, a bons preços – e a cumpre. A casa é pequena, colorida, arejada. A música latina é um pouco alta; os tecidos de lã variegada que recobrem os sofás junto à parede são simpáticos, como a bonita louça e os cestos de palha em que vem a comida. 

Ceviche, o protagonista do menu, para não temer nem coentro nem picância Foto: Gabriela Biló|Estadão

Você senta e logo chega uma garrafa d’água e uns potinhos com lentilha, grão-de-bico e milho torrados, crocantes, tudo cortesia da casa. A gente é cachorro pidão, fácil de agradar; como diz o poeta, #ficaadica: restaurantes, adotem esses gestos. O custo é baixo ante à simpatia conquistada.

A brigada sabe explicar as peculiaridades peruanas do cardápio. As entradas quentes são boas, como as minilulas grelhadas – cheias de vida marinha, com batatas e molho de alcaparras – ou como os pasteizinhos em formato de rolinho primavera. Peça o trio de causas, saboroso, montado de forma adorável. Minhas vizinhas de mesa japonesas vibraram quando viram o prato chegar para mim e pediram igual: três bases de batata amassada fria, cada uma de uma cor, encimadas por siri, polvo e camarão, adornadas por molho de azeitona e salsa huancaina.

Os tiraditos vão bem, o Nikkei e o amazônico extrapolam fronteiras da tradição. Mas são os ceviches as estrelas do cardápio e eles fazem jus ao protagonismo. Aqui não se teme o coentro nem a picância, que é bem manejada (no ponto para mim; leve, talvez, para peruanos). Os peixes, robalo ou pescada, são cortados em cubos, bem cozidos pelo limão, embebidos numa encorpada leche de tigre. O porém fica com o camarão no ceviche misto: vem murcho, erro que se repete no arroz com frutos do mar.

A parte quente da cozinha recebe o mesmo cuidado da fria: o arroz com pato é um acerto, assim como o polvo. Ao fim, a intensidade da refeição condimentada é amansada pelas hiperdoces sobremesas – vá na tres leches: pão de ló encharcado de leite condensado, evaporado e batido com merengue. Só não recomendo para diabéticos.

CHEF DE PIURA

A chef é a jovem Marisabel Woodman, peruana da cidade de Piura, no norte do país. Ela se formou em gastronomia em 2012, em Paris, e estagiou no Plaza Athenée de Alain Ducasse, além de ter trabalhado no D.O.M. e no Dalva e Dito, em São Paulo, e no Central, em Lima. Marisabel começou o próprio negócio com uma barraca na Feirinha de Pinheiros em 2013 e no ano seguinte montou um food truck. Em 2015, abriu o La Peruana. 

A jovem peruana Marisabel Woodman Foto: Gabriela Biló|Estadão

O MELHOR E O PIOR

PROVE

Os tequeños, pasteizinhos pequenos, mas muito bons, massa seca e recheio de verdade: carne úmida ou queijo cremoso.

O ceviche clássico. Bem montado e fresco. Dá-lhe picante (mas sem incendiar a boca).

Os drinques de pisco. São oito. O com tangerina kinkan, limão e lima é amigão dos ceviches.

EVITE

O arroz com frutos do mar. Ele é bonito, o arroz vem no ponto – mas não os frutos do mar, murchos.

Ir com pressa; no fim de semana, a casa lota e é pequena. Espere, ou volte durante a semana.

Decoração típica com mantas peruanas, coloridas, alegram o ambiente Foto: Gabriela Biló|Estadão

Estilo de cozinha: peruana tradicional, com pratos frios e quentes. 

Bom para: almoço que foge do ordinário, jantar entre amigos regado a pisco. 

Acústica: as mesas são bem perto uma da outra, vaza um pouco de ruído da cozinha se você senta perto dela. Não é silencioso.

Vinho: carta pequerrucha, um espumante, três brancos, dois rosés e um tinto, que no fim dão conta do recado – todos estão abaixo de R$ 100. Não se cobra taxa de rolha.

Cerveja: três opções convencionais, Heineken, Stella Artois e Sol (R$ 9) – mais dois rótulos da boa brasileira Wäls.

Água e café: viva, viva! Água é cortesia da casa e vem mais quando a garrafa é esvaziada. O café é um bem tirado Suplicy (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 14 a R$ 26), pratos (R$ 23 a R$ 55), sobremesas (R$ 10 a R$ 16); executivo, R$ 39,90.

Vou voltar? vou, sim, com amigos a quem quero apresentar a casa. 

SERVIÇO

La Peruana Al. Campinas, 1.357, Jardim Paulista Tel.: 3885-0148 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/23h (sáb., 12h/23h; dom., 12h/ 16h; fecha seg.) Valet: R$ 20 Ciclovia a 500m (R. Honduras) Não tem paraciclo

O La Peruana é das poucas coisas boas que os food trucks legaram para São Paulo. O restaurante começou sobre rodas, em 2014, e desde o fim do ano passado tem endereço fixo no Jardim Paulista – num pedaço da cidade em que se forma um microcosmo gastronômico cada vez mais interessante... Mas isso é papo para outros textos.

Vamos ao ponto, desde já: o La Peruana é um restaurante redondo. Ambiente, serviço, preços e, por supuesto, comida irmanam-se a seu favor; sim, seu, leitor. Parece óbvio, mas não é. O que mais se vê em São Paulo são restaurantes que abrem portentosos, jogam todas as luzes num só aspecto: no todo poderoso chef, na decoração do arquiteto XYZ, nos ingredientes colhidos na serrinha dos fundos do Jalapão. E assim resultam capengas, desequilibrados, feitos para o dono, não para o cliente. 

O La Peruana tem uma proposta – comida peruana autêntica, não folclórica, fresca sem frescura, despretensiosa, a bons preços – e a cumpre. A casa é pequena, colorida, arejada. A música latina é um pouco alta; os tecidos de lã variegada que recobrem os sofás junto à parede são simpáticos, como a bonita louça e os cestos de palha em que vem a comida. 

Ceviche, o protagonista do menu, para não temer nem coentro nem picância Foto: Gabriela Biló|Estadão

Você senta e logo chega uma garrafa d’água e uns potinhos com lentilha, grão-de-bico e milho torrados, crocantes, tudo cortesia da casa. A gente é cachorro pidão, fácil de agradar; como diz o poeta, #ficaadica: restaurantes, adotem esses gestos. O custo é baixo ante à simpatia conquistada.

A brigada sabe explicar as peculiaridades peruanas do cardápio. As entradas quentes são boas, como as minilulas grelhadas – cheias de vida marinha, com batatas e molho de alcaparras – ou como os pasteizinhos em formato de rolinho primavera. Peça o trio de causas, saboroso, montado de forma adorável. Minhas vizinhas de mesa japonesas vibraram quando viram o prato chegar para mim e pediram igual: três bases de batata amassada fria, cada uma de uma cor, encimadas por siri, polvo e camarão, adornadas por molho de azeitona e salsa huancaina.

Os tiraditos vão bem, o Nikkei e o amazônico extrapolam fronteiras da tradição. Mas são os ceviches as estrelas do cardápio e eles fazem jus ao protagonismo. Aqui não se teme o coentro nem a picância, que é bem manejada (no ponto para mim; leve, talvez, para peruanos). Os peixes, robalo ou pescada, são cortados em cubos, bem cozidos pelo limão, embebidos numa encorpada leche de tigre. O porém fica com o camarão no ceviche misto: vem murcho, erro que se repete no arroz com frutos do mar.

A parte quente da cozinha recebe o mesmo cuidado da fria: o arroz com pato é um acerto, assim como o polvo. Ao fim, a intensidade da refeição condimentada é amansada pelas hiperdoces sobremesas – vá na tres leches: pão de ló encharcado de leite condensado, evaporado e batido com merengue. Só não recomendo para diabéticos.

CHEF DE PIURA

A chef é a jovem Marisabel Woodman, peruana da cidade de Piura, no norte do país. Ela se formou em gastronomia em 2012, em Paris, e estagiou no Plaza Athenée de Alain Ducasse, além de ter trabalhado no D.O.M. e no Dalva e Dito, em São Paulo, e no Central, em Lima. Marisabel começou o próprio negócio com uma barraca na Feirinha de Pinheiros em 2013 e no ano seguinte montou um food truck. Em 2015, abriu o La Peruana. 

A jovem peruana Marisabel Woodman Foto: Gabriela Biló|Estadão

O MELHOR E O PIOR

PROVE

Os tequeños, pasteizinhos pequenos, mas muito bons, massa seca e recheio de verdade: carne úmida ou queijo cremoso.

O ceviche clássico. Bem montado e fresco. Dá-lhe picante (mas sem incendiar a boca).

Os drinques de pisco. São oito. O com tangerina kinkan, limão e lima é amigão dos ceviches.

EVITE

O arroz com frutos do mar. Ele é bonito, o arroz vem no ponto – mas não os frutos do mar, murchos.

Ir com pressa; no fim de semana, a casa lota e é pequena. Espere, ou volte durante a semana.

Decoração típica com mantas peruanas, coloridas, alegram o ambiente Foto: Gabriela Biló|Estadão

Estilo de cozinha: peruana tradicional, com pratos frios e quentes. 

Bom para: almoço que foge do ordinário, jantar entre amigos regado a pisco. 

Acústica: as mesas são bem perto uma da outra, vaza um pouco de ruído da cozinha se você senta perto dela. Não é silencioso.

Vinho: carta pequerrucha, um espumante, três brancos, dois rosés e um tinto, que no fim dão conta do recado – todos estão abaixo de R$ 100. Não se cobra taxa de rolha.

Cerveja: três opções convencionais, Heineken, Stella Artois e Sol (R$ 9) – mais dois rótulos da boa brasileira Wäls.

Água e café: viva, viva! Água é cortesia da casa e vem mais quando a garrafa é esvaziada. O café é um bem tirado Suplicy (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 14 a R$ 26), pratos (R$ 23 a R$ 55), sobremesas (R$ 10 a R$ 16); executivo, R$ 39,90.

Vou voltar? vou, sim, com amigos a quem quero apresentar a casa. 

SERVIÇO

La Peruana Al. Campinas, 1.357, Jardim Paulista Tel.: 3885-0148 Horário de funcionamento: 12h/15h e 19h/23h (sáb., 12h/23h; dom., 12h/ 16h; fecha seg.) Valet: R$ 20 Ciclovia a 500m (R. Honduras) Não tem paraciclo

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