Sim, houve um tempo em que ketchup era aceito até na mais gourmet das pizzarias cariocas. Mas nunquinha da silva ele teve residência fixa sobre as mesas da Capricciosa – o que, nos idos de 1999, muita gente não entendeu. “Não faço bodas de prata porque cheguei no ano 2000, mas é verdade que tinha gente que colocava mesmo”, garante Martonio Aragão, chef de sala da primeira Capricciosa, instalada há 25 anos numa esquina de Ipanema.
Ele acompanhou o desaparecimento do ketchup da lista de compras, a vinda de pizzaiolos italianos para darem um upgrade nas receitas, a troca de fornos, o fechamento durante a pandemia e a repaginação. De suas histórias preferidas, porém, duas são com Roberto Carlos.
“Um dia Dona Carminha [secretária do cantor] pediu umas pizzas para entregar na casa dele. Sempre quem vinha pegar era o motorista ou o segurança, mas nesse dia eles não podiam. Ela perguntou: ‘por onde essas pizzas vêm?’. E eu: sai aqui de Ipanema, Lagoa, Botafogo... Quando falei Botafogo, ela: ‘Botafogo, não! Essas pizzas têm que vir pela orla, sabe como é o Rei, né?’”.
Martonio chamou Jairo, o motoboy, e explicou certinho: Ipanema, Copacabana, Rio Sul e Urca. Dito e feito. Antes de pegar a Quatro Queijos, a Capricciosa e a Margherita Gourmet, Carminha checou: “Por onde foi que você veio?”.
Como Chico Buarque, Galvão Bueno, Carolina Dieckman, Malu Mader e outros habitués, num finalzinho de noite, depois de um show, Roberto Carlos também deu as caras na Capricciosa. “Quando ele chegou, falou: ‘Quero ver se as pizzas daqui são iguais às que recebo em casa. Falei que eram melhores. Ele riu e sentou com a família. Já era quase uma hora da manhã e tinha uma gravação de comercial na rua. Do nada brotou um paparazzi na porta. Aquela coisa, não fui eu que chamei, mas fiquei sem graça”, lembra Martonio.
Causos desses e o fato de ter sido a primeira pizzaria carioca a se “gourmetizar”, ajudam a imagem da Capricciosa. No entanto, não é por receber artistas, tampouco por ter sido pioneira em usar burrata, que ela ocupa o 19º lugar no 50 Top Pizzas da América Latina.
Dentre os melhores motivos, ali as massas são feitas com um blend de farinhas italianas que fermenta por dois dias antes de serem expostas aos mais de 400ºC do forno a lenha. Hit da casa, com mais de mil unidades vendidas todos os meses, a Margherita Gourmet (R$ 72 a individual) leva tomatinhos pachino, variedade exclusiva de sementes sicilianas plantadas em Búzios, mozarela artesanal de búfala e mini manjericão.
Talvez não tenha sido contabilizada, mas a redonda que carrega o nome da casa reúne molho de tomate, presunto, bacon, alcachofra, funghi e ovo (R$ 74 a pequena). E, bem, afeita a novidades, a Capricciosa aproveita que hoje é Dia da Pizza para lançar a Florença (R$ 72).
Sua massa negra é resultado do carvão vegetal, que deixa um leve gostinho defumado. Já a cobertura, alia o tal do queijo de búfalas, escarola e alho negro. Outra novidade é a Sorrento (R$ 72), com massa tradicional, a mesma mozarela, presunto royale, zest de limão siciliano e pinoli. Ambas ficam disponíveis até setembro.
Capricciosa
R. Vinicius de Moraes, 134, Ipanema. Todos os dias, das 18h à 1h. Tel.: (21) 2523-3394