Martín Fierro, o argentino mais querido, faz 35 anos


Na Vila Madalena, a casa de Ana Maria Massochi promove um mês de festas com jantares em que convidados assumem a cozinha

Por Patrícia Ferraz

Um dos restaurantes mais simpáticos da Vila Madalena, o Martín Fierro completa 35 anos este mês. A data oficial do aniversário é 17 de setembro. Mas a proprietária, Ana Maria Massochi, decretou um mês de festa e programou jantares especiais, em que convidados assumem a cozinha, além de mimos para os clientes, como uma taça de vinho no jantar.

A refeição ali começa obrigatoriamente com a empanada que é referência na cidade – tostadinha e recheada com carne cortada na ponta da faca, azeitona, ovos e temperada com suavidade. É quase impossível comer uma só, mas o que faz dela referência é uma razão histórica: quando o Martín Fierro abriu as portas, em 1980, ninguém sabia o que era empanada em São Paulo. E pode-se dizer que, na época, os donos do lugar também não eram especialistas no assunto. “Jogamos muita massa fora”, conta Ana.

A proprietária Ana Maria Massochi FOTOS: Fernado Sciarra/Estadão 
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Ela não entendia nem de empanada e nem de qualquer outro prato. Trabalhava como assistente social na Argentina, de onde saiu nos anos da ditadura militar para se instalar na Vila Madalena com um filho bebê. O cozinheiro era seu sócio, o também argentino Hugo Ibarzabál. Mas ele também não era especialista em empanadas.

Com pouco dinheiro, eles conseguiram alugar uma antiga garagem na rua Wisard, na Vila Madalena, onde funcionava um boteco bem ruim e improvisaram ali a casa de empanadas. Para espantar os bêbados que estavam acostumados com o ponto, não serviram bebida alcoólica nos primeiros meses.

 
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As empanadasque deram origem ao restaurante.

A Vila Madalena já abrigava uns descolados, produtoras de vídeo, escritórios de arquitetura e o pessoal parava ali para comer uma empanada na casa dos argentinos. “A gente não dizia por que tinha vindo pra cá, mas nem precisava, as pessoas entendiam, davam uma força, o lugar acabou virando um point”, conta Ana.

Além das empanadas, começaram a fazer milanesas, depois fizeram sanduíche de presunto cru, alfajores e serviam cerveja. Mais tarde, resolveram servir vinho em taça: era vinho de garrafão, tinto ou branco, que vinha em copo de vidro. “Mas foi o primeiro lugar na Vila Madalena a servir vinho em taça”, orgulha-se Ana.

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O Martín Fierro foi assim até que Hugo resolveu voltar para a Argentina e eles venderam o ponto – que virou o bar Empanadas, instalado ali até hoje. Ana abriu uma fábrica de empanadas e passou a distribuir para restaurantes. Vendia também alfajores e pasta frolla.

Ela manteve a fabriqueta por alguns anos, mas quando Hugo voltou, o negócio não dava para sustentar os dois. E eles resolveram reabrir o Martín Fierro.

Se instalaram no endereço atual, na Aspicuelta. Colocaram uma grelha, começaram a assar carnes – argentinas, claro, mas só os cortes que os europeus desprezavam. Não havia importação de carne argentina. Na época, o Frigorífico Três Passos conseguia os cortes que os europeus não compravam. “A gente não tinha um tostão, então o José Maria, dono do frigorífico, nos deixava pagar depois”, conta Ana.

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A carne era boa, bem grelhada e os clientes voltavam. Quando esfriava, havia sopa. No calor, uma salada. A clientela foi aumentando, o cardápio também, e as carnes viraram a especialidade do Martín Fierro – grelhadas por Armando Silva há vinte anos.

 

 O bife ancho

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Em 2001, Ana Massochi comprou a parte do sócio. Manteve o ar descontraído e o estilo despretensioso do restaurante. E o direito de enquadrar clientes de vez em quando, como o senhor que pediu uma garrafa de vinho e uma soda limonada para misturar, bem na semana em que ela tinha conseguido comprar, pela primeira vez, o vinho de uma importadora. Recebeu só o vinho e uma bronca.

Na nova fase, Ana tratou de melhorar as finanças (com ajuda do amigo Manoel Cardoso), a carne, as saladas, o serviço e os vinhos. Hoje, a carta se concentra em rótulos de pequenos produtores da América do Sul. Ela tirou os grandes, incluindo o Catena, ícone de seu país. “Vinhos de pequenos produtores permitem oferecer melhor qualidade e preço”, diz. O negócio prosperou. Em 2006, ela abriu o La Frontera; em 2013, o Jacarandá. “Quando as pessoas perguntam por que eu não abro outro Martín Fierro, eu respondo: porque ele é único!”.

Programação

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A cada segunda-feira do mês um convidado assume a cozinha do Martín Fierro:

07/09:Paola Carosella, só para convidados. 14/09: Mariana Villas - Bôas, do Café do Alto (Rio) e Nina Kahn. 17/9: Os chefs do La Frontera, do Jacarandá e Martín Fierro. 28/9: O fotógrafo e cozinhei ro amador Pedro Martinelli.

Reservas pelo site Ristorando.

Martin Fierro Rua Aspicuelta, 683, Vila Madalena. 3814-6747 12h/23h

>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 3/10/2015

Um dos restaurantes mais simpáticos da Vila Madalena, o Martín Fierro completa 35 anos este mês. A data oficial do aniversário é 17 de setembro. Mas a proprietária, Ana Maria Massochi, decretou um mês de festa e programou jantares especiais, em que convidados assumem a cozinha, além de mimos para os clientes, como uma taça de vinho no jantar.

A refeição ali começa obrigatoriamente com a empanada que é referência na cidade – tostadinha e recheada com carne cortada na ponta da faca, azeitona, ovos e temperada com suavidade. É quase impossível comer uma só, mas o que faz dela referência é uma razão histórica: quando o Martín Fierro abriu as portas, em 1980, ninguém sabia o que era empanada em São Paulo. E pode-se dizer que, na época, os donos do lugar também não eram especialistas no assunto. “Jogamos muita massa fora”, conta Ana.

A proprietária Ana Maria Massochi FOTOS: Fernado Sciarra/Estadão 

Ela não entendia nem de empanada e nem de qualquer outro prato. Trabalhava como assistente social na Argentina, de onde saiu nos anos da ditadura militar para se instalar na Vila Madalena com um filho bebê. O cozinheiro era seu sócio, o também argentino Hugo Ibarzabál. Mas ele também não era especialista em empanadas.

Com pouco dinheiro, eles conseguiram alugar uma antiga garagem na rua Wisard, na Vila Madalena, onde funcionava um boteco bem ruim e improvisaram ali a casa de empanadas. Para espantar os bêbados que estavam acostumados com o ponto, não serviram bebida alcoólica nos primeiros meses.

 

As empanadasque deram origem ao restaurante.

A Vila Madalena já abrigava uns descolados, produtoras de vídeo, escritórios de arquitetura e o pessoal parava ali para comer uma empanada na casa dos argentinos. “A gente não dizia por que tinha vindo pra cá, mas nem precisava, as pessoas entendiam, davam uma força, o lugar acabou virando um point”, conta Ana.

Além das empanadas, começaram a fazer milanesas, depois fizeram sanduíche de presunto cru, alfajores e serviam cerveja. Mais tarde, resolveram servir vinho em taça: era vinho de garrafão, tinto ou branco, que vinha em copo de vidro. “Mas foi o primeiro lugar na Vila Madalena a servir vinho em taça”, orgulha-se Ana.

O Martín Fierro foi assim até que Hugo resolveu voltar para a Argentina e eles venderam o ponto – que virou o bar Empanadas, instalado ali até hoje. Ana abriu uma fábrica de empanadas e passou a distribuir para restaurantes. Vendia também alfajores e pasta frolla.

Ela manteve a fabriqueta por alguns anos, mas quando Hugo voltou, o negócio não dava para sustentar os dois. E eles resolveram reabrir o Martín Fierro.

Se instalaram no endereço atual, na Aspicuelta. Colocaram uma grelha, começaram a assar carnes – argentinas, claro, mas só os cortes que os europeus desprezavam. Não havia importação de carne argentina. Na época, o Frigorífico Três Passos conseguia os cortes que os europeus não compravam. “A gente não tinha um tostão, então o José Maria, dono do frigorífico, nos deixava pagar depois”, conta Ana.

A carne era boa, bem grelhada e os clientes voltavam. Quando esfriava, havia sopa. No calor, uma salada. A clientela foi aumentando, o cardápio também, e as carnes viraram a especialidade do Martín Fierro – grelhadas por Armando Silva há vinte anos.

 

 O bife ancho

Em 2001, Ana Massochi comprou a parte do sócio. Manteve o ar descontraído e o estilo despretensioso do restaurante. E o direito de enquadrar clientes de vez em quando, como o senhor que pediu uma garrafa de vinho e uma soda limonada para misturar, bem na semana em que ela tinha conseguido comprar, pela primeira vez, o vinho de uma importadora. Recebeu só o vinho e uma bronca.

Na nova fase, Ana tratou de melhorar as finanças (com ajuda do amigo Manoel Cardoso), a carne, as saladas, o serviço e os vinhos. Hoje, a carta se concentra em rótulos de pequenos produtores da América do Sul. Ela tirou os grandes, incluindo o Catena, ícone de seu país. “Vinhos de pequenos produtores permitem oferecer melhor qualidade e preço”, diz. O negócio prosperou. Em 2006, ela abriu o La Frontera; em 2013, o Jacarandá. “Quando as pessoas perguntam por que eu não abro outro Martín Fierro, eu respondo: porque ele é único!”.

Programação

A cada segunda-feira do mês um convidado assume a cozinha do Martín Fierro:

07/09:Paola Carosella, só para convidados. 14/09: Mariana Villas - Bôas, do Café do Alto (Rio) e Nina Kahn. 17/9: Os chefs do La Frontera, do Jacarandá e Martín Fierro. 28/9: O fotógrafo e cozinhei ro amador Pedro Martinelli.

Reservas pelo site Ristorando.

Martin Fierro Rua Aspicuelta, 683, Vila Madalena. 3814-6747 12h/23h

>>Veja a íntegra da edição do Paladar de 3/10/2015

Um dos restaurantes mais simpáticos da Vila Madalena, o Martín Fierro completa 35 anos este mês. A data oficial do aniversário é 17 de setembro. Mas a proprietária, Ana Maria Massochi, decretou um mês de festa e programou jantares especiais, em que convidados assumem a cozinha, além de mimos para os clientes, como uma taça de vinho no jantar.

A refeição ali começa obrigatoriamente com a empanada que é referência na cidade – tostadinha e recheada com carne cortada na ponta da faca, azeitona, ovos e temperada com suavidade. É quase impossível comer uma só, mas o que faz dela referência é uma razão histórica: quando o Martín Fierro abriu as portas, em 1980, ninguém sabia o que era empanada em São Paulo. E pode-se dizer que, na época, os donos do lugar também não eram especialistas no assunto. “Jogamos muita massa fora”, conta Ana.

A proprietária Ana Maria Massochi FOTOS: Fernado Sciarra/Estadão 

Ela não entendia nem de empanada e nem de qualquer outro prato. Trabalhava como assistente social na Argentina, de onde saiu nos anos da ditadura militar para se instalar na Vila Madalena com um filho bebê. O cozinheiro era seu sócio, o também argentino Hugo Ibarzabál. Mas ele também não era especialista em empanadas.

Com pouco dinheiro, eles conseguiram alugar uma antiga garagem na rua Wisard, na Vila Madalena, onde funcionava um boteco bem ruim e improvisaram ali a casa de empanadas. Para espantar os bêbados que estavam acostumados com o ponto, não serviram bebida alcoólica nos primeiros meses.

 

As empanadasque deram origem ao restaurante.

A Vila Madalena já abrigava uns descolados, produtoras de vídeo, escritórios de arquitetura e o pessoal parava ali para comer uma empanada na casa dos argentinos. “A gente não dizia por que tinha vindo pra cá, mas nem precisava, as pessoas entendiam, davam uma força, o lugar acabou virando um point”, conta Ana.

Além das empanadas, começaram a fazer milanesas, depois fizeram sanduíche de presunto cru, alfajores e serviam cerveja. Mais tarde, resolveram servir vinho em taça: era vinho de garrafão, tinto ou branco, que vinha em copo de vidro. “Mas foi o primeiro lugar na Vila Madalena a servir vinho em taça”, orgulha-se Ana.

O Martín Fierro foi assim até que Hugo resolveu voltar para a Argentina e eles venderam o ponto – que virou o bar Empanadas, instalado ali até hoje. Ana abriu uma fábrica de empanadas e passou a distribuir para restaurantes. Vendia também alfajores e pasta frolla.

Ela manteve a fabriqueta por alguns anos, mas quando Hugo voltou, o negócio não dava para sustentar os dois. E eles resolveram reabrir o Martín Fierro.

Se instalaram no endereço atual, na Aspicuelta. Colocaram uma grelha, começaram a assar carnes – argentinas, claro, mas só os cortes que os europeus desprezavam. Não havia importação de carne argentina. Na época, o Frigorífico Três Passos conseguia os cortes que os europeus não compravam. “A gente não tinha um tostão, então o José Maria, dono do frigorífico, nos deixava pagar depois”, conta Ana.

A carne era boa, bem grelhada e os clientes voltavam. Quando esfriava, havia sopa. No calor, uma salada. A clientela foi aumentando, o cardápio também, e as carnes viraram a especialidade do Martín Fierro – grelhadas por Armando Silva há vinte anos.

 

 O bife ancho

Em 2001, Ana Massochi comprou a parte do sócio. Manteve o ar descontraído e o estilo despretensioso do restaurante. E o direito de enquadrar clientes de vez em quando, como o senhor que pediu uma garrafa de vinho e uma soda limonada para misturar, bem na semana em que ela tinha conseguido comprar, pela primeira vez, o vinho de uma importadora. Recebeu só o vinho e uma bronca.

Na nova fase, Ana tratou de melhorar as finanças (com ajuda do amigo Manoel Cardoso), a carne, as saladas, o serviço e os vinhos. Hoje, a carta se concentra em rótulos de pequenos produtores da América do Sul. Ela tirou os grandes, incluindo o Catena, ícone de seu país. “Vinhos de pequenos produtores permitem oferecer melhor qualidade e preço”, diz. O negócio prosperou. Em 2006, ela abriu o La Frontera; em 2013, o Jacarandá. “Quando as pessoas perguntam por que eu não abro outro Martín Fierro, eu respondo: porque ele é único!”.

Programação

A cada segunda-feira do mês um convidado assume a cozinha do Martín Fierro:

07/09:Paola Carosella, só para convidados. 14/09: Mariana Villas - Bôas, do Café do Alto (Rio) e Nina Kahn. 17/9: Os chefs do La Frontera, do Jacarandá e Martín Fierro. 28/9: O fotógrafo e cozinhei ro amador Pedro Martinelli.

Reservas pelo site Ristorando.

Martin Fierro Rua Aspicuelta, 683, Vila Madalena. 3814-6747 12h/23h

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