O lado doce de André Mifano, o novo jurado do ‘Bake Off Brasil’, no SBT


Com humor afiado e boas tiradas, o chef do restaurante italiano Donna faz a sua estreia na TV aberta, em reality show dedicado a confeitaria

Por Cintia Oliveira
Atualização:

O que um chef tatuado e com o humor tão afiado quanto suas facas foi fazer no júri de um reality show dedicado aos bolos decorados? À primeira vista, pode até parecer um erro de casting. Mas a presença de André Mifano na décima temporada de “Bake Off Brasil - Mão na Massa”, que estreou no último sábado (10) no SBT (disponível na plataforma de streaming Max e, em breve, no canal pago Discovery Home & Health) foi um acerto - ao menos pelo que se viu no primeiro episódio.

Enquanto a chef confeiteira Carole Crema traz a sua simpatia e seu conhecimento técnico, a atriz Fabiana Karla, que apresenta a atração, alivia o estresse dos competidores com humor e boas doses de doçura. E Mifano completa o elenco, com sua experiência de 28 anos na gastronomia e seus comentários incisivos, que, vez ou outra, arrancam umas risadas aqui e ali dos telespectadores.

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Diferentemente das edições anteriores, essa temporada do programa, em que 18 confeiteiros amadores participam de desafios culinários, está mais próxima do formato original, o “The Great British Bake Off” (BBC).

Muito antes de fazer parte da versão brasileira, Mifano conta que já era fã do programa exibido no Reino Unido. “Comecei a assistir com a Alessandra (Corte Pimenta, esposa de Mifano), que é apaixonada por doces e pela cultura inglesa, meio a contragosto. Não entendia todo aquele cor-de-rosa, mas o humor inglês dos apresentadores me pegou: eu fiquei viciado”, lembra o chef, que comanda o restaurante italiano Donna, na capital paulista.

Mifano quer usar a sua visibilidade para jogar os holofotes sobre temas relevantes Foto: Daniel Teixeira/Estadão
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Com a participação em realities como o “The Taste Brasil”, exibido pelo canal pago GNT, e “Anthony Bourdain - Lugares Desconhecidos”, série do chef norte-americano (1956 - 2018) na CNN Brasil, pode-se dizer que Mifano tem uma vasta experiência na televisão. No entanto, ele declarou em um par de entrevistas no ano passado que não estava afim de voltar para a frente das câmeras - o Universo (ou destino, se preferir) entendeu o contrário. “Desde então, eu repito todos os dias ‘não quero ganhar na Mega-Sena nunca. De jeito nenhum (risos)’”, diverte-se ele.

Quando ele recebeu o convite da Warner Bros. Discovery, que é parceira da emissora de Silvio Santos na produção do “Bake Off Brasil - Mão na Massa”, não pensou duas vezes: bastou um telefonema de quinze minutos para convencê-lo a assinar o contrato. Onde foi parar tanta relutância? “Eu sabia que, pelo que eu conhecia do programa original, estaria livre para fazer o que quisesse. Não sei seguir roteiro, mas sei ser eu mesmo”, justifica o chef.

Mergulho na confeitaria

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Quando aceitou o desafio de ser jurado de um reality show de confeitaria, Mifano se debruçou sobre o tema. “Modéstia à parte, eu tenho um banco de dados de sabores e técnicas bastante extenso, mas eu tive que estudar muito”, conta o chef do Donna.

Embora conheça as bases da confeitaria clássica, graças ao seu trabalho em cozinha, Mifano nunca havia trabalhado com pasta americana, que é tão presente na cobertura de bolos decorados. Aliás, o chef define a montagem de bolos decorados como pura engenharia. “Além de acertar na textura e no sabor, é preciso entender de estrutura. Caso contrário, o bolo desmorona”, diz Mifano.

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Na décima temporada do programa, retornam as provas dedicadas aos pratos salgados e as receitas doces ficaram mais simples, para criar uma conexão com o expectador. E Mifano conta que essa jornada de aprendizado fez ele se apaixonar pelo lado artístico da confeitaria. “O trabalho com pasta americana e os bolos que se mexem me deixou espantadíssimo”, conta ele.

Crítica ao “instagramável”

O reality show culinário é a primeira experiência de Mifano na televisão aberta - e a sua oportunidade de alcançar novos públicos. “Antes, eu estava com um canal minúsculo, falando de comida às 22h30 para uma bolha. Agora, por meio dessas três plataformas (SBT, Max e Discovery Home & Health), eu vou falar com um público muito maior. Para mim, é um privilégio”, compara ele.

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Mifano divide o júri do Bake Off Brasil - Mão na Massa com a atriz Fabiana Karla (à esq.) e a chef confeiteira Carole Crema (à dir.) Foto: Rogerio Pallatta/ SBT/ Divulgação

Mifano pretende aproveitar a notoriedade para falar sobre temas importantes para ele. Um deles é o impacto negativo das redes sociais na gastronomia. “Se você me perguntar o que precisa para manter um bom restaurante nos dias de hoje, eu não tenho a menor ideia”, dispara Mifano, que considera a experiência adquirida por ele em quase três décadas de profissão irrelevante para o mercado atual.

Ele é um crítico ferrenho ao modelo de restaurantes “instagramáveis” (aqueles que são pensados para render bons cliques para as redes sociais), que domina a cena gastronômica atual. “No plano de negócios de um restaurante de sucesso, o importante é o salão ter um balanço com um neón lindo de fundo, uma sobremesa que saia fogo no cardápio, além de um orçamento de R$ 150 mil para pagar influenciadores do Tik Tok para visitarem e postarem sobre o seu restaurante no primeiro mês”, critica ele.

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Para Mifano, os seus 28 anos de experiência na cozinha são irrelevantes para um mercado dominado por restaurantes "instagramáveis" Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mifano vai na contramão de todo esse mainstream gastronômico com o seu restaurante, o Donna. Com clima intimista e apenas 40 lugares, o italiano inaugurado em plena pandemia, em 2021, tem um menu enxuto, que reúne sugestões como a bresaola de wagyu curada na casa (R$ 63), o fettuccine verde com molho caseiro de linguiça e erva-doce (R$ 76), além da tagliata de chorizo black Angus, com molho pizzaiolo e batatas douradas (R$ 132).

Atualmente, o restaurante está em uma fase de transição, de acordo com o chef. Em breve, o local passará por uma reforma e o cardápio ficará mais robusto. “A minha vontade é fazer uma comida cada vez mais clássica”, afirma Mifano, que ganhou notoriedade no extinto restaurante Vito.

Mifano na cozinha do restaurante Donna: ele quer levar os seus conhecimentos em gastronomia para além da cozinha Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Novo momento da carreira

Com 28 anos de profissão, Mifano está em um momento que quer “surfar novas ondas”. “Só a repetição faz o bom profissional de cozinha. Mas, quando você está fazendo a mesma coisa por tantos anos, precisa de um descanso”, pondera Mifano, que admite não ter mais energia para trabalhar sete dias por semana, sem folga. Mesmo assim, o chef garante que, entre altos e baixos, mantém o mesmo amor pelo ofício. “Continuo vindo ao restaurante cinco dias por semana, mas ideia é tirar férias maiores. Eu tenho uma equipe ótima, que me permite isso”, diz conta ele, que tem o objetivo de usar a sua larga experiência na gastronomia “para fazer outras coisas”, promete o chef do Donna.

Além do desafio na televisão aberta, Mifano pretende encarar de frente o mundo digital, ao qual sempre teve aversão. “Sinto até arrepio quando penso em ‘produzir conteúdo. Mas se tem uma coisa que eu não aceito é ser preconceituoso’”. Embora tenha evitado mergulhar no universo das redes sociais, o chef tem sentido a necessidade de botar o preconceito de lado e entender como funciona. “Quero falar de coisas relevantes. Não prometo que vou conseguir, mas esse é o meu objetivo”, promete ele.

O que um chef tatuado e com o humor tão afiado quanto suas facas foi fazer no júri de um reality show dedicado aos bolos decorados? À primeira vista, pode até parecer um erro de casting. Mas a presença de André Mifano na décima temporada de “Bake Off Brasil - Mão na Massa”, que estreou no último sábado (10) no SBT (disponível na plataforma de streaming Max e, em breve, no canal pago Discovery Home & Health) foi um acerto - ao menos pelo que se viu no primeiro episódio.

Enquanto a chef confeiteira Carole Crema traz a sua simpatia e seu conhecimento técnico, a atriz Fabiana Karla, que apresenta a atração, alivia o estresse dos competidores com humor e boas doses de doçura. E Mifano completa o elenco, com sua experiência de 28 anos na gastronomia e seus comentários incisivos, que, vez ou outra, arrancam umas risadas aqui e ali dos telespectadores.

Diferentemente das edições anteriores, essa temporada do programa, em que 18 confeiteiros amadores participam de desafios culinários, está mais próxima do formato original, o “The Great British Bake Off” (BBC).

Muito antes de fazer parte da versão brasileira, Mifano conta que já era fã do programa exibido no Reino Unido. “Comecei a assistir com a Alessandra (Corte Pimenta, esposa de Mifano), que é apaixonada por doces e pela cultura inglesa, meio a contragosto. Não entendia todo aquele cor-de-rosa, mas o humor inglês dos apresentadores me pegou: eu fiquei viciado”, lembra o chef, que comanda o restaurante italiano Donna, na capital paulista.

Mifano quer usar a sua visibilidade para jogar os holofotes sobre temas relevantes Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Com a participação em realities como o “The Taste Brasil”, exibido pelo canal pago GNT, e “Anthony Bourdain - Lugares Desconhecidos”, série do chef norte-americano (1956 - 2018) na CNN Brasil, pode-se dizer que Mifano tem uma vasta experiência na televisão. No entanto, ele declarou em um par de entrevistas no ano passado que não estava afim de voltar para a frente das câmeras - o Universo (ou destino, se preferir) entendeu o contrário. “Desde então, eu repito todos os dias ‘não quero ganhar na Mega-Sena nunca. De jeito nenhum (risos)’”, diverte-se ele.

Quando ele recebeu o convite da Warner Bros. Discovery, que é parceira da emissora de Silvio Santos na produção do “Bake Off Brasil - Mão na Massa”, não pensou duas vezes: bastou um telefonema de quinze minutos para convencê-lo a assinar o contrato. Onde foi parar tanta relutância? “Eu sabia que, pelo que eu conhecia do programa original, estaria livre para fazer o que quisesse. Não sei seguir roteiro, mas sei ser eu mesmo”, justifica o chef.

Mergulho na confeitaria

Quando aceitou o desafio de ser jurado de um reality show de confeitaria, Mifano se debruçou sobre o tema. “Modéstia à parte, eu tenho um banco de dados de sabores e técnicas bastante extenso, mas eu tive que estudar muito”, conta o chef do Donna.

Embora conheça as bases da confeitaria clássica, graças ao seu trabalho em cozinha, Mifano nunca havia trabalhado com pasta americana, que é tão presente na cobertura de bolos decorados. Aliás, o chef define a montagem de bolos decorados como pura engenharia. “Além de acertar na textura e no sabor, é preciso entender de estrutura. Caso contrário, o bolo desmorona”, diz Mifano.

Na décima temporada do programa, retornam as provas dedicadas aos pratos salgados e as receitas doces ficaram mais simples, para criar uma conexão com o expectador. E Mifano conta que essa jornada de aprendizado fez ele se apaixonar pelo lado artístico da confeitaria. “O trabalho com pasta americana e os bolos que se mexem me deixou espantadíssimo”, conta ele.

Crítica ao “instagramável”

O reality show culinário é a primeira experiência de Mifano na televisão aberta - e a sua oportunidade de alcançar novos públicos. “Antes, eu estava com um canal minúsculo, falando de comida às 22h30 para uma bolha. Agora, por meio dessas três plataformas (SBT, Max e Discovery Home & Health), eu vou falar com um público muito maior. Para mim, é um privilégio”, compara ele.

Mifano divide o júri do Bake Off Brasil - Mão na Massa com a atriz Fabiana Karla (à esq.) e a chef confeiteira Carole Crema (à dir.) Foto: Rogerio Pallatta/ SBT/ Divulgação

Mifano pretende aproveitar a notoriedade para falar sobre temas importantes para ele. Um deles é o impacto negativo das redes sociais na gastronomia. “Se você me perguntar o que precisa para manter um bom restaurante nos dias de hoje, eu não tenho a menor ideia”, dispara Mifano, que considera a experiência adquirida por ele em quase três décadas de profissão irrelevante para o mercado atual.

Ele é um crítico ferrenho ao modelo de restaurantes “instagramáveis” (aqueles que são pensados para render bons cliques para as redes sociais), que domina a cena gastronômica atual. “No plano de negócios de um restaurante de sucesso, o importante é o salão ter um balanço com um neón lindo de fundo, uma sobremesa que saia fogo no cardápio, além de um orçamento de R$ 150 mil para pagar influenciadores do Tik Tok para visitarem e postarem sobre o seu restaurante no primeiro mês”, critica ele.

Para Mifano, os seus 28 anos de experiência na cozinha são irrelevantes para um mercado dominado por restaurantes "instagramáveis" Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mifano vai na contramão de todo esse mainstream gastronômico com o seu restaurante, o Donna. Com clima intimista e apenas 40 lugares, o italiano inaugurado em plena pandemia, em 2021, tem um menu enxuto, que reúne sugestões como a bresaola de wagyu curada na casa (R$ 63), o fettuccine verde com molho caseiro de linguiça e erva-doce (R$ 76), além da tagliata de chorizo black Angus, com molho pizzaiolo e batatas douradas (R$ 132).

Atualmente, o restaurante está em uma fase de transição, de acordo com o chef. Em breve, o local passará por uma reforma e o cardápio ficará mais robusto. “A minha vontade é fazer uma comida cada vez mais clássica”, afirma Mifano, que ganhou notoriedade no extinto restaurante Vito.

Mifano na cozinha do restaurante Donna: ele quer levar os seus conhecimentos em gastronomia para além da cozinha Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Novo momento da carreira

Com 28 anos de profissão, Mifano está em um momento que quer “surfar novas ondas”. “Só a repetição faz o bom profissional de cozinha. Mas, quando você está fazendo a mesma coisa por tantos anos, precisa de um descanso”, pondera Mifano, que admite não ter mais energia para trabalhar sete dias por semana, sem folga. Mesmo assim, o chef garante que, entre altos e baixos, mantém o mesmo amor pelo ofício. “Continuo vindo ao restaurante cinco dias por semana, mas ideia é tirar férias maiores. Eu tenho uma equipe ótima, que me permite isso”, diz conta ele, que tem o objetivo de usar a sua larga experiência na gastronomia “para fazer outras coisas”, promete o chef do Donna.

Além do desafio na televisão aberta, Mifano pretende encarar de frente o mundo digital, ao qual sempre teve aversão. “Sinto até arrepio quando penso em ‘produzir conteúdo. Mas se tem uma coisa que eu não aceito é ser preconceituoso’”. Embora tenha evitado mergulhar no universo das redes sociais, o chef tem sentido a necessidade de botar o preconceito de lado e entender como funciona. “Quero falar de coisas relevantes. Não prometo que vou conseguir, mas esse é o meu objetivo”, promete ele.

O que um chef tatuado e com o humor tão afiado quanto suas facas foi fazer no júri de um reality show dedicado aos bolos decorados? À primeira vista, pode até parecer um erro de casting. Mas a presença de André Mifano na décima temporada de “Bake Off Brasil - Mão na Massa”, que estreou no último sábado (10) no SBT (disponível na plataforma de streaming Max e, em breve, no canal pago Discovery Home & Health) foi um acerto - ao menos pelo que se viu no primeiro episódio.

Enquanto a chef confeiteira Carole Crema traz a sua simpatia e seu conhecimento técnico, a atriz Fabiana Karla, que apresenta a atração, alivia o estresse dos competidores com humor e boas doses de doçura. E Mifano completa o elenco, com sua experiência de 28 anos na gastronomia e seus comentários incisivos, que, vez ou outra, arrancam umas risadas aqui e ali dos telespectadores.

Diferentemente das edições anteriores, essa temporada do programa, em que 18 confeiteiros amadores participam de desafios culinários, está mais próxima do formato original, o “The Great British Bake Off” (BBC).

Muito antes de fazer parte da versão brasileira, Mifano conta que já era fã do programa exibido no Reino Unido. “Comecei a assistir com a Alessandra (Corte Pimenta, esposa de Mifano), que é apaixonada por doces e pela cultura inglesa, meio a contragosto. Não entendia todo aquele cor-de-rosa, mas o humor inglês dos apresentadores me pegou: eu fiquei viciado”, lembra o chef, que comanda o restaurante italiano Donna, na capital paulista.

Mifano quer usar a sua visibilidade para jogar os holofotes sobre temas relevantes Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Com a participação em realities como o “The Taste Brasil”, exibido pelo canal pago GNT, e “Anthony Bourdain - Lugares Desconhecidos”, série do chef norte-americano (1956 - 2018) na CNN Brasil, pode-se dizer que Mifano tem uma vasta experiência na televisão. No entanto, ele declarou em um par de entrevistas no ano passado que não estava afim de voltar para a frente das câmeras - o Universo (ou destino, se preferir) entendeu o contrário. “Desde então, eu repito todos os dias ‘não quero ganhar na Mega-Sena nunca. De jeito nenhum (risos)’”, diverte-se ele.

Quando ele recebeu o convite da Warner Bros. Discovery, que é parceira da emissora de Silvio Santos na produção do “Bake Off Brasil - Mão na Massa”, não pensou duas vezes: bastou um telefonema de quinze minutos para convencê-lo a assinar o contrato. Onde foi parar tanta relutância? “Eu sabia que, pelo que eu conhecia do programa original, estaria livre para fazer o que quisesse. Não sei seguir roteiro, mas sei ser eu mesmo”, justifica o chef.

Mergulho na confeitaria

Quando aceitou o desafio de ser jurado de um reality show de confeitaria, Mifano se debruçou sobre o tema. “Modéstia à parte, eu tenho um banco de dados de sabores e técnicas bastante extenso, mas eu tive que estudar muito”, conta o chef do Donna.

Embora conheça as bases da confeitaria clássica, graças ao seu trabalho em cozinha, Mifano nunca havia trabalhado com pasta americana, que é tão presente na cobertura de bolos decorados. Aliás, o chef define a montagem de bolos decorados como pura engenharia. “Além de acertar na textura e no sabor, é preciso entender de estrutura. Caso contrário, o bolo desmorona”, diz Mifano.

Na décima temporada do programa, retornam as provas dedicadas aos pratos salgados e as receitas doces ficaram mais simples, para criar uma conexão com o expectador. E Mifano conta que essa jornada de aprendizado fez ele se apaixonar pelo lado artístico da confeitaria. “O trabalho com pasta americana e os bolos que se mexem me deixou espantadíssimo”, conta ele.

Crítica ao “instagramável”

O reality show culinário é a primeira experiência de Mifano na televisão aberta - e a sua oportunidade de alcançar novos públicos. “Antes, eu estava com um canal minúsculo, falando de comida às 22h30 para uma bolha. Agora, por meio dessas três plataformas (SBT, Max e Discovery Home & Health), eu vou falar com um público muito maior. Para mim, é um privilégio”, compara ele.

Mifano divide o júri do Bake Off Brasil - Mão na Massa com a atriz Fabiana Karla (à esq.) e a chef confeiteira Carole Crema (à dir.) Foto: Rogerio Pallatta/ SBT/ Divulgação

Mifano pretende aproveitar a notoriedade para falar sobre temas importantes para ele. Um deles é o impacto negativo das redes sociais na gastronomia. “Se você me perguntar o que precisa para manter um bom restaurante nos dias de hoje, eu não tenho a menor ideia”, dispara Mifano, que considera a experiência adquirida por ele em quase três décadas de profissão irrelevante para o mercado atual.

Ele é um crítico ferrenho ao modelo de restaurantes “instagramáveis” (aqueles que são pensados para render bons cliques para as redes sociais), que domina a cena gastronômica atual. “No plano de negócios de um restaurante de sucesso, o importante é o salão ter um balanço com um neón lindo de fundo, uma sobremesa que saia fogo no cardápio, além de um orçamento de R$ 150 mil para pagar influenciadores do Tik Tok para visitarem e postarem sobre o seu restaurante no primeiro mês”, critica ele.

Para Mifano, os seus 28 anos de experiência na cozinha são irrelevantes para um mercado dominado por restaurantes "instagramáveis" Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mifano vai na contramão de todo esse mainstream gastronômico com o seu restaurante, o Donna. Com clima intimista e apenas 40 lugares, o italiano inaugurado em plena pandemia, em 2021, tem um menu enxuto, que reúne sugestões como a bresaola de wagyu curada na casa (R$ 63), o fettuccine verde com molho caseiro de linguiça e erva-doce (R$ 76), além da tagliata de chorizo black Angus, com molho pizzaiolo e batatas douradas (R$ 132).

Atualmente, o restaurante está em uma fase de transição, de acordo com o chef. Em breve, o local passará por uma reforma e o cardápio ficará mais robusto. “A minha vontade é fazer uma comida cada vez mais clássica”, afirma Mifano, que ganhou notoriedade no extinto restaurante Vito.

Mifano na cozinha do restaurante Donna: ele quer levar os seus conhecimentos em gastronomia para além da cozinha Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Novo momento da carreira

Com 28 anos de profissão, Mifano está em um momento que quer “surfar novas ondas”. “Só a repetição faz o bom profissional de cozinha. Mas, quando você está fazendo a mesma coisa por tantos anos, precisa de um descanso”, pondera Mifano, que admite não ter mais energia para trabalhar sete dias por semana, sem folga. Mesmo assim, o chef garante que, entre altos e baixos, mantém o mesmo amor pelo ofício. “Continuo vindo ao restaurante cinco dias por semana, mas ideia é tirar férias maiores. Eu tenho uma equipe ótima, que me permite isso”, diz conta ele, que tem o objetivo de usar a sua larga experiência na gastronomia “para fazer outras coisas”, promete o chef do Donna.

Além do desafio na televisão aberta, Mifano pretende encarar de frente o mundo digital, ao qual sempre teve aversão. “Sinto até arrepio quando penso em ‘produzir conteúdo. Mas se tem uma coisa que eu não aceito é ser preconceituoso’”. Embora tenha evitado mergulhar no universo das redes sociais, o chef tem sentido a necessidade de botar o preconceito de lado e entender como funciona. “Quero falar de coisas relevantes. Não prometo que vou conseguir, mas esse é o meu objetivo”, promete ele.

O que um chef tatuado e com o humor tão afiado quanto suas facas foi fazer no júri de um reality show dedicado aos bolos decorados? À primeira vista, pode até parecer um erro de casting. Mas a presença de André Mifano na décima temporada de “Bake Off Brasil - Mão na Massa”, que estreou no último sábado (10) no SBT (disponível na plataforma de streaming Max e, em breve, no canal pago Discovery Home & Health) foi um acerto - ao menos pelo que se viu no primeiro episódio.

Enquanto a chef confeiteira Carole Crema traz a sua simpatia e seu conhecimento técnico, a atriz Fabiana Karla, que apresenta a atração, alivia o estresse dos competidores com humor e boas doses de doçura. E Mifano completa o elenco, com sua experiência de 28 anos na gastronomia e seus comentários incisivos, que, vez ou outra, arrancam umas risadas aqui e ali dos telespectadores.

Diferentemente das edições anteriores, essa temporada do programa, em que 18 confeiteiros amadores participam de desafios culinários, está mais próxima do formato original, o “The Great British Bake Off” (BBC).

Muito antes de fazer parte da versão brasileira, Mifano conta que já era fã do programa exibido no Reino Unido. “Comecei a assistir com a Alessandra (Corte Pimenta, esposa de Mifano), que é apaixonada por doces e pela cultura inglesa, meio a contragosto. Não entendia todo aquele cor-de-rosa, mas o humor inglês dos apresentadores me pegou: eu fiquei viciado”, lembra o chef, que comanda o restaurante italiano Donna, na capital paulista.

Mifano quer usar a sua visibilidade para jogar os holofotes sobre temas relevantes Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Com a participação em realities como o “The Taste Brasil”, exibido pelo canal pago GNT, e “Anthony Bourdain - Lugares Desconhecidos”, série do chef norte-americano (1956 - 2018) na CNN Brasil, pode-se dizer que Mifano tem uma vasta experiência na televisão. No entanto, ele declarou em um par de entrevistas no ano passado que não estava afim de voltar para a frente das câmeras - o Universo (ou destino, se preferir) entendeu o contrário. “Desde então, eu repito todos os dias ‘não quero ganhar na Mega-Sena nunca. De jeito nenhum (risos)’”, diverte-se ele.

Quando ele recebeu o convite da Warner Bros. Discovery, que é parceira da emissora de Silvio Santos na produção do “Bake Off Brasil - Mão na Massa”, não pensou duas vezes: bastou um telefonema de quinze minutos para convencê-lo a assinar o contrato. Onde foi parar tanta relutância? “Eu sabia que, pelo que eu conhecia do programa original, estaria livre para fazer o que quisesse. Não sei seguir roteiro, mas sei ser eu mesmo”, justifica o chef.

Mergulho na confeitaria

Quando aceitou o desafio de ser jurado de um reality show de confeitaria, Mifano se debruçou sobre o tema. “Modéstia à parte, eu tenho um banco de dados de sabores e técnicas bastante extenso, mas eu tive que estudar muito”, conta o chef do Donna.

Embora conheça as bases da confeitaria clássica, graças ao seu trabalho em cozinha, Mifano nunca havia trabalhado com pasta americana, que é tão presente na cobertura de bolos decorados. Aliás, o chef define a montagem de bolos decorados como pura engenharia. “Além de acertar na textura e no sabor, é preciso entender de estrutura. Caso contrário, o bolo desmorona”, diz Mifano.

Na décima temporada do programa, retornam as provas dedicadas aos pratos salgados e as receitas doces ficaram mais simples, para criar uma conexão com o expectador. E Mifano conta que essa jornada de aprendizado fez ele se apaixonar pelo lado artístico da confeitaria. “O trabalho com pasta americana e os bolos que se mexem me deixou espantadíssimo”, conta ele.

Crítica ao “instagramável”

O reality show culinário é a primeira experiência de Mifano na televisão aberta - e a sua oportunidade de alcançar novos públicos. “Antes, eu estava com um canal minúsculo, falando de comida às 22h30 para uma bolha. Agora, por meio dessas três plataformas (SBT, Max e Discovery Home & Health), eu vou falar com um público muito maior. Para mim, é um privilégio”, compara ele.

Mifano divide o júri do Bake Off Brasil - Mão na Massa com a atriz Fabiana Karla (à esq.) e a chef confeiteira Carole Crema (à dir.) Foto: Rogerio Pallatta/ SBT/ Divulgação

Mifano pretende aproveitar a notoriedade para falar sobre temas importantes para ele. Um deles é o impacto negativo das redes sociais na gastronomia. “Se você me perguntar o que precisa para manter um bom restaurante nos dias de hoje, eu não tenho a menor ideia”, dispara Mifano, que considera a experiência adquirida por ele em quase três décadas de profissão irrelevante para o mercado atual.

Ele é um crítico ferrenho ao modelo de restaurantes “instagramáveis” (aqueles que são pensados para render bons cliques para as redes sociais), que domina a cena gastronômica atual. “No plano de negócios de um restaurante de sucesso, o importante é o salão ter um balanço com um neón lindo de fundo, uma sobremesa que saia fogo no cardápio, além de um orçamento de R$ 150 mil para pagar influenciadores do Tik Tok para visitarem e postarem sobre o seu restaurante no primeiro mês”, critica ele.

Para Mifano, os seus 28 anos de experiência na cozinha são irrelevantes para um mercado dominado por restaurantes "instagramáveis" Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Mifano vai na contramão de todo esse mainstream gastronômico com o seu restaurante, o Donna. Com clima intimista e apenas 40 lugares, o italiano inaugurado em plena pandemia, em 2021, tem um menu enxuto, que reúne sugestões como a bresaola de wagyu curada na casa (R$ 63), o fettuccine verde com molho caseiro de linguiça e erva-doce (R$ 76), além da tagliata de chorizo black Angus, com molho pizzaiolo e batatas douradas (R$ 132).

Atualmente, o restaurante está em uma fase de transição, de acordo com o chef. Em breve, o local passará por uma reforma e o cardápio ficará mais robusto. “A minha vontade é fazer uma comida cada vez mais clássica”, afirma Mifano, que ganhou notoriedade no extinto restaurante Vito.

Mifano na cozinha do restaurante Donna: ele quer levar os seus conhecimentos em gastronomia para além da cozinha Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Novo momento da carreira

Com 28 anos de profissão, Mifano está em um momento que quer “surfar novas ondas”. “Só a repetição faz o bom profissional de cozinha. Mas, quando você está fazendo a mesma coisa por tantos anos, precisa de um descanso”, pondera Mifano, que admite não ter mais energia para trabalhar sete dias por semana, sem folga. Mesmo assim, o chef garante que, entre altos e baixos, mantém o mesmo amor pelo ofício. “Continuo vindo ao restaurante cinco dias por semana, mas ideia é tirar férias maiores. Eu tenho uma equipe ótima, que me permite isso”, diz conta ele, que tem o objetivo de usar a sua larga experiência na gastronomia “para fazer outras coisas”, promete o chef do Donna.

Além do desafio na televisão aberta, Mifano pretende encarar de frente o mundo digital, ao qual sempre teve aversão. “Sinto até arrepio quando penso em ‘produzir conteúdo. Mas se tem uma coisa que eu não aceito é ser preconceituoso’”. Embora tenha evitado mergulhar no universo das redes sociais, o chef tem sentido a necessidade de botar o preconceito de lado e entender como funciona. “Quero falar de coisas relevantes. Não prometo que vou conseguir, mas esse é o meu objetivo”, promete ele.

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