Restaurante em Nova York deve ser o primeiro de NFT do mundo


Os NFTs vêm entrando cada vez mais no mundo dos restaurantes e o restaurante Flyfish Club, em Manhattan, oferece entrada somente para os detentores de um certo número de tokens não fungíveis

Por Emily Heil

Os NFTs vêm entrando cada vez mais no mundo dos restaurantes (aparentemente junto com todas as outras esferas, da arte à política). E, por isso, parecia inevitável que surgisse um restaurante (cujos fundadores afirmam ser o primeiro desse tipo) que essencialmente oferece entrada somente para os detentores de um certo número de tokens não fungíveis.

O restaurante tem previsão de abertura para 2023 Foto: UNSPLASH

O Flyfish Club, que deve abrir num local ainda a ser anunciado em Manhattan no primeiro semestre do ano que vem, será um clube de jantar de luxo, “inspirado nos frutos do mar”, do VCR Group, um grupo de hotéis e restaurantes que tem como um dos sócios Gary Vaynerchuk, empreendedor e cofundador do sistema de reservas online Resy. Para ter acesso ao clube, os membros precisam ter um Flyfish NFT, que é um ativo digital exclusivo, armazenado em blockchain e comprado com criptomoeda. A empresa lançou 1.501 tokens este mês, arrecadando cerca de US$ 15 milhões, de acordo com David Rodolitz, fundador e CEO do VCR.

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Na sexta-feira à tarde, você podia comprar um token para membros regulares no mercado secundário pelo equivalente a cerca de US$ 13.600. Um token que dá ao titular acesso a um nível ainda mais exclusivo, com acesso a uma sala privada que serve omakase – pratos especiais de sushi criados pelo chef – pode ser obtido pelo equivalente a cerca de US$ 29.500. E isto é apenas para você entrar: os clientes ainda terão de pagar por suas refeições, embora em dólares americanos.

Em entrevista, Rodolitz reconheceu que ser membro do clube não é só uma questão de comer bem, nem mesmo de ter uma experiência gastronômica sofisticada. “Grande parte da história tem a ver com o status social”, disse ele. “As pessoas estão se comunicando digitalmente sobre o que gostam e quem são”. Rodolitz comparou os NFTs aos símbolos tradicionais de status, como bolsas ou tênis de grife, que as pessoas usam para expressar seus gostos e bens.

“Agora estamos olhando para o LinkedIn, mas daqui a cinco anos, para ver quem as pessoas são, vamos ver a carteira digital da pessoa”, disse ele.

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Alguns investidores e traders estão comprando os NFTs Flyfish sem planos de pisar no espaço. Mas um clube de sucesso depende, em última análise, das pessoas que realmente o frequentam, e Rodolitz diz que reteve 1.500 tokens adicionais que podem ser distribuídos mais tarde, possivelmente como presentes para várias colaborações. Para aqueles que frequentam o clube, a equipe Flyfish também está posicionando o título de membro baseado em NFT como um investimento melhor do que os clubes tradicionais. Os proprietários dos tokens podem vendê-los ou até mesmo alugá-los para outras pessoas, observou ele, ao contrário de um clube de campo ou clube social, como o Soho House. Mas os lucros, obviamente, dependem da demanda contínua.

Conceito novo

O conceito é relativamente novo e não foi testado – e não apenas como restaurante. As comunidades NFT, ou grupos de pessoas que possuem NFTs semelhantes, geralmente se reúnem online (um grupo chamado Bored Ape Yacht Club é um exemplo proeminente), ou seu foco geralmente é o “metaverso”, o mundo virtual onde as pessoas podem comprar imóveis, arte e até comida. É incomum fazer um NFT centrado numa localização física e numa experiência da vida real – neste caso, o acesso para comer em determinado restaurante.

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Merav Ozair, especialista em blockchain e professora de fintech da Rutgers Business School, diz que esse tipo de uso de NFTs pode ser novo, mas que ela espera que muitas outras marcas sigam o exemplo. “Quando pensam em NFTs, as pessoas pensam em coisas fofas, no Beeple, em arte extravagante”, diz ela, referindo-se ao artista cujo NFT foi vendido por mais de US$ 69 milhões num leilão da Christie’s. Mas ela acha que os NFTs têm potencial para um uso mais amplo, como a maneira como o Flyfish permitirá que as pessoas possuam, aluguem e vendam seus títulos de membro.

O poder dos NFTs é a autenticação – eles facilitam a transição de propriedade”, disse Ozair. “Quando você pensa nisso, tudo na sua vida vira uma questão de transferência de propriedade”.

Rodolitz diz que entende que, para fazer o novo projeto funcionar, o clube em si precisará atender às expectativas dos membros. A localização ainda não foi determinada, e seu site diz apenas que será “em um dos edifícios mais bonitos que existem”. Rodolitz diz que a construção do espaço de quase mil metros quadrados custará milhões. E ainda tem a comida. O omakase será preparado por Masashi Ito, veterano do Sushi Zo, restaurante de Nova York estrelado pelo guia Michelin, e um dos chefs do Ito, outro restaurante do grupo VCR.

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Quem comandará o preparado doomakase seráMasashi Ito, doSushi Zo Foto: Divulgação/Flyfish Club

O omakase, muitas vezes servido em restaurantes japoneses sofisticados e por preços de até centenas de dólares por cabeça, virou um dos pilares do jantar de ostentação, uma tendência que o blog Eater NY descreveu como o “máximo do jantar” num punhado de lugares “oligárquicos” da cidade.

E, como tantas outras coisas no mundo das criptomoedas e NFTs, a equipe Flyfish está fazendo grandes promessas. Além da entrada no restaurante, os membros terão acesso a “várias experiências culinárias, culturais e sociais”. Até agora, antes da abertura do espaço Flyfish no ano que vem, isso significou uma festa num barco particular em Miami e um evento pop-up nos Hamptons, além de degustações de omakase e vinhos.

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Outros restaurantes – mesmo aqueles que não têm toalhas de mesa brancas – estão se interessando por NFTs. As redes Dave and Buster's e Burger King lançaram programas de fidelidade nos quais os usuários podem coletar NFTs da marca para obter recompensas reais e digitais.

E as personalidades gastronômicas e donos de restaurantes Tom Colicchio e Spike Mendelsohn anunciaram no mês passado um plano para vender NFTs com tema de pizza, dando aos proprietários acesso a eventos presenciais e virtuais com outros chefs famosos, embora os detalhes do projeto ainda não estejam claros. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Os NFTs vêm entrando cada vez mais no mundo dos restaurantes (aparentemente junto com todas as outras esferas, da arte à política). E, por isso, parecia inevitável que surgisse um restaurante (cujos fundadores afirmam ser o primeiro desse tipo) que essencialmente oferece entrada somente para os detentores de um certo número de tokens não fungíveis.

O restaurante tem previsão de abertura para 2023 Foto: UNSPLASH

O Flyfish Club, que deve abrir num local ainda a ser anunciado em Manhattan no primeiro semestre do ano que vem, será um clube de jantar de luxo, “inspirado nos frutos do mar”, do VCR Group, um grupo de hotéis e restaurantes que tem como um dos sócios Gary Vaynerchuk, empreendedor e cofundador do sistema de reservas online Resy. Para ter acesso ao clube, os membros precisam ter um Flyfish NFT, que é um ativo digital exclusivo, armazenado em blockchain e comprado com criptomoeda. A empresa lançou 1.501 tokens este mês, arrecadando cerca de US$ 15 milhões, de acordo com David Rodolitz, fundador e CEO do VCR.

Na sexta-feira à tarde, você podia comprar um token para membros regulares no mercado secundário pelo equivalente a cerca de US$ 13.600. Um token que dá ao titular acesso a um nível ainda mais exclusivo, com acesso a uma sala privada que serve omakase – pratos especiais de sushi criados pelo chef – pode ser obtido pelo equivalente a cerca de US$ 29.500. E isto é apenas para você entrar: os clientes ainda terão de pagar por suas refeições, embora em dólares americanos.

Em entrevista, Rodolitz reconheceu que ser membro do clube não é só uma questão de comer bem, nem mesmo de ter uma experiência gastronômica sofisticada. “Grande parte da história tem a ver com o status social”, disse ele. “As pessoas estão se comunicando digitalmente sobre o que gostam e quem são”. Rodolitz comparou os NFTs aos símbolos tradicionais de status, como bolsas ou tênis de grife, que as pessoas usam para expressar seus gostos e bens.

“Agora estamos olhando para o LinkedIn, mas daqui a cinco anos, para ver quem as pessoas são, vamos ver a carteira digital da pessoa”, disse ele.

Alguns investidores e traders estão comprando os NFTs Flyfish sem planos de pisar no espaço. Mas um clube de sucesso depende, em última análise, das pessoas que realmente o frequentam, e Rodolitz diz que reteve 1.500 tokens adicionais que podem ser distribuídos mais tarde, possivelmente como presentes para várias colaborações. Para aqueles que frequentam o clube, a equipe Flyfish também está posicionando o título de membro baseado em NFT como um investimento melhor do que os clubes tradicionais. Os proprietários dos tokens podem vendê-los ou até mesmo alugá-los para outras pessoas, observou ele, ao contrário de um clube de campo ou clube social, como o Soho House. Mas os lucros, obviamente, dependem da demanda contínua.

Conceito novo

O conceito é relativamente novo e não foi testado – e não apenas como restaurante. As comunidades NFT, ou grupos de pessoas que possuem NFTs semelhantes, geralmente se reúnem online (um grupo chamado Bored Ape Yacht Club é um exemplo proeminente), ou seu foco geralmente é o “metaverso”, o mundo virtual onde as pessoas podem comprar imóveis, arte e até comida. É incomum fazer um NFT centrado numa localização física e numa experiência da vida real – neste caso, o acesso para comer em determinado restaurante.

Merav Ozair, especialista em blockchain e professora de fintech da Rutgers Business School, diz que esse tipo de uso de NFTs pode ser novo, mas que ela espera que muitas outras marcas sigam o exemplo. “Quando pensam em NFTs, as pessoas pensam em coisas fofas, no Beeple, em arte extravagante”, diz ela, referindo-se ao artista cujo NFT foi vendido por mais de US$ 69 milhões num leilão da Christie’s. Mas ela acha que os NFTs têm potencial para um uso mais amplo, como a maneira como o Flyfish permitirá que as pessoas possuam, aluguem e vendam seus títulos de membro.

O poder dos NFTs é a autenticação – eles facilitam a transição de propriedade”, disse Ozair. “Quando você pensa nisso, tudo na sua vida vira uma questão de transferência de propriedade”.

Rodolitz diz que entende que, para fazer o novo projeto funcionar, o clube em si precisará atender às expectativas dos membros. A localização ainda não foi determinada, e seu site diz apenas que será “em um dos edifícios mais bonitos que existem”. Rodolitz diz que a construção do espaço de quase mil metros quadrados custará milhões. E ainda tem a comida. O omakase será preparado por Masashi Ito, veterano do Sushi Zo, restaurante de Nova York estrelado pelo guia Michelin, e um dos chefs do Ito, outro restaurante do grupo VCR.

Quem comandará o preparado doomakase seráMasashi Ito, doSushi Zo Foto: Divulgação/Flyfish Club

O omakase, muitas vezes servido em restaurantes japoneses sofisticados e por preços de até centenas de dólares por cabeça, virou um dos pilares do jantar de ostentação, uma tendência que o blog Eater NY descreveu como o “máximo do jantar” num punhado de lugares “oligárquicos” da cidade.

E, como tantas outras coisas no mundo das criptomoedas e NFTs, a equipe Flyfish está fazendo grandes promessas. Além da entrada no restaurante, os membros terão acesso a “várias experiências culinárias, culturais e sociais”. Até agora, antes da abertura do espaço Flyfish no ano que vem, isso significou uma festa num barco particular em Miami e um evento pop-up nos Hamptons, além de degustações de omakase e vinhos.

Outros restaurantes – mesmo aqueles que não têm toalhas de mesa brancas – estão se interessando por NFTs. As redes Dave and Buster's e Burger King lançaram programas de fidelidade nos quais os usuários podem coletar NFTs da marca para obter recompensas reais e digitais.

E as personalidades gastronômicas e donos de restaurantes Tom Colicchio e Spike Mendelsohn anunciaram no mês passado um plano para vender NFTs com tema de pizza, dando aos proprietários acesso a eventos presenciais e virtuais com outros chefs famosos, embora os detalhes do projeto ainda não estejam claros. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Os NFTs vêm entrando cada vez mais no mundo dos restaurantes (aparentemente junto com todas as outras esferas, da arte à política). E, por isso, parecia inevitável que surgisse um restaurante (cujos fundadores afirmam ser o primeiro desse tipo) que essencialmente oferece entrada somente para os detentores de um certo número de tokens não fungíveis.

O restaurante tem previsão de abertura para 2023 Foto: UNSPLASH

O Flyfish Club, que deve abrir num local ainda a ser anunciado em Manhattan no primeiro semestre do ano que vem, será um clube de jantar de luxo, “inspirado nos frutos do mar”, do VCR Group, um grupo de hotéis e restaurantes que tem como um dos sócios Gary Vaynerchuk, empreendedor e cofundador do sistema de reservas online Resy. Para ter acesso ao clube, os membros precisam ter um Flyfish NFT, que é um ativo digital exclusivo, armazenado em blockchain e comprado com criptomoeda. A empresa lançou 1.501 tokens este mês, arrecadando cerca de US$ 15 milhões, de acordo com David Rodolitz, fundador e CEO do VCR.

Na sexta-feira à tarde, você podia comprar um token para membros regulares no mercado secundário pelo equivalente a cerca de US$ 13.600. Um token que dá ao titular acesso a um nível ainda mais exclusivo, com acesso a uma sala privada que serve omakase – pratos especiais de sushi criados pelo chef – pode ser obtido pelo equivalente a cerca de US$ 29.500. E isto é apenas para você entrar: os clientes ainda terão de pagar por suas refeições, embora em dólares americanos.

Em entrevista, Rodolitz reconheceu que ser membro do clube não é só uma questão de comer bem, nem mesmo de ter uma experiência gastronômica sofisticada. “Grande parte da história tem a ver com o status social”, disse ele. “As pessoas estão se comunicando digitalmente sobre o que gostam e quem são”. Rodolitz comparou os NFTs aos símbolos tradicionais de status, como bolsas ou tênis de grife, que as pessoas usam para expressar seus gostos e bens.

“Agora estamos olhando para o LinkedIn, mas daqui a cinco anos, para ver quem as pessoas são, vamos ver a carteira digital da pessoa”, disse ele.

Alguns investidores e traders estão comprando os NFTs Flyfish sem planos de pisar no espaço. Mas um clube de sucesso depende, em última análise, das pessoas que realmente o frequentam, e Rodolitz diz que reteve 1.500 tokens adicionais que podem ser distribuídos mais tarde, possivelmente como presentes para várias colaborações. Para aqueles que frequentam o clube, a equipe Flyfish também está posicionando o título de membro baseado em NFT como um investimento melhor do que os clubes tradicionais. Os proprietários dos tokens podem vendê-los ou até mesmo alugá-los para outras pessoas, observou ele, ao contrário de um clube de campo ou clube social, como o Soho House. Mas os lucros, obviamente, dependem da demanda contínua.

Conceito novo

O conceito é relativamente novo e não foi testado – e não apenas como restaurante. As comunidades NFT, ou grupos de pessoas que possuem NFTs semelhantes, geralmente se reúnem online (um grupo chamado Bored Ape Yacht Club é um exemplo proeminente), ou seu foco geralmente é o “metaverso”, o mundo virtual onde as pessoas podem comprar imóveis, arte e até comida. É incomum fazer um NFT centrado numa localização física e numa experiência da vida real – neste caso, o acesso para comer em determinado restaurante.

Merav Ozair, especialista em blockchain e professora de fintech da Rutgers Business School, diz que esse tipo de uso de NFTs pode ser novo, mas que ela espera que muitas outras marcas sigam o exemplo. “Quando pensam em NFTs, as pessoas pensam em coisas fofas, no Beeple, em arte extravagante”, diz ela, referindo-se ao artista cujo NFT foi vendido por mais de US$ 69 milhões num leilão da Christie’s. Mas ela acha que os NFTs têm potencial para um uso mais amplo, como a maneira como o Flyfish permitirá que as pessoas possuam, aluguem e vendam seus títulos de membro.

O poder dos NFTs é a autenticação – eles facilitam a transição de propriedade”, disse Ozair. “Quando você pensa nisso, tudo na sua vida vira uma questão de transferência de propriedade”.

Rodolitz diz que entende que, para fazer o novo projeto funcionar, o clube em si precisará atender às expectativas dos membros. A localização ainda não foi determinada, e seu site diz apenas que será “em um dos edifícios mais bonitos que existem”. Rodolitz diz que a construção do espaço de quase mil metros quadrados custará milhões. E ainda tem a comida. O omakase será preparado por Masashi Ito, veterano do Sushi Zo, restaurante de Nova York estrelado pelo guia Michelin, e um dos chefs do Ito, outro restaurante do grupo VCR.

Quem comandará o preparado doomakase seráMasashi Ito, doSushi Zo Foto: Divulgação/Flyfish Club

O omakase, muitas vezes servido em restaurantes japoneses sofisticados e por preços de até centenas de dólares por cabeça, virou um dos pilares do jantar de ostentação, uma tendência que o blog Eater NY descreveu como o “máximo do jantar” num punhado de lugares “oligárquicos” da cidade.

E, como tantas outras coisas no mundo das criptomoedas e NFTs, a equipe Flyfish está fazendo grandes promessas. Além da entrada no restaurante, os membros terão acesso a “várias experiências culinárias, culturais e sociais”. Até agora, antes da abertura do espaço Flyfish no ano que vem, isso significou uma festa num barco particular em Miami e um evento pop-up nos Hamptons, além de degustações de omakase e vinhos.

Outros restaurantes – mesmo aqueles que não têm toalhas de mesa brancas – estão se interessando por NFTs. As redes Dave and Buster's e Burger King lançaram programas de fidelidade nos quais os usuários podem coletar NFTs da marca para obter recompensas reais e digitais.

E as personalidades gastronômicas e donos de restaurantes Tom Colicchio e Spike Mendelsohn anunciaram no mês passado um plano para vender NFTs com tema de pizza, dando aos proprietários acesso a eventos presenciais e virtuais com outros chefs famosos, embora os detalhes do projeto ainda não estejam claros. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

Os NFTs vêm entrando cada vez mais no mundo dos restaurantes (aparentemente junto com todas as outras esferas, da arte à política). E, por isso, parecia inevitável que surgisse um restaurante (cujos fundadores afirmam ser o primeiro desse tipo) que essencialmente oferece entrada somente para os detentores de um certo número de tokens não fungíveis.

O restaurante tem previsão de abertura para 2023 Foto: UNSPLASH

O Flyfish Club, que deve abrir num local ainda a ser anunciado em Manhattan no primeiro semestre do ano que vem, será um clube de jantar de luxo, “inspirado nos frutos do mar”, do VCR Group, um grupo de hotéis e restaurantes que tem como um dos sócios Gary Vaynerchuk, empreendedor e cofundador do sistema de reservas online Resy. Para ter acesso ao clube, os membros precisam ter um Flyfish NFT, que é um ativo digital exclusivo, armazenado em blockchain e comprado com criptomoeda. A empresa lançou 1.501 tokens este mês, arrecadando cerca de US$ 15 milhões, de acordo com David Rodolitz, fundador e CEO do VCR.

Na sexta-feira à tarde, você podia comprar um token para membros regulares no mercado secundário pelo equivalente a cerca de US$ 13.600. Um token que dá ao titular acesso a um nível ainda mais exclusivo, com acesso a uma sala privada que serve omakase – pratos especiais de sushi criados pelo chef – pode ser obtido pelo equivalente a cerca de US$ 29.500. E isto é apenas para você entrar: os clientes ainda terão de pagar por suas refeições, embora em dólares americanos.

Em entrevista, Rodolitz reconheceu que ser membro do clube não é só uma questão de comer bem, nem mesmo de ter uma experiência gastronômica sofisticada. “Grande parte da história tem a ver com o status social”, disse ele. “As pessoas estão se comunicando digitalmente sobre o que gostam e quem são”. Rodolitz comparou os NFTs aos símbolos tradicionais de status, como bolsas ou tênis de grife, que as pessoas usam para expressar seus gostos e bens.

“Agora estamos olhando para o LinkedIn, mas daqui a cinco anos, para ver quem as pessoas são, vamos ver a carteira digital da pessoa”, disse ele.

Alguns investidores e traders estão comprando os NFTs Flyfish sem planos de pisar no espaço. Mas um clube de sucesso depende, em última análise, das pessoas que realmente o frequentam, e Rodolitz diz que reteve 1.500 tokens adicionais que podem ser distribuídos mais tarde, possivelmente como presentes para várias colaborações. Para aqueles que frequentam o clube, a equipe Flyfish também está posicionando o título de membro baseado em NFT como um investimento melhor do que os clubes tradicionais. Os proprietários dos tokens podem vendê-los ou até mesmo alugá-los para outras pessoas, observou ele, ao contrário de um clube de campo ou clube social, como o Soho House. Mas os lucros, obviamente, dependem da demanda contínua.

Conceito novo

O conceito é relativamente novo e não foi testado – e não apenas como restaurante. As comunidades NFT, ou grupos de pessoas que possuem NFTs semelhantes, geralmente se reúnem online (um grupo chamado Bored Ape Yacht Club é um exemplo proeminente), ou seu foco geralmente é o “metaverso”, o mundo virtual onde as pessoas podem comprar imóveis, arte e até comida. É incomum fazer um NFT centrado numa localização física e numa experiência da vida real – neste caso, o acesso para comer em determinado restaurante.

Merav Ozair, especialista em blockchain e professora de fintech da Rutgers Business School, diz que esse tipo de uso de NFTs pode ser novo, mas que ela espera que muitas outras marcas sigam o exemplo. “Quando pensam em NFTs, as pessoas pensam em coisas fofas, no Beeple, em arte extravagante”, diz ela, referindo-se ao artista cujo NFT foi vendido por mais de US$ 69 milhões num leilão da Christie’s. Mas ela acha que os NFTs têm potencial para um uso mais amplo, como a maneira como o Flyfish permitirá que as pessoas possuam, aluguem e vendam seus títulos de membro.

O poder dos NFTs é a autenticação – eles facilitam a transição de propriedade”, disse Ozair. “Quando você pensa nisso, tudo na sua vida vira uma questão de transferência de propriedade”.

Rodolitz diz que entende que, para fazer o novo projeto funcionar, o clube em si precisará atender às expectativas dos membros. A localização ainda não foi determinada, e seu site diz apenas que será “em um dos edifícios mais bonitos que existem”. Rodolitz diz que a construção do espaço de quase mil metros quadrados custará milhões. E ainda tem a comida. O omakase será preparado por Masashi Ito, veterano do Sushi Zo, restaurante de Nova York estrelado pelo guia Michelin, e um dos chefs do Ito, outro restaurante do grupo VCR.

Quem comandará o preparado doomakase seráMasashi Ito, doSushi Zo Foto: Divulgação/Flyfish Club

O omakase, muitas vezes servido em restaurantes japoneses sofisticados e por preços de até centenas de dólares por cabeça, virou um dos pilares do jantar de ostentação, uma tendência que o blog Eater NY descreveu como o “máximo do jantar” num punhado de lugares “oligárquicos” da cidade.

E, como tantas outras coisas no mundo das criptomoedas e NFTs, a equipe Flyfish está fazendo grandes promessas. Além da entrada no restaurante, os membros terão acesso a “várias experiências culinárias, culturais e sociais”. Até agora, antes da abertura do espaço Flyfish no ano que vem, isso significou uma festa num barco particular em Miami e um evento pop-up nos Hamptons, além de degustações de omakase e vinhos.

Outros restaurantes – mesmo aqueles que não têm toalhas de mesa brancas – estão se interessando por NFTs. As redes Dave and Buster's e Burger King lançaram programas de fidelidade nos quais os usuários podem coletar NFTs da marca para obter recompensas reais e digitais.

E as personalidades gastronômicas e donos de restaurantes Tom Colicchio e Spike Mendelsohn anunciaram no mês passado um plano para vender NFTs com tema de pizza, dando aos proprietários acesso a eventos presenciais e virtuais com outros chefs famosos, embora os detalhes do projeto ainda não estejam claros. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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