Sushis e sashimis são onipresentes na cidade que abriga a maior colônia japonesa fora do Japão. O lámen já é velho conhecido. E agora o paulistano anda frequentando os botecos japoneses, os izakayas (pronuncia-se izakaiás). Já faz algum tempo que eles saíram da Liberdade e estão se espalhando pela cidade. Divertidos, baratos, descontraídos, com boa comida e boa bebida, estão cada vez mais populares. E se você ainda não conhece, eis sua chance. Preparamos um roteiro dos melhores da cidade, com sugestões do que comer em cada um deles.
Mas, antes de atravessar o noren, aquela cortininha da entrada, tem algumas coisas que você precisa saber. Primeiro, não espere encontrar peixe cru no cardápio. Izakaya não é bar de sushi – é lugar de petisco, o negócio ali são as porções e alguns pratos típicos desse tipo de estabelecimento (eles são bons de karê, o curry japonês, têm sempre uma berinjela com missô, ótimas frituras como o tonkatsu...). Mas nada sofisticado.
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O balcão é quase obrigatório num izakaya (mesmo que ele não ofereça banquetas para acomodar os clientes, está ali, separando a cozinha do salão) e é o melhor lugar da casa. Se conseguir, sente-se ali e acompanhe os trabalhos.
Prepare-se para o ambiente caótico, apertado e para a possibilidade de dividir a mesa com um desconhecido – não é regra, mas de vez em quando acontece e, nesse caso, não precisa puxar papo, basta uma risadinha protocolar.
Esses botecos nasceram administrados por famílias, que se dividem entre a cozinha e o salão – daí a simplicidade do ambiente. No Japão, há aproximadamente um milhão e meio de izakayas e 75% deles são pequenos e familiares.
Nas cidades japonesas, parar no izakaya depois do trabalho é praxe, por isso a ideia é que ele seja um lugar para conversar e beber descontraidamente. Antes de terem comida, esses estabelecimentos ofereciam só bebida. Originalmente, no Japão, eram classificados pela qualidade da bebida, porém a partir dos anos 2000 as casas reforçaram o cardápio, como conta Jo Takahashi em seu livro Izakaya (ed. Melhoramentos), e a gastronomia passou a ser importante.
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A equipe do Paladar percorreu os izakayas paulistanos para selecionar os melhores. Participaram da maratona a editora, Patrícia Ferraz, as repórteres Carla Peralva, Renata Mesquita, Ana Paula Boni e Laíssa Barros. A edição contou também com a participação especial do jornalista Jorge J. Okubaro.
YORIMICHI
Eis um boteco japonês estiloso, montado em torno de um amplo e bonito balcão de madeira. É atrás dele que as coisas acontecem, mais exatamente em uma grelha, que é a alma da casa. Dali saem os espetinhos que fizeram a fama do lugar – e, não por acaso, são realmente deliciosos.
O cardápio é extenso, trata bem os vegetais, contempla os adeptos das carnes e instiga o paladar com bons molhos e marinadas. Não esqueça de reservar, o movimento é intenso. E prepare o bolso, pode sair caro. O defeito? A exaustão: você vai comer bem, mas prepare-se para sair dali defumado.
Vale a pena: vá pedindo aos poucos e seja egoísta, os pratos não são para dividir. Não perca: o yakitori de sobrecoxa de frango com cebolinha; e o quiabo na brasa.Bebidas: boa oferta de saquês e uísques. Tem cerveja também.Ambiente: moderno, decorado com bom gosto. Público: japonês masculino; mas há casais ocidentais.Serviço. R. Otávio Nébias, 203, Paraíso, 3052-0029. 18h30/0h30 (fecha dom.).
Yorimichi
DONCHAN
Ao entrar no diminuto salão, não é possível saber de pronto o que esperar do restaurante de Taka Higushi (que também toca o Kintaro com sua mãe, Líria, e o irmão Yoshi), aberto em setembro do ano passado. Então, aqui vai um spoiler: cardápio enxuto com boa comida e performances intensas no karaokê, com músicas em português, inglês e, claro, japonês. Se você der sorte, vai ver Taka saindo da cozinha e empunhando o microfone para começar a cantoria e quebrar a timidez dos novatos.
Vale a pena: sentar no balcão, conversar com Fernando Kuroda (o Waka, que já tocou o Bueno) e participar da cantoria. Mesmo que você não queira assumir o “palco”, participe ajudando no coro e curtindo as apresentações. Não perca: comece a refeição com morokyu (R$ 20), tiras de pepino servidas com missô e folhas de shissô, simples e surpreendentemente saboroso. Depois, aposte no buta no kakuni (R$ 20), pancetta cozida com missô que derrete na boca, e kare raisu (R$ 35), karê de ossobuco servido em uma tigelinha com arroz e ovo estalado, para confortar até o dias mais difíceis.Bebidas: duas opções de saquê e duas de soju, destilado sul-coreano, além de Heineken e drinques clássicos. Uma sugestão: peça a caipirinha feita com soju. Ambiente: na entrada, fica o balcão com um pequeno bar e a tela do karaokê. Para trás, mesinhas que acomodam grupos maiores. A pouca decoração remete ao universo do sumô, esporte praticado por Taka e Waka. Público: variado, na faixa dos 30 anos, além de amantes do karaokê tradicional. Serviço. R. Batataes, 380, Jardim Paulista. 99343-1421. 19h/2h (fecha dom. e seg.).
Donchan
QUITO QUITO
Kaori Muranaka, chef e proprietária, encontrou no dialeto falado na província de Toyama a inspiração para o nome de seu izakaya, o Quito Quito. A palavra, grafada de forma aportuguesada para facilitar a leitura, significa comida natural e fresca. “Fresquinha”, como diz Kaori, referindo-se especialmente a peixes e frutos do mar usados na preparação do sashimi combinado (R$ 107,80) – vem pelo menos cinco variedades –, o item mais pedido do cardápio.
Mais do que pelas ótimas fatias do peixe cru, porém, a visita ao Quito Quito vale pelos outros pratos apresentados num cardápio que cabe numa folha de papel ofício manuscrito em japonês e, em muitos casos, também em português.
Torikawa (R$ 19,80) é a pele de frango cozida com tempero suave e coberta com cebolas e cebolinhas. Kakuni (R$ 41,80), prato típico de Nagasaki, é a carne da barriga de porco, sem a gordura, cozida em molho suave e servida em cubos. Karaage de peixe inglês (R$ 41,80) tem o peixe frito inteiro, com a cabeça, crocante por fora e macio e úmido por dentro. No almoço, o cardápio varia com pratos que vão de R$ 40 a R$ 50. A visita ao Quito Quito é uma experiência inesquecível. Tudo é servido em louça japonesa.
Vale a pena: o tsubugai (R$ 52,80), sem tradução no cardápio (significa caracol), um excelente marisco fatiado, preparado com alho e óleo. Vem coberto de tiras de salsão e salsinha. Não perca: o gyutan (R$ 46,20), a língua de boi grelhada, de surpreendente consistência e sabor inesperado. É servida em tiras transversais cobertas com cubinhos de cebola.Público: predominantemente japoneses que trabalham para empresas e organizações do Japão instaladas em São Paulo. Até as 20h, a língua portuguesa é pouco ouvida. Bebidas: há cervejas como a Orion de 600 ml (R$ 35,20), de Okinawa, e a Kirin Ichiban Shibori de 335 ml (R$ 13,20); os saquês variam do nacional Azuma Kirin (R$ 99, 750 ml) ao japonês Dassai (R$ 420, 720 ml). Também tem opção de shochu.Serviço. Al. Campinas, 1.179, Jardins. 3586-4730. 12h/14h30 e 18h/ 22h30 (seg. e sáb., 18h/ 22h30; fecha dom.).
Quito Quito
YAMANOIE
Esta simpática casinha nasceu como bar de espera do Tanuki, restaurante vizinho e dos mesmos donos, na Vila Madalena. Mas logo ganhou sua própria fila de espera, não por acaso: a comida é excelente. São só porções (pequenas, diga-se, com preços de R$ 15 a R$ 35), dez expostas sobre o balcão e uma série à la carte.
Vale a pena: o menu omakasê, que custa R$ 75 e inclui sete porções, à escolha do chef, Samuel Eijiro, que passou pelo Shin Zushi e pelo Kan, entre outras casas.Não perca: o croquete de vôngole (R$ 25), cremoso e cheio de sabor, com uma crosta bem crocante e sequinha, de farinha panko. E a pancetta de porco grelhada (R$ 32), selada, cozida em caldo de peixe com shoyu e saquê.Bebidas: os drinques, assinados pelo bartender Alexandre Carvalho, podem ser harmonizados com as porções. Há sete tipos de saquê, nacionais e importados, shochus, gins e vodcas.Ambiente: simples e simpático, decorado com toras formando um teto rebaixado e luminárias japonesas, mesas e lindos bancos de madeira. O único deslize é a geladeira, que quebra o clima, à entrada.Público: variado, típico da Vila Madalena, mais na faixa dos 30 e poucos anos.Serviço. R. Jericó, 279, Vila Madalena. 3814-3760. 18h30/22h45 (sex., 19h/23h45; sáb., 12h/15h45 e 19h/23h30; fecha dom.).
Yamanoie
ISSA
Dona Margarida virou personagem da cidade tamanha a fama da casa, com ela há quase dez anos. Espécie de nonna à japonesa, de cabelos claros, bate papo com a clientela fiel enquanto comanda as garçonetes no balcão. É ali que são preparados petiscos como o takoyaki (bolinhos de polvo com katsuobushi, raspas de peixe bonito), chamariz da casa; outros vêm da cozinha. O noren na porta ajuda a identificar o local, discreto numa rua movimentada. Se forem apenas duas pessoas, as meninas vão indicar o balcão – os tatames são para grupos.
Vale a pena: o takoyaki (R$ 42), o okonomiyaki (R$ 42, espécie de fritada de cará e ovo), a gyoza no vapor e o otoshi (entradinhas do dia, que sempre inclui conservas).Não perca: os tempurás sequinhos, aos moldes do que faz o marido de Margarida, Masanobu Haraguchi, no seu restaurante Ban. Prove o de camarão (R$ 85).Bebidas: uma parede com saquês, shochus e uísques japoneses hipnotiza quem se senta ao balcão, mas tem cervejas de 600 ml.Ambiente: apertadinho, ouve-se a conversa ao lado; os tatames são mais reservados, mesmo abertos.Público: sempre foi frequentado pela comunidade japonesa, mas, tamanha a fama, passou a atrair turistas nacionais e gringos.Serviço. R. Barão de Iguape, 89, Liberdade, 3208-8819. 18h30/23h30 (sáb. e dom., 11h30/15h30 e 18h/23h30h).
Issa
KIDOAIRAKU
Era figura constante à entrada da casa a mãe do chef Kakuzui Matsui, que ficava sentada vendo TV perto do balcão e morreu no ano passado. Mas o cantinho dela permanece ali, ajudando a manter a alma de residência do local, que fez 30 anos neste ano. Tocado por ele, na cozinha, e sua mulher, Luciana, no salão, o lugar só serve os petiscos à noite (no almoço, quem manda são os teishokus – peça o de tonkatsu, com a carne de porco empanada). A estrela dos petiscos é o nasu dengaku (R$ 37), berinjela primeiro frita com a casca, depois grelhada com missô.
Vale a pena: a porção de nirá refogado com ovo é boa para acompanhar o bebericar da noite, assim como a porção de tonkatsu (R$ 39), filé de porco em tirinhas empanadas, e a lula fatiada ao gengibre.Não perca: o nasu dengaku, berinjela que é praticamente um purê de umami, e os bowls bem servidos de macarrão lámen.Bebidas: tem um pouco de tudo, como saquês e shochus (não mais o destilado de batata-doce na garrafa vermelha, mas tem uma versão de trigo). Cerveja gelada Original, Heineken e a japonesa Kirin. Ambiente: familiar informal, tanto no almoço quanto à noite, seja no balcão ou nas mesas do salão; os filhos dos donos são vistos por ali sempre.Público: comunidade japonesa é mais frequente do que turistas; há sempre mais pessoas grisalhas do que jovens pelo salão.Serviço. R. São Joaquim, 394, Liberdade, 3207-8569. 11h30/13h45 e 18h30/22h (fecha dom.).
Kidoiraku
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KABURA
Pioneiro, o izakaya Kabura, dos irmãos Satoshi e Hitoshi Tanji, está no bairro da Liberdade há mais de 30 anos. Com um lindo noren, um grande balcão com vitrine de produtos que percorre todo o local, decoração rústica e cardápio tradicional, o lugar é um clássico. A grelha é a estrela da casa, por isso não deixe de provar pratos que saem dela. Para a experiência completa, coma no balcão bebericando uma cerveja ou um saquê. Um dos poucos na Liberdade que funcionam até mais tarde. Ah, só aceita dinheiro.
Vale a pena: anchova grelhada, especialidade da casa (preços de R$ 60 a R$ 120). Você escolhe o peixe e o vê sendo grelhado.Não perca: os espetinhos – shiitake, quiabo e berinjela com missô são ótimos aperitivos (entre R$ 7 e R$ 15).Bebidas: boa oferta de cerveja. Ambiente: rústico e tradicional, transporta o cliente ao Japão. Público: famílias japonesas e público acima dos 30 anos predominam por ali, apesar das exceções.Serviço. R. Galvão Bueno, 346, Liberdade. 3277-2918. 19h/1h30 (fecha dom.).
Kabura
MATSU
Aqui, a tradição da Liberdade encontra o despojamento de Pinheiros. O Matsu é o filho do tradicional izakaya Issa: foi aberto no início de 2015 pelos irmãos Sérgio e Lúcio Ouba, filhos de Dona Margarida (Issa) e de Masanobu Haraguchi (Ban). Tem pratos típicos de boteco japonês executados com excelência, mas com ar mais moderno e “compreensível” para os brasileiros. À noite, há pratos quentes e petiscos. Na hora do almoço, teishokus (o PF japonês), com apenas uma opção, que muda a cada dia.
Vale a pena: sentar-se ao balcão e apostar em pratos para dividir. Perfeito para happy hour com amigos. Vá pedindo aos poucos. Não perca: katsu sando (R$ 28), sanduíche de lombo de porco à milanesa no pão de forma com o incrível molho da casa; nasu dengaku (R$ 23), berinjela frita com cobertura de missô e gergelim; e tonkatsu karê (R$ 42), lombo suíno à milanesa servido com curry e arroz, eleito um dos 100 melhores pratos da cidade pelo Paladar. Bebidas: suas opções de saquê e de shochu. Cervejas, caipirinhas e drinques com shochu e uísque. Ambiente: apertado, informal. Público: variado, descontraído.Serviço. Av. Pedroso de Morais, 403, Pinheiros. 3812-9439. 11h30/14h30 e 18h/23h (sáb. 18h/23h; fecha domingo).
Matsu
BOHN
Toque a campainha. A sorridente, mas desconfiada, Hiromi Shimizu é quem abre a porta para o que poderia ser a sala de sua casa, discreta e elegante. No balcão, ela e o marido passam a noite conversando com os clientes cativos, expatriados engravatados, descontraídos pelo saquê. A aura de segredo é tanta que nem fotos pudemos fazer para esta edição. O menu-degustação (R$ 160 ou R$ 190) muda todos os dias – por isso, o cardápio é escrito à mão diariamente, em japonês. Também há pratos de izakaya, como buta no kakuni (R$ 45) e okonomiyaki (R$ 55). Precisa de reserva.
Serviço: R. Marília, 95, Jd. Paulista, 3283-1799. A partir de 19h (fecha ter.).
BUENO
O Bueno nasceu na Liberdade, mas há alguns anos se mudou para a Alameda Santos. Na mudança, perdeu parte do charme, dizem os frequentadores. De fato o ambiente não é dos mais acolhedores. O cardápio combina pratos tradicionais de izakaya e da culinária coreana, caso do bibimbap (R$ 46), mexido de carne, arroz e vegetais que faz bastante sucesso.
Vale a pena: ir no almoço para provar os famosos teishokus saborosos e substanciosos, que variam a cada dia da semana. E à noite para provar os petiscos.Não perca: a língua de boi grelhada em fatias, ou gyutan-shio (R$ 25). Também não dá para deixar de provar o buta no kakuni (R$ 18), porção de barriga de porco extra macia cozida no saquê. Bebidas: o forte do bar são as cervejas nacionais e japonesas, que combinam bem com a comida pesada. E tem também uma boa seleção de saquês.Ambiente: nem lá, nem cá. Tem referências orientais, o tradicional balcão com alguns bancos altos, mas tem um quê de mais moderno e comercial. Há algumas mesas no andar superior, o balcão é o melhor lugar da casa, sem a menor dúvida. l Público: bem variado devido a sua localização, próxima à Avenida Paulista. Serviço. Al. Santos, 835, Cerqueira César. 2386-8035. 11h30/14h30 e 18h/22h30 (fecha domingo).
KINTARO
Tocado há mais de 20 anos pela dona Líria Higuchi, com a ajuda dos filhos Taka e Yoshi, o Kintaro é um izakaya localizado em uma simpática portinha na Rua Thomaz Gonzaga, na Liberdade. Não se deixe levar pelo tamanho. O lugar, que é praticamente do tamanho de seu balcão, oferece excelentes comida e atendimento. Aberto das 7h da manhã até as 23h, tem como especialidade as pequenas porções de aperitivos típicas de izakaya, além de petiscos bem brasileiros, todos feitos por dona Líria. Descontraído e acolhedor, é bom para ir com amigos, que se espalham pela calçada.
Vale a pena: a porção de sardinha marinada (R$ 15). Você vai querer repetir. É uma espécie de ceviche de sardinha com receita secretíssima de dona Líria. Não perca: as porções de berinjela no missô, dobradinha e costelinha (cada uma a R$ 15) são perfeitas para dividir com amigos, mas também dá para devorar sozinho. Bebidas: não esqueça de pedir pelo menos uma dose do saquê Ozeki (R$ 25 a dose), geladíssimo. Combina com todas as porções. Ambiente: pequeno no tamanho, gigante na simpatia do atendimento. Boteco descontraído.Público: de 20 a 40 anos, geralmente bem animado.Serviço. R. Thomaz Gonzaga, 57, Liberdade. 3277-9124. 7h/23h (sex., até 0h; sáb., até 21h; fecha dom.).
OMOIDE SAKABA
Aberto em agosto do ano passado, esse izakaya sai completamente da rota tradicional. Seu público é majoritariamente nipônico, ali se ouve mais japonês do que português. O nome, omoide, significa lembrança. Ao atravessar o noren encontra-se um legítimo boteco japonês, frequentado majoritariamente por homens – como no Japão –, de ambiente simples. O atendimento é bem simpático, atencioso. E o foco da cozinha está nos espetinhos, bem feitos e variados.
Vale a pena: é um lugar onde se ter a experiência legítima de um izakaya, em sua simplicidade. É fácil se sentir do outro lado do mundo. Sente-se no balcão e entregue-se às sugestões do dono, Cláudio, que gosta de explicar tudo com paciência e simpatia. Adora contar como são os izakayas no Japão.Não perca: o neguimá tare (R$ 6,50, foto), o espetinho de frango com molho tare grelhado, simples e cheio de sabor. O karaague (R$ 9), outra receita onipresente nos cardápios de izakaya, é traduzido como um frango à passarinho, mas o prato é muito mais do que isso, e aqui chega servido com molho ponzu, delicioso. Bebidas: atende bem o público tanto com saquês e shochus como com reconhecidos uísques japoneses. Tem também boa seleção de cervejas nacionais. Ambiente: fachada bem discreta, quase passa despercebida. O salão é bem tradicional, com mesas e balcão de madeira com poucos lugares. A decoração se completa com luminárias japonesas. Os donos usaram como referência os izakayas dos anos 70 no Japão. Público: a maioria são homens, acima dos 40 anos, em grupos ou mesmo sozinhos. Mas não há motivos para se intimidar, os atendentes são muito atenciosos. Serviço. R. Luís Góis, 1574,Mirandópolis. 3459-3292.18h/23h (fecha dom.).
Omoide Sakaba
TOKI
Tradicionalistas podem não considerar o Toki um legítimo izakaya. Em meio ao buxixo de Pinheiros, o lugar, aberto no ano passado, tem ambiente bem moderninho e cardápio que avança sobre receitas inventivas. Mas não faltam pratos tradicionais de izakaya.
Vale a pena: ir sem pressa, com o espírito descontraído. Peça vários pratos para dividir e acompanhe a comida com drinques. É o tipo de boteco para ir com amigos. Não perca: entre os clássicos, nasu dengaku (R$ 19), que é berinjela em nacos besuntada com um viscoso molho de missô adocicado e gergelim. Do lado contemporâneo da casa, prove o orange chicken (R$ 29), uma sobrecoxa de frango empanada, crocante, servida com molho agridoce de laranja sobre gohan.Bebidas: agrada a gregos e troianos. Carta de drinques inclui tradicionais e autorais. Há cervejas nacionais, japonesas e artesanais e, como não podia faltar, uma seleção bem pensada de saquês. Ambiente: descontraído, foge do caricato – muito concreto na decoração e uma parede amarela dão o tom –, está mais para Nova York do que para Tóquio. A maioria dos lugares para se sentar estão espalhados ao longo balcão, de frente para a grelha e para o bar.Público: jovens na faixa dos 30 anos começam cedo a ocupar o balcão para a happy hour. Serviço. R. Artur de Azevedo, 986, Pinheiros. 3061-2349. 11h30/14h30 e 19h/23h (fecha dom.).