Uma pizza com a cara da nova Mooca


A moderninha Pizza da Mooca completa cinco anos servindo boa pizza no coração de um dos bairros mais antigos da cidade

Por José Orenstein

“A pizza da Mooca”, para mim, era a da São Pedro. Não sou mooquense, mas ia lá na histórica pizzaria do bairro com o seu Boris. Saudoso pai de um amigo, ele tinha um bigodinho cofiado, careca lustrosa e humor vivíssimo. Comerciante do Brás, era um paulistano típico: não nascido aqui e, no entanto, amante desta cidade. Tinha roteiros, manias, tradições: na São Pedro, pizza era no balcão, individual.

Moderninha da Mooca. Tijolo aparente e lâmpadas incandescentes. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

O filho do seu Boris desconfiou quando o chamei para A Pizza da Mooca, que não era a São Pedro (nem o balcão do Angelo, da Rua Sapucaia). Chegamos lá suspeitosos de uma Pinheirização da Mooca: salão pequenino, luz baixa, música moderninha, garçons jovens, tijolo aparente e lâmpadas incandescentes da moda compunham o cenário. 

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Mas logo nossos receios preconceituosos viraram farelo. Pois a nova pizza da Mooca é deliciosa. Antes de chegar a ela, começamos com suppli al telefone, um bolinho que é um bolão de arroz arbóreo. É uma boa fritura empanada em farinha de pão, recheada com mussarela e tomate. Os coquetéis feitos na casa não são má companhia, mas melhor mesmo são as frescas focaccias – com uns tragos de Punt e Mes, gelo e laranja.

E aí passamos ao ponto: a pizza, que vem em quatro ou seis pedaços. A massa de longa fermentação é feita com farinha italiana, no fundo do salão. Ali, à vista do cliente, trabalha uma turma tatuada e de boné. Eles abrem as redondas, que recebem recheios em proporção mais napolitana que paulistana: molho farto, queijo comedido, na medida – ele vai derreter sem emborrachar. A massa é elástica e fina, mas firme o suficiente para não se desmanchar. A casca, o corniccione, de um crocante amigável ao céu da boca, aprisiona nos seus alvéolos o ar quente, que trabalha a favor do sabor a cada mordida. 

A Pizza da Mooca vende 25 coberturas diferentes. A maioria tem na base o balanceado molho, ácido-doce, expressão viva do tomate, como a de aliche ou calabresa, feitas com ingredientes frescos de qualidade. Há também pizzas com base de molho béchamel, equilibrado, mas um pouco enjoativo. Nem provei – e já não gostei – de invenções como a de salmão defumado, cream cheese e cebola roxa (mas fique tranquilo: heresias são minoria e, nos clássicos, como a margherita, não há erro). E ainda tem um bom cannoli com recheio de ricota para adoçar no fim.

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A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Penso no que o seu Boris acharia d’A Pizza da Mooca. O bairro está mudando. Mas, neste caso, para melhor. As pizzas da São Pedro? São cada vez mais saborosas na memória.

CONTEXTO

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A Pizza da Mooca completa cinco anos em 2016. O negócio começou fazendo delivery, mas foi assumindo cada vez mais sua cara napolitano-nova-iorquina. A casa é de Fellipe Zanuto, que desafiou a tradição do bairro e suas antigas pizzarias servindo redondas menores e de cobertura menos abundante. 

O MELHOR E O PIOR

PROVE

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As focaccias. Assadas na hora, vêm nos sabores de alecrim com sal grosso, tomate e aliche, além de abobrinha com ricota. A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Respeita as tradições. A pizza amatriciana. Com pancetta, tomate, cebola roxa e parmesão salpicado por cima, é levemente picante e viciante.

EVITE

A pizza caciocavallo. Não que seja ruim, pelo contrário, o molho béchamel com queijo desta pizza branca é gostoso. Mas enjoa no segundo pedaço. Cannoli de Nutella. Sou minoria, eu sei, mas o creme superdoce de avelã é um estraga-sobremesas.

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Focaccias. Assadas na hora de diferentes sabores, na foto, de abobrinha com ricota. Foto: Tiago Queiroz|Estadão
Napolitana. Massa de longa fermentação com farinha italiana e molho de tomate farto. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Estilo de cozinha: pizzaria que segue estilo napolitano.

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Bom para: jantar informal com amigos ou para reunir a família. 

Acústica: tem rock moderninho na caixa de som, numa altura que cria um clima, mas não chega a atrapalhar a conversa. 

Vinho: há sete tintos, cinco entre R$ 70 e R$ 90, dois acima de R$ 100, mais dois brancos e um espumante, entre R$ 69 e R$ 98. A taça sai por R$ 20. Taxa de rolha: R$ 35.

Cerveja: a oferta é melhor do que a de muita pizzaria famosa na cidade: há três marcas de especiais, as brasileiras Jupiter (R$ 24) e Urbana (R$ 22), além da gringa Brooklyn (R$ 25). Já as convencionais Stella e Heineken saem por R$ 8 a long neck e Original de 600 ml por R$ 14. 

Água e café: água na garrafinha plástica de 300 ml por R$ 4. A casa bem poderia lançar na Mooca a moda da água filtrada cortesia da casa. Expresso é da Lavazza (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 9 a R$ 28), pizzas (R$ 29 a R$ 34, as de quatro pedaços; R$ 39 a R$ 45, as de seis pedaços), sobremesas (R$ 9 a R$ 22).

Vou voltar? Sim. É das melhores pizzas da cidade.

Onde comer e beber na Mooca

1 | 2

É a nova Mooca, meu!

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

SERVIÇO

A PIZZA DA MOOCA R. da Mooca, 1747, Mooca Tel.: 2601-4653 Horário de funcionamento: 18h/23h (sexta e sábado, até 23h30; domingo, até 22h30). Não tem valet nem paraciclo.

“A pizza da Mooca”, para mim, era a da São Pedro. Não sou mooquense, mas ia lá na histórica pizzaria do bairro com o seu Boris. Saudoso pai de um amigo, ele tinha um bigodinho cofiado, careca lustrosa e humor vivíssimo. Comerciante do Brás, era um paulistano típico: não nascido aqui e, no entanto, amante desta cidade. Tinha roteiros, manias, tradições: na São Pedro, pizza era no balcão, individual.

Moderninha da Mooca. Tijolo aparente e lâmpadas incandescentes. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

O filho do seu Boris desconfiou quando o chamei para A Pizza da Mooca, que não era a São Pedro (nem o balcão do Angelo, da Rua Sapucaia). Chegamos lá suspeitosos de uma Pinheirização da Mooca: salão pequenino, luz baixa, música moderninha, garçons jovens, tijolo aparente e lâmpadas incandescentes da moda compunham o cenário. 

Mas logo nossos receios preconceituosos viraram farelo. Pois a nova pizza da Mooca é deliciosa. Antes de chegar a ela, começamos com suppli al telefone, um bolinho que é um bolão de arroz arbóreo. É uma boa fritura empanada em farinha de pão, recheada com mussarela e tomate. Os coquetéis feitos na casa não são má companhia, mas melhor mesmo são as frescas focaccias – com uns tragos de Punt e Mes, gelo e laranja.

E aí passamos ao ponto: a pizza, que vem em quatro ou seis pedaços. A massa de longa fermentação é feita com farinha italiana, no fundo do salão. Ali, à vista do cliente, trabalha uma turma tatuada e de boné. Eles abrem as redondas, que recebem recheios em proporção mais napolitana que paulistana: molho farto, queijo comedido, na medida – ele vai derreter sem emborrachar. A massa é elástica e fina, mas firme o suficiente para não se desmanchar. A casca, o corniccione, de um crocante amigável ao céu da boca, aprisiona nos seus alvéolos o ar quente, que trabalha a favor do sabor a cada mordida. 

A Pizza da Mooca vende 25 coberturas diferentes. A maioria tem na base o balanceado molho, ácido-doce, expressão viva do tomate, como a de aliche ou calabresa, feitas com ingredientes frescos de qualidade. Há também pizzas com base de molho béchamel, equilibrado, mas um pouco enjoativo. Nem provei – e já não gostei – de invenções como a de salmão defumado, cream cheese e cebola roxa (mas fique tranquilo: heresias são minoria e, nos clássicos, como a margherita, não há erro). E ainda tem um bom cannoli com recheio de ricota para adoçar no fim.

A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Penso no que o seu Boris acharia d’A Pizza da Mooca. O bairro está mudando. Mas, neste caso, para melhor. As pizzas da São Pedro? São cada vez mais saborosas na memória.

CONTEXTO

A Pizza da Mooca completa cinco anos em 2016. O negócio começou fazendo delivery, mas foi assumindo cada vez mais sua cara napolitano-nova-iorquina. A casa é de Fellipe Zanuto, que desafiou a tradição do bairro e suas antigas pizzarias servindo redondas menores e de cobertura menos abundante. 

O MELHOR E O PIOR

PROVE

As focaccias. Assadas na hora, vêm nos sabores de alecrim com sal grosso, tomate e aliche, além de abobrinha com ricota. A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Respeita as tradições. A pizza amatriciana. Com pancetta, tomate, cebola roxa e parmesão salpicado por cima, é levemente picante e viciante.

EVITE

A pizza caciocavallo. Não que seja ruim, pelo contrário, o molho béchamel com queijo desta pizza branca é gostoso. Mas enjoa no segundo pedaço. Cannoli de Nutella. Sou minoria, eu sei, mas o creme superdoce de avelã é um estraga-sobremesas.

Focaccias. Assadas na hora de diferentes sabores, na foto, de abobrinha com ricota. Foto: Tiago Queiroz|Estadão
Napolitana. Massa de longa fermentação com farinha italiana e molho de tomate farto. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Estilo de cozinha: pizzaria que segue estilo napolitano.

Bom para: jantar informal com amigos ou para reunir a família. 

Acústica: tem rock moderninho na caixa de som, numa altura que cria um clima, mas não chega a atrapalhar a conversa. 

Vinho: há sete tintos, cinco entre R$ 70 e R$ 90, dois acima de R$ 100, mais dois brancos e um espumante, entre R$ 69 e R$ 98. A taça sai por R$ 20. Taxa de rolha: R$ 35.

Cerveja: a oferta é melhor do que a de muita pizzaria famosa na cidade: há três marcas de especiais, as brasileiras Jupiter (R$ 24) e Urbana (R$ 22), além da gringa Brooklyn (R$ 25). Já as convencionais Stella e Heineken saem por R$ 8 a long neck e Original de 600 ml por R$ 14. 

Água e café: água na garrafinha plástica de 300 ml por R$ 4. A casa bem poderia lançar na Mooca a moda da água filtrada cortesia da casa. Expresso é da Lavazza (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 9 a R$ 28), pizzas (R$ 29 a R$ 34, as de quatro pedaços; R$ 39 a R$ 45, as de seis pedaços), sobremesas (R$ 9 a R$ 22).

Vou voltar? Sim. É das melhores pizzas da cidade.

Onde comer e beber na Mooca

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É a nova Mooca, meu!

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

SERVIÇO

A PIZZA DA MOOCA R. da Mooca, 1747, Mooca Tel.: 2601-4653 Horário de funcionamento: 18h/23h (sexta e sábado, até 23h30; domingo, até 22h30). Não tem valet nem paraciclo.

“A pizza da Mooca”, para mim, era a da São Pedro. Não sou mooquense, mas ia lá na histórica pizzaria do bairro com o seu Boris. Saudoso pai de um amigo, ele tinha um bigodinho cofiado, careca lustrosa e humor vivíssimo. Comerciante do Brás, era um paulistano típico: não nascido aqui e, no entanto, amante desta cidade. Tinha roteiros, manias, tradições: na São Pedro, pizza era no balcão, individual.

Moderninha da Mooca. Tijolo aparente e lâmpadas incandescentes. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

O filho do seu Boris desconfiou quando o chamei para A Pizza da Mooca, que não era a São Pedro (nem o balcão do Angelo, da Rua Sapucaia). Chegamos lá suspeitosos de uma Pinheirização da Mooca: salão pequenino, luz baixa, música moderninha, garçons jovens, tijolo aparente e lâmpadas incandescentes da moda compunham o cenário. 

Mas logo nossos receios preconceituosos viraram farelo. Pois a nova pizza da Mooca é deliciosa. Antes de chegar a ela, começamos com suppli al telefone, um bolinho que é um bolão de arroz arbóreo. É uma boa fritura empanada em farinha de pão, recheada com mussarela e tomate. Os coquetéis feitos na casa não são má companhia, mas melhor mesmo são as frescas focaccias – com uns tragos de Punt e Mes, gelo e laranja.

E aí passamos ao ponto: a pizza, que vem em quatro ou seis pedaços. A massa de longa fermentação é feita com farinha italiana, no fundo do salão. Ali, à vista do cliente, trabalha uma turma tatuada e de boné. Eles abrem as redondas, que recebem recheios em proporção mais napolitana que paulistana: molho farto, queijo comedido, na medida – ele vai derreter sem emborrachar. A massa é elástica e fina, mas firme o suficiente para não se desmanchar. A casca, o corniccione, de um crocante amigável ao céu da boca, aprisiona nos seus alvéolos o ar quente, que trabalha a favor do sabor a cada mordida. 

A Pizza da Mooca vende 25 coberturas diferentes. A maioria tem na base o balanceado molho, ácido-doce, expressão viva do tomate, como a de aliche ou calabresa, feitas com ingredientes frescos de qualidade. Há também pizzas com base de molho béchamel, equilibrado, mas um pouco enjoativo. Nem provei – e já não gostei – de invenções como a de salmão defumado, cream cheese e cebola roxa (mas fique tranquilo: heresias são minoria e, nos clássicos, como a margherita, não há erro). E ainda tem um bom cannoli com recheio de ricota para adoçar no fim.

A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Penso no que o seu Boris acharia d’A Pizza da Mooca. O bairro está mudando. Mas, neste caso, para melhor. As pizzas da São Pedro? São cada vez mais saborosas na memória.

CONTEXTO

A Pizza da Mooca completa cinco anos em 2016. O negócio começou fazendo delivery, mas foi assumindo cada vez mais sua cara napolitano-nova-iorquina. A casa é de Fellipe Zanuto, que desafiou a tradição do bairro e suas antigas pizzarias servindo redondas menores e de cobertura menos abundante. 

O MELHOR E O PIOR

PROVE

As focaccias. Assadas na hora, vêm nos sabores de alecrim com sal grosso, tomate e aliche, além de abobrinha com ricota. A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Respeita as tradições. A pizza amatriciana. Com pancetta, tomate, cebola roxa e parmesão salpicado por cima, é levemente picante e viciante.

EVITE

A pizza caciocavallo. Não que seja ruim, pelo contrário, o molho béchamel com queijo desta pizza branca é gostoso. Mas enjoa no segundo pedaço. Cannoli de Nutella. Sou minoria, eu sei, mas o creme superdoce de avelã é um estraga-sobremesas.

Focaccias. Assadas na hora de diferentes sabores, na foto, de abobrinha com ricota. Foto: Tiago Queiroz|Estadão
Napolitana. Massa de longa fermentação com farinha italiana e molho de tomate farto. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Estilo de cozinha: pizzaria que segue estilo napolitano.

Bom para: jantar informal com amigos ou para reunir a família. 

Acústica: tem rock moderninho na caixa de som, numa altura que cria um clima, mas não chega a atrapalhar a conversa. 

Vinho: há sete tintos, cinco entre R$ 70 e R$ 90, dois acima de R$ 100, mais dois brancos e um espumante, entre R$ 69 e R$ 98. A taça sai por R$ 20. Taxa de rolha: R$ 35.

Cerveja: a oferta é melhor do que a de muita pizzaria famosa na cidade: há três marcas de especiais, as brasileiras Jupiter (R$ 24) e Urbana (R$ 22), além da gringa Brooklyn (R$ 25). Já as convencionais Stella e Heineken saem por R$ 8 a long neck e Original de 600 ml por R$ 14. 

Água e café: água na garrafinha plástica de 300 ml por R$ 4. A casa bem poderia lançar na Mooca a moda da água filtrada cortesia da casa. Expresso é da Lavazza (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 9 a R$ 28), pizzas (R$ 29 a R$ 34, as de quatro pedaços; R$ 39 a R$ 45, as de seis pedaços), sobremesas (R$ 9 a R$ 22).

Vou voltar? Sim. É das melhores pizzas da cidade.

Onde comer e beber na Mooca

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É a nova Mooca, meu!

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

SERVIÇO

A PIZZA DA MOOCA R. da Mooca, 1747, Mooca Tel.: 2601-4653 Horário de funcionamento: 18h/23h (sexta e sábado, até 23h30; domingo, até 22h30). Não tem valet nem paraciclo.

“A pizza da Mooca”, para mim, era a da São Pedro. Não sou mooquense, mas ia lá na histórica pizzaria do bairro com o seu Boris. Saudoso pai de um amigo, ele tinha um bigodinho cofiado, careca lustrosa e humor vivíssimo. Comerciante do Brás, era um paulistano típico: não nascido aqui e, no entanto, amante desta cidade. Tinha roteiros, manias, tradições: na São Pedro, pizza era no balcão, individual.

Moderninha da Mooca. Tijolo aparente e lâmpadas incandescentes. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

O filho do seu Boris desconfiou quando o chamei para A Pizza da Mooca, que não era a São Pedro (nem o balcão do Angelo, da Rua Sapucaia). Chegamos lá suspeitosos de uma Pinheirização da Mooca: salão pequenino, luz baixa, música moderninha, garçons jovens, tijolo aparente e lâmpadas incandescentes da moda compunham o cenário. 

Mas logo nossos receios preconceituosos viraram farelo. Pois a nova pizza da Mooca é deliciosa. Antes de chegar a ela, começamos com suppli al telefone, um bolinho que é um bolão de arroz arbóreo. É uma boa fritura empanada em farinha de pão, recheada com mussarela e tomate. Os coquetéis feitos na casa não são má companhia, mas melhor mesmo são as frescas focaccias – com uns tragos de Punt e Mes, gelo e laranja.

E aí passamos ao ponto: a pizza, que vem em quatro ou seis pedaços. A massa de longa fermentação é feita com farinha italiana, no fundo do salão. Ali, à vista do cliente, trabalha uma turma tatuada e de boné. Eles abrem as redondas, que recebem recheios em proporção mais napolitana que paulistana: molho farto, queijo comedido, na medida – ele vai derreter sem emborrachar. A massa é elástica e fina, mas firme o suficiente para não se desmanchar. A casca, o corniccione, de um crocante amigável ao céu da boca, aprisiona nos seus alvéolos o ar quente, que trabalha a favor do sabor a cada mordida. 

A Pizza da Mooca vende 25 coberturas diferentes. A maioria tem na base o balanceado molho, ácido-doce, expressão viva do tomate, como a de aliche ou calabresa, feitas com ingredientes frescos de qualidade. Há também pizzas com base de molho béchamel, equilibrado, mas um pouco enjoativo. Nem provei – e já não gostei – de invenções como a de salmão defumado, cream cheese e cebola roxa (mas fique tranquilo: heresias são minoria e, nos clássicos, como a margherita, não há erro). E ainda tem um bom cannoli com recheio de ricota para adoçar no fim.

A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Penso no que o seu Boris acharia d’A Pizza da Mooca. O bairro está mudando. Mas, neste caso, para melhor. As pizzas da São Pedro? São cada vez mais saborosas na memória.

CONTEXTO

A Pizza da Mooca completa cinco anos em 2016. O negócio começou fazendo delivery, mas foi assumindo cada vez mais sua cara napolitano-nova-iorquina. A casa é de Fellipe Zanuto, que desafiou a tradição do bairro e suas antigas pizzarias servindo redondas menores e de cobertura menos abundante. 

O MELHOR E O PIOR

PROVE

As focaccias. Assadas na hora, vêm nos sabores de alecrim com sal grosso, tomate e aliche, além de abobrinha com ricota. A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Respeita as tradições. A pizza amatriciana. Com pancetta, tomate, cebola roxa e parmesão salpicado por cima, é levemente picante e viciante.

EVITE

A pizza caciocavallo. Não que seja ruim, pelo contrário, o molho béchamel com queijo desta pizza branca é gostoso. Mas enjoa no segundo pedaço. Cannoli de Nutella. Sou minoria, eu sei, mas o creme superdoce de avelã é um estraga-sobremesas.

Focaccias. Assadas na hora de diferentes sabores, na foto, de abobrinha com ricota. Foto: Tiago Queiroz|Estadão
Napolitana. Massa de longa fermentação com farinha italiana e molho de tomate farto. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Estilo de cozinha: pizzaria que segue estilo napolitano.

Bom para: jantar informal com amigos ou para reunir a família. 

Acústica: tem rock moderninho na caixa de som, numa altura que cria um clima, mas não chega a atrapalhar a conversa. 

Vinho: há sete tintos, cinco entre R$ 70 e R$ 90, dois acima de R$ 100, mais dois brancos e um espumante, entre R$ 69 e R$ 98. A taça sai por R$ 20. Taxa de rolha: R$ 35.

Cerveja: a oferta é melhor do que a de muita pizzaria famosa na cidade: há três marcas de especiais, as brasileiras Jupiter (R$ 24) e Urbana (R$ 22), além da gringa Brooklyn (R$ 25). Já as convencionais Stella e Heineken saem por R$ 8 a long neck e Original de 600 ml por R$ 14. 

Água e café: água na garrafinha plástica de 300 ml por R$ 4. A casa bem poderia lançar na Mooca a moda da água filtrada cortesia da casa. Expresso é da Lavazza (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 9 a R$ 28), pizzas (R$ 29 a R$ 34, as de quatro pedaços; R$ 39 a R$ 45, as de seis pedaços), sobremesas (R$ 9 a R$ 22).

Vou voltar? Sim. É das melhores pizzas da cidade.

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É a nova Mooca, meu!

Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A Pizza da Mooca

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

SERVIÇO

A PIZZA DA MOOCA R. da Mooca, 1747, Mooca Tel.: 2601-4653 Horário de funcionamento: 18h/23h (sexta e sábado, até 23h30; domingo, até 22h30). Não tem valet nem paraciclo.

“A pizza da Mooca”, para mim, era a da São Pedro. Não sou mooquense, mas ia lá na histórica pizzaria do bairro com o seu Boris. Saudoso pai de um amigo, ele tinha um bigodinho cofiado, careca lustrosa e humor vivíssimo. Comerciante do Brás, era um paulistano típico: não nascido aqui e, no entanto, amante desta cidade. Tinha roteiros, manias, tradições: na São Pedro, pizza era no balcão, individual.

Moderninha da Mooca. Tijolo aparente e lâmpadas incandescentes. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

O filho do seu Boris desconfiou quando o chamei para A Pizza da Mooca, que não era a São Pedro (nem o balcão do Angelo, da Rua Sapucaia). Chegamos lá suspeitosos de uma Pinheirização da Mooca: salão pequenino, luz baixa, música moderninha, garçons jovens, tijolo aparente e lâmpadas incandescentes da moda compunham o cenário. 

Mas logo nossos receios preconceituosos viraram farelo. Pois a nova pizza da Mooca é deliciosa. Antes de chegar a ela, começamos com suppli al telefone, um bolinho que é um bolão de arroz arbóreo. É uma boa fritura empanada em farinha de pão, recheada com mussarela e tomate. Os coquetéis feitos na casa não são má companhia, mas melhor mesmo são as frescas focaccias – com uns tragos de Punt e Mes, gelo e laranja.

E aí passamos ao ponto: a pizza, que vem em quatro ou seis pedaços. A massa de longa fermentação é feita com farinha italiana, no fundo do salão. Ali, à vista do cliente, trabalha uma turma tatuada e de boné. Eles abrem as redondas, que recebem recheios em proporção mais napolitana que paulistana: molho farto, queijo comedido, na medida – ele vai derreter sem emborrachar. A massa é elástica e fina, mas firme o suficiente para não se desmanchar. A casca, o corniccione, de um crocante amigável ao céu da boca, aprisiona nos seus alvéolos o ar quente, que trabalha a favor do sabor a cada mordida. 

A Pizza da Mooca vende 25 coberturas diferentes. A maioria tem na base o balanceado molho, ácido-doce, expressão viva do tomate, como a de aliche ou calabresa, feitas com ingredientes frescos de qualidade. Há também pizzas com base de molho béchamel, equilibrado, mas um pouco enjoativo. Nem provei – e já não gostei – de invenções como a de salmão defumado, cream cheese e cebola roxa (mas fique tranquilo: heresias são minoria e, nos clássicos, como a margherita, não há erro). E ainda tem um bom cannoli com recheio de ricota para adoçar no fim.

A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Penso no que o seu Boris acharia d’A Pizza da Mooca. O bairro está mudando. Mas, neste caso, para melhor. As pizzas da São Pedro? São cada vez mais saborosas na memória.

CONTEXTO

A Pizza da Mooca completa cinco anos em 2016. O negócio começou fazendo delivery, mas foi assumindo cada vez mais sua cara napolitano-nova-iorquina. A casa é de Fellipe Zanuto, que desafiou a tradição do bairro e suas antigas pizzarias servindo redondas menores e de cobertura menos abundante. 

O MELHOR E O PIOR

PROVE

As focaccias. Assadas na hora, vêm nos sabores de alecrim com sal grosso, tomate e aliche, além de abobrinha com ricota. A pizza margherita. É o basicão, muito bem feito: massa e molho no ponto, queijo sem exageros. Respeita as tradições. A pizza amatriciana. Com pancetta, tomate, cebola roxa e parmesão salpicado por cima, é levemente picante e viciante.

EVITE

A pizza caciocavallo. Não que seja ruim, pelo contrário, o molho béchamel com queijo desta pizza branca é gostoso. Mas enjoa no segundo pedaço. Cannoli de Nutella. Sou minoria, eu sei, mas o creme superdoce de avelã é um estraga-sobremesas.

Focaccias. Assadas na hora de diferentes sabores, na foto, de abobrinha com ricota. Foto: Tiago Queiroz|Estadão
Napolitana. Massa de longa fermentação com farinha italiana e molho de tomate farto. Foto: Tiago Queiroz|Estadão

Estilo de cozinha: pizzaria que segue estilo napolitano.

Bom para: jantar informal com amigos ou para reunir a família. 

Acústica: tem rock moderninho na caixa de som, numa altura que cria um clima, mas não chega a atrapalhar a conversa. 

Vinho: há sete tintos, cinco entre R$ 70 e R$ 90, dois acima de R$ 100, mais dois brancos e um espumante, entre R$ 69 e R$ 98. A taça sai por R$ 20. Taxa de rolha: R$ 35.

Cerveja: a oferta é melhor do que a de muita pizzaria famosa na cidade: há três marcas de especiais, as brasileiras Jupiter (R$ 24) e Urbana (R$ 22), além da gringa Brooklyn (R$ 25). Já as convencionais Stella e Heineken saem por R$ 8 a long neck e Original de 600 ml por R$ 14. 

Água e café: água na garrafinha plástica de 300 ml por R$ 4. A casa bem poderia lançar na Mooca a moda da água filtrada cortesia da casa. Expresso é da Lavazza (R$ 5).

Preços: entradas (R$ 9 a R$ 28), pizzas (R$ 29 a R$ 34, as de quatro pedaços; R$ 39 a R$ 45, as de seis pedaços), sobremesas (R$ 9 a R$ 22).

Vou voltar? Sim. É das melhores pizzas da cidade.

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Foto: Tiago Queiroz/Estadão
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A Pizza da Mooca

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SERVIÇO

A PIZZA DA MOOCA R. da Mooca, 1747, Mooca Tel.: 2601-4653 Horário de funcionamento: 18h/23h (sexta e sábado, até 23h30; domingo, até 22h30). Não tem valet nem paraciclo.

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