Notícias do mundo dos vinhos

Descorchados 2019: o melhor dos vinhos da América do Sul


Nova edição do guia que avalia vinhos produzidos na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai evidencia as tendências e dificuldades do mercado nacional

Por Isabelle Moreira Lima
Atualização:

Os produtores brasileiros abraçaram o vinho natural, mas salvo três exemplos (Marina Santos, da Vinha Unna, Luis Henrique Zanini, da Era dos Ventos, e Eduardo Zenker, da Arte da Vinha), os vinhos ainda deixam a desejar. “Há muito trabalho pela frente”, diz Patricio Tapia, autor do guia Descorchados 2019

Os produtores convencionais também não estão com a vida ganha, já que o clima úmido brasileiro é um grande desafio para uma fruta sã. Por isso, no segundo ano em que o guia inclui vinhos tranquilos brasileiros, eles ainda são minoria. Para se ter uma ideia de como a questão é problemática, o texto que abre a lista de rótulos brasileiros premiados começa relatando a prova de um vinho defeituoso. 

Idealizada pelo crítico chileno Patricio Tapia, a publicação reúne e avalia vinhos da Argentina, do Brasil, do Chile e do Uruguai Foto: Reprodução
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O brasileiro Eduardo Milan, editor de vinho e tradutor do guia, diz que foram provadas mais de 700 amostras brasileiras neste ano. Segundo ele, os resultados foram melhores que os de 2018, mas ainda há muito “chão” a se percorrer. 

Entre os tranquilos brasileiros que tiveram êxito estão rótulos de vinícolas como Luiz Argenta, Quinta da Figueira, Guaspari, Miolo, Pizzato e Guatambu. 

Os espumantes ainda são o maior trunfo nacional. Destacam-se um grande time de Natures (sem adição de açúcar) e um rótulo fora da curva que abocanhou títulos e mais títulos: o Casa Valduga Sur Lie (R$ 79,90 no site da vinícola), que mantém as leveduras ao não passar por dégorgement.

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Como em outras edições, o guia traz textos compreensivos e listas (e mais listas) dos melhores vinhos de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai: tintos, brancos, espumantes, revelação, corte, custo-benefício, e por aí vai. 

Se você quer conhecer melhor a produção da América do Sul, não há dúvidas, vale investir R$ 150 na edição 2019, uma verdadeira bíblia de 1,2 mil páginas.

Degustador. O chileno Patricio Tapia, que edita o guia há 21 anos Foto: Descorchados
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Editado no Brasil pela Inner, é fruto de quase um ano de degustações de Tapia e Milan em diferentes regiões dos quatro países. Traz desde vinhos caros como o excepcional Adrianna White Bones (R$ 647,42 na Mistral) até barganhas como o fresquíssimo Viñedo de los vientos Estival 2017 (R$ 40,69 na Wine.com.br).

Três perguntas para Patrício Tapia

jornalista, crítico e autor do guia Descorchados, o chileno tornou-se uma das maiores autoridades no que diz respeito ao vinho feito na América do Sul. 

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No mundo do vinho as coisas acontecem lentamente, mas é possível apontar alguma novidade ou tendência nesta edição? O que eu vi neste ano foi a consolidação da produção artesanal como uma forma viável de se fazer vinho. Até cinco anos atrás, o vinho na América do Sul era visto, primeiro, como um mau negócio, em que você tinha que produzir muito se quisesse ganhar (pouco) dinheiro. Hoje, ainda que essa realidade seja a regra, há um grupo crescente de produtores apostando em pequenos volumes, na escala artesanal, fazendo vinhos de pequenos vinhedos que, em alguns casos, oferecem forte caráter de terroir. Sem falar no resgate de cepas perdidas ou esquecidas feito por esses projetos.

É possível falar de uma unidade entre os países da América do Sul? Existe um "vinho sul-americano"? Creio que não. Mais do que um vinho sul-americano, o que existe – como há no mundo todo – são lugares específicos de onde saem vinhos que não são melhores, mas apenas diferentes. Terroirs especiais que oferecem uma grande personalidade em seus vinhos, como o Mosteiro em Gualtallary, Trevelin na Patagônia Argentina, Las Violetas no Uruguai, Itata ou Limarí no Chile. O vinho sul-americano não é um, mas muitos ao mesmo tempo. E isso é muito positivo porque fala da diversidade dessa bebida.

Alguma região merece destaque especial neste ano? O sul, tanto na Argentina como no Chile. E quando falo do sul, falo da profunda Patagônia em áreas como Chubut, na Argentina (de vinícolas como Otronia, Casa Yague, Nant & Fall) e Osorno no Chile com produtores como Ribera Pellín, Trapi del Bueno, Casa Silva e Coteaux de Trumao. Lá, no frio e chuvoso sul da América do Sul, está o futuro. O estado de São Paulo merece uma menção especial. Provamos vinhos excepcionais da região, uma surpresa completa que, espero, seja mais bem investigada na próxima edição do Descorchados.

Os produtores brasileiros abraçaram o vinho natural, mas salvo três exemplos (Marina Santos, da Vinha Unna, Luis Henrique Zanini, da Era dos Ventos, e Eduardo Zenker, da Arte da Vinha), os vinhos ainda deixam a desejar. “Há muito trabalho pela frente”, diz Patricio Tapia, autor do guia Descorchados 2019

Os produtores convencionais também não estão com a vida ganha, já que o clima úmido brasileiro é um grande desafio para uma fruta sã. Por isso, no segundo ano em que o guia inclui vinhos tranquilos brasileiros, eles ainda são minoria. Para se ter uma ideia de como a questão é problemática, o texto que abre a lista de rótulos brasileiros premiados começa relatando a prova de um vinho defeituoso. 

Idealizada pelo crítico chileno Patricio Tapia, a publicação reúne e avalia vinhos da Argentina, do Brasil, do Chile e do Uruguai Foto: Reprodução

O brasileiro Eduardo Milan, editor de vinho e tradutor do guia, diz que foram provadas mais de 700 amostras brasileiras neste ano. Segundo ele, os resultados foram melhores que os de 2018, mas ainda há muito “chão” a se percorrer. 

Entre os tranquilos brasileiros que tiveram êxito estão rótulos de vinícolas como Luiz Argenta, Quinta da Figueira, Guaspari, Miolo, Pizzato e Guatambu. 

Os espumantes ainda são o maior trunfo nacional. Destacam-se um grande time de Natures (sem adição de açúcar) e um rótulo fora da curva que abocanhou títulos e mais títulos: o Casa Valduga Sur Lie (R$ 79,90 no site da vinícola), que mantém as leveduras ao não passar por dégorgement.

Como em outras edições, o guia traz textos compreensivos e listas (e mais listas) dos melhores vinhos de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai: tintos, brancos, espumantes, revelação, corte, custo-benefício, e por aí vai. 

Se você quer conhecer melhor a produção da América do Sul, não há dúvidas, vale investir R$ 150 na edição 2019, uma verdadeira bíblia de 1,2 mil páginas.

Degustador. O chileno Patricio Tapia, que edita o guia há 21 anos Foto: Descorchados

Editado no Brasil pela Inner, é fruto de quase um ano de degustações de Tapia e Milan em diferentes regiões dos quatro países. Traz desde vinhos caros como o excepcional Adrianna White Bones (R$ 647,42 na Mistral) até barganhas como o fresquíssimo Viñedo de los vientos Estival 2017 (R$ 40,69 na Wine.com.br).

Três perguntas para Patrício Tapia

jornalista, crítico e autor do guia Descorchados, o chileno tornou-se uma das maiores autoridades no que diz respeito ao vinho feito na América do Sul. 

No mundo do vinho as coisas acontecem lentamente, mas é possível apontar alguma novidade ou tendência nesta edição? O que eu vi neste ano foi a consolidação da produção artesanal como uma forma viável de se fazer vinho. Até cinco anos atrás, o vinho na América do Sul era visto, primeiro, como um mau negócio, em que você tinha que produzir muito se quisesse ganhar (pouco) dinheiro. Hoje, ainda que essa realidade seja a regra, há um grupo crescente de produtores apostando em pequenos volumes, na escala artesanal, fazendo vinhos de pequenos vinhedos que, em alguns casos, oferecem forte caráter de terroir. Sem falar no resgate de cepas perdidas ou esquecidas feito por esses projetos.

É possível falar de uma unidade entre os países da América do Sul? Existe um "vinho sul-americano"? Creio que não. Mais do que um vinho sul-americano, o que existe – como há no mundo todo – são lugares específicos de onde saem vinhos que não são melhores, mas apenas diferentes. Terroirs especiais que oferecem uma grande personalidade em seus vinhos, como o Mosteiro em Gualtallary, Trevelin na Patagônia Argentina, Las Violetas no Uruguai, Itata ou Limarí no Chile. O vinho sul-americano não é um, mas muitos ao mesmo tempo. E isso é muito positivo porque fala da diversidade dessa bebida.

Alguma região merece destaque especial neste ano? O sul, tanto na Argentina como no Chile. E quando falo do sul, falo da profunda Patagônia em áreas como Chubut, na Argentina (de vinícolas como Otronia, Casa Yague, Nant & Fall) e Osorno no Chile com produtores como Ribera Pellín, Trapi del Bueno, Casa Silva e Coteaux de Trumao. Lá, no frio e chuvoso sul da América do Sul, está o futuro. O estado de São Paulo merece uma menção especial. Provamos vinhos excepcionais da região, uma surpresa completa que, espero, seja mais bem investigada na próxima edição do Descorchados.

Os produtores brasileiros abraçaram o vinho natural, mas salvo três exemplos (Marina Santos, da Vinha Unna, Luis Henrique Zanini, da Era dos Ventos, e Eduardo Zenker, da Arte da Vinha), os vinhos ainda deixam a desejar. “Há muito trabalho pela frente”, diz Patricio Tapia, autor do guia Descorchados 2019

Os produtores convencionais também não estão com a vida ganha, já que o clima úmido brasileiro é um grande desafio para uma fruta sã. Por isso, no segundo ano em que o guia inclui vinhos tranquilos brasileiros, eles ainda são minoria. Para se ter uma ideia de como a questão é problemática, o texto que abre a lista de rótulos brasileiros premiados começa relatando a prova de um vinho defeituoso. 

Idealizada pelo crítico chileno Patricio Tapia, a publicação reúne e avalia vinhos da Argentina, do Brasil, do Chile e do Uruguai Foto: Reprodução

O brasileiro Eduardo Milan, editor de vinho e tradutor do guia, diz que foram provadas mais de 700 amostras brasileiras neste ano. Segundo ele, os resultados foram melhores que os de 2018, mas ainda há muito “chão” a se percorrer. 

Entre os tranquilos brasileiros que tiveram êxito estão rótulos de vinícolas como Luiz Argenta, Quinta da Figueira, Guaspari, Miolo, Pizzato e Guatambu. 

Os espumantes ainda são o maior trunfo nacional. Destacam-se um grande time de Natures (sem adição de açúcar) e um rótulo fora da curva que abocanhou títulos e mais títulos: o Casa Valduga Sur Lie (R$ 79,90 no site da vinícola), que mantém as leveduras ao não passar por dégorgement.

Como em outras edições, o guia traz textos compreensivos e listas (e mais listas) dos melhores vinhos de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai: tintos, brancos, espumantes, revelação, corte, custo-benefício, e por aí vai. 

Se você quer conhecer melhor a produção da América do Sul, não há dúvidas, vale investir R$ 150 na edição 2019, uma verdadeira bíblia de 1,2 mil páginas.

Degustador. O chileno Patricio Tapia, que edita o guia há 21 anos Foto: Descorchados

Editado no Brasil pela Inner, é fruto de quase um ano de degustações de Tapia e Milan em diferentes regiões dos quatro países. Traz desde vinhos caros como o excepcional Adrianna White Bones (R$ 647,42 na Mistral) até barganhas como o fresquíssimo Viñedo de los vientos Estival 2017 (R$ 40,69 na Wine.com.br).

Três perguntas para Patrício Tapia

jornalista, crítico e autor do guia Descorchados, o chileno tornou-se uma das maiores autoridades no que diz respeito ao vinho feito na América do Sul. 

No mundo do vinho as coisas acontecem lentamente, mas é possível apontar alguma novidade ou tendência nesta edição? O que eu vi neste ano foi a consolidação da produção artesanal como uma forma viável de se fazer vinho. Até cinco anos atrás, o vinho na América do Sul era visto, primeiro, como um mau negócio, em que você tinha que produzir muito se quisesse ganhar (pouco) dinheiro. Hoje, ainda que essa realidade seja a regra, há um grupo crescente de produtores apostando em pequenos volumes, na escala artesanal, fazendo vinhos de pequenos vinhedos que, em alguns casos, oferecem forte caráter de terroir. Sem falar no resgate de cepas perdidas ou esquecidas feito por esses projetos.

É possível falar de uma unidade entre os países da América do Sul? Existe um "vinho sul-americano"? Creio que não. Mais do que um vinho sul-americano, o que existe – como há no mundo todo – são lugares específicos de onde saem vinhos que não são melhores, mas apenas diferentes. Terroirs especiais que oferecem uma grande personalidade em seus vinhos, como o Mosteiro em Gualtallary, Trevelin na Patagônia Argentina, Las Violetas no Uruguai, Itata ou Limarí no Chile. O vinho sul-americano não é um, mas muitos ao mesmo tempo. E isso é muito positivo porque fala da diversidade dessa bebida.

Alguma região merece destaque especial neste ano? O sul, tanto na Argentina como no Chile. E quando falo do sul, falo da profunda Patagônia em áreas como Chubut, na Argentina (de vinícolas como Otronia, Casa Yague, Nant & Fall) e Osorno no Chile com produtores como Ribera Pellín, Trapi del Bueno, Casa Silva e Coteaux de Trumao. Lá, no frio e chuvoso sul da América do Sul, está o futuro. O estado de São Paulo merece uma menção especial. Provamos vinhos excepcionais da região, uma surpresa completa que, espero, seja mais bem investigada na próxima edição do Descorchados.

Os produtores brasileiros abraçaram o vinho natural, mas salvo três exemplos (Marina Santos, da Vinha Unna, Luis Henrique Zanini, da Era dos Ventos, e Eduardo Zenker, da Arte da Vinha), os vinhos ainda deixam a desejar. “Há muito trabalho pela frente”, diz Patricio Tapia, autor do guia Descorchados 2019

Os produtores convencionais também não estão com a vida ganha, já que o clima úmido brasileiro é um grande desafio para uma fruta sã. Por isso, no segundo ano em que o guia inclui vinhos tranquilos brasileiros, eles ainda são minoria. Para se ter uma ideia de como a questão é problemática, o texto que abre a lista de rótulos brasileiros premiados começa relatando a prova de um vinho defeituoso. 

Idealizada pelo crítico chileno Patricio Tapia, a publicação reúne e avalia vinhos da Argentina, do Brasil, do Chile e do Uruguai Foto: Reprodução

O brasileiro Eduardo Milan, editor de vinho e tradutor do guia, diz que foram provadas mais de 700 amostras brasileiras neste ano. Segundo ele, os resultados foram melhores que os de 2018, mas ainda há muito “chão” a se percorrer. 

Entre os tranquilos brasileiros que tiveram êxito estão rótulos de vinícolas como Luiz Argenta, Quinta da Figueira, Guaspari, Miolo, Pizzato e Guatambu. 

Os espumantes ainda são o maior trunfo nacional. Destacam-se um grande time de Natures (sem adição de açúcar) e um rótulo fora da curva que abocanhou títulos e mais títulos: o Casa Valduga Sur Lie (R$ 79,90 no site da vinícola), que mantém as leveduras ao não passar por dégorgement.

Como em outras edições, o guia traz textos compreensivos e listas (e mais listas) dos melhores vinhos de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai: tintos, brancos, espumantes, revelação, corte, custo-benefício, e por aí vai. 

Se você quer conhecer melhor a produção da América do Sul, não há dúvidas, vale investir R$ 150 na edição 2019, uma verdadeira bíblia de 1,2 mil páginas.

Degustador. O chileno Patricio Tapia, que edita o guia há 21 anos Foto: Descorchados

Editado no Brasil pela Inner, é fruto de quase um ano de degustações de Tapia e Milan em diferentes regiões dos quatro países. Traz desde vinhos caros como o excepcional Adrianna White Bones (R$ 647,42 na Mistral) até barganhas como o fresquíssimo Viñedo de los vientos Estival 2017 (R$ 40,69 na Wine.com.br).

Três perguntas para Patrício Tapia

jornalista, crítico e autor do guia Descorchados, o chileno tornou-se uma das maiores autoridades no que diz respeito ao vinho feito na América do Sul. 

No mundo do vinho as coisas acontecem lentamente, mas é possível apontar alguma novidade ou tendência nesta edição? O que eu vi neste ano foi a consolidação da produção artesanal como uma forma viável de se fazer vinho. Até cinco anos atrás, o vinho na América do Sul era visto, primeiro, como um mau negócio, em que você tinha que produzir muito se quisesse ganhar (pouco) dinheiro. Hoje, ainda que essa realidade seja a regra, há um grupo crescente de produtores apostando em pequenos volumes, na escala artesanal, fazendo vinhos de pequenos vinhedos que, em alguns casos, oferecem forte caráter de terroir. Sem falar no resgate de cepas perdidas ou esquecidas feito por esses projetos.

É possível falar de uma unidade entre os países da América do Sul? Existe um "vinho sul-americano"? Creio que não. Mais do que um vinho sul-americano, o que existe – como há no mundo todo – são lugares específicos de onde saem vinhos que não são melhores, mas apenas diferentes. Terroirs especiais que oferecem uma grande personalidade em seus vinhos, como o Mosteiro em Gualtallary, Trevelin na Patagônia Argentina, Las Violetas no Uruguai, Itata ou Limarí no Chile. O vinho sul-americano não é um, mas muitos ao mesmo tempo. E isso é muito positivo porque fala da diversidade dessa bebida.

Alguma região merece destaque especial neste ano? O sul, tanto na Argentina como no Chile. E quando falo do sul, falo da profunda Patagônia em áreas como Chubut, na Argentina (de vinícolas como Otronia, Casa Yague, Nant & Fall) e Osorno no Chile com produtores como Ribera Pellín, Trapi del Bueno, Casa Silva e Coteaux de Trumao. Lá, no frio e chuvoso sul da América do Sul, está o futuro. O estado de São Paulo merece uma menção especial. Provamos vinhos excepcionais da região, uma surpresa completa que, espero, seja mais bem investigada na próxima edição do Descorchados.

Os produtores brasileiros abraçaram o vinho natural, mas salvo três exemplos (Marina Santos, da Vinha Unna, Luis Henrique Zanini, da Era dos Ventos, e Eduardo Zenker, da Arte da Vinha), os vinhos ainda deixam a desejar. “Há muito trabalho pela frente”, diz Patricio Tapia, autor do guia Descorchados 2019

Os produtores convencionais também não estão com a vida ganha, já que o clima úmido brasileiro é um grande desafio para uma fruta sã. Por isso, no segundo ano em que o guia inclui vinhos tranquilos brasileiros, eles ainda são minoria. Para se ter uma ideia de como a questão é problemática, o texto que abre a lista de rótulos brasileiros premiados começa relatando a prova de um vinho defeituoso. 

Idealizada pelo crítico chileno Patricio Tapia, a publicação reúne e avalia vinhos da Argentina, do Brasil, do Chile e do Uruguai Foto: Reprodução

O brasileiro Eduardo Milan, editor de vinho e tradutor do guia, diz que foram provadas mais de 700 amostras brasileiras neste ano. Segundo ele, os resultados foram melhores que os de 2018, mas ainda há muito “chão” a se percorrer. 

Entre os tranquilos brasileiros que tiveram êxito estão rótulos de vinícolas como Luiz Argenta, Quinta da Figueira, Guaspari, Miolo, Pizzato e Guatambu. 

Os espumantes ainda são o maior trunfo nacional. Destacam-se um grande time de Natures (sem adição de açúcar) e um rótulo fora da curva que abocanhou títulos e mais títulos: o Casa Valduga Sur Lie (R$ 79,90 no site da vinícola), que mantém as leveduras ao não passar por dégorgement.

Como em outras edições, o guia traz textos compreensivos e listas (e mais listas) dos melhores vinhos de Argentina, Brasil, Chile e Uruguai: tintos, brancos, espumantes, revelação, corte, custo-benefício, e por aí vai. 

Se você quer conhecer melhor a produção da América do Sul, não há dúvidas, vale investir R$ 150 na edição 2019, uma verdadeira bíblia de 1,2 mil páginas.

Degustador. O chileno Patricio Tapia, que edita o guia há 21 anos Foto: Descorchados

Editado no Brasil pela Inner, é fruto de quase um ano de degustações de Tapia e Milan em diferentes regiões dos quatro países. Traz desde vinhos caros como o excepcional Adrianna White Bones (R$ 647,42 na Mistral) até barganhas como o fresquíssimo Viñedo de los vientos Estival 2017 (R$ 40,69 na Wine.com.br).

Três perguntas para Patrício Tapia

jornalista, crítico e autor do guia Descorchados, o chileno tornou-se uma das maiores autoridades no que diz respeito ao vinho feito na América do Sul. 

No mundo do vinho as coisas acontecem lentamente, mas é possível apontar alguma novidade ou tendência nesta edição? O que eu vi neste ano foi a consolidação da produção artesanal como uma forma viável de se fazer vinho. Até cinco anos atrás, o vinho na América do Sul era visto, primeiro, como um mau negócio, em que você tinha que produzir muito se quisesse ganhar (pouco) dinheiro. Hoje, ainda que essa realidade seja a regra, há um grupo crescente de produtores apostando em pequenos volumes, na escala artesanal, fazendo vinhos de pequenos vinhedos que, em alguns casos, oferecem forte caráter de terroir. Sem falar no resgate de cepas perdidas ou esquecidas feito por esses projetos.

É possível falar de uma unidade entre os países da América do Sul? Existe um "vinho sul-americano"? Creio que não. Mais do que um vinho sul-americano, o que existe – como há no mundo todo – são lugares específicos de onde saem vinhos que não são melhores, mas apenas diferentes. Terroirs especiais que oferecem uma grande personalidade em seus vinhos, como o Mosteiro em Gualtallary, Trevelin na Patagônia Argentina, Las Violetas no Uruguai, Itata ou Limarí no Chile. O vinho sul-americano não é um, mas muitos ao mesmo tempo. E isso é muito positivo porque fala da diversidade dessa bebida.

Alguma região merece destaque especial neste ano? O sul, tanto na Argentina como no Chile. E quando falo do sul, falo da profunda Patagônia em áreas como Chubut, na Argentina (de vinícolas como Otronia, Casa Yague, Nant & Fall) e Osorno no Chile com produtores como Ribera Pellín, Trapi del Bueno, Casa Silva e Coteaux de Trumao. Lá, no frio e chuvoso sul da América do Sul, está o futuro. O estado de São Paulo merece uma menção especial. Provamos vinhos excepcionais da região, uma surpresa completa que, espero, seja mais bem investigada na próxima edição do Descorchados.

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