Vamos beber e falar sobre cerveja

Harmonize a ceia de Natal com cervejas de diferentes estilos


Só de birra convidou a sommelière Sara Araújo para te convencer a combinar pratos natalinos com rótulos artesanais; confira

Por Heloisa Lupinacci
Atualização:

Para convencer você a combinar a ceia com cervejas de diferentes estilos, convidei a sommelière Sara Araújo, a @negracervejasommelier, para pensar rótulos que harmonizem com a ocasião. Sara foi muito além e trouxe para a nossa mesa de Natal as chefs e pesquisadoras Lourence Alves e Aline Guedes. Sara escolheu as cervejas e as enviou às chefs, que criaram receitas, mesclando o clima festivo do Natal com a vasta pesquisa que fazem da cozinha afro-brasileira. O resultado é um cardápio que equilibra tradições e que, espero, inspire.

Entrada

Unicorn Catharina Sour com BergamotaR$ 21,90 (473 ml, no clubedomalte.com.br)

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Levíssima, com teor alcoólico baixo, ácida e com o toque cítrico da fruta, é perfeita para entrar no clima de festa. Para começar num clima bem solar, a sugestão de entrada, da chef Aline Guedes, é uma torradinha de boursin com salmão gravlax, dill, supremes de laranja em calda e tomates grape confitados. A harmonização é por semelhança, aquela em que as notas da cerveja encontram e se reconhecem nas da comida. A cerveja combina com vários tipos de salada, pode pensar em adicionar um queijo, umas castanhas, que vai dar certo. E para quem é do clima craft, a receita inclui até o preparo do gravlax de salmão.

Tostadas de salmão gravlax, boursin e laranja em calda. Foto: Aline Guedes

Principal

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Zapata Ziggy LemonR$ 18,90 (500 ml, na www.zapatacervejariarural.com.br)

Witbier com adição de limão e de gengibre, é frutada, leve e refrescante e ajuda a equilibrar preparos mais untuosos, como a ave recheada de feijão tropeiro que a chef Lourence Alves sugere, inspirada nas afrobrasilidades: "tecnologias de resistência, desenvolvidas por negras e negros, diante dos processos de escravização, e que ainda podem ser percebidas na contemporaneidade." Laurence propõe a reflexão: "A cozinha brasileira foi estruturada sob as mãos pretas, mas nossos corpos seguem nos bastidores dos espaços da cozinha. E nossas contribuições são lidas como heranças. Mas herança é legado de quem está morto – e nós seguimos vivos." No lugar da farinha de mandioca fina comumente usada no tropeiro, a chef sugere a farinha d’água amarela, mais grossa, que traz mais leveza ao preparo. E dá uma dica: "desosse a ave e deixe descansar em uma marinada saborosa antesde rechear e assar. Vale até adicionar gengibre e limão na marinada do franco e um poco da Ziggy Lemon, fica incrível!"

Acompanhamento

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Chimay RougeR$ 26,53 (330 ml, no emporiodacerveja.com.br)

As notas adocicadas são características da mesa de Natal. E para fazer par com elas, a clássica dubbel belga, escura, com notas de caramelo, é uma escolha elegante para a ceia. A chef Lourence sugere um arroz com castanha de caju e carne seca caramelizada inspirado no afrofuturismo: "é o movimento que parte do resgate de mitologias africanas em diálogo com a tecnologia, produzindo novas narrativas de negritude. Na tradução para a cozinha, busquei elementos da ancestralidade africana para construir um preparo com técnicas contemporâneas. A salga da carne remonta o Egito antigo. Mas é subvertida pela caramelização no açúcar – fica adocicada. As castanhas nos preparos salgados também remete à África, onde é usado o amendoim. Ressignifico essa referência com o uso da castanha de caju, brasileira. O prato surpreende o paladar, adocicando o sal, e promove um diálogo contemporâneo África x Brasil."

Bolinhos de banana com ricota, castanha do pará e especiarias. Foto: Aline Guedes
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Sobremesa

UX Brew Too Many Nuts!!!!!R$ 31,99 (473 ml, na www.hoppack.com.br)

Uma cerveja que faz as vezes de cafezinho e sobremesa ao mesmo tempo, essa russian imperial stout tem 10% de teor alcoólico e leva castanhas caramelizadas (nozes, avelã, castanha-do-pará, amendoim, macadâmia e amêndoa), além de uva passa. É licorosa, intensa, para tomar uma tacinha com a sobremesa, como se fosse um vinho do Porto. Para fechar a ceia afro-brasileira, a chef Aline Guedes sugere bolinho de banana com especiarias e castanhas. "No lugar das rabanadas, bolinho de chuva, em uma versão que leva banana e se inspira na alimentação quilombola, marcada pelos ritos de comensalidade e produção de pratos com ingredientes colhidos no quilombo. A história oral garante que as tradições sejam transmitidas entre gerações, caso da base desta receita. Para a ceia, ela ganha ares contemporâneos, em uma estratégia que busca a difusão das tradições dos remanescentes quilombolas do nosso país."

Para convencer você a combinar a ceia com cervejas de diferentes estilos, convidei a sommelière Sara Araújo, a @negracervejasommelier, para pensar rótulos que harmonizem com a ocasião. Sara foi muito além e trouxe para a nossa mesa de Natal as chefs e pesquisadoras Lourence Alves e Aline Guedes. Sara escolheu as cervejas e as enviou às chefs, que criaram receitas, mesclando o clima festivo do Natal com a vasta pesquisa que fazem da cozinha afro-brasileira. O resultado é um cardápio que equilibra tradições e que, espero, inspire.

Entrada

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Levíssima, com teor alcoólico baixo, ácida e com o toque cítrico da fruta, é perfeita para entrar no clima de festa. Para começar num clima bem solar, a sugestão de entrada, da chef Aline Guedes, é uma torradinha de boursin com salmão gravlax, dill, supremes de laranja em calda e tomates grape confitados. A harmonização é por semelhança, aquela em que as notas da cerveja encontram e se reconhecem nas da comida. A cerveja combina com vários tipos de salada, pode pensar em adicionar um queijo, umas castanhas, que vai dar certo. E para quem é do clima craft, a receita inclui até o preparo do gravlax de salmão.

Tostadas de salmão gravlax, boursin e laranja em calda. Foto: Aline Guedes

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Witbier com adição de limão e de gengibre, é frutada, leve e refrescante e ajuda a equilibrar preparos mais untuosos, como a ave recheada de feijão tropeiro que a chef Lourence Alves sugere, inspirada nas afrobrasilidades: "tecnologias de resistência, desenvolvidas por negras e negros, diante dos processos de escravização, e que ainda podem ser percebidas na contemporaneidade." Laurence propõe a reflexão: "A cozinha brasileira foi estruturada sob as mãos pretas, mas nossos corpos seguem nos bastidores dos espaços da cozinha. E nossas contribuições são lidas como heranças. Mas herança é legado de quem está morto – e nós seguimos vivos." No lugar da farinha de mandioca fina comumente usada no tropeiro, a chef sugere a farinha d’água amarela, mais grossa, que traz mais leveza ao preparo. E dá uma dica: "desosse a ave e deixe descansar em uma marinada saborosa antesde rechear e assar. Vale até adicionar gengibre e limão na marinada do franco e um poco da Ziggy Lemon, fica incrível!"

Acompanhamento

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As notas adocicadas são características da mesa de Natal. E para fazer par com elas, a clássica dubbel belga, escura, com notas de caramelo, é uma escolha elegante para a ceia. A chef Lourence sugere um arroz com castanha de caju e carne seca caramelizada inspirado no afrofuturismo: "é o movimento que parte do resgate de mitologias africanas em diálogo com a tecnologia, produzindo novas narrativas de negritude. Na tradução para a cozinha, busquei elementos da ancestralidade africana para construir um preparo com técnicas contemporâneas. A salga da carne remonta o Egito antigo. Mas é subvertida pela caramelização no açúcar – fica adocicada. As castanhas nos preparos salgados também remete à África, onde é usado o amendoim. Ressignifico essa referência com o uso da castanha de caju, brasileira. O prato surpreende o paladar, adocicando o sal, e promove um diálogo contemporâneo África x Brasil."

Bolinhos de banana com ricota, castanha do pará e especiarias. Foto: Aline Guedes

Sobremesa

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Uma cerveja que faz as vezes de cafezinho e sobremesa ao mesmo tempo, essa russian imperial stout tem 10% de teor alcoólico e leva castanhas caramelizadas (nozes, avelã, castanha-do-pará, amendoim, macadâmia e amêndoa), além de uva passa. É licorosa, intensa, para tomar uma tacinha com a sobremesa, como se fosse um vinho do Porto. Para fechar a ceia afro-brasileira, a chef Aline Guedes sugere bolinho de banana com especiarias e castanhas. "No lugar das rabanadas, bolinho de chuva, em uma versão que leva banana e se inspira na alimentação quilombola, marcada pelos ritos de comensalidade e produção de pratos com ingredientes colhidos no quilombo. A história oral garante que as tradições sejam transmitidas entre gerações, caso da base desta receita. Para a ceia, ela ganha ares contemporâneos, em uma estratégia que busca a difusão das tradições dos remanescentes quilombolas do nosso país."

Para convencer você a combinar a ceia com cervejas de diferentes estilos, convidei a sommelière Sara Araújo, a @negracervejasommelier, para pensar rótulos que harmonizem com a ocasião. Sara foi muito além e trouxe para a nossa mesa de Natal as chefs e pesquisadoras Lourence Alves e Aline Guedes. Sara escolheu as cervejas e as enviou às chefs, que criaram receitas, mesclando o clima festivo do Natal com a vasta pesquisa que fazem da cozinha afro-brasileira. O resultado é um cardápio que equilibra tradições e que, espero, inspire.

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Tostadas de salmão gravlax, boursin e laranja em calda. Foto: Aline Guedes

Principal

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Witbier com adição de limão e de gengibre, é frutada, leve e refrescante e ajuda a equilibrar preparos mais untuosos, como a ave recheada de feijão tropeiro que a chef Lourence Alves sugere, inspirada nas afrobrasilidades: "tecnologias de resistência, desenvolvidas por negras e negros, diante dos processos de escravização, e que ainda podem ser percebidas na contemporaneidade." Laurence propõe a reflexão: "A cozinha brasileira foi estruturada sob as mãos pretas, mas nossos corpos seguem nos bastidores dos espaços da cozinha. E nossas contribuições são lidas como heranças. Mas herança é legado de quem está morto – e nós seguimos vivos." No lugar da farinha de mandioca fina comumente usada no tropeiro, a chef sugere a farinha d’água amarela, mais grossa, que traz mais leveza ao preparo. E dá uma dica: "desosse a ave e deixe descansar em uma marinada saborosa antesde rechear e assar. Vale até adicionar gengibre e limão na marinada do franco e um poco da Ziggy Lemon, fica incrível!"

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As notas adocicadas são características da mesa de Natal. E para fazer par com elas, a clássica dubbel belga, escura, com notas de caramelo, é uma escolha elegante para a ceia. A chef Lourence sugere um arroz com castanha de caju e carne seca caramelizada inspirado no afrofuturismo: "é o movimento que parte do resgate de mitologias africanas em diálogo com a tecnologia, produzindo novas narrativas de negritude. Na tradução para a cozinha, busquei elementos da ancestralidade africana para construir um preparo com técnicas contemporâneas. A salga da carne remonta o Egito antigo. Mas é subvertida pela caramelização no açúcar – fica adocicada. As castanhas nos preparos salgados também remete à África, onde é usado o amendoim. Ressignifico essa referência com o uso da castanha de caju, brasileira. O prato surpreende o paladar, adocicando o sal, e promove um diálogo contemporâneo África x Brasil."

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