Vamos beber e falar sobre cerveja

Implicantes, fábrica de cervejas negra, lança financiamento coletivo e sofre ataque virtual


Episódio, que já dura dias, mostra o quanto ainda há para ser feito na luta antirracista no meio cervejeiro – e fora dele

Por Heloisa Lupinacci

Uma semana atrás, a Juan Caloto, conhecida por suas cervejas cheias de personalidade, começou a enviar as caixas de recompensa para os participantes do seu financiamento coletivo, criado para a cervejaria atravessar o período de crise. Aproveitou a ocasião para divulgar o projeto semelhante da gaúcha Implicantes, primeira fábrica cervejeira negra e assunto aqui em 26 de junho.

No meio da tarde do mesmo dia, em grupos cervejeiros, começou o ataque à Implicantes. Enquanto alguns caçoavam do financiamento coletivo, outros faziam comentários agressivamente racistas.

Equipe da CervejariaImplicantes Foto: Implicantes
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No dia seguinte, a Farofa Magazine, revista da sommelière Bia Amorim, publicou texto do jornalista Márcio Beck respondendo a uma mensagem que viu aparecer repetidas vezes nos ataques à Implicantes: "parte dos envolvidos tentou legitimar a atitude sob o (falso) argumento de que a Implicantes estaria 'se apropriando culturalmente de uma bebida de brancos (nórdicos)'.", escreveu Beck no texto A cerveja é para todos. "Povos da África, do Oriente Médio e do Extremo Oriente produziam bebidas fermentadas de grãos maltados e não-maltados [...], ou seja, cerveja, milênios antes dos povos nórdicos e germânicos." Para ler: "digite farofa márcio beck" no Google.

Bia divulgou a publicação nos grupos cervejeiros no Facebook. A reação veio forte. "Que grande m***. Cervejaria de negros, o que interfere os donos serem negros ou brancos?", bradou um dos participantes. "Virou um fubá. Um dos administradores fez um post usando o Garrett Oliver como exemplo de negro sem 'mimimi'", conta Bia. Acontece que Oliver, ícone cervejeiro da Brooklyn, acabou de lançar um projeto imenso de bolsas para estimular a entrada de negros no meio cervejeiro. A repercussão foi grande, chegou a Oliver e o post foi tirado do ar.

Rótulo da American Brown "Abolicionista" Ale, da cervejaria gaúcha Implicantes. Foto: Implicantes
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De quinta a hoje, o assunto rendeu. Uma parte das pessoas se posicionou e pediu apoio à Implicante. Uma parte, como sempre, ficou calada. Ao fim de uma semana intensa, a primeira fábrica cervejeira negra do Brasil está perto de atingir sua meta no financiamento coletivo.

Por que estou contando essa treta cervejeira aqui? Porque não é uma treta cervejeira. É uma demonstração do quanto ainda há para ser feito na luta antirracista no meio cervejeiro – e fora dele. É mais um episódio de uma realidade permanente para mais da metade da população brasileira.

Perguntei pro Diego Dias, um dos sócios da Implicantes, o que eu e você, bebedores de cerveja, podemos fazer."É importante entender o trabalho dos profissionais pretos. A gente tenta mostrar essas mensagens de racismo e o pessoal não enxerga ou não quer enxergar. E não é só no meio cervejeiro: qualquer profissional negro sempre tem que provar e comprovar repetidamente que sabe fazer o trabalho que exerce."

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Antes de encerrar, perguntei pro Marcelo Bellintani, um dos sócios da Juan Caloto, se a cervejaria tinha recebido alguma mensagem criticando o financiamento coletivo – voltando ao começo da história, parte dos comentários tiravam sarro de a cervejaria estar fazendo crowdfunding. "Não, muito pelo contrário, a gente recebeu apoio e foi o que a gente reproduziu com a Implicantes."Apoiar a Implicantes é o mínimo – e é também uma chance de receber a cerveja deles em São Paulo, para onde ainda não há distribuição e, de quebra, descolar um pôster antirracista ou um copo com o slogan F*da-se o racismo.

Uma semana atrás, a Juan Caloto, conhecida por suas cervejas cheias de personalidade, começou a enviar as caixas de recompensa para os participantes do seu financiamento coletivo, criado para a cervejaria atravessar o período de crise. Aproveitou a ocasião para divulgar o projeto semelhante da gaúcha Implicantes, primeira fábrica cervejeira negra e assunto aqui em 26 de junho.

No meio da tarde do mesmo dia, em grupos cervejeiros, começou o ataque à Implicantes. Enquanto alguns caçoavam do financiamento coletivo, outros faziam comentários agressivamente racistas.

Equipe da CervejariaImplicantes Foto: Implicantes

No dia seguinte, a Farofa Magazine, revista da sommelière Bia Amorim, publicou texto do jornalista Márcio Beck respondendo a uma mensagem que viu aparecer repetidas vezes nos ataques à Implicantes: "parte dos envolvidos tentou legitimar a atitude sob o (falso) argumento de que a Implicantes estaria 'se apropriando culturalmente de uma bebida de brancos (nórdicos)'.", escreveu Beck no texto A cerveja é para todos. "Povos da África, do Oriente Médio e do Extremo Oriente produziam bebidas fermentadas de grãos maltados e não-maltados [...], ou seja, cerveja, milênios antes dos povos nórdicos e germânicos." Para ler: "digite farofa márcio beck" no Google.

Bia divulgou a publicação nos grupos cervejeiros no Facebook. A reação veio forte. "Que grande m***. Cervejaria de negros, o que interfere os donos serem negros ou brancos?", bradou um dos participantes. "Virou um fubá. Um dos administradores fez um post usando o Garrett Oliver como exemplo de negro sem 'mimimi'", conta Bia. Acontece que Oliver, ícone cervejeiro da Brooklyn, acabou de lançar um projeto imenso de bolsas para estimular a entrada de negros no meio cervejeiro. A repercussão foi grande, chegou a Oliver e o post foi tirado do ar.

Rótulo da American Brown "Abolicionista" Ale, da cervejaria gaúcha Implicantes. Foto: Implicantes

De quinta a hoje, o assunto rendeu. Uma parte das pessoas se posicionou e pediu apoio à Implicante. Uma parte, como sempre, ficou calada. Ao fim de uma semana intensa, a primeira fábrica cervejeira negra do Brasil está perto de atingir sua meta no financiamento coletivo.

Por que estou contando essa treta cervejeira aqui? Porque não é uma treta cervejeira. É uma demonstração do quanto ainda há para ser feito na luta antirracista no meio cervejeiro – e fora dele. É mais um episódio de uma realidade permanente para mais da metade da população brasileira.

Perguntei pro Diego Dias, um dos sócios da Implicantes, o que eu e você, bebedores de cerveja, podemos fazer."É importante entender o trabalho dos profissionais pretos. A gente tenta mostrar essas mensagens de racismo e o pessoal não enxerga ou não quer enxergar. E não é só no meio cervejeiro: qualquer profissional negro sempre tem que provar e comprovar repetidamente que sabe fazer o trabalho que exerce."

Antes de encerrar, perguntei pro Marcelo Bellintani, um dos sócios da Juan Caloto, se a cervejaria tinha recebido alguma mensagem criticando o financiamento coletivo – voltando ao começo da história, parte dos comentários tiravam sarro de a cervejaria estar fazendo crowdfunding. "Não, muito pelo contrário, a gente recebeu apoio e foi o que a gente reproduziu com a Implicantes."Apoiar a Implicantes é o mínimo – e é também uma chance de receber a cerveja deles em São Paulo, para onde ainda não há distribuição e, de quebra, descolar um pôster antirracista ou um copo com o slogan F*da-se o racismo.

Uma semana atrás, a Juan Caloto, conhecida por suas cervejas cheias de personalidade, começou a enviar as caixas de recompensa para os participantes do seu financiamento coletivo, criado para a cervejaria atravessar o período de crise. Aproveitou a ocasião para divulgar o projeto semelhante da gaúcha Implicantes, primeira fábrica cervejeira negra e assunto aqui em 26 de junho.

No meio da tarde do mesmo dia, em grupos cervejeiros, começou o ataque à Implicantes. Enquanto alguns caçoavam do financiamento coletivo, outros faziam comentários agressivamente racistas.

Equipe da CervejariaImplicantes Foto: Implicantes

No dia seguinte, a Farofa Magazine, revista da sommelière Bia Amorim, publicou texto do jornalista Márcio Beck respondendo a uma mensagem que viu aparecer repetidas vezes nos ataques à Implicantes: "parte dos envolvidos tentou legitimar a atitude sob o (falso) argumento de que a Implicantes estaria 'se apropriando culturalmente de uma bebida de brancos (nórdicos)'.", escreveu Beck no texto A cerveja é para todos. "Povos da África, do Oriente Médio e do Extremo Oriente produziam bebidas fermentadas de grãos maltados e não-maltados [...], ou seja, cerveja, milênios antes dos povos nórdicos e germânicos." Para ler: "digite farofa márcio beck" no Google.

Bia divulgou a publicação nos grupos cervejeiros no Facebook. A reação veio forte. "Que grande m***. Cervejaria de negros, o que interfere os donos serem negros ou brancos?", bradou um dos participantes. "Virou um fubá. Um dos administradores fez um post usando o Garrett Oliver como exemplo de negro sem 'mimimi'", conta Bia. Acontece que Oliver, ícone cervejeiro da Brooklyn, acabou de lançar um projeto imenso de bolsas para estimular a entrada de negros no meio cervejeiro. A repercussão foi grande, chegou a Oliver e o post foi tirado do ar.

Rótulo da American Brown "Abolicionista" Ale, da cervejaria gaúcha Implicantes. Foto: Implicantes

De quinta a hoje, o assunto rendeu. Uma parte das pessoas se posicionou e pediu apoio à Implicante. Uma parte, como sempre, ficou calada. Ao fim de uma semana intensa, a primeira fábrica cervejeira negra do Brasil está perto de atingir sua meta no financiamento coletivo.

Por que estou contando essa treta cervejeira aqui? Porque não é uma treta cervejeira. É uma demonstração do quanto ainda há para ser feito na luta antirracista no meio cervejeiro – e fora dele. É mais um episódio de uma realidade permanente para mais da metade da população brasileira.

Perguntei pro Diego Dias, um dos sócios da Implicantes, o que eu e você, bebedores de cerveja, podemos fazer."É importante entender o trabalho dos profissionais pretos. A gente tenta mostrar essas mensagens de racismo e o pessoal não enxerga ou não quer enxergar. E não é só no meio cervejeiro: qualquer profissional negro sempre tem que provar e comprovar repetidamente que sabe fazer o trabalho que exerce."

Antes de encerrar, perguntei pro Marcelo Bellintani, um dos sócios da Juan Caloto, se a cervejaria tinha recebido alguma mensagem criticando o financiamento coletivo – voltando ao começo da história, parte dos comentários tiravam sarro de a cervejaria estar fazendo crowdfunding. "Não, muito pelo contrário, a gente recebeu apoio e foi o que a gente reproduziu com a Implicantes."Apoiar a Implicantes é o mínimo – e é também uma chance de receber a cerveja deles em São Paulo, para onde ainda não há distribuição e, de quebra, descolar um pôster antirracista ou um copo com o slogan F*da-se o racismo.

Uma semana atrás, a Juan Caloto, conhecida por suas cervejas cheias de personalidade, começou a enviar as caixas de recompensa para os participantes do seu financiamento coletivo, criado para a cervejaria atravessar o período de crise. Aproveitou a ocasião para divulgar o projeto semelhante da gaúcha Implicantes, primeira fábrica cervejeira negra e assunto aqui em 26 de junho.

No meio da tarde do mesmo dia, em grupos cervejeiros, começou o ataque à Implicantes. Enquanto alguns caçoavam do financiamento coletivo, outros faziam comentários agressivamente racistas.

Equipe da CervejariaImplicantes Foto: Implicantes

No dia seguinte, a Farofa Magazine, revista da sommelière Bia Amorim, publicou texto do jornalista Márcio Beck respondendo a uma mensagem que viu aparecer repetidas vezes nos ataques à Implicantes: "parte dos envolvidos tentou legitimar a atitude sob o (falso) argumento de que a Implicantes estaria 'se apropriando culturalmente de uma bebida de brancos (nórdicos)'.", escreveu Beck no texto A cerveja é para todos. "Povos da África, do Oriente Médio e do Extremo Oriente produziam bebidas fermentadas de grãos maltados e não-maltados [...], ou seja, cerveja, milênios antes dos povos nórdicos e germânicos." Para ler: "digite farofa márcio beck" no Google.

Bia divulgou a publicação nos grupos cervejeiros no Facebook. A reação veio forte. "Que grande m***. Cervejaria de negros, o que interfere os donos serem negros ou brancos?", bradou um dos participantes. "Virou um fubá. Um dos administradores fez um post usando o Garrett Oliver como exemplo de negro sem 'mimimi'", conta Bia. Acontece que Oliver, ícone cervejeiro da Brooklyn, acabou de lançar um projeto imenso de bolsas para estimular a entrada de negros no meio cervejeiro. A repercussão foi grande, chegou a Oliver e o post foi tirado do ar.

Rótulo da American Brown "Abolicionista" Ale, da cervejaria gaúcha Implicantes. Foto: Implicantes

De quinta a hoje, o assunto rendeu. Uma parte das pessoas se posicionou e pediu apoio à Implicante. Uma parte, como sempre, ficou calada. Ao fim de uma semana intensa, a primeira fábrica cervejeira negra do Brasil está perto de atingir sua meta no financiamento coletivo.

Por que estou contando essa treta cervejeira aqui? Porque não é uma treta cervejeira. É uma demonstração do quanto ainda há para ser feito na luta antirracista no meio cervejeiro – e fora dele. É mais um episódio de uma realidade permanente para mais da metade da população brasileira.

Perguntei pro Diego Dias, um dos sócios da Implicantes, o que eu e você, bebedores de cerveja, podemos fazer."É importante entender o trabalho dos profissionais pretos. A gente tenta mostrar essas mensagens de racismo e o pessoal não enxerga ou não quer enxergar. E não é só no meio cervejeiro: qualquer profissional negro sempre tem que provar e comprovar repetidamente que sabe fazer o trabalho que exerce."

Antes de encerrar, perguntei pro Marcelo Bellintani, um dos sócios da Juan Caloto, se a cervejaria tinha recebido alguma mensagem criticando o financiamento coletivo – voltando ao começo da história, parte dos comentários tiravam sarro de a cervejaria estar fazendo crowdfunding. "Não, muito pelo contrário, a gente recebeu apoio e foi o que a gente reproduziu com a Implicantes."Apoiar a Implicantes é o mínimo – e é também uma chance de receber a cerveja deles em São Paulo, para onde ainda não há distribuição e, de quebra, descolar um pôster antirracista ou um copo com o slogan F*da-se o racismo.

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