Vamos beber e falar sobre cerveja

'Se tivéssemos adotado o 'beba local' no passado, não teríamos cerveja artesanal'


Garrett Oliver, uma das maiores figuras do meio cervejeiro, fala sobre a produção no Brasil e o uso de latas e critica quem só segue modas

Por Heloisa Lupinacci
Atualização:

No fim de setembro fez um ano que a Brooklyn Brewery começou a produzir cervejas no Brasil, na fábrica da Maniacs, em Curitiba (o modelo tende a ampliar. Por exemplo, Lagunitas está sendo produzida nas fábricas Heineken). 

Recentemente a Brooklyn, lançou a East IPA em versão lata por aqui. Em dezembro, lança a icônica Brooklyn Lager em lata. E, saiu a primeira leva de Sorachi Ace feita no Brasil, apenas em barril: está engatado no EAP (R. Vupabussu, 305, Pinheiros), a R$ 22 (300 ml).

Aproveitei a movimentação para mandar perguntas ao cervejeiro da Brooklyn, o americano Garrett Oliver, uma das maiores figuras do meio. E ele aproveitou e passou um sabão nas cervejarias (e bebedores) que seguem a moda em vez de buscar inspiração nos clássicos.

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O cervejeiro americano Garrett Oliver, daBrooklyn Brewery. Foto: Patricia Spier

Faz um ano que a Brooklyn está produzindo cerveja no Brasil. Está funcionando? Quais as vantagens do modelo? Está. A economia do Brasil mudou muito desde que começamos a vender nossas cervejas no País e nossas cervejas ficaram caras demais. Produzir no Brasil é um jeito de baixar o preço, oferecer uma cerveja melhor (já que ela viaja menos) e reduzir o impacto ambiental. 

Vê outras cervejarias adotando o mesmo sistema? Talvez, mas, francamente, não vai ser fácil. Temos uma relação antiga com o Brasil, eu conheço bem o País. Enviamos nossos cervejeiros para trabalhar com os colegas brasileiros. Não dá para fazer cerveja na base da troca de e-mails.

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Por que lata de 350 ml, quando a maior parte das cervejarias artesanais prefere as de 473 ml?  A lata de 473 ml bombou por causa do Instagram – ela tem mais “tela” para imprimir desenhos. Nós focamos na cerveja em si mais do que no visual da lata. E as de 350 ml são mais populares. É bom lembrar que até pouco tempo latas eram associadas a cerveja comercial. Essas coisas mudam rápido. Fazemos cerveja há bastante tempo, não damos muita bola para moda, que é passageira. 

Quais as vantagens da lata? Fomos pioneiros, lançamos a Brooklyn Lager em lata em 2000. A lata chega a mais lugares do que as garrafas: estádios, campos de golfe, casas de show, etc. Com o crescimento da marca, cada vez mais recebíamos convites para vender nesses lugares. A lata foi reação ao aumento da popularidade da nossa cerveja. Hoje, há outros motivos para enlatar: latas são leves, não quebram, bloqueiam a luz, têm impacto menor no ambiente e criam uma plataforma mais generosa para rótulos descolados. 

As cervejarias artesanais levaram mais tempo para enlatar porque a indústria que fazia as enlatadoras atendia apenas a escala industrial, com máquinas imensas que custam muito mais de US$ 1 milhão. Com o crescimento das artesanais, essa indústria também mudou, e hoje fabrica linhas menores e menos caras. O que quero dizer com essa história é que às vezes o mercado é movido por forças que o consumidor não tem como ver.

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Você vê alguma tendência de mercado em termos de negócios? Vê a cena aumentando ou estabilizando?  Temos 8 mil cervejarias nos EUA, e os distribuidores estão começando a escolher vencedores e perdedores. Muitos consumidores estão cansados da baixa qualidade e do fato de muitas cervejarias fazerem as mesmas cervejas da moda. As marcas estão genéricas demais. Vejo uma tendência de cervejarias de tap room. Uma cervejaria local moderna pode dar lucro suficiente para manter seus donos e um pequeno staff e é isso. É um modelo antigo, na verdade, do século 19, começo do 20, que está se restabelecendo.

Minha impressão, à distância, é que há tantos movimentos acontecendo ao mesmo tempo que é difícil ver uma direção clara. De onde você está, consegue ver uma direção? “Beba local” é legal, mas eu espero que essa valorização do local não acabe com a grande troca cultural que fez a cerveja artesanal ser tão especial. Nos EUA, a gente costumava encontrar cervejas maravilhosas da Bélgica, Alemanha, Inglaterra e outros lugares. Agora, a maior parte das pessoas só quer saber de cerveja local. Mas se a gente tivesse se restringido ao “beba local” 25 anos atrás, não estaríamos tomando cerveja artesanal americana hoje.

Eu vejo isso começando a acontecer… tantas cervejas parecem iguais e têm o mesmo gosto hoje… É exatamente contra isso que lutamos no passado. Os cervejeiros estão olhando no espelho em vez de buscar influências no mundo. 

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Espero que a criatividade baseada em tradição continue a ser a marca do movimento cervejeiro. Fomos a primeira cervejaria do mundo a fazer colaborativas. E ainda acreditamos que colaborar, trocar ideias, é mais interessante do que ficar clonando a si mesmo. 

No fim de setembro fez um ano que a Brooklyn Brewery começou a produzir cervejas no Brasil, na fábrica da Maniacs, em Curitiba (o modelo tende a ampliar. Por exemplo, Lagunitas está sendo produzida nas fábricas Heineken). 

Recentemente a Brooklyn, lançou a East IPA em versão lata por aqui. Em dezembro, lança a icônica Brooklyn Lager em lata. E, saiu a primeira leva de Sorachi Ace feita no Brasil, apenas em barril: está engatado no EAP (R. Vupabussu, 305, Pinheiros), a R$ 22 (300 ml).

Aproveitei a movimentação para mandar perguntas ao cervejeiro da Brooklyn, o americano Garrett Oliver, uma das maiores figuras do meio. E ele aproveitou e passou um sabão nas cervejarias (e bebedores) que seguem a moda em vez de buscar inspiração nos clássicos.

O cervejeiro americano Garrett Oliver, daBrooklyn Brewery. Foto: Patricia Spier

Faz um ano que a Brooklyn está produzindo cerveja no Brasil. Está funcionando? Quais as vantagens do modelo? Está. A economia do Brasil mudou muito desde que começamos a vender nossas cervejas no País e nossas cervejas ficaram caras demais. Produzir no Brasil é um jeito de baixar o preço, oferecer uma cerveja melhor (já que ela viaja menos) e reduzir o impacto ambiental. 

Vê outras cervejarias adotando o mesmo sistema? Talvez, mas, francamente, não vai ser fácil. Temos uma relação antiga com o Brasil, eu conheço bem o País. Enviamos nossos cervejeiros para trabalhar com os colegas brasileiros. Não dá para fazer cerveja na base da troca de e-mails.

Por que lata de 350 ml, quando a maior parte das cervejarias artesanais prefere as de 473 ml?  A lata de 473 ml bombou por causa do Instagram – ela tem mais “tela” para imprimir desenhos. Nós focamos na cerveja em si mais do que no visual da lata. E as de 350 ml são mais populares. É bom lembrar que até pouco tempo latas eram associadas a cerveja comercial. Essas coisas mudam rápido. Fazemos cerveja há bastante tempo, não damos muita bola para moda, que é passageira. 

Quais as vantagens da lata? Fomos pioneiros, lançamos a Brooklyn Lager em lata em 2000. A lata chega a mais lugares do que as garrafas: estádios, campos de golfe, casas de show, etc. Com o crescimento da marca, cada vez mais recebíamos convites para vender nesses lugares. A lata foi reação ao aumento da popularidade da nossa cerveja. Hoje, há outros motivos para enlatar: latas são leves, não quebram, bloqueiam a luz, têm impacto menor no ambiente e criam uma plataforma mais generosa para rótulos descolados. 

As cervejarias artesanais levaram mais tempo para enlatar porque a indústria que fazia as enlatadoras atendia apenas a escala industrial, com máquinas imensas que custam muito mais de US$ 1 milhão. Com o crescimento das artesanais, essa indústria também mudou, e hoje fabrica linhas menores e menos caras. O que quero dizer com essa história é que às vezes o mercado é movido por forças que o consumidor não tem como ver.

Você vê alguma tendência de mercado em termos de negócios? Vê a cena aumentando ou estabilizando?  Temos 8 mil cervejarias nos EUA, e os distribuidores estão começando a escolher vencedores e perdedores. Muitos consumidores estão cansados da baixa qualidade e do fato de muitas cervejarias fazerem as mesmas cervejas da moda. As marcas estão genéricas demais. Vejo uma tendência de cervejarias de tap room. Uma cervejaria local moderna pode dar lucro suficiente para manter seus donos e um pequeno staff e é isso. É um modelo antigo, na verdade, do século 19, começo do 20, que está se restabelecendo.

Minha impressão, à distância, é que há tantos movimentos acontecendo ao mesmo tempo que é difícil ver uma direção clara. De onde você está, consegue ver uma direção? “Beba local” é legal, mas eu espero que essa valorização do local não acabe com a grande troca cultural que fez a cerveja artesanal ser tão especial. Nos EUA, a gente costumava encontrar cervejas maravilhosas da Bélgica, Alemanha, Inglaterra e outros lugares. Agora, a maior parte das pessoas só quer saber de cerveja local. Mas se a gente tivesse se restringido ao “beba local” 25 anos atrás, não estaríamos tomando cerveja artesanal americana hoje.

Eu vejo isso começando a acontecer… tantas cervejas parecem iguais e têm o mesmo gosto hoje… É exatamente contra isso que lutamos no passado. Os cervejeiros estão olhando no espelho em vez de buscar influências no mundo. 

Espero que a criatividade baseada em tradição continue a ser a marca do movimento cervejeiro. Fomos a primeira cervejaria do mundo a fazer colaborativas. E ainda acreditamos que colaborar, trocar ideias, é mais interessante do que ficar clonando a si mesmo. 

No fim de setembro fez um ano que a Brooklyn Brewery começou a produzir cervejas no Brasil, na fábrica da Maniacs, em Curitiba (o modelo tende a ampliar. Por exemplo, Lagunitas está sendo produzida nas fábricas Heineken). 

Recentemente a Brooklyn, lançou a East IPA em versão lata por aqui. Em dezembro, lança a icônica Brooklyn Lager em lata. E, saiu a primeira leva de Sorachi Ace feita no Brasil, apenas em barril: está engatado no EAP (R. Vupabussu, 305, Pinheiros), a R$ 22 (300 ml).

Aproveitei a movimentação para mandar perguntas ao cervejeiro da Brooklyn, o americano Garrett Oliver, uma das maiores figuras do meio. E ele aproveitou e passou um sabão nas cervejarias (e bebedores) que seguem a moda em vez de buscar inspiração nos clássicos.

O cervejeiro americano Garrett Oliver, daBrooklyn Brewery. Foto: Patricia Spier

Faz um ano que a Brooklyn está produzindo cerveja no Brasil. Está funcionando? Quais as vantagens do modelo? Está. A economia do Brasil mudou muito desde que começamos a vender nossas cervejas no País e nossas cervejas ficaram caras demais. Produzir no Brasil é um jeito de baixar o preço, oferecer uma cerveja melhor (já que ela viaja menos) e reduzir o impacto ambiental. 

Vê outras cervejarias adotando o mesmo sistema? Talvez, mas, francamente, não vai ser fácil. Temos uma relação antiga com o Brasil, eu conheço bem o País. Enviamos nossos cervejeiros para trabalhar com os colegas brasileiros. Não dá para fazer cerveja na base da troca de e-mails.

Por que lata de 350 ml, quando a maior parte das cervejarias artesanais prefere as de 473 ml?  A lata de 473 ml bombou por causa do Instagram – ela tem mais “tela” para imprimir desenhos. Nós focamos na cerveja em si mais do que no visual da lata. E as de 350 ml são mais populares. É bom lembrar que até pouco tempo latas eram associadas a cerveja comercial. Essas coisas mudam rápido. Fazemos cerveja há bastante tempo, não damos muita bola para moda, que é passageira. 

Quais as vantagens da lata? Fomos pioneiros, lançamos a Brooklyn Lager em lata em 2000. A lata chega a mais lugares do que as garrafas: estádios, campos de golfe, casas de show, etc. Com o crescimento da marca, cada vez mais recebíamos convites para vender nesses lugares. A lata foi reação ao aumento da popularidade da nossa cerveja. Hoje, há outros motivos para enlatar: latas são leves, não quebram, bloqueiam a luz, têm impacto menor no ambiente e criam uma plataforma mais generosa para rótulos descolados. 

As cervejarias artesanais levaram mais tempo para enlatar porque a indústria que fazia as enlatadoras atendia apenas a escala industrial, com máquinas imensas que custam muito mais de US$ 1 milhão. Com o crescimento das artesanais, essa indústria também mudou, e hoje fabrica linhas menores e menos caras. O que quero dizer com essa história é que às vezes o mercado é movido por forças que o consumidor não tem como ver.

Você vê alguma tendência de mercado em termos de negócios? Vê a cena aumentando ou estabilizando?  Temos 8 mil cervejarias nos EUA, e os distribuidores estão começando a escolher vencedores e perdedores. Muitos consumidores estão cansados da baixa qualidade e do fato de muitas cervejarias fazerem as mesmas cervejas da moda. As marcas estão genéricas demais. Vejo uma tendência de cervejarias de tap room. Uma cervejaria local moderna pode dar lucro suficiente para manter seus donos e um pequeno staff e é isso. É um modelo antigo, na verdade, do século 19, começo do 20, que está se restabelecendo.

Minha impressão, à distância, é que há tantos movimentos acontecendo ao mesmo tempo que é difícil ver uma direção clara. De onde você está, consegue ver uma direção? “Beba local” é legal, mas eu espero que essa valorização do local não acabe com a grande troca cultural que fez a cerveja artesanal ser tão especial. Nos EUA, a gente costumava encontrar cervejas maravilhosas da Bélgica, Alemanha, Inglaterra e outros lugares. Agora, a maior parte das pessoas só quer saber de cerveja local. Mas se a gente tivesse se restringido ao “beba local” 25 anos atrás, não estaríamos tomando cerveja artesanal americana hoje.

Eu vejo isso começando a acontecer… tantas cervejas parecem iguais e têm o mesmo gosto hoje… É exatamente contra isso que lutamos no passado. Os cervejeiros estão olhando no espelho em vez de buscar influências no mundo. 

Espero que a criatividade baseada em tradição continue a ser a marca do movimento cervejeiro. Fomos a primeira cervejaria do mundo a fazer colaborativas. E ainda acreditamos que colaborar, trocar ideias, é mais interessante do que ficar clonando a si mesmo. 

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