Aventuras lácteas entre o Brasil e a França

Opinião|Coletivo de salvaguarda do queijo minas artesanal atualizou seus "modos de fazer"


Plano de salvaguarda do saber-fazer, que é patrimônio cultural do Brasil, aumentou a sua abrangência territorial e pluralidade

Por Débora Pereira

O coletivo de salvaguarda - produtores, curadores, associações e instituições - que gere os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, terminou de revisar seu plano de salvaguarda. É uma revalidação que deve acontecer a cada 10 anos, prevista por decreto do Iphan, mas atrasou pela dificuldade de reunir os produtores na pandemia e para ter mais tempo para todos darem seus palpites essenciais. Os encontros foram realizados em 2023 e 2024. 

Produtores, curadores, pesquisadores e gestores do Iphan em reunião de validação do plano de salvaguarda, Casa do Conde, Belo Horizonte/MG. Novembro de 2023. Foto: André Nogueira Brasil/Iphan

"Isso visa assegurar a salvaguarda de conhecimentos e técnicas relacionadas à produção de queijo, desenvolvidas ao longo dos últimos três séculos, por pequenos produtores rurais de Minas Gerais," explica Corina Moreira, cientista social do IPHAN. Com a antropóloga Tainah Leite e sua equipe, elas incorporaram no plano as mudanças que ocorreram desde 2008.

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Saber material sempre muda

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"Saber imaterial é algo vivo", disse Corina. No caso do queijo mineiro, ele está vivíssimo. A mudança mais visível, já no título do documento, é que o "Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas", no singular, contemplando antes três regiões: Serro, Canastra e Salitre-Alto Paranaíba, virou "Modos de Fazer" no plural. Entraram as regiões de Araxá, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Entre Serras da Piedade ao Caraça e Diamantina. É o único bem imaterial brasileiro que teve alteração no nome e na zona de abrangência.

O queijo minas artesanal é apertado com a mão Foto: Amanda

 

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O documento fala da preocupação dos produtores com o bem-estar animal, enfatiza o papel do queijo nas relações de boa vizinhança e na deliciosa hospitalidade e gastronomia mineira das comunidades rurais, que têm forte sentimento de pertencimento.

 

Queijo minas artesanal de casca florida natural Foto: Canastra Mergulhão/SerTãoBras
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No coletivo, as discussões mais quentes foram em defesa da microbiodiversidade dos queijos de casca florida natural. Os produtores conseguiram não deixar entrar o pacotinho de fermento do comércio na receita, para não alterar a naturalidade e sabor do queijo. A próxima batalha é contra  a proibição do uso de utensílios seculares de madeira, questão que promete...

Queijo mofado do Cerrado, em tábua de madeira Foto: Cida Pereira/Santa Clara Dourados
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O documento é um planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo. "Vai muito além de preservar o produto em si, é perenizar nossa cultura, nossas tradições e nossa identidade. Significa manter o orgulho de sermos mineiros e exaltar nosso modo de vida. Representa a garantia de geração de renda para inúmeras famílias de pequenos produtores rurais, com a perpetuação da nossa arte em forma de queijo", diz Ricardo Boscaro, do Sebrae-MG.

Queijo minas artesanal vendido no mercado central de Belo Horizonte Foto: Débora Pereira/SerTãoBras
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Plano fortalece candidatura ao Livro dos Saberes

Todos estamos na torcida para que os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal entre para a lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A candidatura está em análise técnica pelo Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. A resposta está prevista para uma reunião na semana de 3 a 8 de dezembro no Paraguai. 

Rebanho mestiço, típico do queijo minas artesanal de raiz Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

 

Ações do plano de salvaguarda

Políticas para diminuir o êxodo rural, para promover sucessão familiar no campo e sustentabilidade, entre outros, foram elencadas como ações futuras e em andamento. Foi registrada a necessidade de aproximação com poderes públicos locais para concretizar o ICMS Patrimônio Cultural, que determina que municípios que têm bens reconhecidos pelo Iphan recebam verbas para ações de salvaguarda.

 

O coletivo de salvaguarda - produtores, curadores, associações e instituições - que gere os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, terminou de revisar seu plano de salvaguarda. É uma revalidação que deve acontecer a cada 10 anos, prevista por decreto do Iphan, mas atrasou pela dificuldade de reunir os produtores na pandemia e para ter mais tempo para todos darem seus palpites essenciais. Os encontros foram realizados em 2023 e 2024. 

Produtores, curadores, pesquisadores e gestores do Iphan em reunião de validação do plano de salvaguarda, Casa do Conde, Belo Horizonte/MG. Novembro de 2023. Foto: André Nogueira Brasil/Iphan

"Isso visa assegurar a salvaguarda de conhecimentos e técnicas relacionadas à produção de queijo, desenvolvidas ao longo dos últimos três séculos, por pequenos produtores rurais de Minas Gerais," explica Corina Moreira, cientista social do IPHAN. Com a antropóloga Tainah Leite e sua equipe, elas incorporaram no plano as mudanças que ocorreram desde 2008.

Saber material sempre muda

"Saber imaterial é algo vivo", disse Corina. No caso do queijo mineiro, ele está vivíssimo. A mudança mais visível, já no título do documento, é que o "Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas", no singular, contemplando antes três regiões: Serro, Canastra e Salitre-Alto Paranaíba, virou "Modos de Fazer" no plural. Entraram as regiões de Araxá, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Entre Serras da Piedade ao Caraça e Diamantina. É o único bem imaterial brasileiro que teve alteração no nome e na zona de abrangência.

O queijo minas artesanal é apertado com a mão Foto: Amanda

 

O documento fala da preocupação dos produtores com o bem-estar animal, enfatiza o papel do queijo nas relações de boa vizinhança e na deliciosa hospitalidade e gastronomia mineira das comunidades rurais, que têm forte sentimento de pertencimento.

 

Queijo minas artesanal de casca florida natural Foto: Canastra Mergulhão/SerTãoBras

 

No coletivo, as discussões mais quentes foram em defesa da microbiodiversidade dos queijos de casca florida natural. Os produtores conseguiram não deixar entrar o pacotinho de fermento do comércio na receita, para não alterar a naturalidade e sabor do queijo. A próxima batalha é contra  a proibição do uso de utensílios seculares de madeira, questão que promete...

Queijo mofado do Cerrado, em tábua de madeira Foto: Cida Pereira/Santa Clara Dourados

 

O documento é um planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo. "Vai muito além de preservar o produto em si, é perenizar nossa cultura, nossas tradições e nossa identidade. Significa manter o orgulho de sermos mineiros e exaltar nosso modo de vida. Representa a garantia de geração de renda para inúmeras famílias de pequenos produtores rurais, com a perpetuação da nossa arte em forma de queijo", diz Ricardo Boscaro, do Sebrae-MG.

Queijo minas artesanal vendido no mercado central de Belo Horizonte Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

Plano fortalece candidatura ao Livro dos Saberes

Todos estamos na torcida para que os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal entre para a lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A candidatura está em análise técnica pelo Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. A resposta está prevista para uma reunião na semana de 3 a 8 de dezembro no Paraguai. 

Rebanho mestiço, típico do queijo minas artesanal de raiz Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

 

Ações do plano de salvaguarda

Políticas para diminuir o êxodo rural, para promover sucessão familiar no campo e sustentabilidade, entre outros, foram elencadas como ações futuras e em andamento. Foi registrada a necessidade de aproximação com poderes públicos locais para concretizar o ICMS Patrimônio Cultural, que determina que municípios que têm bens reconhecidos pelo Iphan recebam verbas para ações de salvaguarda.

 

O coletivo de salvaguarda - produtores, curadores, associações e instituições - que gere os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, terminou de revisar seu plano de salvaguarda. É uma revalidação que deve acontecer a cada 10 anos, prevista por decreto do Iphan, mas atrasou pela dificuldade de reunir os produtores na pandemia e para ter mais tempo para todos darem seus palpites essenciais. Os encontros foram realizados em 2023 e 2024. 

Produtores, curadores, pesquisadores e gestores do Iphan em reunião de validação do plano de salvaguarda, Casa do Conde, Belo Horizonte/MG. Novembro de 2023. Foto: André Nogueira Brasil/Iphan

"Isso visa assegurar a salvaguarda de conhecimentos e técnicas relacionadas à produção de queijo, desenvolvidas ao longo dos últimos três séculos, por pequenos produtores rurais de Minas Gerais," explica Corina Moreira, cientista social do IPHAN. Com a antropóloga Tainah Leite e sua equipe, elas incorporaram no plano as mudanças que ocorreram desde 2008.

Saber material sempre muda

"Saber imaterial é algo vivo", disse Corina. No caso do queijo mineiro, ele está vivíssimo. A mudança mais visível, já no título do documento, é que o "Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas", no singular, contemplando antes três regiões: Serro, Canastra e Salitre-Alto Paranaíba, virou "Modos de Fazer" no plural. Entraram as regiões de Araxá, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Entre Serras da Piedade ao Caraça e Diamantina. É o único bem imaterial brasileiro que teve alteração no nome e na zona de abrangência.

O queijo minas artesanal é apertado com a mão Foto: Amanda

 

O documento fala da preocupação dos produtores com o bem-estar animal, enfatiza o papel do queijo nas relações de boa vizinhança e na deliciosa hospitalidade e gastronomia mineira das comunidades rurais, que têm forte sentimento de pertencimento.

 

Queijo minas artesanal de casca florida natural Foto: Canastra Mergulhão/SerTãoBras

 

No coletivo, as discussões mais quentes foram em defesa da microbiodiversidade dos queijos de casca florida natural. Os produtores conseguiram não deixar entrar o pacotinho de fermento do comércio na receita, para não alterar a naturalidade e sabor do queijo. A próxima batalha é contra  a proibição do uso de utensílios seculares de madeira, questão que promete...

Queijo mofado do Cerrado, em tábua de madeira Foto: Cida Pereira/Santa Clara Dourados

 

O documento é um planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo. "Vai muito além de preservar o produto em si, é perenizar nossa cultura, nossas tradições e nossa identidade. Significa manter o orgulho de sermos mineiros e exaltar nosso modo de vida. Representa a garantia de geração de renda para inúmeras famílias de pequenos produtores rurais, com a perpetuação da nossa arte em forma de queijo", diz Ricardo Boscaro, do Sebrae-MG.

Queijo minas artesanal vendido no mercado central de Belo Horizonte Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

Plano fortalece candidatura ao Livro dos Saberes

Todos estamos na torcida para que os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal entre para a lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A candidatura está em análise técnica pelo Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. A resposta está prevista para uma reunião na semana de 3 a 8 de dezembro no Paraguai. 

Rebanho mestiço, típico do queijo minas artesanal de raiz Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

 

Ações do plano de salvaguarda

Políticas para diminuir o êxodo rural, para promover sucessão familiar no campo e sustentabilidade, entre outros, foram elencadas como ações futuras e em andamento. Foi registrada a necessidade de aproximação com poderes públicos locais para concretizar o ICMS Patrimônio Cultural, que determina que municípios que têm bens reconhecidos pelo Iphan recebam verbas para ações de salvaguarda.

 

O coletivo de salvaguarda - produtores, curadores, associações e instituições - que gere os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, terminou de revisar seu plano de salvaguarda. É uma revalidação que deve acontecer a cada 10 anos, prevista por decreto do Iphan, mas atrasou pela dificuldade de reunir os produtores na pandemia e para ter mais tempo para todos darem seus palpites essenciais. Os encontros foram realizados em 2023 e 2024. 

Produtores, curadores, pesquisadores e gestores do Iphan em reunião de validação do plano de salvaguarda, Casa do Conde, Belo Horizonte/MG. Novembro de 2023. Foto: André Nogueira Brasil/Iphan

"Isso visa assegurar a salvaguarda de conhecimentos e técnicas relacionadas à produção de queijo, desenvolvidas ao longo dos últimos três séculos, por pequenos produtores rurais de Minas Gerais," explica Corina Moreira, cientista social do IPHAN. Com a antropóloga Tainah Leite e sua equipe, elas incorporaram no plano as mudanças que ocorreram desde 2008.

Saber material sempre muda

"Saber imaterial é algo vivo", disse Corina. No caso do queijo mineiro, ele está vivíssimo. A mudança mais visível, já no título do documento, é que o "Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas", no singular, contemplando antes três regiões: Serro, Canastra e Salitre-Alto Paranaíba, virou "Modos de Fazer" no plural. Entraram as regiões de Araxá, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Entre Serras da Piedade ao Caraça e Diamantina. É o único bem imaterial brasileiro que teve alteração no nome e na zona de abrangência.

O queijo minas artesanal é apertado com a mão Foto: Amanda

 

O documento fala da preocupação dos produtores com o bem-estar animal, enfatiza o papel do queijo nas relações de boa vizinhança e na deliciosa hospitalidade e gastronomia mineira das comunidades rurais, que têm forte sentimento de pertencimento.

 

Queijo minas artesanal de casca florida natural Foto: Canastra Mergulhão/SerTãoBras

 

No coletivo, as discussões mais quentes foram em defesa da microbiodiversidade dos queijos de casca florida natural. Os produtores conseguiram não deixar entrar o pacotinho de fermento do comércio na receita, para não alterar a naturalidade e sabor do queijo. A próxima batalha é contra  a proibição do uso de utensílios seculares de madeira, questão que promete...

Queijo mofado do Cerrado, em tábua de madeira Foto: Cida Pereira/Santa Clara Dourados

 

O documento é um planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo. "Vai muito além de preservar o produto em si, é perenizar nossa cultura, nossas tradições e nossa identidade. Significa manter o orgulho de sermos mineiros e exaltar nosso modo de vida. Representa a garantia de geração de renda para inúmeras famílias de pequenos produtores rurais, com a perpetuação da nossa arte em forma de queijo", diz Ricardo Boscaro, do Sebrae-MG.

Queijo minas artesanal vendido no mercado central de Belo Horizonte Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

Plano fortalece candidatura ao Livro dos Saberes

Todos estamos na torcida para que os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal entre para a lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A candidatura está em análise técnica pelo Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. A resposta está prevista para uma reunião na semana de 3 a 8 de dezembro no Paraguai. 

Rebanho mestiço, típico do queijo minas artesanal de raiz Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

 

Ações do plano de salvaguarda

Políticas para diminuir o êxodo rural, para promover sucessão familiar no campo e sustentabilidade, entre outros, foram elencadas como ações futuras e em andamento. Foi registrada a necessidade de aproximação com poderes públicos locais para concretizar o ICMS Patrimônio Cultural, que determina que municípios que têm bens reconhecidos pelo Iphan recebam verbas para ações de salvaguarda.

 

O coletivo de salvaguarda - produtores, curadores, associações e instituições - que gere os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal, terminou de revisar seu plano de salvaguarda. É uma revalidação que deve acontecer a cada 10 anos, prevista por decreto do Iphan, mas atrasou pela dificuldade de reunir os produtores na pandemia e para ter mais tempo para todos darem seus palpites essenciais. Os encontros foram realizados em 2023 e 2024. 

Produtores, curadores, pesquisadores e gestores do Iphan em reunião de validação do plano de salvaguarda, Casa do Conde, Belo Horizonte/MG. Novembro de 2023. Foto: André Nogueira Brasil/Iphan

"Isso visa assegurar a salvaguarda de conhecimentos e técnicas relacionadas à produção de queijo, desenvolvidas ao longo dos últimos três séculos, por pequenos produtores rurais de Minas Gerais," explica Corina Moreira, cientista social do IPHAN. Com a antropóloga Tainah Leite e sua equipe, elas incorporaram no plano as mudanças que ocorreram desde 2008.

Saber material sempre muda

"Saber imaterial é algo vivo", disse Corina. No caso do queijo mineiro, ele está vivíssimo. A mudança mais visível, já no título do documento, é que o "Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas", no singular, contemplando antes três regiões: Serro, Canastra e Salitre-Alto Paranaíba, virou "Modos de Fazer" no plural. Entraram as regiões de Araxá, Triângulo Mineiro, Campo das Vertentes, Serras da Ibitipoca, Entre Serras da Piedade ao Caraça e Diamantina. É o único bem imaterial brasileiro que teve alteração no nome e na zona de abrangência.

O queijo minas artesanal é apertado com a mão Foto: Amanda

 

O documento fala da preocupação dos produtores com o bem-estar animal, enfatiza o papel do queijo nas relações de boa vizinhança e na deliciosa hospitalidade e gastronomia mineira das comunidades rurais, que têm forte sentimento de pertencimento.

 

Queijo minas artesanal de casca florida natural Foto: Canastra Mergulhão/SerTãoBras

 

No coletivo, as discussões mais quentes foram em defesa da microbiodiversidade dos queijos de casca florida natural. Os produtores conseguiram não deixar entrar o pacotinho de fermento do comércio na receita, para não alterar a naturalidade e sabor do queijo. A próxima batalha é contra  a proibição do uso de utensílios seculares de madeira, questão que promete...

Queijo mofado do Cerrado, em tábua de madeira Foto: Cida Pereira/Santa Clara Dourados

 

O documento é um planejamento de ações a serem desenvolvidas a curto, médio e longo prazo. "Vai muito além de preservar o produto em si, é perenizar nossa cultura, nossas tradições e nossa identidade. Significa manter o orgulho de sermos mineiros e exaltar nosso modo de vida. Representa a garantia de geração de renda para inúmeras famílias de pequenos produtores rurais, com a perpetuação da nossa arte em forma de queijo", diz Ricardo Boscaro, do Sebrae-MG.

Queijo minas artesanal vendido no mercado central de Belo Horizonte Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

Plano fortalece candidatura ao Livro dos Saberes

Todos estamos na torcida para que os Modos de Fazer o Queijo Minas Artesanal entre para a lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A candidatura está em análise técnica pelo Comitê Intergovernamental da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. A resposta está prevista para uma reunião na semana de 3 a 8 de dezembro no Paraguai. 

Rebanho mestiço, típico do queijo minas artesanal de raiz Foto: Débora Pereira/SerTãoBras

 

Ações do plano de salvaguarda

Políticas para diminuir o êxodo rural, para promover sucessão familiar no campo e sustentabilidade, entre outros, foram elencadas como ações futuras e em andamento. Foi registrada a necessidade de aproximação com poderes públicos locais para concretizar o ICMS Patrimônio Cultural, que determina que municípios que têm bens reconhecidos pelo Iphan recebam verbas para ações de salvaguarda.

 

Opinião por Débora Pereira

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