Quando o super star dos queijos ingleses Jason Hinds veio para São Paulo em 2022 para o Mundial do Queijo do Brasil, no Teatro B32, ninguém podia esperar que dois anos depois uma novidade genial seria anunciada: graças a ele, os queijos da Pardinho Artesanal, 100% de leite cru, serão exportados para os Estados Unidos.
"Vou estar no Brasil de 7 a 11 de abril, logo antes do Mundial do Queijo, trabalhando com a equipe da Pardinho. São muitos detalhes para preparar nossa primeira remessa de queijo deles, ainda este ano, para os EUA, através de minha empresa americana Essex Street Cheese Company ... Isso é muito emocionante," disse o queijista e curador.
Com mais de 30 anos vendendo queijo no Reino Unido e exportando para mais de 40 países, Jason decidiu se aposentar para viver uma vida nômade com sua esposa. O primeiro destino será Nápoles, na Itália, onde eles querem passar alguns meses... e depois será o Brasil. Confira esta e outras novidades nessa entrevista exclusiva para nosso blog.
O que o motiva a voltar ao Brasil para o próximo Mundial do Queijo em São Paulo? Jason: A ida para o Mundial em 2022 foi minha primeira visita a São Paulo e ao Brasil. Adorei a energia do país, das pessoas e o ritmo de vida mais tranquilo. O Mundial foi muito emocionante e uma verdadeira inspiração... Eu senti que estávamos todos participando do início de uma nova era...a do queijo brasileiro, até então desconhecido do mundo exterior e tendo o Mundial como líder de torcida.
Como você vê o movimento do queijo artesanal no Brasil atualmente? Jason: Como se estivesse abrindo os olhos e saindo para ver a luz do sol. Os produtores sabem que têm muito que aprender, mas estão muito interessados em melhorar. Vejo um grande entusiasmo com este potencial e o seu futuro.
Você gostaria de vender queijos brasileiros em outros países do mundo onde Neal's Yard atua?
Jason: Absolutamente. Vamos começar nos Estados Unidos, por serem um grande mercado que está geograficamente mais próximo do Brasil e, assim como vocês, também estão bem adiantados em seu movimento do queijo artesanal.
Quais queijos brasileiros mais chamaram sua atenção?
Jason: O mandala de Pardinho é um queijo que sabe contar sobre o lugar de onde veio... É um queijo dos trópicos que realmente tem sabores de frutas tropicais, algo que eu nunca tinha encontrado em queijos antes. Também adorei o queijo curado com café. Quando eu vi achei que não iria gostar, mas realmente funcionou e achei incrível. Novamente, é um queijo que tem o gostinho da sua origem.
Como você acha que as competições de queijo ajudam a melhorar a cultura e a economia do queijo, especialmente para os pequenos produtores?
Jason: Eventos como o Mundial do Queijo ajudam tremendamente a aumentar a consciência do mercado e do público sobre as pessoas e as histórias por trás dos queijos artesanais. Em outros paises onde a profissão dos queijistas está mais forte, este trabalho é de responsabilidade deles, dos pequenos varejistas. Mas neste momento, no Brasil, as lojas especializadas em queijo ainda são muito poucas, digo as que defendem queijos brasileiros artesanais. Portanto, isso torna o trabalho do Mundial ainda mais importante.
Você vai motivar outros queijeiros ingleses a enviarem queijos para a competição brasileira?
Jason: Claro! Vou divulgar para outros queijeiros do meu país sobre esta possibilidade fantástica do Ministério da Agricultura brasileiro de poder levar queijos estrangeiros certificados para o concurso em São Paulo.
No ultimo Mundial você anunciou que iria aposentar e correr o mundo em busca de novas descobertas. O que você tem feito da sua vida agora?
Jason: Estou reformando uma casa muito antiga em West Cornwall desde o início do ano passado... custou mais tempo, energia e dinheiro do que eu esperava! Meus planos de viagem foram adiados, mas as intenções ainda são fortes. Estou pensando em passar vários meses em Nápoles antes do verão. Depois, em 2025, quero ir para a América do Sul. Eu pensava que queria morar na Argentina, mas agora estou pensando que meu primeiro destino será o Brasil!