Aventuras lácteas entre o Brasil e a França

Opinião|Queijo azul americano é o vencedor do maior concurso de queijos do mundo


Queijo de Santa Catarina foi o único medalhista da América do Sul; confira os melhores momentos do World Cheese Awards

Por Débora Pereira
Atualização:

A 32ª edição do World Cheese Awards foi realizada na última sexta-feira, 18, em Bérgamo, na Itália. Batendo seu próprio recorde, o concurso deste ano teve 3.804 queijos de 42 países diferentes - edição passada, na Noruega, teve 3.472. Cada mesa tinha entre 35 e 50 queijos para serem degustados em três horas.

Maçã para limpar as papilas entre os queijos. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  
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O julgamento ocorreu em duas etapas. Na primeira, 260 jurados de 35 países julgaram todos os queijos. Na segunda, 15 pessoas do júri, uma de cada país, avaliaram os queijos indicados como super-ouro - ou seja, o melhor de cada uma das 84 mesas.

Cada mesa indicou somente um queijo super-ouro. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  
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Os queijos vencedores

O queijo vencedor foi o azul americano Rogue River Blue. Ele foi defendido pelo brasileiro Bruno Cabral, que o descreveu como uma "explosão de sabores", algo que ele nunca tinha provado antes.

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Queijo Rogue River Blue, o vencedor. FOTO: Tim Johnston Photography 

Eu também caí de amores por este queijo - até já falei dele aqui no blog, em uma reportagem sobre as lojas de queijo americanas, em 2017 Quando vi que ele seria o último finalista, não tive dúvidas que ele seria o campeão, pela sua intensidade de sabor e sua cremosidade que derrete na boca. Ele conseguiu apagar todos os outros registros gustativos das papilas dos jurados, saturadas de provar queijos o dia inteiro.

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Panorama queijeiro do concurso . FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

A maior saia justa foi que o queijo Rogue River Blue empatou, na pontuação, com o queijo italiano Nazionale del Parmigiano Reggiano (da Latteria Sociale Santo Stefano), curado 24 meses, totalizando ambos 100 pontos.

O presidente do júri, o apresentador inglês de programas culinários Nigel Barden, primeiro hesitou e propôs uma nova votação entre os dois. Mas, em menos de dez segundos, lembrou que ele era o presidente do concurso e mudou de ideia. Ele deu o 'voto de minerva' e coroou o queijo azul americano como campeão. Silêncio na sala, um clima de tristeza tomou conta dos italianos, que não esperavam o desfecho.

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Logomarca do concurso gravada como tatuagem no queijo. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Assim, o Parmigiano ficou em segundo lugar e, em terceiro, com 92 pontos, o queijo de ovelha cru espanhol Torta del Casar D.O.P. Virgen Del Prado, fabricado pela queijaria Queseria Doña Francisca.

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Os dois vencedores no momento do empate. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

John Farrand, diretor-geral da Guild of Fine Food, a organizadora do World Cheese Awards, explicou: "Foi quase impossível este ano escolher o vencedor do concurso e gostaria de felicitar tanto a Rogue Creamery (EUA) como a Latteria Sociale Santo Stefano (Itália) por terem ido tão longe na competição e nos proporcionarem uma das mais dramáticas finais da história do World Cheese. Estes dois queijos maravilhosamente distintos dizem muito acerca da qualidade e da diversidade da produção dos queijos hoje em dia, um ousado e inovador, o outro rico em tradição, tendo ambos, no entanto, alcançado os melhores resultados possíveis junto dos juízes. A Rogue Creamery tem estado na vanguarda da revolução dos queijos artesanais nos EUA há alguns anos, por isso parece bastante apropriado que seja a primeira vencedora americana do nosso troféu de Campeão Mundial de Queijo".

Julgando e dando entrevista. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Brasil ganhou o único ouro da América do Sul

No Brasil, o queijeiro Falco Bonfadini, da Galeria do Queijo em São Paulo, foi o responsável por facilitar a inscrição dos queijos brasileiros no concurso. "Tivemos 22 queijos inscritos, 19 conseguiram a documentação para entrar na Itália, mas 12 ficaram na alfândega do Brasil devido a outras dificuldades da legislação, então, só sobraram sete brasileiros na competição", conta Falco.

O único queijo da América do Sul que ganhou uma medalha, de ouro, foi o brasileiro Quark Lac Lelo, do Laticínios São João, que fica em São João do Oeste, extremo oeste de Santa Catarina.

À esquerda, Falco Bonfadini, da Galeria do Queijo, um dos jurados. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Distribuição solidária de queijos

Num esforço para reduzir o desperdício e oferecer ajuda à comunidade em geral, o World Cheese Awards e o Forme entraram em parceria com o Banco Alimentare, uma empresa italiana que só em 2018 recolheu e redistribuiu mais de 90 mil toneladas de alimentos aos necessitados.

O Banco Alimentare foi convidado a recolher todos os queijos que tinham sido adequadamente conservados durante o concurso. Agora, eles serão entregues a 125 instituições de caridade em Bérgamo.

Os lucros da noite de gala de caridade do Forme, chamada de Buono come il formaggio (Tão bom como o queijo, em tradução livre), realizada no sábado, 19, também serão doados para financiar compras adicionais de queijo.

O vencedor: folhas de vinha e licor de pera

Roland Barthélemy, presidente da Guilde Internationale des Fromagers e um dos jurados supremos, exibe o queijo vencedor. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Produzido anualmente com leite de vaca biológico proveniente da bacia chamada Rogue Valley, no sul do Oregon, o queijo Rogue River Blue é envelhecido em caves durante um período de nove a onze meses e embrulhado em folhas de uva Syrah embebidas em licor de pera, o que promove uma maturação quase anaeróbica (sem presença de oxigênio, garantido a umidade).

No seu site, ele é descrito por exibir sabores de pera, especiarias, amora, baunilha, avelã, chocolate e bacon: uma refeição completa!

Veja como foi o evento!

Confira o resultado completo do World Cheese Awards 2019.

A 32ª edição do World Cheese Awards foi realizada na última sexta-feira, 18, em Bérgamo, na Itália. Batendo seu próprio recorde, o concurso deste ano teve 3.804 queijos de 42 países diferentes - edição passada, na Noruega, teve 3.472. Cada mesa tinha entre 35 e 50 queijos para serem degustados em três horas.

Maçã para limpar as papilas entre os queijos. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

O julgamento ocorreu em duas etapas. Na primeira, 260 jurados de 35 países julgaram todos os queijos. Na segunda, 15 pessoas do júri, uma de cada país, avaliaram os queijos indicados como super-ouro - ou seja, o melhor de cada uma das 84 mesas.

Cada mesa indicou somente um queijo super-ouro. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Os queijos vencedores

O queijo vencedor foi o azul americano Rogue River Blue. Ele foi defendido pelo brasileiro Bruno Cabral, que o descreveu como uma "explosão de sabores", algo que ele nunca tinha provado antes.

Queijo Rogue River Blue, o vencedor. FOTO: Tim Johnston Photography 

Eu também caí de amores por este queijo - até já falei dele aqui no blog, em uma reportagem sobre as lojas de queijo americanas, em 2017 Quando vi que ele seria o último finalista, não tive dúvidas que ele seria o campeão, pela sua intensidade de sabor e sua cremosidade que derrete na boca. Ele conseguiu apagar todos os outros registros gustativos das papilas dos jurados, saturadas de provar queijos o dia inteiro.

Panorama queijeiro do concurso . FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

A maior saia justa foi que o queijo Rogue River Blue empatou, na pontuação, com o queijo italiano Nazionale del Parmigiano Reggiano (da Latteria Sociale Santo Stefano), curado 24 meses, totalizando ambos 100 pontos.

O presidente do júri, o apresentador inglês de programas culinários Nigel Barden, primeiro hesitou e propôs uma nova votação entre os dois. Mas, em menos de dez segundos, lembrou que ele era o presidente do concurso e mudou de ideia. Ele deu o 'voto de minerva' e coroou o queijo azul americano como campeão. Silêncio na sala, um clima de tristeza tomou conta dos italianos, que não esperavam o desfecho.

Logomarca do concurso gravada como tatuagem no queijo. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Assim, o Parmigiano ficou em segundo lugar e, em terceiro, com 92 pontos, o queijo de ovelha cru espanhol Torta del Casar D.O.P. Virgen Del Prado, fabricado pela queijaria Queseria Doña Francisca.

Os dois vencedores no momento do empate. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

John Farrand, diretor-geral da Guild of Fine Food, a organizadora do World Cheese Awards, explicou: "Foi quase impossível este ano escolher o vencedor do concurso e gostaria de felicitar tanto a Rogue Creamery (EUA) como a Latteria Sociale Santo Stefano (Itália) por terem ido tão longe na competição e nos proporcionarem uma das mais dramáticas finais da história do World Cheese. Estes dois queijos maravilhosamente distintos dizem muito acerca da qualidade e da diversidade da produção dos queijos hoje em dia, um ousado e inovador, o outro rico em tradição, tendo ambos, no entanto, alcançado os melhores resultados possíveis junto dos juízes. A Rogue Creamery tem estado na vanguarda da revolução dos queijos artesanais nos EUA há alguns anos, por isso parece bastante apropriado que seja a primeira vencedora americana do nosso troféu de Campeão Mundial de Queijo".

Julgando e dando entrevista. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Brasil ganhou o único ouro da América do Sul

No Brasil, o queijeiro Falco Bonfadini, da Galeria do Queijo em São Paulo, foi o responsável por facilitar a inscrição dos queijos brasileiros no concurso. "Tivemos 22 queijos inscritos, 19 conseguiram a documentação para entrar na Itália, mas 12 ficaram na alfândega do Brasil devido a outras dificuldades da legislação, então, só sobraram sete brasileiros na competição", conta Falco.

O único queijo da América do Sul que ganhou uma medalha, de ouro, foi o brasileiro Quark Lac Lelo, do Laticínios São João, que fica em São João do Oeste, extremo oeste de Santa Catarina.

À esquerda, Falco Bonfadini, da Galeria do Queijo, um dos jurados. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Distribuição solidária de queijos

Num esforço para reduzir o desperdício e oferecer ajuda à comunidade em geral, o World Cheese Awards e o Forme entraram em parceria com o Banco Alimentare, uma empresa italiana que só em 2018 recolheu e redistribuiu mais de 90 mil toneladas de alimentos aos necessitados.

O Banco Alimentare foi convidado a recolher todos os queijos que tinham sido adequadamente conservados durante o concurso. Agora, eles serão entregues a 125 instituições de caridade em Bérgamo.

Os lucros da noite de gala de caridade do Forme, chamada de Buono come il formaggio (Tão bom como o queijo, em tradução livre), realizada no sábado, 19, também serão doados para financiar compras adicionais de queijo.

O vencedor: folhas de vinha e licor de pera

Roland Barthélemy, presidente da Guilde Internationale des Fromagers e um dos jurados supremos, exibe o queijo vencedor. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Produzido anualmente com leite de vaca biológico proveniente da bacia chamada Rogue Valley, no sul do Oregon, o queijo Rogue River Blue é envelhecido em caves durante um período de nove a onze meses e embrulhado em folhas de uva Syrah embebidas em licor de pera, o que promove uma maturação quase anaeróbica (sem presença de oxigênio, garantido a umidade).

No seu site, ele é descrito por exibir sabores de pera, especiarias, amora, baunilha, avelã, chocolate e bacon: uma refeição completa!

Veja como foi o evento!

Confira o resultado completo do World Cheese Awards 2019.

A 32ª edição do World Cheese Awards foi realizada na última sexta-feira, 18, em Bérgamo, na Itália. Batendo seu próprio recorde, o concurso deste ano teve 3.804 queijos de 42 países diferentes - edição passada, na Noruega, teve 3.472. Cada mesa tinha entre 35 e 50 queijos para serem degustados em três horas.

Maçã para limpar as papilas entre os queijos. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

O julgamento ocorreu em duas etapas. Na primeira, 260 jurados de 35 países julgaram todos os queijos. Na segunda, 15 pessoas do júri, uma de cada país, avaliaram os queijos indicados como super-ouro - ou seja, o melhor de cada uma das 84 mesas.

Cada mesa indicou somente um queijo super-ouro. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Os queijos vencedores

O queijo vencedor foi o azul americano Rogue River Blue. Ele foi defendido pelo brasileiro Bruno Cabral, que o descreveu como uma "explosão de sabores", algo que ele nunca tinha provado antes.

Queijo Rogue River Blue, o vencedor. FOTO: Tim Johnston Photography 

Eu também caí de amores por este queijo - até já falei dele aqui no blog, em uma reportagem sobre as lojas de queijo americanas, em 2017 Quando vi que ele seria o último finalista, não tive dúvidas que ele seria o campeão, pela sua intensidade de sabor e sua cremosidade que derrete na boca. Ele conseguiu apagar todos os outros registros gustativos das papilas dos jurados, saturadas de provar queijos o dia inteiro.

Panorama queijeiro do concurso . FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

A maior saia justa foi que o queijo Rogue River Blue empatou, na pontuação, com o queijo italiano Nazionale del Parmigiano Reggiano (da Latteria Sociale Santo Stefano), curado 24 meses, totalizando ambos 100 pontos.

O presidente do júri, o apresentador inglês de programas culinários Nigel Barden, primeiro hesitou e propôs uma nova votação entre os dois. Mas, em menos de dez segundos, lembrou que ele era o presidente do concurso e mudou de ideia. Ele deu o 'voto de minerva' e coroou o queijo azul americano como campeão. Silêncio na sala, um clima de tristeza tomou conta dos italianos, que não esperavam o desfecho.

Logomarca do concurso gravada como tatuagem no queijo. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Assim, o Parmigiano ficou em segundo lugar e, em terceiro, com 92 pontos, o queijo de ovelha cru espanhol Torta del Casar D.O.P. Virgen Del Prado, fabricado pela queijaria Queseria Doña Francisca.

Os dois vencedores no momento do empate. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

John Farrand, diretor-geral da Guild of Fine Food, a organizadora do World Cheese Awards, explicou: "Foi quase impossível este ano escolher o vencedor do concurso e gostaria de felicitar tanto a Rogue Creamery (EUA) como a Latteria Sociale Santo Stefano (Itália) por terem ido tão longe na competição e nos proporcionarem uma das mais dramáticas finais da história do World Cheese. Estes dois queijos maravilhosamente distintos dizem muito acerca da qualidade e da diversidade da produção dos queijos hoje em dia, um ousado e inovador, o outro rico em tradição, tendo ambos, no entanto, alcançado os melhores resultados possíveis junto dos juízes. A Rogue Creamery tem estado na vanguarda da revolução dos queijos artesanais nos EUA há alguns anos, por isso parece bastante apropriado que seja a primeira vencedora americana do nosso troféu de Campeão Mundial de Queijo".

Julgando e dando entrevista. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Brasil ganhou o único ouro da América do Sul

No Brasil, o queijeiro Falco Bonfadini, da Galeria do Queijo em São Paulo, foi o responsável por facilitar a inscrição dos queijos brasileiros no concurso. "Tivemos 22 queijos inscritos, 19 conseguiram a documentação para entrar na Itália, mas 12 ficaram na alfândega do Brasil devido a outras dificuldades da legislação, então, só sobraram sete brasileiros na competição", conta Falco.

O único queijo da América do Sul que ganhou uma medalha, de ouro, foi o brasileiro Quark Lac Lelo, do Laticínios São João, que fica em São João do Oeste, extremo oeste de Santa Catarina.

À esquerda, Falco Bonfadini, da Galeria do Queijo, um dos jurados. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Distribuição solidária de queijos

Num esforço para reduzir o desperdício e oferecer ajuda à comunidade em geral, o World Cheese Awards e o Forme entraram em parceria com o Banco Alimentare, uma empresa italiana que só em 2018 recolheu e redistribuiu mais de 90 mil toneladas de alimentos aos necessitados.

O Banco Alimentare foi convidado a recolher todos os queijos que tinham sido adequadamente conservados durante o concurso. Agora, eles serão entregues a 125 instituições de caridade em Bérgamo.

Os lucros da noite de gala de caridade do Forme, chamada de Buono come il formaggio (Tão bom como o queijo, em tradução livre), realizada no sábado, 19, também serão doados para financiar compras adicionais de queijo.

O vencedor: folhas de vinha e licor de pera

Roland Barthélemy, presidente da Guilde Internationale des Fromagers e um dos jurados supremos, exibe o queijo vencedor. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Produzido anualmente com leite de vaca biológico proveniente da bacia chamada Rogue Valley, no sul do Oregon, o queijo Rogue River Blue é envelhecido em caves durante um período de nove a onze meses e embrulhado em folhas de uva Syrah embebidas em licor de pera, o que promove uma maturação quase anaeróbica (sem presença de oxigênio, garantido a umidade).

No seu site, ele é descrito por exibir sabores de pera, especiarias, amora, baunilha, avelã, chocolate e bacon: uma refeição completa!

Veja como foi o evento!

Confira o resultado completo do World Cheese Awards 2019.

A 32ª edição do World Cheese Awards foi realizada na última sexta-feira, 18, em Bérgamo, na Itália. Batendo seu próprio recorde, o concurso deste ano teve 3.804 queijos de 42 países diferentes - edição passada, na Noruega, teve 3.472. Cada mesa tinha entre 35 e 50 queijos para serem degustados em três horas.

Maçã para limpar as papilas entre os queijos. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

O julgamento ocorreu em duas etapas. Na primeira, 260 jurados de 35 países julgaram todos os queijos. Na segunda, 15 pessoas do júri, uma de cada país, avaliaram os queijos indicados como super-ouro - ou seja, o melhor de cada uma das 84 mesas.

Cada mesa indicou somente um queijo super-ouro. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Os queijos vencedores

O queijo vencedor foi o azul americano Rogue River Blue. Ele foi defendido pelo brasileiro Bruno Cabral, que o descreveu como uma "explosão de sabores", algo que ele nunca tinha provado antes.

Queijo Rogue River Blue, o vencedor. FOTO: Tim Johnston Photography 

Eu também caí de amores por este queijo - até já falei dele aqui no blog, em uma reportagem sobre as lojas de queijo americanas, em 2017 Quando vi que ele seria o último finalista, não tive dúvidas que ele seria o campeão, pela sua intensidade de sabor e sua cremosidade que derrete na boca. Ele conseguiu apagar todos os outros registros gustativos das papilas dos jurados, saturadas de provar queijos o dia inteiro.

Panorama queijeiro do concurso . FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

A maior saia justa foi que o queijo Rogue River Blue empatou, na pontuação, com o queijo italiano Nazionale del Parmigiano Reggiano (da Latteria Sociale Santo Stefano), curado 24 meses, totalizando ambos 100 pontos.

O presidente do júri, o apresentador inglês de programas culinários Nigel Barden, primeiro hesitou e propôs uma nova votação entre os dois. Mas, em menos de dez segundos, lembrou que ele era o presidente do concurso e mudou de ideia. Ele deu o 'voto de minerva' e coroou o queijo azul americano como campeão. Silêncio na sala, um clima de tristeza tomou conta dos italianos, que não esperavam o desfecho.

Logomarca do concurso gravada como tatuagem no queijo. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Assim, o Parmigiano ficou em segundo lugar e, em terceiro, com 92 pontos, o queijo de ovelha cru espanhol Torta del Casar D.O.P. Virgen Del Prado, fabricado pela queijaria Queseria Doña Francisca.

Os dois vencedores no momento do empate. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

John Farrand, diretor-geral da Guild of Fine Food, a organizadora do World Cheese Awards, explicou: "Foi quase impossível este ano escolher o vencedor do concurso e gostaria de felicitar tanto a Rogue Creamery (EUA) como a Latteria Sociale Santo Stefano (Itália) por terem ido tão longe na competição e nos proporcionarem uma das mais dramáticas finais da história do World Cheese. Estes dois queijos maravilhosamente distintos dizem muito acerca da qualidade e da diversidade da produção dos queijos hoje em dia, um ousado e inovador, o outro rico em tradição, tendo ambos, no entanto, alcançado os melhores resultados possíveis junto dos juízes. A Rogue Creamery tem estado na vanguarda da revolução dos queijos artesanais nos EUA há alguns anos, por isso parece bastante apropriado que seja a primeira vencedora americana do nosso troféu de Campeão Mundial de Queijo".

Julgando e dando entrevista. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Brasil ganhou o único ouro da América do Sul

No Brasil, o queijeiro Falco Bonfadini, da Galeria do Queijo em São Paulo, foi o responsável por facilitar a inscrição dos queijos brasileiros no concurso. "Tivemos 22 queijos inscritos, 19 conseguiram a documentação para entrar na Itália, mas 12 ficaram na alfândega do Brasil devido a outras dificuldades da legislação, então, só sobraram sete brasileiros na competição", conta Falco.

O único queijo da América do Sul que ganhou uma medalha, de ouro, foi o brasileiro Quark Lac Lelo, do Laticínios São João, que fica em São João do Oeste, extremo oeste de Santa Catarina.

À esquerda, Falco Bonfadini, da Galeria do Queijo, um dos jurados. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Distribuição solidária de queijos

Num esforço para reduzir o desperdício e oferecer ajuda à comunidade em geral, o World Cheese Awards e o Forme entraram em parceria com o Banco Alimentare, uma empresa italiana que só em 2018 recolheu e redistribuiu mais de 90 mil toneladas de alimentos aos necessitados.

O Banco Alimentare foi convidado a recolher todos os queijos que tinham sido adequadamente conservados durante o concurso. Agora, eles serão entregues a 125 instituições de caridade em Bérgamo.

Os lucros da noite de gala de caridade do Forme, chamada de Buono come il formaggio (Tão bom como o queijo, em tradução livre), realizada no sábado, 19, também serão doados para financiar compras adicionais de queijo.

O vencedor: folhas de vinha e licor de pera

Roland Barthélemy, presidente da Guilde Internationale des Fromagers e um dos jurados supremos, exibe o queijo vencedor. FOTO: Débora Pereira/Profession Fromager  

Produzido anualmente com leite de vaca biológico proveniente da bacia chamada Rogue Valley, no sul do Oregon, o queijo Rogue River Blue é envelhecido em caves durante um período de nove a onze meses e embrulhado em folhas de uva Syrah embebidas em licor de pera, o que promove uma maturação quase anaeróbica (sem presença de oxigênio, garantido a umidade).

No seu site, ele é descrito por exibir sabores de pera, especiarias, amora, baunilha, avelã, chocolate e bacon: uma refeição completa!

Veja como foi o evento!

Confira o resultado completo do World Cheese Awards 2019.

Opinião por Débora Pereira

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