Aventuras lácteas entre o Brasil e a França

Opinião|Queijos para todos os bolsos na torre Eiffel da Mantiqueira


Desde que o raio gourmetizador caiu no queijo caipira brasileiro, eles estão caríssimos. Osvaldinho da Queijo d’Alagoa-MG tenta democratizar o produto

Por Débora Pereira
Atualização:
Osvaldo Filho, queijista de Alagoa Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

“Temos queijos para todo tipo de cliente, de R$50 a R$350 o quilo. Vendo três toneladas de queijo alagoa por mês, tudo de leite cru, feito por sete famílias. Meus maiores clientes são empórios e mercearias, 65 % das vendas, o resto é vendido em minhas duas lojas e por internet para consumidores finais”, detalha Osvaldo Filho, paulista de Santo André.

A torre Eiffel espirra álcool gel Foto: Débora Barros/Acervo pessoal
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"Mudei para Alagoa aos oito meses de idade, brinco que sou paulista natal e mineiro vital!" Ele virou uma celebridade queijeira na internet, com quase 90k seguidores no Instagram. Ao lado da torre Eiffel que decora uma de suas lojas, ele deu essa entrevista à distância, contando o caminho do seu sucesso.

Seu Batistinha, o primeiro fornecedor de queijo da loja, desde 2009 Foto: Débora Barros/Acervo pessoal
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Há quanto tempo trabalha com queijos? Em 2009 fundei a Queijo D'Alagoa-MG pra ajudar o Seu Batistinha, produtor de queijos que, na época, estava com dificuldade para escoar a sua produção. Depois vi que outros produtores com o mesmo problema e comecei a propor queijos diferentes aos clientes. Tem muita gente nova entrando no mercado do queijo artesanal agora que nem sonha do quanto de saliva gastamos e de digital de dedo discutindo em grupos e escrevendo propostas, fazendo campanhas e disseminando a necessidade de legalização do queijo artesanal. Hoje a cadeia do queijo artesanal está mais organizada e em contínua evolução. Os produtores buscando mais qualificação e tendo sua importância reconhecida, curadores de queijo também ganharam espaço e relevância, os queijistas esbanjando informações sobre a origem e todo o processo pro queijo chegar nas lojas. As associações estão mais organizadas e lutando em prol de interesses comuns. Todo esse organismo sendo ajustado para suprir uma demanda existente que tende a crescer.

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Seu Márcio, com seu rosto estampado no rótulo Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual foi o momento queijeiro mais forte da sua vida?

Foi quando recebemos o primeiro prêmio internacional, em junho de 2017, em Tours, na França. Aquele dia foi inesquecível. Chorei de alegria. Apenas 12 queijos brasileiros receberam medalhas e um deles foi o nosso. Aquele prêmio foi um divisor de águas para a cidade de Alagoa. Conseguimos colocar o queijo daqui num patamar internacional. Fiquei feliz demais da conta. Uma vez viajando com a família para Viçosa paramos para almoçar. Uma família de Juiz de Fora me abordou dizendo que me conheciam da internet e que acompanharam toda a viagem à França! Tiramos fotos juntos. Quando estávamos saindo, estava chegando um médico, também de Juiz de Fora, e falou: Osvaldinho? Respondi que sim, ele também falou a mesma coisa e pediu pra tirar foto. Quando entramos no carro, meu filho, Osvaldinho Neto falou: "É pai, o senhor está famosinho, hein?"

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Dona Dirce, que fez um queijo em novo formato Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Como você construiu sua fama na internet?

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A educação é o principal e isso começa nos posts das redes sociais e termina na casa do cliente. Meu queijos vão muito bem embalados, no que eu chamo de caixinha da felicidade, que eles têm prazer em publicar quando recebem. Vai junto um panfleto explicando como conservar e contando a história do produtor e as medalhas do queijo. A imagem de cada produtor é impressa no rótulo de seu queijo. Eu curo e vendo, mas faço questão que quem faz o queijo seja conhecido. O cliente adora saber tudo, até o nome da vaca.

Eli, um dos produtores de Alagoa que fornece queijo para Osvaldinho Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

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Qual a vantagem de ser uma celebridade queijeira?

Além de ajudar os produtores, outras coisas bacanas acontecem. Em 2021 o convite pra ser embaixador da Union Jeep de Juiz de Fora. Eu rodo muito o trecho e ando muito em estrada de terra. Atualmente a Vitória Motors Jeep adquiriu a Union Jeep e a parceria continua. É boa pra ambas as partes. Faço a divulgação da marca JEEP e menção da concessionária Vitória Jeep nos posts, em contrapartida, recebo um desconto na revisão do carro, e na troca do veículo um bom desconto também. Também faço palestras e conferências pelo Brasil para ensinar outros

O queijo Alagoa é salgado em salmoura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual o gosto do povo?

O campeão de vendas é o não muito curado, com menos de 30 dias. Representa mais de 80% do volume e é o mais barato. Eu gosto de todos os queijos, pois cada queijo é de um produtor, de uma família com a qual temos uma relação que vai além da comercial. Gosto de queijo mais curado, então meus preferidos são o faixa dourada (curado mais de 30 dias com azeite) e o coronel, de mais de 6 meses. No dia a dia, pra tomar com cafezinho, em casa sempre tem o alagoa pequena, premiado na França do sô Márcio, ou o do Eli ou o do sô Batistinha.

Na cura, os queijos são limpos para evitar possíveis mofos Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Os maiores desafios?

No início, foi a questão da logística. A nossa estrada não era asfaltada. Nenhuma transportadora queria vier aqui coletar o queijo. Daí fui nos Correios e perguntei se podia mandar queijo. A mocinha consultou o sistema e falou: não pode répteis, insetos, formiga, abelha, cobra e drogas. Queijo não é proibido. Então é permitido! Em novembro e dezembro de 2009 enviamos 3 pecinhas pelos Correios. Hoje, nosso contrato de postagem mantém o Correio aberto na cidade e a transportadora vem coletar toda semana.

Os queijos grande podem ser curados até 6 meses Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Planos para o futuro?

Conseguimos adquirir um terreno rural de 3 ha, o Sítio Vale das Araucárias, na saída de Alagoa para Itamonte. Lá, se Deus quiser, pretendemos construir uma loja nova, com entreposto e escritório administrativo. Futuramente, uma queijaria-escola. Temos demanda pra cursos. Tem bastante espaço, vamos reservar um lugarzinho pro Museu do Queijo.

O queijo no formato oval guarda mais umidade Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Um arrependimento?

Eu arrependo de ter demorado oito anos pra abrir a primeira loja de queijos em Alagoa. Só em 2017 que eu me toquei que Alagoa era a terra do queijo e não tinha nenhuma loja de queijo. Em 2016 criei a Rota do Queijo e do Azeite, começamos a receber muitos turistas. Até que um dia, era um domingo, chegou uma família em casa, eu estava com visitas, daí minha esposa me deu um toque: Osvaldinho, tá na hora de vc ter a sua loja. Geralmente negócios surgem no varejo e migram pro virtual. Conosco foi diferente: nascemos na internet e evoluímos pro presencial. Eu me arrependo de não ter feito ainda o queijo do Osvaldinho, produção própria. Tenho demanda, mas preciso de tempo pra me organizar e tirar este plano do papel.

Queijos na fila da cura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal
Osvaldo Filho, queijista de Alagoa Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

“Temos queijos para todo tipo de cliente, de R$50 a R$350 o quilo. Vendo três toneladas de queijo alagoa por mês, tudo de leite cru, feito por sete famílias. Meus maiores clientes são empórios e mercearias, 65 % das vendas, o resto é vendido em minhas duas lojas e por internet para consumidores finais”, detalha Osvaldo Filho, paulista de Santo André.

A torre Eiffel espirra álcool gel Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

"Mudei para Alagoa aos oito meses de idade, brinco que sou paulista natal e mineiro vital!" Ele virou uma celebridade queijeira na internet, com quase 90k seguidores no Instagram. Ao lado da torre Eiffel que decora uma de suas lojas, ele deu essa entrevista à distância, contando o caminho do seu sucesso.

Seu Batistinha, o primeiro fornecedor de queijo da loja, desde 2009 Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Há quanto tempo trabalha com queijos? Em 2009 fundei a Queijo D'Alagoa-MG pra ajudar o Seu Batistinha, produtor de queijos que, na época, estava com dificuldade para escoar a sua produção. Depois vi que outros produtores com o mesmo problema e comecei a propor queijos diferentes aos clientes. Tem muita gente nova entrando no mercado do queijo artesanal agora que nem sonha do quanto de saliva gastamos e de digital de dedo discutindo em grupos e escrevendo propostas, fazendo campanhas e disseminando a necessidade de legalização do queijo artesanal. Hoje a cadeia do queijo artesanal está mais organizada e em contínua evolução. Os produtores buscando mais qualificação e tendo sua importância reconhecida, curadores de queijo também ganharam espaço e relevância, os queijistas esbanjando informações sobre a origem e todo o processo pro queijo chegar nas lojas. As associações estão mais organizadas e lutando em prol de interesses comuns. Todo esse organismo sendo ajustado para suprir uma demanda existente que tende a crescer.

Seu Márcio, com seu rosto estampado no rótulo Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual foi o momento queijeiro mais forte da sua vida?

Foi quando recebemos o primeiro prêmio internacional, em junho de 2017, em Tours, na França. Aquele dia foi inesquecível. Chorei de alegria. Apenas 12 queijos brasileiros receberam medalhas e um deles foi o nosso. Aquele prêmio foi um divisor de águas para a cidade de Alagoa. Conseguimos colocar o queijo daqui num patamar internacional. Fiquei feliz demais da conta. Uma vez viajando com a família para Viçosa paramos para almoçar. Uma família de Juiz de Fora me abordou dizendo que me conheciam da internet e que acompanharam toda a viagem à França! Tiramos fotos juntos. Quando estávamos saindo, estava chegando um médico, também de Juiz de Fora, e falou: Osvaldinho? Respondi que sim, ele também falou a mesma coisa e pediu pra tirar foto. Quando entramos no carro, meu filho, Osvaldinho Neto falou: "É pai, o senhor está famosinho, hein?"

Dona Dirce, que fez um queijo em novo formato Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Como você construiu sua fama na internet?

A educação é o principal e isso começa nos posts das redes sociais e termina na casa do cliente. Meu queijos vão muito bem embalados, no que eu chamo de caixinha da felicidade, que eles têm prazer em publicar quando recebem. Vai junto um panfleto explicando como conservar e contando a história do produtor e as medalhas do queijo. A imagem de cada produtor é impressa no rótulo de seu queijo. Eu curo e vendo, mas faço questão que quem faz o queijo seja conhecido. O cliente adora saber tudo, até o nome da vaca.

Eli, um dos produtores de Alagoa que fornece queijo para Osvaldinho Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual a vantagem de ser uma celebridade queijeira?

Além de ajudar os produtores, outras coisas bacanas acontecem. Em 2021 o convite pra ser embaixador da Union Jeep de Juiz de Fora. Eu rodo muito o trecho e ando muito em estrada de terra. Atualmente a Vitória Motors Jeep adquiriu a Union Jeep e a parceria continua. É boa pra ambas as partes. Faço a divulgação da marca JEEP e menção da concessionária Vitória Jeep nos posts, em contrapartida, recebo um desconto na revisão do carro, e na troca do veículo um bom desconto também. Também faço palestras e conferências pelo Brasil para ensinar outros

O queijo Alagoa é salgado em salmoura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual o gosto do povo?

O campeão de vendas é o não muito curado, com menos de 30 dias. Representa mais de 80% do volume e é o mais barato. Eu gosto de todos os queijos, pois cada queijo é de um produtor, de uma família com a qual temos uma relação que vai além da comercial. Gosto de queijo mais curado, então meus preferidos são o faixa dourada (curado mais de 30 dias com azeite) e o coronel, de mais de 6 meses. No dia a dia, pra tomar com cafezinho, em casa sempre tem o alagoa pequena, premiado na França do sô Márcio, ou o do Eli ou o do sô Batistinha.

Na cura, os queijos são limpos para evitar possíveis mofos Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Os maiores desafios?

No início, foi a questão da logística. A nossa estrada não era asfaltada. Nenhuma transportadora queria vier aqui coletar o queijo. Daí fui nos Correios e perguntei se podia mandar queijo. A mocinha consultou o sistema e falou: não pode répteis, insetos, formiga, abelha, cobra e drogas. Queijo não é proibido. Então é permitido! Em novembro e dezembro de 2009 enviamos 3 pecinhas pelos Correios. Hoje, nosso contrato de postagem mantém o Correio aberto na cidade e a transportadora vem coletar toda semana.

Os queijos grande podem ser curados até 6 meses Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Planos para o futuro?

Conseguimos adquirir um terreno rural de 3 ha, o Sítio Vale das Araucárias, na saída de Alagoa para Itamonte. Lá, se Deus quiser, pretendemos construir uma loja nova, com entreposto e escritório administrativo. Futuramente, uma queijaria-escola. Temos demanda pra cursos. Tem bastante espaço, vamos reservar um lugarzinho pro Museu do Queijo.

O queijo no formato oval guarda mais umidade Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Um arrependimento?

Eu arrependo de ter demorado oito anos pra abrir a primeira loja de queijos em Alagoa. Só em 2017 que eu me toquei que Alagoa era a terra do queijo e não tinha nenhuma loja de queijo. Em 2016 criei a Rota do Queijo e do Azeite, começamos a receber muitos turistas. Até que um dia, era um domingo, chegou uma família em casa, eu estava com visitas, daí minha esposa me deu um toque: Osvaldinho, tá na hora de vc ter a sua loja. Geralmente negócios surgem no varejo e migram pro virtual. Conosco foi diferente: nascemos na internet e evoluímos pro presencial. Eu me arrependo de não ter feito ainda o queijo do Osvaldinho, produção própria. Tenho demanda, mas preciso de tempo pra me organizar e tirar este plano do papel.

Queijos na fila da cura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal
Osvaldo Filho, queijista de Alagoa Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

“Temos queijos para todo tipo de cliente, de R$50 a R$350 o quilo. Vendo três toneladas de queijo alagoa por mês, tudo de leite cru, feito por sete famílias. Meus maiores clientes são empórios e mercearias, 65 % das vendas, o resto é vendido em minhas duas lojas e por internet para consumidores finais”, detalha Osvaldo Filho, paulista de Santo André.

A torre Eiffel espirra álcool gel Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

"Mudei para Alagoa aos oito meses de idade, brinco que sou paulista natal e mineiro vital!" Ele virou uma celebridade queijeira na internet, com quase 90k seguidores no Instagram. Ao lado da torre Eiffel que decora uma de suas lojas, ele deu essa entrevista à distância, contando o caminho do seu sucesso.

Seu Batistinha, o primeiro fornecedor de queijo da loja, desde 2009 Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Há quanto tempo trabalha com queijos? Em 2009 fundei a Queijo D'Alagoa-MG pra ajudar o Seu Batistinha, produtor de queijos que, na época, estava com dificuldade para escoar a sua produção. Depois vi que outros produtores com o mesmo problema e comecei a propor queijos diferentes aos clientes. Tem muita gente nova entrando no mercado do queijo artesanal agora que nem sonha do quanto de saliva gastamos e de digital de dedo discutindo em grupos e escrevendo propostas, fazendo campanhas e disseminando a necessidade de legalização do queijo artesanal. Hoje a cadeia do queijo artesanal está mais organizada e em contínua evolução. Os produtores buscando mais qualificação e tendo sua importância reconhecida, curadores de queijo também ganharam espaço e relevância, os queijistas esbanjando informações sobre a origem e todo o processo pro queijo chegar nas lojas. As associações estão mais organizadas e lutando em prol de interesses comuns. Todo esse organismo sendo ajustado para suprir uma demanda existente que tende a crescer.

Seu Márcio, com seu rosto estampado no rótulo Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual foi o momento queijeiro mais forte da sua vida?

Foi quando recebemos o primeiro prêmio internacional, em junho de 2017, em Tours, na França. Aquele dia foi inesquecível. Chorei de alegria. Apenas 12 queijos brasileiros receberam medalhas e um deles foi o nosso. Aquele prêmio foi um divisor de águas para a cidade de Alagoa. Conseguimos colocar o queijo daqui num patamar internacional. Fiquei feliz demais da conta. Uma vez viajando com a família para Viçosa paramos para almoçar. Uma família de Juiz de Fora me abordou dizendo que me conheciam da internet e que acompanharam toda a viagem à França! Tiramos fotos juntos. Quando estávamos saindo, estava chegando um médico, também de Juiz de Fora, e falou: Osvaldinho? Respondi que sim, ele também falou a mesma coisa e pediu pra tirar foto. Quando entramos no carro, meu filho, Osvaldinho Neto falou: "É pai, o senhor está famosinho, hein?"

Dona Dirce, que fez um queijo em novo formato Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Como você construiu sua fama na internet?

A educação é o principal e isso começa nos posts das redes sociais e termina na casa do cliente. Meu queijos vão muito bem embalados, no que eu chamo de caixinha da felicidade, que eles têm prazer em publicar quando recebem. Vai junto um panfleto explicando como conservar e contando a história do produtor e as medalhas do queijo. A imagem de cada produtor é impressa no rótulo de seu queijo. Eu curo e vendo, mas faço questão que quem faz o queijo seja conhecido. O cliente adora saber tudo, até o nome da vaca.

Eli, um dos produtores de Alagoa que fornece queijo para Osvaldinho Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual a vantagem de ser uma celebridade queijeira?

Além de ajudar os produtores, outras coisas bacanas acontecem. Em 2021 o convite pra ser embaixador da Union Jeep de Juiz de Fora. Eu rodo muito o trecho e ando muito em estrada de terra. Atualmente a Vitória Motors Jeep adquiriu a Union Jeep e a parceria continua. É boa pra ambas as partes. Faço a divulgação da marca JEEP e menção da concessionária Vitória Jeep nos posts, em contrapartida, recebo um desconto na revisão do carro, e na troca do veículo um bom desconto também. Também faço palestras e conferências pelo Brasil para ensinar outros

O queijo Alagoa é salgado em salmoura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual o gosto do povo?

O campeão de vendas é o não muito curado, com menos de 30 dias. Representa mais de 80% do volume e é o mais barato. Eu gosto de todos os queijos, pois cada queijo é de um produtor, de uma família com a qual temos uma relação que vai além da comercial. Gosto de queijo mais curado, então meus preferidos são o faixa dourada (curado mais de 30 dias com azeite) e o coronel, de mais de 6 meses. No dia a dia, pra tomar com cafezinho, em casa sempre tem o alagoa pequena, premiado na França do sô Márcio, ou o do Eli ou o do sô Batistinha.

Na cura, os queijos são limpos para evitar possíveis mofos Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Os maiores desafios?

No início, foi a questão da logística. A nossa estrada não era asfaltada. Nenhuma transportadora queria vier aqui coletar o queijo. Daí fui nos Correios e perguntei se podia mandar queijo. A mocinha consultou o sistema e falou: não pode répteis, insetos, formiga, abelha, cobra e drogas. Queijo não é proibido. Então é permitido! Em novembro e dezembro de 2009 enviamos 3 pecinhas pelos Correios. Hoje, nosso contrato de postagem mantém o Correio aberto na cidade e a transportadora vem coletar toda semana.

Os queijos grande podem ser curados até 6 meses Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Planos para o futuro?

Conseguimos adquirir um terreno rural de 3 ha, o Sítio Vale das Araucárias, na saída de Alagoa para Itamonte. Lá, se Deus quiser, pretendemos construir uma loja nova, com entreposto e escritório administrativo. Futuramente, uma queijaria-escola. Temos demanda pra cursos. Tem bastante espaço, vamos reservar um lugarzinho pro Museu do Queijo.

O queijo no formato oval guarda mais umidade Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Um arrependimento?

Eu arrependo de ter demorado oito anos pra abrir a primeira loja de queijos em Alagoa. Só em 2017 que eu me toquei que Alagoa era a terra do queijo e não tinha nenhuma loja de queijo. Em 2016 criei a Rota do Queijo e do Azeite, começamos a receber muitos turistas. Até que um dia, era um domingo, chegou uma família em casa, eu estava com visitas, daí minha esposa me deu um toque: Osvaldinho, tá na hora de vc ter a sua loja. Geralmente negócios surgem no varejo e migram pro virtual. Conosco foi diferente: nascemos na internet e evoluímos pro presencial. Eu me arrependo de não ter feito ainda o queijo do Osvaldinho, produção própria. Tenho demanda, mas preciso de tempo pra me organizar e tirar este plano do papel.

Queijos na fila da cura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal
Osvaldo Filho, queijista de Alagoa Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

“Temos queijos para todo tipo de cliente, de R$50 a R$350 o quilo. Vendo três toneladas de queijo alagoa por mês, tudo de leite cru, feito por sete famílias. Meus maiores clientes são empórios e mercearias, 65 % das vendas, o resto é vendido em minhas duas lojas e por internet para consumidores finais”, detalha Osvaldo Filho, paulista de Santo André.

A torre Eiffel espirra álcool gel Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

"Mudei para Alagoa aos oito meses de idade, brinco que sou paulista natal e mineiro vital!" Ele virou uma celebridade queijeira na internet, com quase 90k seguidores no Instagram. Ao lado da torre Eiffel que decora uma de suas lojas, ele deu essa entrevista à distância, contando o caminho do seu sucesso.

Seu Batistinha, o primeiro fornecedor de queijo da loja, desde 2009 Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Há quanto tempo trabalha com queijos? Em 2009 fundei a Queijo D'Alagoa-MG pra ajudar o Seu Batistinha, produtor de queijos que, na época, estava com dificuldade para escoar a sua produção. Depois vi que outros produtores com o mesmo problema e comecei a propor queijos diferentes aos clientes. Tem muita gente nova entrando no mercado do queijo artesanal agora que nem sonha do quanto de saliva gastamos e de digital de dedo discutindo em grupos e escrevendo propostas, fazendo campanhas e disseminando a necessidade de legalização do queijo artesanal. Hoje a cadeia do queijo artesanal está mais organizada e em contínua evolução. Os produtores buscando mais qualificação e tendo sua importância reconhecida, curadores de queijo também ganharam espaço e relevância, os queijistas esbanjando informações sobre a origem e todo o processo pro queijo chegar nas lojas. As associações estão mais organizadas e lutando em prol de interesses comuns. Todo esse organismo sendo ajustado para suprir uma demanda existente que tende a crescer.

Seu Márcio, com seu rosto estampado no rótulo Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual foi o momento queijeiro mais forte da sua vida?

Foi quando recebemos o primeiro prêmio internacional, em junho de 2017, em Tours, na França. Aquele dia foi inesquecível. Chorei de alegria. Apenas 12 queijos brasileiros receberam medalhas e um deles foi o nosso. Aquele prêmio foi um divisor de águas para a cidade de Alagoa. Conseguimos colocar o queijo daqui num patamar internacional. Fiquei feliz demais da conta. Uma vez viajando com a família para Viçosa paramos para almoçar. Uma família de Juiz de Fora me abordou dizendo que me conheciam da internet e que acompanharam toda a viagem à França! Tiramos fotos juntos. Quando estávamos saindo, estava chegando um médico, também de Juiz de Fora, e falou: Osvaldinho? Respondi que sim, ele também falou a mesma coisa e pediu pra tirar foto. Quando entramos no carro, meu filho, Osvaldinho Neto falou: "É pai, o senhor está famosinho, hein?"

Dona Dirce, que fez um queijo em novo formato Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Como você construiu sua fama na internet?

A educação é o principal e isso começa nos posts das redes sociais e termina na casa do cliente. Meu queijos vão muito bem embalados, no que eu chamo de caixinha da felicidade, que eles têm prazer em publicar quando recebem. Vai junto um panfleto explicando como conservar e contando a história do produtor e as medalhas do queijo. A imagem de cada produtor é impressa no rótulo de seu queijo. Eu curo e vendo, mas faço questão que quem faz o queijo seja conhecido. O cliente adora saber tudo, até o nome da vaca.

Eli, um dos produtores de Alagoa que fornece queijo para Osvaldinho Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual a vantagem de ser uma celebridade queijeira?

Além de ajudar os produtores, outras coisas bacanas acontecem. Em 2021 o convite pra ser embaixador da Union Jeep de Juiz de Fora. Eu rodo muito o trecho e ando muito em estrada de terra. Atualmente a Vitória Motors Jeep adquiriu a Union Jeep e a parceria continua. É boa pra ambas as partes. Faço a divulgação da marca JEEP e menção da concessionária Vitória Jeep nos posts, em contrapartida, recebo um desconto na revisão do carro, e na troca do veículo um bom desconto também. Também faço palestras e conferências pelo Brasil para ensinar outros

O queijo Alagoa é salgado em salmoura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual o gosto do povo?

O campeão de vendas é o não muito curado, com menos de 30 dias. Representa mais de 80% do volume e é o mais barato. Eu gosto de todos os queijos, pois cada queijo é de um produtor, de uma família com a qual temos uma relação que vai além da comercial. Gosto de queijo mais curado, então meus preferidos são o faixa dourada (curado mais de 30 dias com azeite) e o coronel, de mais de 6 meses. No dia a dia, pra tomar com cafezinho, em casa sempre tem o alagoa pequena, premiado na França do sô Márcio, ou o do Eli ou o do sô Batistinha.

Na cura, os queijos são limpos para evitar possíveis mofos Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Os maiores desafios?

No início, foi a questão da logística. A nossa estrada não era asfaltada. Nenhuma transportadora queria vier aqui coletar o queijo. Daí fui nos Correios e perguntei se podia mandar queijo. A mocinha consultou o sistema e falou: não pode répteis, insetos, formiga, abelha, cobra e drogas. Queijo não é proibido. Então é permitido! Em novembro e dezembro de 2009 enviamos 3 pecinhas pelos Correios. Hoje, nosso contrato de postagem mantém o Correio aberto na cidade e a transportadora vem coletar toda semana.

Os queijos grande podem ser curados até 6 meses Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Planos para o futuro?

Conseguimos adquirir um terreno rural de 3 ha, o Sítio Vale das Araucárias, na saída de Alagoa para Itamonte. Lá, se Deus quiser, pretendemos construir uma loja nova, com entreposto e escritório administrativo. Futuramente, uma queijaria-escola. Temos demanda pra cursos. Tem bastante espaço, vamos reservar um lugarzinho pro Museu do Queijo.

O queijo no formato oval guarda mais umidade Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Um arrependimento?

Eu arrependo de ter demorado oito anos pra abrir a primeira loja de queijos em Alagoa. Só em 2017 que eu me toquei que Alagoa era a terra do queijo e não tinha nenhuma loja de queijo. Em 2016 criei a Rota do Queijo e do Azeite, começamos a receber muitos turistas. Até que um dia, era um domingo, chegou uma família em casa, eu estava com visitas, daí minha esposa me deu um toque: Osvaldinho, tá na hora de vc ter a sua loja. Geralmente negócios surgem no varejo e migram pro virtual. Conosco foi diferente: nascemos na internet e evoluímos pro presencial. Eu me arrependo de não ter feito ainda o queijo do Osvaldinho, produção própria. Tenho demanda, mas preciso de tempo pra me organizar e tirar este plano do papel.

Queijos na fila da cura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal
Osvaldo Filho, queijista de Alagoa Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

“Temos queijos para todo tipo de cliente, de R$50 a R$350 o quilo. Vendo três toneladas de queijo alagoa por mês, tudo de leite cru, feito por sete famílias. Meus maiores clientes são empórios e mercearias, 65 % das vendas, o resto é vendido em minhas duas lojas e por internet para consumidores finais”, detalha Osvaldo Filho, paulista de Santo André.

A torre Eiffel espirra álcool gel Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

"Mudei para Alagoa aos oito meses de idade, brinco que sou paulista natal e mineiro vital!" Ele virou uma celebridade queijeira na internet, com quase 90k seguidores no Instagram. Ao lado da torre Eiffel que decora uma de suas lojas, ele deu essa entrevista à distância, contando o caminho do seu sucesso.

Seu Batistinha, o primeiro fornecedor de queijo da loja, desde 2009 Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Há quanto tempo trabalha com queijos? Em 2009 fundei a Queijo D'Alagoa-MG pra ajudar o Seu Batistinha, produtor de queijos que, na época, estava com dificuldade para escoar a sua produção. Depois vi que outros produtores com o mesmo problema e comecei a propor queijos diferentes aos clientes. Tem muita gente nova entrando no mercado do queijo artesanal agora que nem sonha do quanto de saliva gastamos e de digital de dedo discutindo em grupos e escrevendo propostas, fazendo campanhas e disseminando a necessidade de legalização do queijo artesanal. Hoje a cadeia do queijo artesanal está mais organizada e em contínua evolução. Os produtores buscando mais qualificação e tendo sua importância reconhecida, curadores de queijo também ganharam espaço e relevância, os queijistas esbanjando informações sobre a origem e todo o processo pro queijo chegar nas lojas. As associações estão mais organizadas e lutando em prol de interesses comuns. Todo esse organismo sendo ajustado para suprir uma demanda existente que tende a crescer.

Seu Márcio, com seu rosto estampado no rótulo Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual foi o momento queijeiro mais forte da sua vida?

Foi quando recebemos o primeiro prêmio internacional, em junho de 2017, em Tours, na França. Aquele dia foi inesquecível. Chorei de alegria. Apenas 12 queijos brasileiros receberam medalhas e um deles foi o nosso. Aquele prêmio foi um divisor de águas para a cidade de Alagoa. Conseguimos colocar o queijo daqui num patamar internacional. Fiquei feliz demais da conta. Uma vez viajando com a família para Viçosa paramos para almoçar. Uma família de Juiz de Fora me abordou dizendo que me conheciam da internet e que acompanharam toda a viagem à França! Tiramos fotos juntos. Quando estávamos saindo, estava chegando um médico, também de Juiz de Fora, e falou: Osvaldinho? Respondi que sim, ele também falou a mesma coisa e pediu pra tirar foto. Quando entramos no carro, meu filho, Osvaldinho Neto falou: "É pai, o senhor está famosinho, hein?"

Dona Dirce, que fez um queijo em novo formato Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Como você construiu sua fama na internet?

A educação é o principal e isso começa nos posts das redes sociais e termina na casa do cliente. Meu queijos vão muito bem embalados, no que eu chamo de caixinha da felicidade, que eles têm prazer em publicar quando recebem. Vai junto um panfleto explicando como conservar e contando a história do produtor e as medalhas do queijo. A imagem de cada produtor é impressa no rótulo de seu queijo. Eu curo e vendo, mas faço questão que quem faz o queijo seja conhecido. O cliente adora saber tudo, até o nome da vaca.

Eli, um dos produtores de Alagoa que fornece queijo para Osvaldinho Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual a vantagem de ser uma celebridade queijeira?

Além de ajudar os produtores, outras coisas bacanas acontecem. Em 2021 o convite pra ser embaixador da Union Jeep de Juiz de Fora. Eu rodo muito o trecho e ando muito em estrada de terra. Atualmente a Vitória Motors Jeep adquiriu a Union Jeep e a parceria continua. É boa pra ambas as partes. Faço a divulgação da marca JEEP e menção da concessionária Vitória Jeep nos posts, em contrapartida, recebo um desconto na revisão do carro, e na troca do veículo um bom desconto também. Também faço palestras e conferências pelo Brasil para ensinar outros

O queijo Alagoa é salgado em salmoura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Qual o gosto do povo?

O campeão de vendas é o não muito curado, com menos de 30 dias. Representa mais de 80% do volume e é o mais barato. Eu gosto de todos os queijos, pois cada queijo é de um produtor, de uma família com a qual temos uma relação que vai além da comercial. Gosto de queijo mais curado, então meus preferidos são o faixa dourada (curado mais de 30 dias com azeite) e o coronel, de mais de 6 meses. No dia a dia, pra tomar com cafezinho, em casa sempre tem o alagoa pequena, premiado na França do sô Márcio, ou o do Eli ou o do sô Batistinha.

Na cura, os queijos são limpos para evitar possíveis mofos Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Os maiores desafios?

No início, foi a questão da logística. A nossa estrada não era asfaltada. Nenhuma transportadora queria vier aqui coletar o queijo. Daí fui nos Correios e perguntei se podia mandar queijo. A mocinha consultou o sistema e falou: não pode répteis, insetos, formiga, abelha, cobra e drogas. Queijo não é proibido. Então é permitido! Em novembro e dezembro de 2009 enviamos 3 pecinhas pelos Correios. Hoje, nosso contrato de postagem mantém o Correio aberto na cidade e a transportadora vem coletar toda semana.

Os queijos grande podem ser curados até 6 meses Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Planos para o futuro?

Conseguimos adquirir um terreno rural de 3 ha, o Sítio Vale das Araucárias, na saída de Alagoa para Itamonte. Lá, se Deus quiser, pretendemos construir uma loja nova, com entreposto e escritório administrativo. Futuramente, uma queijaria-escola. Temos demanda pra cursos. Tem bastante espaço, vamos reservar um lugarzinho pro Museu do Queijo.

O queijo no formato oval guarda mais umidade Foto: Débora Barros/Acervo pessoal

Um arrependimento?

Eu arrependo de ter demorado oito anos pra abrir a primeira loja de queijos em Alagoa. Só em 2017 que eu me toquei que Alagoa era a terra do queijo e não tinha nenhuma loja de queijo. Em 2016 criei a Rota do Queijo e do Azeite, começamos a receber muitos turistas. Até que um dia, era um domingo, chegou uma família em casa, eu estava com visitas, daí minha esposa me deu um toque: Osvaldinho, tá na hora de vc ter a sua loja. Geralmente negócios surgem no varejo e migram pro virtual. Conosco foi diferente: nascemos na internet e evoluímos pro presencial. Eu me arrependo de não ter feito ainda o queijo do Osvaldinho, produção própria. Tenho demanda, mas preciso de tempo pra me organizar e tirar este plano do papel.

Queijos na fila da cura Foto: Débora Barros/Acervo pessoal
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Opinião por Débora Pereira

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