Aventuras lácteas entre o Brasil e a França

Opinião|Rio Grande do Norte e Bahia lideram medalhas no concurso de queijos nordestinos


290 queijos de 7 estados do Nordeste concorreram no XVI Encontro Nordestino do Setor de Leite e Derivados em Vitória da Conquista, Bahia

Por Débora Pereira

Foi uma emoção ver caravanas e mais caravanas chegando dos sertões mais remotos do Nordeste trazendo em suas mãos os queijos para o concurso, em caixinhas de isopor com gelo, muito caprichado.

Eles vieram da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, sete dos nove Estados do Nordeste, para o concurso dos queijos nordestinos.

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Os queijos foram julgados por um formulário no celular. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Foram dois dias, 16 e 17 de jullho, de uma intensa programação do XVI Enel em Vitória da Conquista-BA.

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Queijo baiano de cabra La Belle, do Capril Balde Cheio, decorado e tingido com planc. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Eu vim da França para organizar, com uma boa equipe da SerTãoBras, a convite do Sebrae da Bahia. O professor Antonio Fernandes, da UFV, presidiu o concurso junto comigo. O regulamento foi feito levando em conta as especialidades locais, como os queijos coalho, queijo de manteiga, queijos rústicos de cabra e uma infinidade de manteigas de garrafa.

Dos 221 inscritos, a lista de premiados foi liderada pela Bahia, 46 medalhas, seguida do Rio Grande do Norte, 21, Ceará e Paraíba com 8, Pernambuco, cinco medalhas e Sergipe uma.

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Heráclito de Souza, da Fazenda Queijaria Antônio Vindô, ganhou 5 medalhas. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

 

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Nordeste entrando na informalidade

A vantagem do concurso do Enel é aceitar queijos informais. Eles puderam fazer isso tranquilamente, uma decisão genial, porque finalmente essa é melhor política pública para incentivar produtores clandestinos a se "informalizarem".

Ou seja, deixa de ser clandestino para ser um produtor informal: aquele que não tem vergonha de colocar seu nome, telefone e endereço no queijo que fez. Mesmo sabendo que ainda não tem certificação, pois sabe que faz com capricho.

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Equipe de jurados da SerTãoBras, do Sebrae e de alunos do curso de engenharia de alimentos da Uesb - Campus Itapetinga, que fizeram o curso com apoio do Senac. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Decisão baiana sábia e vanguardista que os paulistas deveriam se inspirar para liberar o Mundial do Queijo do Brasil para esse público que, finalmente, é quem deve ser o alvo das políticas públicas para o queijo. Pois se ele é clandestino, continua invisível e inacessível à mão amiga do governo. Se "informalizar" já é o primeiro passo para a formalização.

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Por outro lado, os queijos informais não podem ser comercializados na feira do evento, o que também estimula quem quer viver de queijo a correr atrás da certificação. "A Bahia não produz ainda nem metade do leite e queijo que come" disse Humberto Miranda, presidente da Federação dos Agricultores da Bahia-Faeb.

"Fomentar o setor leiteiro e queijeiro de forma sustentável e, de preferência agroecológica, tem sido uma das ações do nosso núcleo de produtores", disse Felipe Cunha, produtor do Ranho Kuara em Ibicoara, na Chapada Diamantina e presidente do núcleo da SerTãoBras no Nordeste.

 

Força queijeira feminina

Outra coisa que me surpreendeu é ver que no Nordeste existe uma melhor igualdade de gênero em relação a outros Estados que participo em eventos do queijo. Na cerimônia de abertura falaram 8 pessoas, 5 homens e 3 mulheres.

E só não deu empate porque a prefeita de Vitória da Conquista não pôde participar do evento. Mas foi muito bem representada pelo radialista Luis Carlos Dudé, que protestou contra os queijos ainda jogados fora em apreensões em feiras...

O produtor Amaro Ezequiel e Marina Cavechia, do Teta Cheese Bar de Brasília. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

A curadoria dos palestrantes para o queijo foi iniciativa de uma baiana paulista, Camila Almeida, natural de Vitória da Conquista que cria Gir leiteiro e faz queijo em Caçapava, Vale do Paraíba.

Ela convidou as produtoras Heloisa Collins, do Capril do Bosque e Vanessa Alcolea, da Pardinho Artesanal para falar sobre as tendências do queijo autoral e as queijistas Marina Cavechia, do Teta Cheese Bar de Brasília e Flávia Rogoski da Bon Vivant em Curitiba, para contar o que o consumidor de hoje quer em termos de queijo artesanal.

Palestra sobre legislação: Ingrid Lima, do MAPA, Cristina da Adab, Vanessa Alcolea da Pardinho Artesanal, eu e Lucas da Secretaria de Agricultura da Bahia. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

O Núcleo de Produtores da Bahia é presidido por Felipe Cunha, que com sua filha Frida estiveram presentes no stand da SerTãoBras. O núcleo já tem em torno de 15 produtores e o sucesso do evento fez virar núcleo do Nordeste.

Eles estão se mobilizado para um acordo conjunto com os governos nordestinos para conseguir uma certificação relâmpago para poderem participar do Mundial do Queijo do Brasil em São Paulo.

Bolinhas lácteas de queijo de cabra em conserva é também uma especialidade super comum no nordeste. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

A equipe do Sebrae na Bahia, a maioria mulheres sorridentes e super eficientes, fez mágica em transformar o parque de exposições da cidade em um pólo de palestras, oficinas de degustação e venda de queijos e produtos de terroir.

Ansiedade dos produtores durante as 6 horas de duração do concurso. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Já deu vontade de na próxima encarnação eu voltar cabra na Bahia, só para saltitar nas montanhas da Chapada Diamantina, saltitando e comendo desse terroir de sertões.

Foi uma emoção ver caravanas e mais caravanas chegando dos sertões mais remotos do Nordeste trazendo em suas mãos os queijos para o concurso, em caixinhas de isopor com gelo, muito caprichado.

Eles vieram da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, sete dos nove Estados do Nordeste, para o concurso dos queijos nordestinos.

Os queijos foram julgados por um formulário no celular. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Foram dois dias, 16 e 17 de jullho, de uma intensa programação do XVI Enel em Vitória da Conquista-BA.

Queijo baiano de cabra La Belle, do Capril Balde Cheio, decorado e tingido com planc. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Eu vim da França para organizar, com uma boa equipe da SerTãoBras, a convite do Sebrae da Bahia. O professor Antonio Fernandes, da UFV, presidiu o concurso junto comigo. O regulamento foi feito levando em conta as especialidades locais, como os queijos coalho, queijo de manteiga, queijos rústicos de cabra e uma infinidade de manteigas de garrafa.

Dos 221 inscritos, a lista de premiados foi liderada pela Bahia, 46 medalhas, seguida do Rio Grande do Norte, 21, Ceará e Paraíba com 8, Pernambuco, cinco medalhas e Sergipe uma.

Heráclito de Souza, da Fazenda Queijaria Antônio Vindô, ganhou 5 medalhas. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

 

Nordeste entrando na informalidade

A vantagem do concurso do Enel é aceitar queijos informais. Eles puderam fazer isso tranquilamente, uma decisão genial, porque finalmente essa é melhor política pública para incentivar produtores clandestinos a se "informalizarem".

Ou seja, deixa de ser clandestino para ser um produtor informal: aquele que não tem vergonha de colocar seu nome, telefone e endereço no queijo que fez. Mesmo sabendo que ainda não tem certificação, pois sabe que faz com capricho.

Equipe de jurados da SerTãoBras, do Sebrae e de alunos do curso de engenharia de alimentos da Uesb - Campus Itapetinga, que fizeram o curso com apoio do Senac. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Decisão baiana sábia e vanguardista que os paulistas deveriam se inspirar para liberar o Mundial do Queijo do Brasil para esse público que, finalmente, é quem deve ser o alvo das políticas públicas para o queijo. Pois se ele é clandestino, continua invisível e inacessível à mão amiga do governo. Se "informalizar" já é o primeiro passo para a formalização.

Por outro lado, os queijos informais não podem ser comercializados na feira do evento, o que também estimula quem quer viver de queijo a correr atrás da certificação. "A Bahia não produz ainda nem metade do leite e queijo que come" disse Humberto Miranda, presidente da Federação dos Agricultores da Bahia-Faeb.

"Fomentar o setor leiteiro e queijeiro de forma sustentável e, de preferência agroecológica, tem sido uma das ações do nosso núcleo de produtores", disse Felipe Cunha, produtor do Ranho Kuara em Ibicoara, na Chapada Diamantina e presidente do núcleo da SerTãoBras no Nordeste.

 

Força queijeira feminina

Outra coisa que me surpreendeu é ver que no Nordeste existe uma melhor igualdade de gênero em relação a outros Estados que participo em eventos do queijo. Na cerimônia de abertura falaram 8 pessoas, 5 homens e 3 mulheres.

E só não deu empate porque a prefeita de Vitória da Conquista não pôde participar do evento. Mas foi muito bem representada pelo radialista Luis Carlos Dudé, que protestou contra os queijos ainda jogados fora em apreensões em feiras...

O produtor Amaro Ezequiel e Marina Cavechia, do Teta Cheese Bar de Brasília. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

A curadoria dos palestrantes para o queijo foi iniciativa de uma baiana paulista, Camila Almeida, natural de Vitória da Conquista que cria Gir leiteiro e faz queijo em Caçapava, Vale do Paraíba.

Ela convidou as produtoras Heloisa Collins, do Capril do Bosque e Vanessa Alcolea, da Pardinho Artesanal para falar sobre as tendências do queijo autoral e as queijistas Marina Cavechia, do Teta Cheese Bar de Brasília e Flávia Rogoski da Bon Vivant em Curitiba, para contar o que o consumidor de hoje quer em termos de queijo artesanal.

Palestra sobre legislação: Ingrid Lima, do MAPA, Cristina da Adab, Vanessa Alcolea da Pardinho Artesanal, eu e Lucas da Secretaria de Agricultura da Bahia. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

O Núcleo de Produtores da Bahia é presidido por Felipe Cunha, que com sua filha Frida estiveram presentes no stand da SerTãoBras. O núcleo já tem em torno de 15 produtores e o sucesso do evento fez virar núcleo do Nordeste.

Eles estão se mobilizado para um acordo conjunto com os governos nordestinos para conseguir uma certificação relâmpago para poderem participar do Mundial do Queijo do Brasil em São Paulo.

Bolinhas lácteas de queijo de cabra em conserva é também uma especialidade super comum no nordeste. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

A equipe do Sebrae na Bahia, a maioria mulheres sorridentes e super eficientes, fez mágica em transformar o parque de exposições da cidade em um pólo de palestras, oficinas de degustação e venda de queijos e produtos de terroir.

Ansiedade dos produtores durante as 6 horas de duração do concurso. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Já deu vontade de na próxima encarnação eu voltar cabra na Bahia, só para saltitar nas montanhas da Chapada Diamantina, saltitando e comendo desse terroir de sertões.

Foi uma emoção ver caravanas e mais caravanas chegando dos sertões mais remotos do Nordeste trazendo em suas mãos os queijos para o concurso, em caixinhas de isopor com gelo, muito caprichado.

Eles vieram da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, sete dos nove Estados do Nordeste, para o concurso dos queijos nordestinos.

Os queijos foram julgados por um formulário no celular. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Foram dois dias, 16 e 17 de jullho, de uma intensa programação do XVI Enel em Vitória da Conquista-BA.

Queijo baiano de cabra La Belle, do Capril Balde Cheio, decorado e tingido com planc. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Eu vim da França para organizar, com uma boa equipe da SerTãoBras, a convite do Sebrae da Bahia. O professor Antonio Fernandes, da UFV, presidiu o concurso junto comigo. O regulamento foi feito levando em conta as especialidades locais, como os queijos coalho, queijo de manteiga, queijos rústicos de cabra e uma infinidade de manteigas de garrafa.

Dos 221 inscritos, a lista de premiados foi liderada pela Bahia, 46 medalhas, seguida do Rio Grande do Norte, 21, Ceará e Paraíba com 8, Pernambuco, cinco medalhas e Sergipe uma.

Heráclito de Souza, da Fazenda Queijaria Antônio Vindô, ganhou 5 medalhas. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

 

Nordeste entrando na informalidade

A vantagem do concurso do Enel é aceitar queijos informais. Eles puderam fazer isso tranquilamente, uma decisão genial, porque finalmente essa é melhor política pública para incentivar produtores clandestinos a se "informalizarem".

Ou seja, deixa de ser clandestino para ser um produtor informal: aquele que não tem vergonha de colocar seu nome, telefone e endereço no queijo que fez. Mesmo sabendo que ainda não tem certificação, pois sabe que faz com capricho.

Equipe de jurados da SerTãoBras, do Sebrae e de alunos do curso de engenharia de alimentos da Uesb - Campus Itapetinga, que fizeram o curso com apoio do Senac. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Decisão baiana sábia e vanguardista que os paulistas deveriam se inspirar para liberar o Mundial do Queijo do Brasil para esse público que, finalmente, é quem deve ser o alvo das políticas públicas para o queijo. Pois se ele é clandestino, continua invisível e inacessível à mão amiga do governo. Se "informalizar" já é o primeiro passo para a formalização.

Por outro lado, os queijos informais não podem ser comercializados na feira do evento, o que também estimula quem quer viver de queijo a correr atrás da certificação. "A Bahia não produz ainda nem metade do leite e queijo que come" disse Humberto Miranda, presidente da Federação dos Agricultores da Bahia-Faeb.

"Fomentar o setor leiteiro e queijeiro de forma sustentável e, de preferência agroecológica, tem sido uma das ações do nosso núcleo de produtores", disse Felipe Cunha, produtor do Ranho Kuara em Ibicoara, na Chapada Diamantina e presidente do núcleo da SerTãoBras no Nordeste.

 

Força queijeira feminina

Outra coisa que me surpreendeu é ver que no Nordeste existe uma melhor igualdade de gênero em relação a outros Estados que participo em eventos do queijo. Na cerimônia de abertura falaram 8 pessoas, 5 homens e 3 mulheres.

E só não deu empate porque a prefeita de Vitória da Conquista não pôde participar do evento. Mas foi muito bem representada pelo radialista Luis Carlos Dudé, que protestou contra os queijos ainda jogados fora em apreensões em feiras...

O produtor Amaro Ezequiel e Marina Cavechia, do Teta Cheese Bar de Brasília. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

A curadoria dos palestrantes para o queijo foi iniciativa de uma baiana paulista, Camila Almeida, natural de Vitória da Conquista que cria Gir leiteiro e faz queijo em Caçapava, Vale do Paraíba.

Ela convidou as produtoras Heloisa Collins, do Capril do Bosque e Vanessa Alcolea, da Pardinho Artesanal para falar sobre as tendências do queijo autoral e as queijistas Marina Cavechia, do Teta Cheese Bar de Brasília e Flávia Rogoski da Bon Vivant em Curitiba, para contar o que o consumidor de hoje quer em termos de queijo artesanal.

Palestra sobre legislação: Ingrid Lima, do MAPA, Cristina da Adab, Vanessa Alcolea da Pardinho Artesanal, eu e Lucas da Secretaria de Agricultura da Bahia. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

O Núcleo de Produtores da Bahia é presidido por Felipe Cunha, que com sua filha Frida estiveram presentes no stand da SerTãoBras. O núcleo já tem em torno de 15 produtores e o sucesso do evento fez virar núcleo do Nordeste.

Eles estão se mobilizado para um acordo conjunto com os governos nordestinos para conseguir uma certificação relâmpago para poderem participar do Mundial do Queijo do Brasil em São Paulo.

Bolinhas lácteas de queijo de cabra em conserva é também uma especialidade super comum no nordeste. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

A equipe do Sebrae na Bahia, a maioria mulheres sorridentes e super eficientes, fez mágica em transformar o parque de exposições da cidade em um pólo de palestras, oficinas de degustação e venda de queijos e produtos de terroir.

Ansiedade dos produtores durante as 6 horas de duração do concurso. FOTO: Frida Cunha/SerTãoBras  

Já deu vontade de na próxima encarnação eu voltar cabra na Bahia, só para saltitar nas montanhas da Chapada Diamantina, saltitando e comendo desse terroir de sertões.

Opinião por Débora Pereira

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