Sial: maior feira do setor de bebidas e alimentos da Europa. Entre os enormes pavilhões de comidas em Paris, de 15 a 22 de outubro, um inteirinho foi dedicado aos queijos. Na entrada, a revista distribuída dizia tudo, "mercado do queijo vê incrível crescimento!"
O foco do Sial é mais em texturas e visuais de queijo. Como é um evento bem voltado para restaurantes e hotelaria, o queijo é mais visto como ingrediente do que como peça central da refeição.
Outra coisa que está bem em alta são as porções pré-embaladas. E não só as tradicionais bandejas de fatias, mas também porções de azul e casca florida, em muitos formatos diferentes. Ideal para quem não tem pessoal treinado na arte de cortar queijos.
A coisa mais fofa que encontrei no Sial foram as bolinhas de natal de queijo suíço tête de moine DOP. O sindicato de promoção do queijo lançou uma nova embalagem para pendurar na árvore de natal.
Para ficar neste formato de florzinha, o queijo é cortado com uma ferramenta especial que se chama girole. Fica lindo para enfeitar as mesas de natal.
No Sial a gente encontra queijos artesanais de pequenos produtores, mas levados pelos seus sindicatos de DOP, como o caso de todos os queijos suíços que tem forte ajuda do país para promover seus queijos.
Fiquei feliz de ver no stand da suíça Mifroma as 17 medalhas que seus produtores ganharam no Mundial do Queijo do Brasil.
Visitando o stand da queijaria Dongé, especialista em brie de Meaux DOP e outros queijos lácticos de casca florida, eles confessaram que no começo se sentiam um pouco deslocados no Sial, "tudo muito industrial", disseram, mas logo encontraram seu lugar fazendo negócios com clientes que querem algo mais qualitativo, principalmente o mercado de luxo de exportação.
Outro mercado que está em alta é dos queijos de casca lavada. O volume de fabricação do époisses, por exemplo, subiu 10%, passando de 1.409 toneladas em 2020 para 1.545 toneladas em 2021. Segundo os fabricantes, ainda vai aumentar mais em 2022.
Brasil na Sial
Através da Apex, agência de exportação nacional, o Brasil fez US$ 2,37 bilhões em negócios. Foram 128 empresas brasileiras representadas, muitos grandes atores da indústria alimentar nacional: Beatrice Peanuts (amendoim), Bauducco (pães e biscoitos), M. Dias Branco (massas e biscoitos), NP Zancheta (amendoim), Resibras/Marambaia (Castanha de caju) e Agromass (exportação de carne). "É a primeira Sial presencial em quatro anos e existia uma expectativa enorme que foi atendida e superada. Isso mostra a qualidade dos produtos brasileiros e a quantidade de oportunidades que temos para expandir nossas parcerias internacionais", disse Paula Soares, gerente de Agronegócio da ApexBrasil.
Teve muita carne, mas o primo pobre, que é o queijo, não teve. Ainda. A Apex realizou uma conferência no Mundial do Queijo do Brasil para motivar produtores a exportarem . A boa notícia é que foi lançada a marca Monsieur Pão de Queijo, do mineiro Antonio Cançado, que fabrica em Portugal para vender na França.
Queijo vegano em alta e lado a lado com queijos animais
Bom, não só o mercado de queijos aumenta. Pela primeira vez no Sial, todas as preparações vegetais que imitam queijo estavam lado a lado, no mesmo pavilhão, com os "queijos de origem animal," expressão até redundante mas que pelo visto vai começar a aparecer por aí.
Embora a lei francesa proíba as denominações "lait" (leite) e "fromage" (queijo) para estes alimentos a base de soja, amêndoas e outros, o termo "vegan cheese" estava em grandes letras por todo canto.
Provei muitos e vi que as texturas e sabores melhoraram bastante em relação aos anos anteriores. As bebidas vegetais já representam em torno de 10% do mercado de bebidas lácteas da França e a tendência é aumentar. Danone e Nestlé estão investindo com força.