Aventuras lácteas entre o Brasil e a França

Opinião|World Cheese Awards elege queijo azul da Noruega como melhor do mundo


Por três dias a Noruega se transformou na Meca do queijo, no concurso que avaliou 4.502 produtos, recorde de inscrições do evento desde sua criação há 30 anos

Por Débora Pereira

Em um frio congelante de cortar os lábios aconteceu mais uma edição do World Cheese Awards, o maior concurso internacional de queijos do mundo. Depois de um dia inteiro de avaliação, em 3 etapas, o queijo norueguês nidelven blå foi coroado o campeão mundial em 2023, de leite de vaca pasteurizado. Ele tem o nome do rio que corta a cidade de Trondheim, anfitriã do evento que a cada ano acontece em um país europeu diferente.

O queijo azul campeão nas mãos de Charlie Turnbull, apresentador do concurso Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

Do Brasil, concorreram 66 queijos de 14 produtores, 10 produtores ganharam 23 medalhas. Veja os queijos brasileiros campeões

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"Fico extremamente orgulhoso por termos mais uma vez um vencedor norueguês, depois do país ter triunfado em2016 e 2018. Este sucesso é prova do cuidado e do esforço investidos pelo país nos seus queijos artesanais," disse John Farrand, diretor da empresa inglesa Guild of Fine Food, organizador do World Cheese Awards.

A cidade inteira no clima queijólatra Foto: Débora Pereira/Revista Profissão Queijeira

 

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Julgamos queijos de 43 países, feitos por 954 laticínios e pequenos produtores. A primeira etapa concede as medalhas de ouro, prata e bronze e cada mesa escolhe o melhor queijo, que ganha super ouro. Depois, os 100 super ouros são peneirados por 16 jurados especiais para sobrar apenas 16 queijos, que são defendidos diante do grande público super excitado.

Os 264 jurados de 38 países Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

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É a quinta edição que eu participo do corpo de jurados, que contou com 264 especialistas de 38 países, uma diversidade de queijeiros, queijistas, professores, consultores, importadores e curados apaixonados. E mais, este ano tive a imensa honra de ser convidada para compor o seleto grupo de 16 jurados, como representante da França (também sou cidadã francesa). Muita adrenalina e responsabilidade.

Muita alegria de ter sido jurada Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

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Dia dedicado ao queijo

Na véspera do grande dia, uma formação de jurados de duas horas ajudou a relembrar o vocabulário queijeiro. Super lúdica, colocamos tapa-olho para sentir os queijos com os outros sentidos alem da visão e até um tapa nariz, para provar especialmente os cascas lavadas.

Eu e Carolina Vilhena, da queijaria Belafazenda, que também foi jurada Foto: Lisa Birney/Revista Profissão Queijeira
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É muito incrível tante gente especializada em queijo junta, adoramos nos rever e confraternizar, dá um sentimento de quão pequeno é o grande mundo queijeiro mundial, uma grande família.

Philippe Dumain, que foi professor do curso de jurados Foto: Débora Pereira/Revista Profissão Queijeira
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Entramos todos em cortejo no grande galpão do Spectrum, casa de eventos no centro histórico de Trondheim, aplaudidos pelo grande público. Chegar e ver as 100 mesas de queijos postas, nos esperando para atacar, deu água na boca e também um arrepio no pescoço pela responsabilidade da tarefa. Precisa ter muito respeito e consideração com cada ser humano por trás de cada queijo.

Antes de começar... Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

Depois de provar e julgar os 47 queijos da nossa mesa, entre 10h e 13h, em companhia do queijista norueguês bem humorado Kriss Engness, eu ja estava sentido as boas sensações que o queijo faz no nosso corpo e espírito. A serotonina vai sendo produzida com tantos aminoácidos super do bem, como a tirosina, vai gerando uma sensação de felicidade coletiva. No final foi realmente um êxtase coletivo.

Eu e meu parceiro Kriss Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

Tive uma horinha para almoçar e chegar na segunda etapa do concurso. Lá os 16 jurados foram separados em 4 mesas, com 25 queijos cada. Nova batalha, dessa vez com o objetivo de escolher os 16 melhores.

Queijo caracol, uma das peças inusitadas do concurso Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

 

Quando vi o queijo que decidi defender diante do povo, um de massa dura suíço de leite cru chamado eberle würzig, deu match imediatamente. Sua casca bronzeada e seus sabores super equilibrados, uma textura firme, mas macia e fondante na boca, seu formato de roda em torno de 5 kg, tudo me seduziu. Comecei a refletir sobre meu discurso, fluiu gostoso a sua elegância, seu charme, senti que esse queijo estava no melhor momento da sua vida, alta complexidade. Ele acabou ficando em 3° lugar geral e me fez sentir que eu estava também no melhor momento da minha vida, aquele instante presente.

Queijo norvegiano brunost, feito de leite de vaca Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

Queijo campeão

"Isso significa muito para nós. Somos uma pequena fazenda leiteira localizada a apenas duas horas daqui, então isso acontecer em nosso território significa muito, e ter toda a equipe da leiteria aqui é a cereja do bolo," disse Maren Gangstadt, da vencedora Gangstadt Gårdsysteri, que substituiu a sogra quando ela se aposentou no início deste ano. A queijaria emprega 14 pessoas e está a duas horas do centro de Trondheim.

Maren Gangstadt e seu marido seguram o prêmio Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

 

Ele foi defendido pelo juiz  Finbar Deery, queijista em Sheridans, Irlanda, que disse: "o que mais adorei neste queijo foi a interação entre os sabores de leite e azul, para que não seja invadido pela penicilina. A textura chama a atenção, tem um sabor cremoso mas é denso. Tem um certo amargo também, que não incomoda quando você tem uma textura tão rica." Tudo foi transmitido ao vivo pela World Cheese TV.

O concurso cresceu 6% em relação ao ano passado. Teve queijos de países recém-chegados, como Polónia, Índia, Liechtenstein e Turquia, entre outros. Países produtores seculares de queijo, como Itália, Espanha, França e Reino Unido, estiveram bem representados tanto pelos concorrentes que regressaram como pelos novos, com o maior número de inscrições provenientes de Espanha.

La crème de la crème

Os 16 melhores queijos super gold:

Os 16 melhores queijos do mundo do World Cheese Awards FOTO Haakon Borgen/World Cheese Awards  

  • Sinodun hill da queijaria Norton and Yarrow, Reino Unido. Queijo de cabra macio e pasteurizado com maturação de 1 a 3 semanas. Defendido por Kelsie Parsons, do Canadá.
  • Old Amsterdam goat, da queijaria Westland Kaasexport, Holanda. Queijo de cabra pasteurizado, semi duro, com maturação de 6 a 9 meses. Defendido por Peter Mårtensson, da Suécia.
  • Goustal la bergere, da Société des Caves, França. Queijo de ovelha macio e pasteurizado com maturação de 6 semanas a 3 meses. Defendido por Catherine Fogel, da Dinamarca.
  • Wigmore, da Village Maid Cheese, Reino Unido. Queijo de ovelha macio e termizado com maturação de 5 a 9 semanas. Defendido por Svein Erik Backlund, Noruega.
  • Parmigiano reggiano, da Nazionale Parmigiano Reggiano Rastelli Fratelli, Itália. Queijo de leite cru de vaca com cura de 30 a 39 meses. Defendido por Davide Fiori Guffanti, Itália.
  • Holland delta, da Van der Heiden Kaas, Holanda. Queijo pasteurizado de leite de vaca maturado  1 ano, com sabor adocicado. Defendido por Mansi Jasani, Índia.
  • Eleftheria brunost, da Vivanda Gourmet, Índia. De leite de vaca pasteurizado com maturação de 0 a 2 semanas. Feito à mão com soro e creme de leite de vaca pasteurizado e fermentos naturais, em um recipiente tradicional que lembra uma wok. Defendido por Cathy Strange, EUA.
  • Eberle würzig seit 5 generationen, da Dorfkäserei Muolen, Suíça. Queijo de leite cru de vaca duro, curado  8 meses. Defendido por mim, Débora Pereira, representando a França e o Brasil.
  • Deichkäse gold, da Rohmilchkäserei Backensholz, Alemanha. Queijo de leite cru de vaca orgânico, duro, curado de 12 a 18 meses. Defendido por Georgina Yescas, México.
  • Kärntnermilch mölltaler Almkäse Selektion 50% FiT, da Kärntnermilch, Áustria. Queijo de vaca pasteurizado e duro, com maturação de 12 meses. Defendido por Aki Sakagami, Japão.
  • Lamucca di castagno, da Romagna Terre, Itália. Queijo pasteurizado de leite de vaca envelhecido com folhas de castanheiro em pó por 3 a 6 meses. Defendido por Patrick McGuigan, Reino Unido)
  • Baliehof houtlandse asche kaas, da Baliehof Kaas En Zuivelboerderij Jabbeke, Bélgica. Queijo de leite cru de vaca duro,  maturado 3 meses. Defendido por Suzy O'Regan, África do Sul.
  • Müller-thurgau rezent, da Käserei Müller-Thurgau, Suíça. Queijo de vaca pasteurizado, duro, de casca lavada, com maturação de 11 meses. Defendido por Jon Thrupp, da Mons UK, na Inglaterra.
  • Nidelven blå, de Gangstad Gårdsysteri, Noruega. Queijo azul de leite de vaca pasteurizado e curado por 11 meses. Defendido por Finbar Deery, Irlanda.
  • Pirano de la Bufalara, Itália. Queijo semiduro de leite de búfala pasteurizado e curado por 3 a 6 meses. Defendido por Evert Schonhage, Holanda.
  • Michel, da Rohmilchkäserei Backensholz, Alemanha. Queijo de leite cru de vaca e cabra com maturação de 14 a 16 meses. Defendido por Ana Belén González Pinos, Espanha.

Lista completa dos resultados

 

Em um frio congelante de cortar os lábios aconteceu mais uma edição do World Cheese Awards, o maior concurso internacional de queijos do mundo. Depois de um dia inteiro de avaliação, em 3 etapas, o queijo norueguês nidelven blå foi coroado o campeão mundial em 2023, de leite de vaca pasteurizado. Ele tem o nome do rio que corta a cidade de Trondheim, anfitriã do evento que a cada ano acontece em um país europeu diferente.

O queijo azul campeão nas mãos de Charlie Turnbull, apresentador do concurso Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

Do Brasil, concorreram 66 queijos de 14 produtores, 10 produtores ganharam 23 medalhas. Veja os queijos brasileiros campeões

"Fico extremamente orgulhoso por termos mais uma vez um vencedor norueguês, depois do país ter triunfado em2016 e 2018. Este sucesso é prova do cuidado e do esforço investidos pelo país nos seus queijos artesanais," disse John Farrand, diretor da empresa inglesa Guild of Fine Food, organizador do World Cheese Awards.

A cidade inteira no clima queijólatra Foto: Débora Pereira/Revista Profissão Queijeira

 

Julgamos queijos de 43 países, feitos por 954 laticínios e pequenos produtores. A primeira etapa concede as medalhas de ouro, prata e bronze e cada mesa escolhe o melhor queijo, que ganha super ouro. Depois, os 100 super ouros são peneirados por 16 jurados especiais para sobrar apenas 16 queijos, que são defendidos diante do grande público super excitado.

Os 264 jurados de 38 países Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

É a quinta edição que eu participo do corpo de jurados, que contou com 264 especialistas de 38 países, uma diversidade de queijeiros, queijistas, professores, consultores, importadores e curados apaixonados. E mais, este ano tive a imensa honra de ser convidada para compor o seleto grupo de 16 jurados, como representante da França (também sou cidadã francesa). Muita adrenalina e responsabilidade.

Muita alegria de ter sido jurada Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

Dia dedicado ao queijo

Na véspera do grande dia, uma formação de jurados de duas horas ajudou a relembrar o vocabulário queijeiro. Super lúdica, colocamos tapa-olho para sentir os queijos com os outros sentidos alem da visão e até um tapa nariz, para provar especialmente os cascas lavadas.

Eu e Carolina Vilhena, da queijaria Belafazenda, que também foi jurada Foto: Lisa Birney/Revista Profissão Queijeira

 

É muito incrível tante gente especializada em queijo junta, adoramos nos rever e confraternizar, dá um sentimento de quão pequeno é o grande mundo queijeiro mundial, uma grande família.

Philippe Dumain, que foi professor do curso de jurados Foto: Débora Pereira/Revista Profissão Queijeira

 

Entramos todos em cortejo no grande galpão do Spectrum, casa de eventos no centro histórico de Trondheim, aplaudidos pelo grande público. Chegar e ver as 100 mesas de queijos postas, nos esperando para atacar, deu água na boca e também um arrepio no pescoço pela responsabilidade da tarefa. Precisa ter muito respeito e consideração com cada ser humano por trás de cada queijo.

Antes de começar... Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

Depois de provar e julgar os 47 queijos da nossa mesa, entre 10h e 13h, em companhia do queijista norueguês bem humorado Kriss Engness, eu ja estava sentido as boas sensações que o queijo faz no nosso corpo e espírito. A serotonina vai sendo produzida com tantos aminoácidos super do bem, como a tirosina, vai gerando uma sensação de felicidade coletiva. No final foi realmente um êxtase coletivo.

Eu e meu parceiro Kriss Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

Tive uma horinha para almoçar e chegar na segunda etapa do concurso. Lá os 16 jurados foram separados em 4 mesas, com 25 queijos cada. Nova batalha, dessa vez com o objetivo de escolher os 16 melhores.

Queijo caracol, uma das peças inusitadas do concurso Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

 

Quando vi o queijo que decidi defender diante do povo, um de massa dura suíço de leite cru chamado eberle würzig, deu match imediatamente. Sua casca bronzeada e seus sabores super equilibrados, uma textura firme, mas macia e fondante na boca, seu formato de roda em torno de 5 kg, tudo me seduziu. Comecei a refletir sobre meu discurso, fluiu gostoso a sua elegância, seu charme, senti que esse queijo estava no melhor momento da sua vida, alta complexidade. Ele acabou ficando em 3° lugar geral e me fez sentir que eu estava também no melhor momento da minha vida, aquele instante presente.

Queijo norvegiano brunost, feito de leite de vaca Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

Queijo campeão

"Isso significa muito para nós. Somos uma pequena fazenda leiteira localizada a apenas duas horas daqui, então isso acontecer em nosso território significa muito, e ter toda a equipe da leiteria aqui é a cereja do bolo," disse Maren Gangstadt, da vencedora Gangstadt Gårdsysteri, que substituiu a sogra quando ela se aposentou no início deste ano. A queijaria emprega 14 pessoas e está a duas horas do centro de Trondheim.

Maren Gangstadt e seu marido seguram o prêmio Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

 

Ele foi defendido pelo juiz  Finbar Deery, queijista em Sheridans, Irlanda, que disse: "o que mais adorei neste queijo foi a interação entre os sabores de leite e azul, para que não seja invadido pela penicilina. A textura chama a atenção, tem um sabor cremoso mas é denso. Tem um certo amargo também, que não incomoda quando você tem uma textura tão rica." Tudo foi transmitido ao vivo pela World Cheese TV.

O concurso cresceu 6% em relação ao ano passado. Teve queijos de países recém-chegados, como Polónia, Índia, Liechtenstein e Turquia, entre outros. Países produtores seculares de queijo, como Itália, Espanha, França e Reino Unido, estiveram bem representados tanto pelos concorrentes que regressaram como pelos novos, com o maior número de inscrições provenientes de Espanha.

La crème de la crème

Os 16 melhores queijos super gold:

Os 16 melhores queijos do mundo do World Cheese Awards FOTO Haakon Borgen/World Cheese Awards  

  • Sinodun hill da queijaria Norton and Yarrow, Reino Unido. Queijo de cabra macio e pasteurizado com maturação de 1 a 3 semanas. Defendido por Kelsie Parsons, do Canadá.
  • Old Amsterdam goat, da queijaria Westland Kaasexport, Holanda. Queijo de cabra pasteurizado, semi duro, com maturação de 6 a 9 meses. Defendido por Peter Mårtensson, da Suécia.
  • Goustal la bergere, da Société des Caves, França. Queijo de ovelha macio e pasteurizado com maturação de 6 semanas a 3 meses. Defendido por Catherine Fogel, da Dinamarca.
  • Wigmore, da Village Maid Cheese, Reino Unido. Queijo de ovelha macio e termizado com maturação de 5 a 9 semanas. Defendido por Svein Erik Backlund, Noruega.
  • Parmigiano reggiano, da Nazionale Parmigiano Reggiano Rastelli Fratelli, Itália. Queijo de leite cru de vaca com cura de 30 a 39 meses. Defendido por Davide Fiori Guffanti, Itália.
  • Holland delta, da Van der Heiden Kaas, Holanda. Queijo pasteurizado de leite de vaca maturado  1 ano, com sabor adocicado. Defendido por Mansi Jasani, Índia.
  • Eleftheria brunost, da Vivanda Gourmet, Índia. De leite de vaca pasteurizado com maturação de 0 a 2 semanas. Feito à mão com soro e creme de leite de vaca pasteurizado e fermentos naturais, em um recipiente tradicional que lembra uma wok. Defendido por Cathy Strange, EUA.
  • Eberle würzig seit 5 generationen, da Dorfkäserei Muolen, Suíça. Queijo de leite cru de vaca duro, curado  8 meses. Defendido por mim, Débora Pereira, representando a França e o Brasil.
  • Deichkäse gold, da Rohmilchkäserei Backensholz, Alemanha. Queijo de leite cru de vaca orgânico, duro, curado de 12 a 18 meses. Defendido por Georgina Yescas, México.
  • Kärntnermilch mölltaler Almkäse Selektion 50% FiT, da Kärntnermilch, Áustria. Queijo de vaca pasteurizado e duro, com maturação de 12 meses. Defendido por Aki Sakagami, Japão.
  • Lamucca di castagno, da Romagna Terre, Itália. Queijo pasteurizado de leite de vaca envelhecido com folhas de castanheiro em pó por 3 a 6 meses. Defendido por Patrick McGuigan, Reino Unido)
  • Baliehof houtlandse asche kaas, da Baliehof Kaas En Zuivelboerderij Jabbeke, Bélgica. Queijo de leite cru de vaca duro,  maturado 3 meses. Defendido por Suzy O'Regan, África do Sul.
  • Müller-thurgau rezent, da Käserei Müller-Thurgau, Suíça. Queijo de vaca pasteurizado, duro, de casca lavada, com maturação de 11 meses. Defendido por Jon Thrupp, da Mons UK, na Inglaterra.
  • Nidelven blå, de Gangstad Gårdsysteri, Noruega. Queijo azul de leite de vaca pasteurizado e curado por 11 meses. Defendido por Finbar Deery, Irlanda.
  • Pirano de la Bufalara, Itália. Queijo semiduro de leite de búfala pasteurizado e curado por 3 a 6 meses. Defendido por Evert Schonhage, Holanda.
  • Michel, da Rohmilchkäserei Backensholz, Alemanha. Queijo de leite cru de vaca e cabra com maturação de 14 a 16 meses. Defendido por Ana Belén González Pinos, Espanha.

Lista completa dos resultados

 

Em um frio congelante de cortar os lábios aconteceu mais uma edição do World Cheese Awards, o maior concurso internacional de queijos do mundo. Depois de um dia inteiro de avaliação, em 3 etapas, o queijo norueguês nidelven blå foi coroado o campeão mundial em 2023, de leite de vaca pasteurizado. Ele tem o nome do rio que corta a cidade de Trondheim, anfitriã do evento que a cada ano acontece em um país europeu diferente.

O queijo azul campeão nas mãos de Charlie Turnbull, apresentador do concurso Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

Do Brasil, concorreram 66 queijos de 14 produtores, 10 produtores ganharam 23 medalhas. Veja os queijos brasileiros campeões

"Fico extremamente orgulhoso por termos mais uma vez um vencedor norueguês, depois do país ter triunfado em2016 e 2018. Este sucesso é prova do cuidado e do esforço investidos pelo país nos seus queijos artesanais," disse John Farrand, diretor da empresa inglesa Guild of Fine Food, organizador do World Cheese Awards.

A cidade inteira no clima queijólatra Foto: Débora Pereira/Revista Profissão Queijeira

 

Julgamos queijos de 43 países, feitos por 954 laticínios e pequenos produtores. A primeira etapa concede as medalhas de ouro, prata e bronze e cada mesa escolhe o melhor queijo, que ganha super ouro. Depois, os 100 super ouros são peneirados por 16 jurados especiais para sobrar apenas 16 queijos, que são defendidos diante do grande público super excitado.

Os 264 jurados de 38 países Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

É a quinta edição que eu participo do corpo de jurados, que contou com 264 especialistas de 38 países, uma diversidade de queijeiros, queijistas, professores, consultores, importadores e curados apaixonados. E mais, este ano tive a imensa honra de ser convidada para compor o seleto grupo de 16 jurados, como representante da França (também sou cidadã francesa). Muita adrenalina e responsabilidade.

Muita alegria de ter sido jurada Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

Dia dedicado ao queijo

Na véspera do grande dia, uma formação de jurados de duas horas ajudou a relembrar o vocabulário queijeiro. Super lúdica, colocamos tapa-olho para sentir os queijos com os outros sentidos alem da visão e até um tapa nariz, para provar especialmente os cascas lavadas.

Eu e Carolina Vilhena, da queijaria Belafazenda, que também foi jurada Foto: Lisa Birney/Revista Profissão Queijeira

 

É muito incrível tante gente especializada em queijo junta, adoramos nos rever e confraternizar, dá um sentimento de quão pequeno é o grande mundo queijeiro mundial, uma grande família.

Philippe Dumain, que foi professor do curso de jurados Foto: Débora Pereira/Revista Profissão Queijeira

 

Entramos todos em cortejo no grande galpão do Spectrum, casa de eventos no centro histórico de Trondheim, aplaudidos pelo grande público. Chegar e ver as 100 mesas de queijos postas, nos esperando para atacar, deu água na boca e também um arrepio no pescoço pela responsabilidade da tarefa. Precisa ter muito respeito e consideração com cada ser humano por trás de cada queijo.

Antes de começar... Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

Depois de provar e julgar os 47 queijos da nossa mesa, entre 10h e 13h, em companhia do queijista norueguês bem humorado Kriss Engness, eu ja estava sentido as boas sensações que o queijo faz no nosso corpo e espírito. A serotonina vai sendo produzida com tantos aminoácidos super do bem, como a tirosina, vai gerando uma sensação de felicidade coletiva. No final foi realmente um êxtase coletivo.

Eu e meu parceiro Kriss Foto: Berre Haakon Borgen/Guild of Fine Food

 

Tive uma horinha para almoçar e chegar na segunda etapa do concurso. Lá os 16 jurados foram separados em 4 mesas, com 25 queijos cada. Nova batalha, dessa vez com o objetivo de escolher os 16 melhores.

Queijo caracol, uma das peças inusitadas do concurso Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

 

Quando vi o queijo que decidi defender diante do povo, um de massa dura suíço de leite cru chamado eberle würzig, deu match imediatamente. Sua casca bronzeada e seus sabores super equilibrados, uma textura firme, mas macia e fondante na boca, seu formato de roda em torno de 5 kg, tudo me seduziu. Comecei a refletir sobre meu discurso, fluiu gostoso a sua elegância, seu charme, senti que esse queijo estava no melhor momento da sua vida, alta complexidade. Ele acabou ficando em 3° lugar geral e me fez sentir que eu estava também no melhor momento da minha vida, aquele instante presente.

Queijo norvegiano brunost, feito de leite de vaca Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

Queijo campeão

"Isso significa muito para nós. Somos uma pequena fazenda leiteira localizada a apenas duas horas daqui, então isso acontecer em nosso território significa muito, e ter toda a equipe da leiteria aqui é a cereja do bolo," disse Maren Gangstadt, da vencedora Gangstadt Gårdsysteri, que substituiu a sogra quando ela se aposentou no início deste ano. A queijaria emprega 14 pessoas e está a duas horas do centro de Trondheim.

Maren Gangstadt e seu marido seguram o prêmio Foto: Carolina Vilhena/SerTãoBras

 

Ele foi defendido pelo juiz  Finbar Deery, queijista em Sheridans, Irlanda, que disse: "o que mais adorei neste queijo foi a interação entre os sabores de leite e azul, para que não seja invadido pela penicilina. A textura chama a atenção, tem um sabor cremoso mas é denso. Tem um certo amargo também, que não incomoda quando você tem uma textura tão rica." Tudo foi transmitido ao vivo pela World Cheese TV.

O concurso cresceu 6% em relação ao ano passado. Teve queijos de países recém-chegados, como Polónia, Índia, Liechtenstein e Turquia, entre outros. Países produtores seculares de queijo, como Itália, Espanha, França e Reino Unido, estiveram bem representados tanto pelos concorrentes que regressaram como pelos novos, com o maior número de inscrições provenientes de Espanha.

La crème de la crème

Os 16 melhores queijos super gold:

Os 16 melhores queijos do mundo do World Cheese Awards FOTO Haakon Borgen/World Cheese Awards  

  • Sinodun hill da queijaria Norton and Yarrow, Reino Unido. Queijo de cabra macio e pasteurizado com maturação de 1 a 3 semanas. Defendido por Kelsie Parsons, do Canadá.
  • Old Amsterdam goat, da queijaria Westland Kaasexport, Holanda. Queijo de cabra pasteurizado, semi duro, com maturação de 6 a 9 meses. Defendido por Peter Mårtensson, da Suécia.
  • Goustal la bergere, da Société des Caves, França. Queijo de ovelha macio e pasteurizado com maturação de 6 semanas a 3 meses. Defendido por Catherine Fogel, da Dinamarca.
  • Wigmore, da Village Maid Cheese, Reino Unido. Queijo de ovelha macio e termizado com maturação de 5 a 9 semanas. Defendido por Svein Erik Backlund, Noruega.
  • Parmigiano reggiano, da Nazionale Parmigiano Reggiano Rastelli Fratelli, Itália. Queijo de leite cru de vaca com cura de 30 a 39 meses. Defendido por Davide Fiori Guffanti, Itália.
  • Holland delta, da Van der Heiden Kaas, Holanda. Queijo pasteurizado de leite de vaca maturado  1 ano, com sabor adocicado. Defendido por Mansi Jasani, Índia.
  • Eleftheria brunost, da Vivanda Gourmet, Índia. De leite de vaca pasteurizado com maturação de 0 a 2 semanas. Feito à mão com soro e creme de leite de vaca pasteurizado e fermentos naturais, em um recipiente tradicional que lembra uma wok. Defendido por Cathy Strange, EUA.
  • Eberle würzig seit 5 generationen, da Dorfkäserei Muolen, Suíça. Queijo de leite cru de vaca duro, curado  8 meses. Defendido por mim, Débora Pereira, representando a França e o Brasil.
  • Deichkäse gold, da Rohmilchkäserei Backensholz, Alemanha. Queijo de leite cru de vaca orgânico, duro, curado de 12 a 18 meses. Defendido por Georgina Yescas, México.
  • Kärntnermilch mölltaler Almkäse Selektion 50% FiT, da Kärntnermilch, Áustria. Queijo de vaca pasteurizado e duro, com maturação de 12 meses. Defendido por Aki Sakagami, Japão.
  • Lamucca di castagno, da Romagna Terre, Itália. Queijo pasteurizado de leite de vaca envelhecido com folhas de castanheiro em pó por 3 a 6 meses. Defendido por Patrick McGuigan, Reino Unido)
  • Baliehof houtlandse asche kaas, da Baliehof Kaas En Zuivelboerderij Jabbeke, Bélgica. Queijo de leite cru de vaca duro,  maturado 3 meses. Defendido por Suzy O'Regan, África do Sul.
  • Müller-thurgau rezent, da Käserei Müller-Thurgau, Suíça. Queijo de vaca pasteurizado, duro, de casca lavada, com maturação de 11 meses. Defendido por Jon Thrupp, da Mons UK, na Inglaterra.
  • Nidelven blå, de Gangstad Gårdsysteri, Noruega. Queijo azul de leite de vaca pasteurizado e curado por 11 meses. Defendido por Finbar Deery, Irlanda.
  • Pirano de la Bufalara, Itália. Queijo semiduro de leite de búfala pasteurizado e curado por 3 a 6 meses. Defendido por Evert Schonhage, Holanda.
  • Michel, da Rohmilchkäserei Backensholz, Alemanha. Queijo de leite cru de vaca e cabra com maturação de 14 a 16 meses. Defendido por Ana Belén González Pinos, Espanha.

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