Sütlaç? É rice pudding


Não perca tempo: ache o doce perfeito na terra dos sultões

Por Carla Miranda

Se você tem uma queda pelos doces e está de malas prontas para Istambul, minha recomendação se resume a duas palavras: rice pudding. Alguns vão dizer que não passa de um pote de arroz-doce, daqueles que a vovó fazia para sobremesa quando estava sem criatividade. E quem provou com gulodice centenas dessas porções na infância pode testemunhar que o doce tem, sim, sabor de reminiscência. Mas está diferente. Você evoluiu - e ele também. Para começar, minha avó nunca manejou um maçarico de cozinha. Duvido até que soubesse da existência deles, sendo a especialista que era em pratos muito simples, sem, portanto, a casquinha brulée que estalava em um dos rice puddings que provei na Turquia. Peço desculpas, por favor, se até aqui falei demais ou exagerei no flashback, sem antes explicar por que você não deve sair de Istambul sem uma boa degustação de puddings. Primeira e única razão: eles são deliciosamente distintos entre si. Mas isso eu não sabia quando parei para um lanche sem pretensões no Grande Bazar. Naquele momento, queria apenas algo para calar o estômago e voltar sem demora às compras nas mais de 4 mil lojinhas que desde o século 15 fazem o delírio dos consumistas. Pedi um sanduíche de kebab, versão frango, com batata frita e salada enroladas no pão árabe. E um refrigerante. Um turco teria escolhido ayran, espécie de iogurte aguado que eles tomam o dia inteiro. Para mim, não dá. Já estava satisfeita quando veio a vontade de saber o que era aquilo que alguns comiam com deleite. Rice pudding, falaram, muito embora a sobremesa algumas vezes se esconda sob o nome de sütlaç. Pedi um. Foi muito barato (2 novas liras turcas ou R$ 2,70). O creme veio amarelado, ainda morno. E apesar de estar doce demais, despertou curiosidade. Tanto que decidi encarar o prazeroso desafio de encontrar o rice pudding perfeito. Se aquele ali, servido em pote de marmitex, já estava bom, quem sabe o gosto que teriam os feitos com mais apuro? Iniciei imediatamente minha jornada, arrependida de ter descoberto o doce no segundo dia de Istambul, e não quando saí do aeroporto. Assim que pude, lá estávamos eu e um rice pudding. O lugar, à primeira vista, não era dos mais indicados. Afinal, um narguilé bar, como o Café-Inn, tem como especialidade fumos de sabores variados - invista em maçã, fuja do enjoativo coco - , não as sobremesas. Mesmo assim, o rice pudding deixa saudade até hoje. Veio menos doce, menos amarelo e com a camada brulée que mencionei. Minha próxima tentativa de comer um rice pudding não passou disso. Tão logo soube do meu interesse por pratos típicos, um dos gerentes do Sultanhamet Fish House se recusou a me servir a sobremesa. Disse que era comum, que qualquer merendeira de colégio público fazia. Insisti. Nem pensar - os turcos são duros na queda. Em troca, propôs um doce chamado hot halva, à base de tahine. Até então, nunca havia imaginado tahine doce. Para completar a estranha receita, chocolate, amêndoas, geléia, enfim, uma melecação só. Detalhe: o hot halva custava 6 liras e o pudding, 8, ou seja, o restaurante perdeu algum dinheiro e a cliente. No Bazar das Especiarias, decepção semelhante: nada do pudim. É claro que o passeio não foi perdido. Para provar, ainda tenho em casa chá de maçã, açafrão e alguns pistaches que como num misto de êxtase e pena. E algumas calorias extras, acumuladas com doces muito doces, cobertos de mel. Só me restava uma manhã em Istambul e resolvi não arriscar (imagine encontrar mais alguém querendo abortar meu plano). Segui para o restaurante Pudding Shop, com dezenas de variações do doce. Fugi de versões com aditivos (caramelo, chocolate, frutas secas) e parti para o clássico. Veio mais para gelado e, portanto, mais consistente que os anteriores. Não tinha a camada brulée, mas estava doce na medida. Bom, bom. Mas acho que, infelizmente, saí da Turquia sem achar o rice pudding perfeito. Uma decepção e tanto. Se você for a Istambul, tenho apenas um conselho: não perca tempo e corra atrás dele. E, se achar, coma um por mim. Pudding Shop Divanyolu Caddesi, 6 ;www.puddingshop.comCafe-InnIncili Çavus Sokak, 23,SultanahmetSultanahmet Fish House Prof. K. Ysmail Gürkan Caddesi, 14, Sultanahmet; www.sultanahmetfishhouse.comGrande Bazar Çarsikapi Caddesi, s/nº

Se você tem uma queda pelos doces e está de malas prontas para Istambul, minha recomendação se resume a duas palavras: rice pudding. Alguns vão dizer que não passa de um pote de arroz-doce, daqueles que a vovó fazia para sobremesa quando estava sem criatividade. E quem provou com gulodice centenas dessas porções na infância pode testemunhar que o doce tem, sim, sabor de reminiscência. Mas está diferente. Você evoluiu - e ele também. Para começar, minha avó nunca manejou um maçarico de cozinha. Duvido até que soubesse da existência deles, sendo a especialista que era em pratos muito simples, sem, portanto, a casquinha brulée que estalava em um dos rice puddings que provei na Turquia. Peço desculpas, por favor, se até aqui falei demais ou exagerei no flashback, sem antes explicar por que você não deve sair de Istambul sem uma boa degustação de puddings. Primeira e única razão: eles são deliciosamente distintos entre si. Mas isso eu não sabia quando parei para um lanche sem pretensões no Grande Bazar. Naquele momento, queria apenas algo para calar o estômago e voltar sem demora às compras nas mais de 4 mil lojinhas que desde o século 15 fazem o delírio dos consumistas. Pedi um sanduíche de kebab, versão frango, com batata frita e salada enroladas no pão árabe. E um refrigerante. Um turco teria escolhido ayran, espécie de iogurte aguado que eles tomam o dia inteiro. Para mim, não dá. Já estava satisfeita quando veio a vontade de saber o que era aquilo que alguns comiam com deleite. Rice pudding, falaram, muito embora a sobremesa algumas vezes se esconda sob o nome de sütlaç. Pedi um. Foi muito barato (2 novas liras turcas ou R$ 2,70). O creme veio amarelado, ainda morno. E apesar de estar doce demais, despertou curiosidade. Tanto que decidi encarar o prazeroso desafio de encontrar o rice pudding perfeito. Se aquele ali, servido em pote de marmitex, já estava bom, quem sabe o gosto que teriam os feitos com mais apuro? Iniciei imediatamente minha jornada, arrependida de ter descoberto o doce no segundo dia de Istambul, e não quando saí do aeroporto. Assim que pude, lá estávamos eu e um rice pudding. O lugar, à primeira vista, não era dos mais indicados. Afinal, um narguilé bar, como o Café-Inn, tem como especialidade fumos de sabores variados - invista em maçã, fuja do enjoativo coco - , não as sobremesas. Mesmo assim, o rice pudding deixa saudade até hoje. Veio menos doce, menos amarelo e com a camada brulée que mencionei. Minha próxima tentativa de comer um rice pudding não passou disso. Tão logo soube do meu interesse por pratos típicos, um dos gerentes do Sultanhamet Fish House se recusou a me servir a sobremesa. Disse que era comum, que qualquer merendeira de colégio público fazia. Insisti. Nem pensar - os turcos são duros na queda. Em troca, propôs um doce chamado hot halva, à base de tahine. Até então, nunca havia imaginado tahine doce. Para completar a estranha receita, chocolate, amêndoas, geléia, enfim, uma melecação só. Detalhe: o hot halva custava 6 liras e o pudding, 8, ou seja, o restaurante perdeu algum dinheiro e a cliente. No Bazar das Especiarias, decepção semelhante: nada do pudim. É claro que o passeio não foi perdido. Para provar, ainda tenho em casa chá de maçã, açafrão e alguns pistaches que como num misto de êxtase e pena. E algumas calorias extras, acumuladas com doces muito doces, cobertos de mel. Só me restava uma manhã em Istambul e resolvi não arriscar (imagine encontrar mais alguém querendo abortar meu plano). Segui para o restaurante Pudding Shop, com dezenas de variações do doce. Fugi de versões com aditivos (caramelo, chocolate, frutas secas) e parti para o clássico. Veio mais para gelado e, portanto, mais consistente que os anteriores. Não tinha a camada brulée, mas estava doce na medida. Bom, bom. Mas acho que, infelizmente, saí da Turquia sem achar o rice pudding perfeito. Uma decepção e tanto. Se você for a Istambul, tenho apenas um conselho: não perca tempo e corra atrás dele. E, se achar, coma um por mim. Pudding Shop Divanyolu Caddesi, 6 ;www.puddingshop.comCafe-InnIncili Çavus Sokak, 23,SultanahmetSultanahmet Fish House Prof. K. Ysmail Gürkan Caddesi, 14, Sultanahmet; www.sultanahmetfishhouse.comGrande Bazar Çarsikapi Caddesi, s/nº

Se você tem uma queda pelos doces e está de malas prontas para Istambul, minha recomendação se resume a duas palavras: rice pudding. Alguns vão dizer que não passa de um pote de arroz-doce, daqueles que a vovó fazia para sobremesa quando estava sem criatividade. E quem provou com gulodice centenas dessas porções na infância pode testemunhar que o doce tem, sim, sabor de reminiscência. Mas está diferente. Você evoluiu - e ele também. Para começar, minha avó nunca manejou um maçarico de cozinha. Duvido até que soubesse da existência deles, sendo a especialista que era em pratos muito simples, sem, portanto, a casquinha brulée que estalava em um dos rice puddings que provei na Turquia. Peço desculpas, por favor, se até aqui falei demais ou exagerei no flashback, sem antes explicar por que você não deve sair de Istambul sem uma boa degustação de puddings. Primeira e única razão: eles são deliciosamente distintos entre si. Mas isso eu não sabia quando parei para um lanche sem pretensões no Grande Bazar. Naquele momento, queria apenas algo para calar o estômago e voltar sem demora às compras nas mais de 4 mil lojinhas que desde o século 15 fazem o delírio dos consumistas. Pedi um sanduíche de kebab, versão frango, com batata frita e salada enroladas no pão árabe. E um refrigerante. Um turco teria escolhido ayran, espécie de iogurte aguado que eles tomam o dia inteiro. Para mim, não dá. Já estava satisfeita quando veio a vontade de saber o que era aquilo que alguns comiam com deleite. Rice pudding, falaram, muito embora a sobremesa algumas vezes se esconda sob o nome de sütlaç. Pedi um. Foi muito barato (2 novas liras turcas ou R$ 2,70). O creme veio amarelado, ainda morno. E apesar de estar doce demais, despertou curiosidade. Tanto que decidi encarar o prazeroso desafio de encontrar o rice pudding perfeito. Se aquele ali, servido em pote de marmitex, já estava bom, quem sabe o gosto que teriam os feitos com mais apuro? Iniciei imediatamente minha jornada, arrependida de ter descoberto o doce no segundo dia de Istambul, e não quando saí do aeroporto. Assim que pude, lá estávamos eu e um rice pudding. O lugar, à primeira vista, não era dos mais indicados. Afinal, um narguilé bar, como o Café-Inn, tem como especialidade fumos de sabores variados - invista em maçã, fuja do enjoativo coco - , não as sobremesas. Mesmo assim, o rice pudding deixa saudade até hoje. Veio menos doce, menos amarelo e com a camada brulée que mencionei. Minha próxima tentativa de comer um rice pudding não passou disso. Tão logo soube do meu interesse por pratos típicos, um dos gerentes do Sultanhamet Fish House se recusou a me servir a sobremesa. Disse que era comum, que qualquer merendeira de colégio público fazia. Insisti. Nem pensar - os turcos são duros na queda. Em troca, propôs um doce chamado hot halva, à base de tahine. Até então, nunca havia imaginado tahine doce. Para completar a estranha receita, chocolate, amêndoas, geléia, enfim, uma melecação só. Detalhe: o hot halva custava 6 liras e o pudding, 8, ou seja, o restaurante perdeu algum dinheiro e a cliente. No Bazar das Especiarias, decepção semelhante: nada do pudim. É claro que o passeio não foi perdido. Para provar, ainda tenho em casa chá de maçã, açafrão e alguns pistaches que como num misto de êxtase e pena. E algumas calorias extras, acumuladas com doces muito doces, cobertos de mel. Só me restava uma manhã em Istambul e resolvi não arriscar (imagine encontrar mais alguém querendo abortar meu plano). Segui para o restaurante Pudding Shop, com dezenas de variações do doce. Fugi de versões com aditivos (caramelo, chocolate, frutas secas) e parti para o clássico. Veio mais para gelado e, portanto, mais consistente que os anteriores. Não tinha a camada brulée, mas estava doce na medida. Bom, bom. Mas acho que, infelizmente, saí da Turquia sem achar o rice pudding perfeito. Uma decepção e tanto. Se você for a Istambul, tenho apenas um conselho: não perca tempo e corra atrás dele. E, se achar, coma um por mim. Pudding Shop Divanyolu Caddesi, 6 ;www.puddingshop.comCafe-InnIncili Çavus Sokak, 23,SultanahmetSultanahmet Fish House Prof. K. Ysmail Gürkan Caddesi, 14, Sultanahmet; www.sultanahmetfishhouse.comGrande Bazar Çarsikapi Caddesi, s/nº

Se você tem uma queda pelos doces e está de malas prontas para Istambul, minha recomendação se resume a duas palavras: rice pudding. Alguns vão dizer que não passa de um pote de arroz-doce, daqueles que a vovó fazia para sobremesa quando estava sem criatividade. E quem provou com gulodice centenas dessas porções na infância pode testemunhar que o doce tem, sim, sabor de reminiscência. Mas está diferente. Você evoluiu - e ele também. Para começar, minha avó nunca manejou um maçarico de cozinha. Duvido até que soubesse da existência deles, sendo a especialista que era em pratos muito simples, sem, portanto, a casquinha brulée que estalava em um dos rice puddings que provei na Turquia. Peço desculpas, por favor, se até aqui falei demais ou exagerei no flashback, sem antes explicar por que você não deve sair de Istambul sem uma boa degustação de puddings. Primeira e única razão: eles são deliciosamente distintos entre si. Mas isso eu não sabia quando parei para um lanche sem pretensões no Grande Bazar. Naquele momento, queria apenas algo para calar o estômago e voltar sem demora às compras nas mais de 4 mil lojinhas que desde o século 15 fazem o delírio dos consumistas. Pedi um sanduíche de kebab, versão frango, com batata frita e salada enroladas no pão árabe. E um refrigerante. Um turco teria escolhido ayran, espécie de iogurte aguado que eles tomam o dia inteiro. Para mim, não dá. Já estava satisfeita quando veio a vontade de saber o que era aquilo que alguns comiam com deleite. Rice pudding, falaram, muito embora a sobremesa algumas vezes se esconda sob o nome de sütlaç. Pedi um. Foi muito barato (2 novas liras turcas ou R$ 2,70). O creme veio amarelado, ainda morno. E apesar de estar doce demais, despertou curiosidade. Tanto que decidi encarar o prazeroso desafio de encontrar o rice pudding perfeito. Se aquele ali, servido em pote de marmitex, já estava bom, quem sabe o gosto que teriam os feitos com mais apuro? Iniciei imediatamente minha jornada, arrependida de ter descoberto o doce no segundo dia de Istambul, e não quando saí do aeroporto. Assim que pude, lá estávamos eu e um rice pudding. O lugar, à primeira vista, não era dos mais indicados. Afinal, um narguilé bar, como o Café-Inn, tem como especialidade fumos de sabores variados - invista em maçã, fuja do enjoativo coco - , não as sobremesas. Mesmo assim, o rice pudding deixa saudade até hoje. Veio menos doce, menos amarelo e com a camada brulée que mencionei. Minha próxima tentativa de comer um rice pudding não passou disso. Tão logo soube do meu interesse por pratos típicos, um dos gerentes do Sultanhamet Fish House se recusou a me servir a sobremesa. Disse que era comum, que qualquer merendeira de colégio público fazia. Insisti. Nem pensar - os turcos são duros na queda. Em troca, propôs um doce chamado hot halva, à base de tahine. Até então, nunca havia imaginado tahine doce. Para completar a estranha receita, chocolate, amêndoas, geléia, enfim, uma melecação só. Detalhe: o hot halva custava 6 liras e o pudding, 8, ou seja, o restaurante perdeu algum dinheiro e a cliente. No Bazar das Especiarias, decepção semelhante: nada do pudim. É claro que o passeio não foi perdido. Para provar, ainda tenho em casa chá de maçã, açafrão e alguns pistaches que como num misto de êxtase e pena. E algumas calorias extras, acumuladas com doces muito doces, cobertos de mel. Só me restava uma manhã em Istambul e resolvi não arriscar (imagine encontrar mais alguém querendo abortar meu plano). Segui para o restaurante Pudding Shop, com dezenas de variações do doce. Fugi de versões com aditivos (caramelo, chocolate, frutas secas) e parti para o clássico. Veio mais para gelado e, portanto, mais consistente que os anteriores. Não tinha a camada brulée, mas estava doce na medida. Bom, bom. Mas acho que, infelizmente, saí da Turquia sem achar o rice pudding perfeito. Uma decepção e tanto. Se você for a Istambul, tenho apenas um conselho: não perca tempo e corra atrás dele. E, se achar, coma um por mim. Pudding Shop Divanyolu Caddesi, 6 ;www.puddingshop.comCafe-InnIncili Çavus Sokak, 23,SultanahmetSultanahmet Fish House Prof. K. Ysmail Gürkan Caddesi, 14, Sultanahmet; www.sultanahmetfishhouse.comGrande Bazar Çarsikapi Caddesi, s/nº

Se você tem uma queda pelos doces e está de malas prontas para Istambul, minha recomendação se resume a duas palavras: rice pudding. Alguns vão dizer que não passa de um pote de arroz-doce, daqueles que a vovó fazia para sobremesa quando estava sem criatividade. E quem provou com gulodice centenas dessas porções na infância pode testemunhar que o doce tem, sim, sabor de reminiscência. Mas está diferente. Você evoluiu - e ele também. Para começar, minha avó nunca manejou um maçarico de cozinha. Duvido até que soubesse da existência deles, sendo a especialista que era em pratos muito simples, sem, portanto, a casquinha brulée que estalava em um dos rice puddings que provei na Turquia. Peço desculpas, por favor, se até aqui falei demais ou exagerei no flashback, sem antes explicar por que você não deve sair de Istambul sem uma boa degustação de puddings. Primeira e única razão: eles são deliciosamente distintos entre si. Mas isso eu não sabia quando parei para um lanche sem pretensões no Grande Bazar. Naquele momento, queria apenas algo para calar o estômago e voltar sem demora às compras nas mais de 4 mil lojinhas que desde o século 15 fazem o delírio dos consumistas. Pedi um sanduíche de kebab, versão frango, com batata frita e salada enroladas no pão árabe. E um refrigerante. Um turco teria escolhido ayran, espécie de iogurte aguado que eles tomam o dia inteiro. Para mim, não dá. Já estava satisfeita quando veio a vontade de saber o que era aquilo que alguns comiam com deleite. Rice pudding, falaram, muito embora a sobremesa algumas vezes se esconda sob o nome de sütlaç. Pedi um. Foi muito barato (2 novas liras turcas ou R$ 2,70). O creme veio amarelado, ainda morno. E apesar de estar doce demais, despertou curiosidade. Tanto que decidi encarar o prazeroso desafio de encontrar o rice pudding perfeito. Se aquele ali, servido em pote de marmitex, já estava bom, quem sabe o gosto que teriam os feitos com mais apuro? Iniciei imediatamente minha jornada, arrependida de ter descoberto o doce no segundo dia de Istambul, e não quando saí do aeroporto. Assim que pude, lá estávamos eu e um rice pudding. O lugar, à primeira vista, não era dos mais indicados. Afinal, um narguilé bar, como o Café-Inn, tem como especialidade fumos de sabores variados - invista em maçã, fuja do enjoativo coco - , não as sobremesas. Mesmo assim, o rice pudding deixa saudade até hoje. Veio menos doce, menos amarelo e com a camada brulée que mencionei. Minha próxima tentativa de comer um rice pudding não passou disso. Tão logo soube do meu interesse por pratos típicos, um dos gerentes do Sultanhamet Fish House se recusou a me servir a sobremesa. Disse que era comum, que qualquer merendeira de colégio público fazia. Insisti. Nem pensar - os turcos são duros na queda. Em troca, propôs um doce chamado hot halva, à base de tahine. Até então, nunca havia imaginado tahine doce. Para completar a estranha receita, chocolate, amêndoas, geléia, enfim, uma melecação só. Detalhe: o hot halva custava 6 liras e o pudding, 8, ou seja, o restaurante perdeu algum dinheiro e a cliente. No Bazar das Especiarias, decepção semelhante: nada do pudim. É claro que o passeio não foi perdido. Para provar, ainda tenho em casa chá de maçã, açafrão e alguns pistaches que como num misto de êxtase e pena. E algumas calorias extras, acumuladas com doces muito doces, cobertos de mel. Só me restava uma manhã em Istambul e resolvi não arriscar (imagine encontrar mais alguém querendo abortar meu plano). Segui para o restaurante Pudding Shop, com dezenas de variações do doce. Fugi de versões com aditivos (caramelo, chocolate, frutas secas) e parti para o clássico. Veio mais para gelado e, portanto, mais consistente que os anteriores. Não tinha a camada brulée, mas estava doce na medida. Bom, bom. Mas acho que, infelizmente, saí da Turquia sem achar o rice pudding perfeito. Uma decepção e tanto. Se você for a Istambul, tenho apenas um conselho: não perca tempo e corra atrás dele. E, se achar, coma um por mim. Pudding Shop Divanyolu Caddesi, 6 ;www.puddingshop.comCafe-InnIncili Çavus Sokak, 23,SultanahmetSultanahmet Fish House Prof. K. Ysmail Gürkan Caddesi, 14, Sultanahmet; www.sultanahmetfishhouse.comGrande Bazar Çarsikapi Caddesi, s/nº

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