Histórias e experiências sobre o café

Opinião|Os grãos de café encolheram...


Os efeitos do clima extremo estão presentes neste início de colheita de café no Brasil.

Por Ensei Neto

O fruto do cafeeiro é classificado como anual porque seu ciclo respeita os tempos ditados pelas quatro estações do ano. Seu ciclo se inicia na Primavera de cada ano, quando as flores são fecundadas, formando os novos frutos, evento que marca o início da nova safra. O Verão, com a abundância de luz e chuvas, é o tempo de crescimento dos frutos, que têm o seu amadurecimento no Outono, quando devem ser colhidos preferencialmente maduros, período entre 230 e 270 dias após a florada.

Florada do cafeeiro. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

A data de 24 de maio, no último terço do Outono, numa iniciativa da ABIC - Associação Brasileira da Indústria do Café, foi escolhida para celebrar o início da colheita do café no Brasil, ficando como o Dia Nacional do Café.

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Apesar das flores do cafeeiro terem grande capacidade de autofecundação, existe uma fração que necessita de, digamos, um apoio externo na sua polinização, papel que pode ser desempenhado por abelhas. Com o aumento de frequência e da intensidade dos eventos climáticos extremos, as chuvas primaveris tornaram-se incertas, substituídas por estiagem prolongada e altas temperaturas, tornando a polinização complementar importante.

O pólen é constituído por proteínas, o que o torna particularmente sensível à temperatura. Caso ocorra um estresse térmico prolongado, os casos de fecundação defeituosa se tornam mais frequentes, causando grande impacto na qualidade ao dar origem a sementes deformadas. Conhecidas como mal formadas, criam impacto sensorial negativo com notas de aroma como borracha queimada e sabor de cinzas, junto de amargor seco na finalização, penalizando a qualidade da bebida.

Cafezal, Águia Branca, ES. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal
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Outro momento crítico é durante o período de enchimento dos grãos, que acontece no auge do verão, geralmente chuvoso, apesar da maior intensidade do calor. Se as chuvas não ocorrerem com regularidade entre o final de janeiro e o princípio de março, os frutos deixam de ter crescimento normal, ficando com menor tamanho e, muitas vezes, com menor capacidade de acumular açúcar em razão do estresse térmico.

As principais regiões cafeeiras do Brasil, localizadas nos Estados do Sudeste, além do Paraná e Bahia, tiveram no princípio do ano chuvas bastante abaixo do normal, com maior período de seca, levando a longos períodos de estresse térmico. Este tipo de estresse tem grande impacto na qualidade sensorial, além da menor produtividade devido ao menor tamanho, porque parte da energia da planta é gasta para se manter viva ante o forte calor. É como nos sentimos em dias muito quentes e secos, quando um alento é ficar em lugar com ar condicionado.

Como resultado dessa combinação perversa, este início de colheita tem apresentado grãos com tamanho médio menor do que o normal, o que pode indicar um péssimo prenúncio.

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Grãos de café prontos para a torra. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

O tamanho dos grãos é dado pelo tamanho de furos de peneiras específicas, cuja medida está relacionada com fração de 64 partes de uma polegada. Por exemplo, um grão de café que seja classificado em seu tamanho como Peneira 18, tem o tamanho correspondente a 18/64 de polegada ou, se convertermos em milímetros, o equivalente a 7,14mm.

Quanto maior a quantidade de grãos menores, é necessário um número maior para completar uma saca de 60kg, que é a medida padrão de comercialização, o que significa menor produtividade do cafezal. Como consequência, ocorrendo menor produtividade, a quebra de safra pode ser inevitável, tendo como desdobramento o aumento de preço, pois o mercado se regula pela relação entre oferta e procura.

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Linha demarcatória "El Niño". Ilustração por Copilot.  

Caso isso se confirme, é mais uma razão para se dar maior atenção às atividades que podem criar grande impacto climático, que aumentam a frequência de eventos extremos. Muitas ações também dependem da consciência dos consumidores, procurando adquirir produtos produzidos e elaborados de forma mais responsável com o meio ambiente.

Por infeliz coincidência, o Cinturão do Café do Brasil, constituído pela Alta e Média Mogiana, Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e centro norte do Espírito Santo, está exatamente na zona de transição dos eventos El Niño e La Niña, com inesperada estiagem neste momento. A partir de agora, vale a pena ficarmos atualizados sobre o andamento da colheita do café no Brasil.

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CAMPEONATO BRASILEIRO DE TORRA

Neste final de semana, em Belo Horizonte, MG, aconteceu a edição 2024 do Campeonato Brasileiro de Torra, cujo vencedor representará o Brasil na competição mundial na Dinamarca.

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Pedro Henrique dos Anjos, Campeão Brasileiro de Torra 2024. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Foram 24 competidores que realizaram torras com cafés fornecidos apenas com informações básicas e que tinham como desafio obter o mais complexo perfil sensorial. O Campeão Brasileiro de Torra 2024 é o engenheiro Pedro Henrique Figueiredo dos Anjos, brasiliense, que há tempos mantém com amigos a torrefação Mokado Lab de Cafés.

 

 

 

 

 

O fruto do cafeeiro é classificado como anual porque seu ciclo respeita os tempos ditados pelas quatro estações do ano. Seu ciclo se inicia na Primavera de cada ano, quando as flores são fecundadas, formando os novos frutos, evento que marca o início da nova safra. O Verão, com a abundância de luz e chuvas, é o tempo de crescimento dos frutos, que têm o seu amadurecimento no Outono, quando devem ser colhidos preferencialmente maduros, período entre 230 e 270 dias após a florada.

Florada do cafeeiro. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

A data de 24 de maio, no último terço do Outono, numa iniciativa da ABIC - Associação Brasileira da Indústria do Café, foi escolhida para celebrar o início da colheita do café no Brasil, ficando como o Dia Nacional do Café.

Apesar das flores do cafeeiro terem grande capacidade de autofecundação, existe uma fração que necessita de, digamos, um apoio externo na sua polinização, papel que pode ser desempenhado por abelhas. Com o aumento de frequência e da intensidade dos eventos climáticos extremos, as chuvas primaveris tornaram-se incertas, substituídas por estiagem prolongada e altas temperaturas, tornando a polinização complementar importante.

O pólen é constituído por proteínas, o que o torna particularmente sensível à temperatura. Caso ocorra um estresse térmico prolongado, os casos de fecundação defeituosa se tornam mais frequentes, causando grande impacto na qualidade ao dar origem a sementes deformadas. Conhecidas como mal formadas, criam impacto sensorial negativo com notas de aroma como borracha queimada e sabor de cinzas, junto de amargor seco na finalização, penalizando a qualidade da bebida.

Cafezal, Águia Branca, ES. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Outro momento crítico é durante o período de enchimento dos grãos, que acontece no auge do verão, geralmente chuvoso, apesar da maior intensidade do calor. Se as chuvas não ocorrerem com regularidade entre o final de janeiro e o princípio de março, os frutos deixam de ter crescimento normal, ficando com menor tamanho e, muitas vezes, com menor capacidade de acumular açúcar em razão do estresse térmico.

As principais regiões cafeeiras do Brasil, localizadas nos Estados do Sudeste, além do Paraná e Bahia, tiveram no princípio do ano chuvas bastante abaixo do normal, com maior período de seca, levando a longos períodos de estresse térmico. Este tipo de estresse tem grande impacto na qualidade sensorial, além da menor produtividade devido ao menor tamanho, porque parte da energia da planta é gasta para se manter viva ante o forte calor. É como nos sentimos em dias muito quentes e secos, quando um alento é ficar em lugar com ar condicionado.

Como resultado dessa combinação perversa, este início de colheita tem apresentado grãos com tamanho médio menor do que o normal, o que pode indicar um péssimo prenúncio.

Grãos de café prontos para a torra. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

O tamanho dos grãos é dado pelo tamanho de furos de peneiras específicas, cuja medida está relacionada com fração de 64 partes de uma polegada. Por exemplo, um grão de café que seja classificado em seu tamanho como Peneira 18, tem o tamanho correspondente a 18/64 de polegada ou, se convertermos em milímetros, o equivalente a 7,14mm.

Quanto maior a quantidade de grãos menores, é necessário um número maior para completar uma saca de 60kg, que é a medida padrão de comercialização, o que significa menor produtividade do cafezal. Como consequência, ocorrendo menor produtividade, a quebra de safra pode ser inevitável, tendo como desdobramento o aumento de preço, pois o mercado se regula pela relação entre oferta e procura.

Linha demarcatória "El Niño". Ilustração por Copilot.  

Caso isso se confirme, é mais uma razão para se dar maior atenção às atividades que podem criar grande impacto climático, que aumentam a frequência de eventos extremos. Muitas ações também dependem da consciência dos consumidores, procurando adquirir produtos produzidos e elaborados de forma mais responsável com o meio ambiente.

Por infeliz coincidência, o Cinturão do Café do Brasil, constituído pela Alta e Média Mogiana, Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e centro norte do Espírito Santo, está exatamente na zona de transição dos eventos El Niño e La Niña, com inesperada estiagem neste momento. A partir de agora, vale a pena ficarmos atualizados sobre o andamento da colheita do café no Brasil.

 

CAMPEONATO BRASILEIRO DE TORRA

Neste final de semana, em Belo Horizonte, MG, aconteceu a edição 2024 do Campeonato Brasileiro de Torra, cujo vencedor representará o Brasil na competição mundial na Dinamarca.

Pedro Henrique dos Anjos, Campeão Brasileiro de Torra 2024. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Foram 24 competidores que realizaram torras com cafés fornecidos apenas com informações básicas e que tinham como desafio obter o mais complexo perfil sensorial. O Campeão Brasileiro de Torra 2024 é o engenheiro Pedro Henrique Figueiredo dos Anjos, brasiliense, que há tempos mantém com amigos a torrefação Mokado Lab de Cafés.

 

 

 

 

 

O fruto do cafeeiro é classificado como anual porque seu ciclo respeita os tempos ditados pelas quatro estações do ano. Seu ciclo se inicia na Primavera de cada ano, quando as flores são fecundadas, formando os novos frutos, evento que marca o início da nova safra. O Verão, com a abundância de luz e chuvas, é o tempo de crescimento dos frutos, que têm o seu amadurecimento no Outono, quando devem ser colhidos preferencialmente maduros, período entre 230 e 270 dias após a florada.

Florada do cafeeiro. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

A data de 24 de maio, no último terço do Outono, numa iniciativa da ABIC - Associação Brasileira da Indústria do Café, foi escolhida para celebrar o início da colheita do café no Brasil, ficando como o Dia Nacional do Café.

Apesar das flores do cafeeiro terem grande capacidade de autofecundação, existe uma fração que necessita de, digamos, um apoio externo na sua polinização, papel que pode ser desempenhado por abelhas. Com o aumento de frequência e da intensidade dos eventos climáticos extremos, as chuvas primaveris tornaram-se incertas, substituídas por estiagem prolongada e altas temperaturas, tornando a polinização complementar importante.

O pólen é constituído por proteínas, o que o torna particularmente sensível à temperatura. Caso ocorra um estresse térmico prolongado, os casos de fecundação defeituosa se tornam mais frequentes, causando grande impacto na qualidade ao dar origem a sementes deformadas. Conhecidas como mal formadas, criam impacto sensorial negativo com notas de aroma como borracha queimada e sabor de cinzas, junto de amargor seco na finalização, penalizando a qualidade da bebida.

Cafezal, Águia Branca, ES. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Outro momento crítico é durante o período de enchimento dos grãos, que acontece no auge do verão, geralmente chuvoso, apesar da maior intensidade do calor. Se as chuvas não ocorrerem com regularidade entre o final de janeiro e o princípio de março, os frutos deixam de ter crescimento normal, ficando com menor tamanho e, muitas vezes, com menor capacidade de acumular açúcar em razão do estresse térmico.

As principais regiões cafeeiras do Brasil, localizadas nos Estados do Sudeste, além do Paraná e Bahia, tiveram no princípio do ano chuvas bastante abaixo do normal, com maior período de seca, levando a longos períodos de estresse térmico. Este tipo de estresse tem grande impacto na qualidade sensorial, além da menor produtividade devido ao menor tamanho, porque parte da energia da planta é gasta para se manter viva ante o forte calor. É como nos sentimos em dias muito quentes e secos, quando um alento é ficar em lugar com ar condicionado.

Como resultado dessa combinação perversa, este início de colheita tem apresentado grãos com tamanho médio menor do que o normal, o que pode indicar um péssimo prenúncio.

Grãos de café prontos para a torra. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

O tamanho dos grãos é dado pelo tamanho de furos de peneiras específicas, cuja medida está relacionada com fração de 64 partes de uma polegada. Por exemplo, um grão de café que seja classificado em seu tamanho como Peneira 18, tem o tamanho correspondente a 18/64 de polegada ou, se convertermos em milímetros, o equivalente a 7,14mm.

Quanto maior a quantidade de grãos menores, é necessário um número maior para completar uma saca de 60kg, que é a medida padrão de comercialização, o que significa menor produtividade do cafezal. Como consequência, ocorrendo menor produtividade, a quebra de safra pode ser inevitável, tendo como desdobramento o aumento de preço, pois o mercado se regula pela relação entre oferta e procura.

Linha demarcatória "El Niño". Ilustração por Copilot.  

Caso isso se confirme, é mais uma razão para se dar maior atenção às atividades que podem criar grande impacto climático, que aumentam a frequência de eventos extremos. Muitas ações também dependem da consciência dos consumidores, procurando adquirir produtos produzidos e elaborados de forma mais responsável com o meio ambiente.

Por infeliz coincidência, o Cinturão do Café do Brasil, constituído pela Alta e Média Mogiana, Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e centro norte do Espírito Santo, está exatamente na zona de transição dos eventos El Niño e La Niña, com inesperada estiagem neste momento. A partir de agora, vale a pena ficarmos atualizados sobre o andamento da colheita do café no Brasil.

 

CAMPEONATO BRASILEIRO DE TORRA

Neste final de semana, em Belo Horizonte, MG, aconteceu a edição 2024 do Campeonato Brasileiro de Torra, cujo vencedor representará o Brasil na competição mundial na Dinamarca.

Pedro Henrique dos Anjos, Campeão Brasileiro de Torra 2024. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Foram 24 competidores que realizaram torras com cafés fornecidos apenas com informações básicas e que tinham como desafio obter o mais complexo perfil sensorial. O Campeão Brasileiro de Torra 2024 é o engenheiro Pedro Henrique Figueiredo dos Anjos, brasiliense, que há tempos mantém com amigos a torrefação Mokado Lab de Cafés.

 

 

 

 

 

O fruto do cafeeiro é classificado como anual porque seu ciclo respeita os tempos ditados pelas quatro estações do ano. Seu ciclo se inicia na Primavera de cada ano, quando as flores são fecundadas, formando os novos frutos, evento que marca o início da nova safra. O Verão, com a abundância de luz e chuvas, é o tempo de crescimento dos frutos, que têm o seu amadurecimento no Outono, quando devem ser colhidos preferencialmente maduros, período entre 230 e 270 dias após a florada.

Florada do cafeeiro. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

A data de 24 de maio, no último terço do Outono, numa iniciativa da ABIC - Associação Brasileira da Indústria do Café, foi escolhida para celebrar o início da colheita do café no Brasil, ficando como o Dia Nacional do Café.

Apesar das flores do cafeeiro terem grande capacidade de autofecundação, existe uma fração que necessita de, digamos, um apoio externo na sua polinização, papel que pode ser desempenhado por abelhas. Com o aumento de frequência e da intensidade dos eventos climáticos extremos, as chuvas primaveris tornaram-se incertas, substituídas por estiagem prolongada e altas temperaturas, tornando a polinização complementar importante.

O pólen é constituído por proteínas, o que o torna particularmente sensível à temperatura. Caso ocorra um estresse térmico prolongado, os casos de fecundação defeituosa se tornam mais frequentes, causando grande impacto na qualidade ao dar origem a sementes deformadas. Conhecidas como mal formadas, criam impacto sensorial negativo com notas de aroma como borracha queimada e sabor de cinzas, junto de amargor seco na finalização, penalizando a qualidade da bebida.

Cafezal, Águia Branca, ES. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Outro momento crítico é durante o período de enchimento dos grãos, que acontece no auge do verão, geralmente chuvoso, apesar da maior intensidade do calor. Se as chuvas não ocorrerem com regularidade entre o final de janeiro e o princípio de março, os frutos deixam de ter crescimento normal, ficando com menor tamanho e, muitas vezes, com menor capacidade de acumular açúcar em razão do estresse térmico.

As principais regiões cafeeiras do Brasil, localizadas nos Estados do Sudeste, além do Paraná e Bahia, tiveram no princípio do ano chuvas bastante abaixo do normal, com maior período de seca, levando a longos períodos de estresse térmico. Este tipo de estresse tem grande impacto na qualidade sensorial, além da menor produtividade devido ao menor tamanho, porque parte da energia da planta é gasta para se manter viva ante o forte calor. É como nos sentimos em dias muito quentes e secos, quando um alento é ficar em lugar com ar condicionado.

Como resultado dessa combinação perversa, este início de colheita tem apresentado grãos com tamanho médio menor do que o normal, o que pode indicar um péssimo prenúncio.

Grãos de café prontos para a torra. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

O tamanho dos grãos é dado pelo tamanho de furos de peneiras específicas, cuja medida está relacionada com fração de 64 partes de uma polegada. Por exemplo, um grão de café que seja classificado em seu tamanho como Peneira 18, tem o tamanho correspondente a 18/64 de polegada ou, se convertermos em milímetros, o equivalente a 7,14mm.

Quanto maior a quantidade de grãos menores, é necessário um número maior para completar uma saca de 60kg, que é a medida padrão de comercialização, o que significa menor produtividade do cafezal. Como consequência, ocorrendo menor produtividade, a quebra de safra pode ser inevitável, tendo como desdobramento o aumento de preço, pois o mercado se regula pela relação entre oferta e procura.

Linha demarcatória "El Niño". Ilustração por Copilot.  

Caso isso se confirme, é mais uma razão para se dar maior atenção às atividades que podem criar grande impacto climático, que aumentam a frequência de eventos extremos. Muitas ações também dependem da consciência dos consumidores, procurando adquirir produtos produzidos e elaborados de forma mais responsável com o meio ambiente.

Por infeliz coincidência, o Cinturão do Café do Brasil, constituído pela Alta e Média Mogiana, Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e centro norte do Espírito Santo, está exatamente na zona de transição dos eventos El Niño e La Niña, com inesperada estiagem neste momento. A partir de agora, vale a pena ficarmos atualizados sobre o andamento da colheita do café no Brasil.

 

CAMPEONATO BRASILEIRO DE TORRA

Neste final de semana, em Belo Horizonte, MG, aconteceu a edição 2024 do Campeonato Brasileiro de Torra, cujo vencedor representará o Brasil na competição mundial na Dinamarca.

Pedro Henrique dos Anjos, Campeão Brasileiro de Torra 2024. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Foram 24 competidores que realizaram torras com cafés fornecidos apenas com informações básicas e que tinham como desafio obter o mais complexo perfil sensorial. O Campeão Brasileiro de Torra 2024 é o engenheiro Pedro Henrique Figueiredo dos Anjos, brasiliense, que há tempos mantém com amigos a torrefação Mokado Lab de Cafés.

 

 

 

 

 

O fruto do cafeeiro é classificado como anual porque seu ciclo respeita os tempos ditados pelas quatro estações do ano. Seu ciclo se inicia na Primavera de cada ano, quando as flores são fecundadas, formando os novos frutos, evento que marca o início da nova safra. O Verão, com a abundância de luz e chuvas, é o tempo de crescimento dos frutos, que têm o seu amadurecimento no Outono, quando devem ser colhidos preferencialmente maduros, período entre 230 e 270 dias após a florada.

Florada do cafeeiro. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

A data de 24 de maio, no último terço do Outono, numa iniciativa da ABIC - Associação Brasileira da Indústria do Café, foi escolhida para celebrar o início da colheita do café no Brasil, ficando como o Dia Nacional do Café.

Apesar das flores do cafeeiro terem grande capacidade de autofecundação, existe uma fração que necessita de, digamos, um apoio externo na sua polinização, papel que pode ser desempenhado por abelhas. Com o aumento de frequência e da intensidade dos eventos climáticos extremos, as chuvas primaveris tornaram-se incertas, substituídas por estiagem prolongada e altas temperaturas, tornando a polinização complementar importante.

O pólen é constituído por proteínas, o que o torna particularmente sensível à temperatura. Caso ocorra um estresse térmico prolongado, os casos de fecundação defeituosa se tornam mais frequentes, causando grande impacto na qualidade ao dar origem a sementes deformadas. Conhecidas como mal formadas, criam impacto sensorial negativo com notas de aroma como borracha queimada e sabor de cinzas, junto de amargor seco na finalização, penalizando a qualidade da bebida.

Cafezal, Águia Branca, ES. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Outro momento crítico é durante o período de enchimento dos grãos, que acontece no auge do verão, geralmente chuvoso, apesar da maior intensidade do calor. Se as chuvas não ocorrerem com regularidade entre o final de janeiro e o princípio de março, os frutos deixam de ter crescimento normal, ficando com menor tamanho e, muitas vezes, com menor capacidade de acumular açúcar em razão do estresse térmico.

As principais regiões cafeeiras do Brasil, localizadas nos Estados do Sudeste, além do Paraná e Bahia, tiveram no princípio do ano chuvas bastante abaixo do normal, com maior período de seca, levando a longos períodos de estresse térmico. Este tipo de estresse tem grande impacto na qualidade sensorial, além da menor produtividade devido ao menor tamanho, porque parte da energia da planta é gasta para se manter viva ante o forte calor. É como nos sentimos em dias muito quentes e secos, quando um alento é ficar em lugar com ar condicionado.

Como resultado dessa combinação perversa, este início de colheita tem apresentado grãos com tamanho médio menor do que o normal, o que pode indicar um péssimo prenúncio.

Grãos de café prontos para a torra. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

O tamanho dos grãos é dado pelo tamanho de furos de peneiras específicas, cuja medida está relacionada com fração de 64 partes de uma polegada. Por exemplo, um grão de café que seja classificado em seu tamanho como Peneira 18, tem o tamanho correspondente a 18/64 de polegada ou, se convertermos em milímetros, o equivalente a 7,14mm.

Quanto maior a quantidade de grãos menores, é necessário um número maior para completar uma saca de 60kg, que é a medida padrão de comercialização, o que significa menor produtividade do cafezal. Como consequência, ocorrendo menor produtividade, a quebra de safra pode ser inevitável, tendo como desdobramento o aumento de preço, pois o mercado se regula pela relação entre oferta e procura.

Linha demarcatória "El Niño". Ilustração por Copilot.  

Caso isso se confirme, é mais uma razão para se dar maior atenção às atividades que podem criar grande impacto climático, que aumentam a frequência de eventos extremos. Muitas ações também dependem da consciência dos consumidores, procurando adquirir produtos produzidos e elaborados de forma mais responsável com o meio ambiente.

Por infeliz coincidência, o Cinturão do Café do Brasil, constituído pela Alta e Média Mogiana, Sul de Minas, Cerrado Mineiro, Matas de Minas e centro norte do Espírito Santo, está exatamente na zona de transição dos eventos El Niño e La Niña, com inesperada estiagem neste momento. A partir de agora, vale a pena ficarmos atualizados sobre o andamento da colheita do café no Brasil.

 

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Neste final de semana, em Belo Horizonte, MG, aconteceu a edição 2024 do Campeonato Brasileiro de Torra, cujo vencedor representará o Brasil na competição mundial na Dinamarca.

Pedro Henrique dos Anjos, Campeão Brasileiro de Torra 2024. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal

Foram 24 competidores que realizaram torras com cafés fornecidos apenas com informações básicas e que tinham como desafio obter o mais complexo perfil sensorial. O Campeão Brasileiro de Torra 2024 é o engenheiro Pedro Henrique Figueiredo dos Anjos, brasiliense, que há tempos mantém com amigos a torrefação Mokado Lab de Cafés.

 

 

 

 

 

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