Vale a pena experimentar vinhos de países pouco conhecidos?


Degustamos 14 vinhos de países como Romênia, Peru, Moldávia, fronteiras desconhecidas do brasileiro quando o assunto é branco e tinto

Por Suzana Barelli
Atualização:
Nem só de chilenos, argentinos, portugueses, franceses, australianos e italianos é feito o universo dos vinhos Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Aposto que quando pensa em vinhos são poucos os consumidores brasileiros que se lembram de um rótulo da Croácia, da Bulgária ou até mesmo da Bolívia ou do Peru, aqui pertinho, na América Latina. Mas o universo de vinhos é bem mais extenso do que as origens conhecidas, como França, Itália, Portugal ou Chile. Até mesmo a Georgia, que é o berço da viticultura, não é uma referência para a maioria dos nossos consumidores.

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Atualmente são 7,3 milhões de hectares de vinhas espalhadas pelos dois hemisférios, pelos dados da OIV, a organização internacional da uva e do vinho. E muitos dão origem a bons vinhos, resultado tanto do terroir propício às vinhas, como também o maior conhecimento, tanto no campo, na condução das vinhas, como na fermentação, nas vinícolas. O avanço técnico vem aumentando a qualidade média dos brancos e tintos.

Aberto a novidades

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos destes locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui, em geral importados por empresas pequenas, que procuram um bom nicho para o seu negócio. Pesquisa da Wine Intelligence, por exemplo, mostra que, entre os brasileiros que consomem vinhos com regularidade, 70% gostam de provar novos tipos e estilos. Nos Estados Unidos, essa porcentagem é de 51%, enquanto na Inglaterra chega a 43%.

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É possível dividir os 14 rótulos selecionados para esta prova em dois estilos: aqueles com notas frutadas e de variedades consideradas internacionais, como a onipresente cabernet sauvignon ou a sauvignon blanc. E brancos e tintos com muita tipicidade e personalidade. Há um vinho por país, com exceção da Georgia, que participa com quatro exemplares. O fato de ser a origem dos vinhos é um atrativo maior para as empresas comercializarem os rótulos por aqui.

Foram provados 14 vinhos durante a degustação às cegas Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Degustação às cegas

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A degustação foi realizada às cegas, sem que os degustadores soubessem o que estavam provando, e contou com a participação de Rodrigo Lanari, da consultoria Winext; e Felipe Campos, professor da The Wine School, e de Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Os vinhos estão listados pela ordem alfabética dos países.

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos de locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Os vinhos

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Bolívia

Jardín Oculto Moscatel de Alejandría 2020 Região: Tarija O representante boliviano é elaborado apenas com moscatel de Alexandria e com a filosofia de mínima intervenção e sem filtragem (é turvo). Destaca-se pela gostosa explosão de flores nos aromas, como rosas e lavandas, sugerindo até uma gewurztraminer. Tem corpo leve, mantendo as notas aromáticas no paladar, sem ser enjoativo, equilibrado, com bom frescor. Tem 13,9% de álcool (R$ 425, na La Gruta)

Brasil

Cordel 2019 Região: Chapada Diamantina Poucos sabem que o Brasil também faz vinhos na Chapada Diamantina, por isso a escolha deste tinto. Blend de cabernet sauvignon (65%), merlot (20%) e malbec (15%) tem personalidade, boa fruta e muita presença de madeira no paladar. De cor rubi, traz especiarias, como pimenta, notas vegetais e de verdor e frutas vermelhas nos aromas, integradas com notas de baunilha. Taninos presentes, e secantes, com boa persistência, com 13,6% de álcool (R$ 215, na Vinícola Uvva)

Bulgária

Nobile Rubin 2017 Região: Thracian Elaborado com a rubin, resultado do cruzamento local da syrah com a nebiollo, pela Logodaj Winery, vinícola de renome no país. Tem notas de frutas vermelhas maduras na medida certa, com especiarias e um toque floral. No paladar, o destaque é o frescor e os taninos macios, que combinam com uma longevidade da nebiollo. Tem 14,5% de álcool (R$ 198, na Vinhos Collection)

Croácia

Vinas Mora Andreis 2021 Região: Primosten Agradável tinto da Croácia e um dos destaques do painel, com notas frutas vermelhas frescas, com foco naquela cereja mais azedinha, com toques de ervas (tomilho) e algo salino. É elaborado com a variedade babic, mesclada com pequenas porcentagens de plavac mali, cultivadas em vinhedos orgânicos. Não é filtrado, por isso tem leve turbidez, corpo leve, com poucos taninos, boa acidez, persistente e com a salinidade também presente no paladar. Tem 12,45% de álcool (R$ 259, na Uva Vinhos)

Eslovênia

Puklavec & Friends Sauvignon Blanc & Pinot Grigio 2021 Região: Ormoz Um branco fresco, bem aromático, com notas frutadas, lembrando o maracujá e um toque herbáceo. Lembra os brancos costeiros chilenos, mas vem da Eslovênia. Traz o paladar mais adocicado, com bom frescor, e curto. Tem 13% de álcool (R$ 99, na Rootstock)

Geórgia

Rustaveli Kisi Qvevri 2019 Região: Tsinandali Interessante vinho laranja (aqueles brancos que ficam muito tempo em contato com suas cascas, absorvendo a sua cor e seus taninos), de cor mais acobreada, nariz muito cítrico, com notas de argila e terracota (o vinho fermenta em qvevri, como são chamadas as ânforas na Georgia). No paladar, as notas de casca de laranja caramelizada predominam em um corpo de média intensidade, com taninos firmes, muito seco e equilibrado, com 14% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Pheasant’s Tears 2020 Região: Kakheti Um tinto para quem gosta do estilo mais rústico. Tem cor rubi escura, límpido, com aromas de fruta vermelha escondidos pelas notas que remetem a animais e couro. Tem taninos mais rústicos e secante na boca, com boa acidez e persistência. Tem 13% de álcool (R$ 207, na Europa Distribuidora)

Geórgia

Bagrationi 7 2018 Região: Kakheti A Prince Ioane elabora este branco com seis variedades locais mescladas com a francesa chardonnay. O resultado é um vinho de cor dourada, aromático, com notas de frutas brancas maduras, lembrando pinhas e graviola e até jaca. Muito interessante e rico no nariz. No paladar, poderia estar mais vivo, mas carece de um pouco mais de acidez, com leve açúcar residual. Tem 13% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Kirke Otskhanuri Sapere 2015 Imereti, Georgia Rótulo marcante para um tinto de proposta mais comercial, no estilo do chamado Novo Mundo. É elaborado com a uva local otskhanuri sapere, a mais antiga das variedades da Georgia. Tem cor rubi violáceo, com muitas notas de fruta vermelha madura, mescladas com baunilha, caramelo (que são aromas que vêm da passagem por barricas). Tem corpo médio, com taninos firmes e o dulçor da fruta madura, com 12,5% de álcool (R$ 214,70, na Wine 7)

Inglaterra

Gusbourne Exclusive Release 2019 Região: Kent A Inglaterra elabora espumantes e se orgulha disso. Este é o primeiro espumante inglês comercializado no Brasil. Apresenta perlage fino, mas não abundante e com menos cremosidade do que esperado. Traz notas de pera e maça, algum toque de panificação, bom frescor e equilíbrio, mas não é um champanhe. Tem 12% de álcool (R$ 599,99, na Divvino)

Macedônia

Instinct Cabernet Sauvignon 2019 Região: Tikvesh Na linha dos tintos mais frutados, mostra a adaptação da cabernet sauvignon em quase todo o mundo. Tem cor rubi escura, com notas de frutas vermelhas maduras, como cerejas, amoras e ameixas, e um leve floral. De perfil internacional, com notas de madeira, que não casam com a sua acidez, além de o álcool alto (são 15%), que traz dulçor, com amargor final (R$ 219, na Rootstock Vinhos)

Moldávia

Castel Mimi Oak Aged Mâini în Sold 2018 Região: Speia Um tinto para quem gosta de notas bem frutadas e vinhos redondos. É elaborado apenas a casta rara neagra, com cor rubi, quase translucida. O paladar mantém o gosto de frutas vermelhas, com poucos taninos, porém macios, e um gostoso frescor. Uma curiosidade: Mâini în Sold é um símbolo do poder feminino no país. Tem 14,5% de álcool (R$ 144,90, na Vinhos Collection)

Peru

Intipalka Cabernet Sauvignon Petit Verdot Reserva 2021 Região: Vale de Ica Tinto que foca nas notas muito frutadas, elaborado com 70% de cabernet sauvignon e 30% de petit verdot. Tem cor rubi escuro, nariz exuberante, com fruta negra madura, mesclada com especiarias, como canelas, chocolates e tabaco. É encorpado e equilibrado no paladar, mas com um amargor da madeira no final. Tem 14,3% de álcool (R$ 154,50, na Sonoma)

Romênia

Byzantium Feteasca Neagra 2019 Região: Dealu Mare Um blend de feteasca neagra (variedade local) com cabernet sauvignon e syrah dá origem a este tinto gastronômico e de taninos bem presentes. De cor rubi clara, se destaca pelas notas de fruta vermelha fresca e pelos toques muito defumados (bacon e similares). Equilibrado, com corpo de média intensidade, taninos finos e final de boca complexa. Tem 14% de álcool (R$ 118, na Winelovers)

Nem só de chilenos, argentinos, portugueses, franceses, australianos e italianos é feito o universo dos vinhos Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Aposto que quando pensa em vinhos são poucos os consumidores brasileiros que se lembram de um rótulo da Croácia, da Bulgária ou até mesmo da Bolívia ou do Peru, aqui pertinho, na América Latina. Mas o universo de vinhos é bem mais extenso do que as origens conhecidas, como França, Itália, Portugal ou Chile. Até mesmo a Georgia, que é o berço da viticultura, não é uma referência para a maioria dos nossos consumidores.

Atualmente são 7,3 milhões de hectares de vinhas espalhadas pelos dois hemisférios, pelos dados da OIV, a organização internacional da uva e do vinho. E muitos dão origem a bons vinhos, resultado tanto do terroir propício às vinhas, como também o maior conhecimento, tanto no campo, na condução das vinhas, como na fermentação, nas vinícolas. O avanço técnico vem aumentando a qualidade média dos brancos e tintos.

Aberto a novidades

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos destes locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui, em geral importados por empresas pequenas, que procuram um bom nicho para o seu negócio. Pesquisa da Wine Intelligence, por exemplo, mostra que, entre os brasileiros que consomem vinhos com regularidade, 70% gostam de provar novos tipos e estilos. Nos Estados Unidos, essa porcentagem é de 51%, enquanto na Inglaterra chega a 43%.

É possível dividir os 14 rótulos selecionados para esta prova em dois estilos: aqueles com notas frutadas e de variedades consideradas internacionais, como a onipresente cabernet sauvignon ou a sauvignon blanc. E brancos e tintos com muita tipicidade e personalidade. Há um vinho por país, com exceção da Georgia, que participa com quatro exemplares. O fato de ser a origem dos vinhos é um atrativo maior para as empresas comercializarem os rótulos por aqui.

Foram provados 14 vinhos durante a degustação às cegas Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Degustação às cegas

A degustação foi realizada às cegas, sem que os degustadores soubessem o que estavam provando, e contou com a participação de Rodrigo Lanari, da consultoria Winext; e Felipe Campos, professor da The Wine School, e de Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Os vinhos estão listados pela ordem alfabética dos países.

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos de locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Os vinhos

Bolívia

Jardín Oculto Moscatel de Alejandría 2020 Região: Tarija O representante boliviano é elaborado apenas com moscatel de Alexandria e com a filosofia de mínima intervenção e sem filtragem (é turvo). Destaca-se pela gostosa explosão de flores nos aromas, como rosas e lavandas, sugerindo até uma gewurztraminer. Tem corpo leve, mantendo as notas aromáticas no paladar, sem ser enjoativo, equilibrado, com bom frescor. Tem 13,9% de álcool (R$ 425, na La Gruta)

Brasil

Cordel 2019 Região: Chapada Diamantina Poucos sabem que o Brasil também faz vinhos na Chapada Diamantina, por isso a escolha deste tinto. Blend de cabernet sauvignon (65%), merlot (20%) e malbec (15%) tem personalidade, boa fruta e muita presença de madeira no paladar. De cor rubi, traz especiarias, como pimenta, notas vegetais e de verdor e frutas vermelhas nos aromas, integradas com notas de baunilha. Taninos presentes, e secantes, com boa persistência, com 13,6% de álcool (R$ 215, na Vinícola Uvva)

Bulgária

Nobile Rubin 2017 Região: Thracian Elaborado com a rubin, resultado do cruzamento local da syrah com a nebiollo, pela Logodaj Winery, vinícola de renome no país. Tem notas de frutas vermelhas maduras na medida certa, com especiarias e um toque floral. No paladar, o destaque é o frescor e os taninos macios, que combinam com uma longevidade da nebiollo. Tem 14,5% de álcool (R$ 198, na Vinhos Collection)

Croácia

Vinas Mora Andreis 2021 Região: Primosten Agradável tinto da Croácia e um dos destaques do painel, com notas frutas vermelhas frescas, com foco naquela cereja mais azedinha, com toques de ervas (tomilho) e algo salino. É elaborado com a variedade babic, mesclada com pequenas porcentagens de plavac mali, cultivadas em vinhedos orgânicos. Não é filtrado, por isso tem leve turbidez, corpo leve, com poucos taninos, boa acidez, persistente e com a salinidade também presente no paladar. Tem 12,45% de álcool (R$ 259, na Uva Vinhos)

Eslovênia

Puklavec & Friends Sauvignon Blanc & Pinot Grigio 2021 Região: Ormoz Um branco fresco, bem aromático, com notas frutadas, lembrando o maracujá e um toque herbáceo. Lembra os brancos costeiros chilenos, mas vem da Eslovênia. Traz o paladar mais adocicado, com bom frescor, e curto. Tem 13% de álcool (R$ 99, na Rootstock)

Geórgia

Rustaveli Kisi Qvevri 2019 Região: Tsinandali Interessante vinho laranja (aqueles brancos que ficam muito tempo em contato com suas cascas, absorvendo a sua cor e seus taninos), de cor mais acobreada, nariz muito cítrico, com notas de argila e terracota (o vinho fermenta em qvevri, como são chamadas as ânforas na Georgia). No paladar, as notas de casca de laranja caramelizada predominam em um corpo de média intensidade, com taninos firmes, muito seco e equilibrado, com 14% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Pheasant’s Tears 2020 Região: Kakheti Um tinto para quem gosta do estilo mais rústico. Tem cor rubi escura, límpido, com aromas de fruta vermelha escondidos pelas notas que remetem a animais e couro. Tem taninos mais rústicos e secante na boca, com boa acidez e persistência. Tem 13% de álcool (R$ 207, na Europa Distribuidora)

Geórgia

Bagrationi 7 2018 Região: Kakheti A Prince Ioane elabora este branco com seis variedades locais mescladas com a francesa chardonnay. O resultado é um vinho de cor dourada, aromático, com notas de frutas brancas maduras, lembrando pinhas e graviola e até jaca. Muito interessante e rico no nariz. No paladar, poderia estar mais vivo, mas carece de um pouco mais de acidez, com leve açúcar residual. Tem 13% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Kirke Otskhanuri Sapere 2015 Imereti, Georgia Rótulo marcante para um tinto de proposta mais comercial, no estilo do chamado Novo Mundo. É elaborado com a uva local otskhanuri sapere, a mais antiga das variedades da Georgia. Tem cor rubi violáceo, com muitas notas de fruta vermelha madura, mescladas com baunilha, caramelo (que são aromas que vêm da passagem por barricas). Tem corpo médio, com taninos firmes e o dulçor da fruta madura, com 12,5% de álcool (R$ 214,70, na Wine 7)

Inglaterra

Gusbourne Exclusive Release 2019 Região: Kent A Inglaterra elabora espumantes e se orgulha disso. Este é o primeiro espumante inglês comercializado no Brasil. Apresenta perlage fino, mas não abundante e com menos cremosidade do que esperado. Traz notas de pera e maça, algum toque de panificação, bom frescor e equilíbrio, mas não é um champanhe. Tem 12% de álcool (R$ 599,99, na Divvino)

Macedônia

Instinct Cabernet Sauvignon 2019 Região: Tikvesh Na linha dos tintos mais frutados, mostra a adaptação da cabernet sauvignon em quase todo o mundo. Tem cor rubi escura, com notas de frutas vermelhas maduras, como cerejas, amoras e ameixas, e um leve floral. De perfil internacional, com notas de madeira, que não casam com a sua acidez, além de o álcool alto (são 15%), que traz dulçor, com amargor final (R$ 219, na Rootstock Vinhos)

Moldávia

Castel Mimi Oak Aged Mâini în Sold 2018 Região: Speia Um tinto para quem gosta de notas bem frutadas e vinhos redondos. É elaborado apenas a casta rara neagra, com cor rubi, quase translucida. O paladar mantém o gosto de frutas vermelhas, com poucos taninos, porém macios, e um gostoso frescor. Uma curiosidade: Mâini în Sold é um símbolo do poder feminino no país. Tem 14,5% de álcool (R$ 144,90, na Vinhos Collection)

Peru

Intipalka Cabernet Sauvignon Petit Verdot Reserva 2021 Região: Vale de Ica Tinto que foca nas notas muito frutadas, elaborado com 70% de cabernet sauvignon e 30% de petit verdot. Tem cor rubi escuro, nariz exuberante, com fruta negra madura, mesclada com especiarias, como canelas, chocolates e tabaco. É encorpado e equilibrado no paladar, mas com um amargor da madeira no final. Tem 14,3% de álcool (R$ 154,50, na Sonoma)

Romênia

Byzantium Feteasca Neagra 2019 Região: Dealu Mare Um blend de feteasca neagra (variedade local) com cabernet sauvignon e syrah dá origem a este tinto gastronômico e de taninos bem presentes. De cor rubi clara, se destaca pelas notas de fruta vermelha fresca e pelos toques muito defumados (bacon e similares). Equilibrado, com corpo de média intensidade, taninos finos e final de boca complexa. Tem 14% de álcool (R$ 118, na Winelovers)

Nem só de chilenos, argentinos, portugueses, franceses, australianos e italianos é feito o universo dos vinhos Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Aposto que quando pensa em vinhos são poucos os consumidores brasileiros que se lembram de um rótulo da Croácia, da Bulgária ou até mesmo da Bolívia ou do Peru, aqui pertinho, na América Latina. Mas o universo de vinhos é bem mais extenso do que as origens conhecidas, como França, Itália, Portugal ou Chile. Até mesmo a Georgia, que é o berço da viticultura, não é uma referência para a maioria dos nossos consumidores.

Atualmente são 7,3 milhões de hectares de vinhas espalhadas pelos dois hemisférios, pelos dados da OIV, a organização internacional da uva e do vinho. E muitos dão origem a bons vinhos, resultado tanto do terroir propício às vinhas, como também o maior conhecimento, tanto no campo, na condução das vinhas, como na fermentação, nas vinícolas. O avanço técnico vem aumentando a qualidade média dos brancos e tintos.

Aberto a novidades

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos destes locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui, em geral importados por empresas pequenas, que procuram um bom nicho para o seu negócio. Pesquisa da Wine Intelligence, por exemplo, mostra que, entre os brasileiros que consomem vinhos com regularidade, 70% gostam de provar novos tipos e estilos. Nos Estados Unidos, essa porcentagem é de 51%, enquanto na Inglaterra chega a 43%.

É possível dividir os 14 rótulos selecionados para esta prova em dois estilos: aqueles com notas frutadas e de variedades consideradas internacionais, como a onipresente cabernet sauvignon ou a sauvignon blanc. E brancos e tintos com muita tipicidade e personalidade. Há um vinho por país, com exceção da Georgia, que participa com quatro exemplares. O fato de ser a origem dos vinhos é um atrativo maior para as empresas comercializarem os rótulos por aqui.

Foram provados 14 vinhos durante a degustação às cegas Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Degustação às cegas

A degustação foi realizada às cegas, sem que os degustadores soubessem o que estavam provando, e contou com a participação de Rodrigo Lanari, da consultoria Winext; e Felipe Campos, professor da The Wine School, e de Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Os vinhos estão listados pela ordem alfabética dos países.

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos de locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Os vinhos

Bolívia

Jardín Oculto Moscatel de Alejandría 2020 Região: Tarija O representante boliviano é elaborado apenas com moscatel de Alexandria e com a filosofia de mínima intervenção e sem filtragem (é turvo). Destaca-se pela gostosa explosão de flores nos aromas, como rosas e lavandas, sugerindo até uma gewurztraminer. Tem corpo leve, mantendo as notas aromáticas no paladar, sem ser enjoativo, equilibrado, com bom frescor. Tem 13,9% de álcool (R$ 425, na La Gruta)

Brasil

Cordel 2019 Região: Chapada Diamantina Poucos sabem que o Brasil também faz vinhos na Chapada Diamantina, por isso a escolha deste tinto. Blend de cabernet sauvignon (65%), merlot (20%) e malbec (15%) tem personalidade, boa fruta e muita presença de madeira no paladar. De cor rubi, traz especiarias, como pimenta, notas vegetais e de verdor e frutas vermelhas nos aromas, integradas com notas de baunilha. Taninos presentes, e secantes, com boa persistência, com 13,6% de álcool (R$ 215, na Vinícola Uvva)

Bulgária

Nobile Rubin 2017 Região: Thracian Elaborado com a rubin, resultado do cruzamento local da syrah com a nebiollo, pela Logodaj Winery, vinícola de renome no país. Tem notas de frutas vermelhas maduras na medida certa, com especiarias e um toque floral. No paladar, o destaque é o frescor e os taninos macios, que combinam com uma longevidade da nebiollo. Tem 14,5% de álcool (R$ 198, na Vinhos Collection)

Croácia

Vinas Mora Andreis 2021 Região: Primosten Agradável tinto da Croácia e um dos destaques do painel, com notas frutas vermelhas frescas, com foco naquela cereja mais azedinha, com toques de ervas (tomilho) e algo salino. É elaborado com a variedade babic, mesclada com pequenas porcentagens de plavac mali, cultivadas em vinhedos orgânicos. Não é filtrado, por isso tem leve turbidez, corpo leve, com poucos taninos, boa acidez, persistente e com a salinidade também presente no paladar. Tem 12,45% de álcool (R$ 259, na Uva Vinhos)

Eslovênia

Puklavec & Friends Sauvignon Blanc & Pinot Grigio 2021 Região: Ormoz Um branco fresco, bem aromático, com notas frutadas, lembrando o maracujá e um toque herbáceo. Lembra os brancos costeiros chilenos, mas vem da Eslovênia. Traz o paladar mais adocicado, com bom frescor, e curto. Tem 13% de álcool (R$ 99, na Rootstock)

Geórgia

Rustaveli Kisi Qvevri 2019 Região: Tsinandali Interessante vinho laranja (aqueles brancos que ficam muito tempo em contato com suas cascas, absorvendo a sua cor e seus taninos), de cor mais acobreada, nariz muito cítrico, com notas de argila e terracota (o vinho fermenta em qvevri, como são chamadas as ânforas na Georgia). No paladar, as notas de casca de laranja caramelizada predominam em um corpo de média intensidade, com taninos firmes, muito seco e equilibrado, com 14% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Pheasant’s Tears 2020 Região: Kakheti Um tinto para quem gosta do estilo mais rústico. Tem cor rubi escura, límpido, com aromas de fruta vermelha escondidos pelas notas que remetem a animais e couro. Tem taninos mais rústicos e secante na boca, com boa acidez e persistência. Tem 13% de álcool (R$ 207, na Europa Distribuidora)

Geórgia

Bagrationi 7 2018 Região: Kakheti A Prince Ioane elabora este branco com seis variedades locais mescladas com a francesa chardonnay. O resultado é um vinho de cor dourada, aromático, com notas de frutas brancas maduras, lembrando pinhas e graviola e até jaca. Muito interessante e rico no nariz. No paladar, poderia estar mais vivo, mas carece de um pouco mais de acidez, com leve açúcar residual. Tem 13% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Kirke Otskhanuri Sapere 2015 Imereti, Georgia Rótulo marcante para um tinto de proposta mais comercial, no estilo do chamado Novo Mundo. É elaborado com a uva local otskhanuri sapere, a mais antiga das variedades da Georgia. Tem cor rubi violáceo, com muitas notas de fruta vermelha madura, mescladas com baunilha, caramelo (que são aromas que vêm da passagem por barricas). Tem corpo médio, com taninos firmes e o dulçor da fruta madura, com 12,5% de álcool (R$ 214,70, na Wine 7)

Inglaterra

Gusbourne Exclusive Release 2019 Região: Kent A Inglaterra elabora espumantes e se orgulha disso. Este é o primeiro espumante inglês comercializado no Brasil. Apresenta perlage fino, mas não abundante e com menos cremosidade do que esperado. Traz notas de pera e maça, algum toque de panificação, bom frescor e equilíbrio, mas não é um champanhe. Tem 12% de álcool (R$ 599,99, na Divvino)

Macedônia

Instinct Cabernet Sauvignon 2019 Região: Tikvesh Na linha dos tintos mais frutados, mostra a adaptação da cabernet sauvignon em quase todo o mundo. Tem cor rubi escura, com notas de frutas vermelhas maduras, como cerejas, amoras e ameixas, e um leve floral. De perfil internacional, com notas de madeira, que não casam com a sua acidez, além de o álcool alto (são 15%), que traz dulçor, com amargor final (R$ 219, na Rootstock Vinhos)

Moldávia

Castel Mimi Oak Aged Mâini în Sold 2018 Região: Speia Um tinto para quem gosta de notas bem frutadas e vinhos redondos. É elaborado apenas a casta rara neagra, com cor rubi, quase translucida. O paladar mantém o gosto de frutas vermelhas, com poucos taninos, porém macios, e um gostoso frescor. Uma curiosidade: Mâini în Sold é um símbolo do poder feminino no país. Tem 14,5% de álcool (R$ 144,90, na Vinhos Collection)

Peru

Intipalka Cabernet Sauvignon Petit Verdot Reserva 2021 Região: Vale de Ica Tinto que foca nas notas muito frutadas, elaborado com 70% de cabernet sauvignon e 30% de petit verdot. Tem cor rubi escuro, nariz exuberante, com fruta negra madura, mesclada com especiarias, como canelas, chocolates e tabaco. É encorpado e equilibrado no paladar, mas com um amargor da madeira no final. Tem 14,3% de álcool (R$ 154,50, na Sonoma)

Romênia

Byzantium Feteasca Neagra 2019 Região: Dealu Mare Um blend de feteasca neagra (variedade local) com cabernet sauvignon e syrah dá origem a este tinto gastronômico e de taninos bem presentes. De cor rubi clara, se destaca pelas notas de fruta vermelha fresca e pelos toques muito defumados (bacon e similares). Equilibrado, com corpo de média intensidade, taninos finos e final de boca complexa. Tem 14% de álcool (R$ 118, na Winelovers)

Nem só de chilenos, argentinos, portugueses, franceses, australianos e italianos é feito o universo dos vinhos Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Aposto que quando pensa em vinhos são poucos os consumidores brasileiros que se lembram de um rótulo da Croácia, da Bulgária ou até mesmo da Bolívia ou do Peru, aqui pertinho, na América Latina. Mas o universo de vinhos é bem mais extenso do que as origens conhecidas, como França, Itália, Portugal ou Chile. Até mesmo a Georgia, que é o berço da viticultura, não é uma referência para a maioria dos nossos consumidores.

Atualmente são 7,3 milhões de hectares de vinhas espalhadas pelos dois hemisférios, pelos dados da OIV, a organização internacional da uva e do vinho. E muitos dão origem a bons vinhos, resultado tanto do terroir propício às vinhas, como também o maior conhecimento, tanto no campo, na condução das vinhas, como na fermentação, nas vinícolas. O avanço técnico vem aumentando a qualidade média dos brancos e tintos.

Aberto a novidades

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos destes locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui, em geral importados por empresas pequenas, que procuram um bom nicho para o seu negócio. Pesquisa da Wine Intelligence, por exemplo, mostra que, entre os brasileiros que consomem vinhos com regularidade, 70% gostam de provar novos tipos e estilos. Nos Estados Unidos, essa porcentagem é de 51%, enquanto na Inglaterra chega a 43%.

É possível dividir os 14 rótulos selecionados para esta prova em dois estilos: aqueles com notas frutadas e de variedades consideradas internacionais, como a onipresente cabernet sauvignon ou a sauvignon blanc. E brancos e tintos com muita tipicidade e personalidade. Há um vinho por país, com exceção da Georgia, que participa com quatro exemplares. O fato de ser a origem dos vinhos é um atrativo maior para as empresas comercializarem os rótulos por aqui.

Foram provados 14 vinhos durante a degustação às cegas Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Degustação às cegas

A degustação foi realizada às cegas, sem que os degustadores soubessem o que estavam provando, e contou com a participação de Rodrigo Lanari, da consultoria Winext; e Felipe Campos, professor da The Wine School, e de Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Os vinhos estão listados pela ordem alfabética dos países.

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos de locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Os vinhos

Bolívia

Jardín Oculto Moscatel de Alejandría 2020 Região: Tarija O representante boliviano é elaborado apenas com moscatel de Alexandria e com a filosofia de mínima intervenção e sem filtragem (é turvo). Destaca-se pela gostosa explosão de flores nos aromas, como rosas e lavandas, sugerindo até uma gewurztraminer. Tem corpo leve, mantendo as notas aromáticas no paladar, sem ser enjoativo, equilibrado, com bom frescor. Tem 13,9% de álcool (R$ 425, na La Gruta)

Brasil

Cordel 2019 Região: Chapada Diamantina Poucos sabem que o Brasil também faz vinhos na Chapada Diamantina, por isso a escolha deste tinto. Blend de cabernet sauvignon (65%), merlot (20%) e malbec (15%) tem personalidade, boa fruta e muita presença de madeira no paladar. De cor rubi, traz especiarias, como pimenta, notas vegetais e de verdor e frutas vermelhas nos aromas, integradas com notas de baunilha. Taninos presentes, e secantes, com boa persistência, com 13,6% de álcool (R$ 215, na Vinícola Uvva)

Bulgária

Nobile Rubin 2017 Região: Thracian Elaborado com a rubin, resultado do cruzamento local da syrah com a nebiollo, pela Logodaj Winery, vinícola de renome no país. Tem notas de frutas vermelhas maduras na medida certa, com especiarias e um toque floral. No paladar, o destaque é o frescor e os taninos macios, que combinam com uma longevidade da nebiollo. Tem 14,5% de álcool (R$ 198, na Vinhos Collection)

Croácia

Vinas Mora Andreis 2021 Região: Primosten Agradável tinto da Croácia e um dos destaques do painel, com notas frutas vermelhas frescas, com foco naquela cereja mais azedinha, com toques de ervas (tomilho) e algo salino. É elaborado com a variedade babic, mesclada com pequenas porcentagens de plavac mali, cultivadas em vinhedos orgânicos. Não é filtrado, por isso tem leve turbidez, corpo leve, com poucos taninos, boa acidez, persistente e com a salinidade também presente no paladar. Tem 12,45% de álcool (R$ 259, na Uva Vinhos)

Eslovênia

Puklavec & Friends Sauvignon Blanc & Pinot Grigio 2021 Região: Ormoz Um branco fresco, bem aromático, com notas frutadas, lembrando o maracujá e um toque herbáceo. Lembra os brancos costeiros chilenos, mas vem da Eslovênia. Traz o paladar mais adocicado, com bom frescor, e curto. Tem 13% de álcool (R$ 99, na Rootstock)

Geórgia

Rustaveli Kisi Qvevri 2019 Região: Tsinandali Interessante vinho laranja (aqueles brancos que ficam muito tempo em contato com suas cascas, absorvendo a sua cor e seus taninos), de cor mais acobreada, nariz muito cítrico, com notas de argila e terracota (o vinho fermenta em qvevri, como são chamadas as ânforas na Georgia). No paladar, as notas de casca de laranja caramelizada predominam em um corpo de média intensidade, com taninos firmes, muito seco e equilibrado, com 14% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Pheasant’s Tears 2020 Região: Kakheti Um tinto para quem gosta do estilo mais rústico. Tem cor rubi escura, límpido, com aromas de fruta vermelha escondidos pelas notas que remetem a animais e couro. Tem taninos mais rústicos e secante na boca, com boa acidez e persistência. Tem 13% de álcool (R$ 207, na Europa Distribuidora)

Geórgia

Bagrationi 7 2018 Região: Kakheti A Prince Ioane elabora este branco com seis variedades locais mescladas com a francesa chardonnay. O resultado é um vinho de cor dourada, aromático, com notas de frutas brancas maduras, lembrando pinhas e graviola e até jaca. Muito interessante e rico no nariz. No paladar, poderia estar mais vivo, mas carece de um pouco mais de acidez, com leve açúcar residual. Tem 13% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Kirke Otskhanuri Sapere 2015 Imereti, Georgia Rótulo marcante para um tinto de proposta mais comercial, no estilo do chamado Novo Mundo. É elaborado com a uva local otskhanuri sapere, a mais antiga das variedades da Georgia. Tem cor rubi violáceo, com muitas notas de fruta vermelha madura, mescladas com baunilha, caramelo (que são aromas que vêm da passagem por barricas). Tem corpo médio, com taninos firmes e o dulçor da fruta madura, com 12,5% de álcool (R$ 214,70, na Wine 7)

Inglaterra

Gusbourne Exclusive Release 2019 Região: Kent A Inglaterra elabora espumantes e se orgulha disso. Este é o primeiro espumante inglês comercializado no Brasil. Apresenta perlage fino, mas não abundante e com menos cremosidade do que esperado. Traz notas de pera e maça, algum toque de panificação, bom frescor e equilíbrio, mas não é um champanhe. Tem 12% de álcool (R$ 599,99, na Divvino)

Macedônia

Instinct Cabernet Sauvignon 2019 Região: Tikvesh Na linha dos tintos mais frutados, mostra a adaptação da cabernet sauvignon em quase todo o mundo. Tem cor rubi escura, com notas de frutas vermelhas maduras, como cerejas, amoras e ameixas, e um leve floral. De perfil internacional, com notas de madeira, que não casam com a sua acidez, além de o álcool alto (são 15%), que traz dulçor, com amargor final (R$ 219, na Rootstock Vinhos)

Moldávia

Castel Mimi Oak Aged Mâini în Sold 2018 Região: Speia Um tinto para quem gosta de notas bem frutadas e vinhos redondos. É elaborado apenas a casta rara neagra, com cor rubi, quase translucida. O paladar mantém o gosto de frutas vermelhas, com poucos taninos, porém macios, e um gostoso frescor. Uma curiosidade: Mâini în Sold é um símbolo do poder feminino no país. Tem 14,5% de álcool (R$ 144,90, na Vinhos Collection)

Peru

Intipalka Cabernet Sauvignon Petit Verdot Reserva 2021 Região: Vale de Ica Tinto que foca nas notas muito frutadas, elaborado com 70% de cabernet sauvignon e 30% de petit verdot. Tem cor rubi escuro, nariz exuberante, com fruta negra madura, mesclada com especiarias, como canelas, chocolates e tabaco. É encorpado e equilibrado no paladar, mas com um amargor da madeira no final. Tem 14,3% de álcool (R$ 154,50, na Sonoma)

Romênia

Byzantium Feteasca Neagra 2019 Região: Dealu Mare Um blend de feteasca neagra (variedade local) com cabernet sauvignon e syrah dá origem a este tinto gastronômico e de taninos bem presentes. De cor rubi clara, se destaca pelas notas de fruta vermelha fresca e pelos toques muito defumados (bacon e similares). Equilibrado, com corpo de média intensidade, taninos finos e final de boca complexa. Tem 14% de álcool (R$ 118, na Winelovers)

Nem só de chilenos, argentinos, portugueses, franceses, australianos e italianos é feito o universo dos vinhos Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Aposto que quando pensa em vinhos são poucos os consumidores brasileiros que se lembram de um rótulo da Croácia, da Bulgária ou até mesmo da Bolívia ou do Peru, aqui pertinho, na América Latina. Mas o universo de vinhos é bem mais extenso do que as origens conhecidas, como França, Itália, Portugal ou Chile. Até mesmo a Georgia, que é o berço da viticultura, não é uma referência para a maioria dos nossos consumidores.

Atualmente são 7,3 milhões de hectares de vinhas espalhadas pelos dois hemisférios, pelos dados da OIV, a organização internacional da uva e do vinho. E muitos dão origem a bons vinhos, resultado tanto do terroir propício às vinhas, como também o maior conhecimento, tanto no campo, na condução das vinhas, como na fermentação, nas vinícolas. O avanço técnico vem aumentando a qualidade média dos brancos e tintos.

Aberto a novidades

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos destes locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui, em geral importados por empresas pequenas, que procuram um bom nicho para o seu negócio. Pesquisa da Wine Intelligence, por exemplo, mostra que, entre os brasileiros que consomem vinhos com regularidade, 70% gostam de provar novos tipos e estilos. Nos Estados Unidos, essa porcentagem é de 51%, enquanto na Inglaterra chega a 43%.

É possível dividir os 14 rótulos selecionados para esta prova em dois estilos: aqueles com notas frutadas e de variedades consideradas internacionais, como a onipresente cabernet sauvignon ou a sauvignon blanc. E brancos e tintos com muita tipicidade e personalidade. Há um vinho por país, com exceção da Georgia, que participa com quatro exemplares. O fato de ser a origem dos vinhos é um atrativo maior para as empresas comercializarem os rótulos por aqui.

Foram provados 14 vinhos durante a degustação às cegas Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Degustação às cegas

A degustação foi realizada às cegas, sem que os degustadores soubessem o que estavam provando, e contou com a participação de Rodrigo Lanari, da consultoria Winext; e Felipe Campos, professor da The Wine School, e de Suzana Barelli, colunista de vinhos do Paladar. Os vinhos estão listados pela ordem alfabética dos países.

O perfil do brasileiro, mais aberto a provar novidades, ajuda a explicar porque alguns vinhos de locais pouco conhecidos vem desembarcando por aqui Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Os vinhos

Bolívia

Jardín Oculto Moscatel de Alejandría 2020 Região: Tarija O representante boliviano é elaborado apenas com moscatel de Alexandria e com a filosofia de mínima intervenção e sem filtragem (é turvo). Destaca-se pela gostosa explosão de flores nos aromas, como rosas e lavandas, sugerindo até uma gewurztraminer. Tem corpo leve, mantendo as notas aromáticas no paladar, sem ser enjoativo, equilibrado, com bom frescor. Tem 13,9% de álcool (R$ 425, na La Gruta)

Brasil

Cordel 2019 Região: Chapada Diamantina Poucos sabem que o Brasil também faz vinhos na Chapada Diamantina, por isso a escolha deste tinto. Blend de cabernet sauvignon (65%), merlot (20%) e malbec (15%) tem personalidade, boa fruta e muita presença de madeira no paladar. De cor rubi, traz especiarias, como pimenta, notas vegetais e de verdor e frutas vermelhas nos aromas, integradas com notas de baunilha. Taninos presentes, e secantes, com boa persistência, com 13,6% de álcool (R$ 215, na Vinícola Uvva)

Bulgária

Nobile Rubin 2017 Região: Thracian Elaborado com a rubin, resultado do cruzamento local da syrah com a nebiollo, pela Logodaj Winery, vinícola de renome no país. Tem notas de frutas vermelhas maduras na medida certa, com especiarias e um toque floral. No paladar, o destaque é o frescor e os taninos macios, que combinam com uma longevidade da nebiollo. Tem 14,5% de álcool (R$ 198, na Vinhos Collection)

Croácia

Vinas Mora Andreis 2021 Região: Primosten Agradável tinto da Croácia e um dos destaques do painel, com notas frutas vermelhas frescas, com foco naquela cereja mais azedinha, com toques de ervas (tomilho) e algo salino. É elaborado com a variedade babic, mesclada com pequenas porcentagens de plavac mali, cultivadas em vinhedos orgânicos. Não é filtrado, por isso tem leve turbidez, corpo leve, com poucos taninos, boa acidez, persistente e com a salinidade também presente no paladar. Tem 12,45% de álcool (R$ 259, na Uva Vinhos)

Eslovênia

Puklavec & Friends Sauvignon Blanc & Pinot Grigio 2021 Região: Ormoz Um branco fresco, bem aromático, com notas frutadas, lembrando o maracujá e um toque herbáceo. Lembra os brancos costeiros chilenos, mas vem da Eslovênia. Traz o paladar mais adocicado, com bom frescor, e curto. Tem 13% de álcool (R$ 99, na Rootstock)

Geórgia

Rustaveli Kisi Qvevri 2019 Região: Tsinandali Interessante vinho laranja (aqueles brancos que ficam muito tempo em contato com suas cascas, absorvendo a sua cor e seus taninos), de cor mais acobreada, nariz muito cítrico, com notas de argila e terracota (o vinho fermenta em qvevri, como são chamadas as ânforas na Georgia). No paladar, as notas de casca de laranja caramelizada predominam em um corpo de média intensidade, com taninos firmes, muito seco e equilibrado, com 14% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Pheasant’s Tears 2020 Região: Kakheti Um tinto para quem gosta do estilo mais rústico. Tem cor rubi escura, límpido, com aromas de fruta vermelha escondidos pelas notas que remetem a animais e couro. Tem taninos mais rústicos e secante na boca, com boa acidez e persistência. Tem 13% de álcool (R$ 207, na Europa Distribuidora)

Geórgia

Bagrationi 7 2018 Região: Kakheti A Prince Ioane elabora este branco com seis variedades locais mescladas com a francesa chardonnay. O resultado é um vinho de cor dourada, aromático, com notas de frutas brancas maduras, lembrando pinhas e graviola e até jaca. Muito interessante e rico no nariz. No paladar, poderia estar mais vivo, mas carece de um pouco mais de acidez, com leve açúcar residual. Tem 13% de álcool (R$ 270, na Wine 7)

Geórgia

Kirke Otskhanuri Sapere 2015 Imereti, Georgia Rótulo marcante para um tinto de proposta mais comercial, no estilo do chamado Novo Mundo. É elaborado com a uva local otskhanuri sapere, a mais antiga das variedades da Georgia. Tem cor rubi violáceo, com muitas notas de fruta vermelha madura, mescladas com baunilha, caramelo (que são aromas que vêm da passagem por barricas). Tem corpo médio, com taninos firmes e o dulçor da fruta madura, com 12,5% de álcool (R$ 214,70, na Wine 7)

Inglaterra

Gusbourne Exclusive Release 2019 Região: Kent A Inglaterra elabora espumantes e se orgulha disso. Este é o primeiro espumante inglês comercializado no Brasil. Apresenta perlage fino, mas não abundante e com menos cremosidade do que esperado. Traz notas de pera e maça, algum toque de panificação, bom frescor e equilíbrio, mas não é um champanhe. Tem 12% de álcool (R$ 599,99, na Divvino)

Macedônia

Instinct Cabernet Sauvignon 2019 Região: Tikvesh Na linha dos tintos mais frutados, mostra a adaptação da cabernet sauvignon em quase todo o mundo. Tem cor rubi escura, com notas de frutas vermelhas maduras, como cerejas, amoras e ameixas, e um leve floral. De perfil internacional, com notas de madeira, que não casam com a sua acidez, além de o álcool alto (são 15%), que traz dulçor, com amargor final (R$ 219, na Rootstock Vinhos)

Moldávia

Castel Mimi Oak Aged Mâini în Sold 2018 Região: Speia Um tinto para quem gosta de notas bem frutadas e vinhos redondos. É elaborado apenas a casta rara neagra, com cor rubi, quase translucida. O paladar mantém o gosto de frutas vermelhas, com poucos taninos, porém macios, e um gostoso frescor. Uma curiosidade: Mâini în Sold é um símbolo do poder feminino no país. Tem 14,5% de álcool (R$ 144,90, na Vinhos Collection)

Peru

Intipalka Cabernet Sauvignon Petit Verdot Reserva 2021 Região: Vale de Ica Tinto que foca nas notas muito frutadas, elaborado com 70% de cabernet sauvignon e 30% de petit verdot. Tem cor rubi escuro, nariz exuberante, com fruta negra madura, mesclada com especiarias, como canelas, chocolates e tabaco. É encorpado e equilibrado no paladar, mas com um amargor da madeira no final. Tem 14,3% de álcool (R$ 154,50, na Sonoma)

Romênia

Byzantium Feteasca Neagra 2019 Região: Dealu Mare Um blend de feteasca neagra (variedade local) com cabernet sauvignon e syrah dá origem a este tinto gastronômico e de taninos bem presentes. De cor rubi clara, se destaca pelas notas de fruta vermelha fresca e pelos toques muito defumados (bacon e similares). Equilibrado, com corpo de média intensidade, taninos finos e final de boca complexa. Tem 14% de álcool (R$ 118, na Winelovers)

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