Os sabores do mundo

Opinião|Bacalhau em Portugal: do hábito alimentar religioso à tradição gastronômica


Centro Interpretativo da História do Bacalhau, uma visita imperdível em Lisboa para saber mais sobre a tradição do ingrediente em terras lusas

Por Gisele Rech
Atualização:

Apesar de não ser um produto originário de Portugal, foi no país que o bacalhau, abundante nas águas geladas de países como a Noruega, ganhou notoriedade em escala mundial. Para se ter uma ideia, pelo menos 1.001 receitas com o produto estão registradas, fruto da criatividade de cozinheiros que fizeram e fazem o ingrediente brilhar.

Bacalhau à Gomes de Sá: lascas de bacalhau, batatas, cebola, azeitonas e azeite, com ovos cozido. Foto: Codo Meletti/Estadão

A popularização do bacalhau em terras lusas está ligado ao catolicismo e ao período do calendário que veta o consumo de carne vermelha, que era muito mais longo nos idos de antigamente. Boa parte da história dessa tradição gastronômica é contada no Centro Interpretativo da História do Bacalhau (4 euros a entrada), que fica na icônica Praça do Comércio, na Baixa lisboeta. Um dos cartões-postais mais encantadores da capital, o complexo foi erguido por Dom Manuel I em 1511, destruído pelo terremoto de 1755 e reconstruído na era pombalina.

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O edifício onde se encontra o centro e sua arquitetura robusta, por si só, já são atrações à parte, não apenas pelo caráter histórico, mas, também, por estar estrategicamente posicionado em frente ao Tejo, com vista para o rio.

reference

A primeira parte da exposição, batizada de A Saga, é dedicada ao período em que milhares de portugueses, exímios navegadores, se lançavam aos gelados mares nórdicos, onde passavam meses e meses se dedicando à pesca. À entrada, um grande livro digital traça o percurso dos desbravadores lusitanos.

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No espaço A Saga, é possível conhecer detalhes das navegações. 

A Viagem Gastronômica pela Terra Nova e o mundo do bacalhau prossegue com um espaço interativo onde o visitante pode entrar em um protótipo dos pequenos barcos - os dóris - que se desprendiam das grandes embarcações - os bacalhoeiros - e se lançavam ao mar em busca do que "pão" das mesas portuguesas. A experiência simula a sensação de estar em águas revoltas em um barquinho, o que fazia parte da rotina dos homens do mar.

Aliás, uma das salas mais interessantes é a que apresenta pequenas entrevistas com pescadores que viveram ou seguem vivendo da pesca do bacalhau. São depoimentos impactantes, que agregam ainda mais valor a esse tesouro da mesa portuguesa. Aqui, é importante lembrar que muitos portugueses perderam a vida nesse labor.

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Pratos

No centro, não poderia faltar, é claro, as referências gastronômicas e ao receituário do bacalhau. Afinal, apesar de soar um tanto quanto pretensioso, o espaço brinca ser "o único lugar do mundo onde se explica quem foram o Brás e o Gomes de Sá", que batizam dois preparos de bacalhau super populares no cardápio das tascas portuguesas. Mas, não vou entrar nos detalhes para não dar spoiler para quem for fazer a visita.

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Aliás, outra coisa pitoresca do centro interpretativo é a apresentação de ditados e expressões que envolvem o bacalhau, como "ficar em águas de bacalhau", que significa se frustar, ficar sem efeito, algo semelhante com a brasileiríssima "dar com os burros n'água".

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O Centro Interpretativo da História do Bacalhau alimenta os visitantes com muito conhecimento, mas, com a profusão de referências ao ingrediente, não esquece daqueles que ficam com água na boca. Na entrada do centro, há uma mercearia com versões do bacalhau, especialmente enlatadas. Aqui, vale muito apostar nas conservas de partes menos convencionais do ingredientes, como línguas e ovas. Também tem livros e artigos decorativos que homenageiam o bacallhau.

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No Centro Interpretativo da História do Bacalhau tem até mercearia. Foto: Gisele Rech

Se a pedida for esticar para um almoço ou jantar, o restaurante Terra Nova by Populi tem cardápio assinado pelo chef Ricardo Estevas que, é claro, dá uma atenção especial ao ingrediente homenageado pelo Centro Interpretativo. Tem bacalhau confitado com purê de grão de bico, o tradicionalíssimo bacalhau à Brás, com gema confitada, posta do meio do bacalhau assado com trilogia de pimentões e caldeirada de bacalhau com amêijoas. Também não faltam, é claro, os bolinhos de bacalhau.

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Caldeirada de Bacalhau do restaurante Terra Nova by Populi. Foto: Reprodução/Instagram

Como muita gente que lê a coluna nesse exato momento não vai poder cruzar o oceano de imediato para provar tais pratos, separei uma das tantas receitinhas disponibilizada no Centro Interpretativo. Escolhi o arroz por dois motivos: é um prato econômico e cheio de sabor e, de quebra, leva arroz, sobre o qual, dentro e breve, precisamos falar.

Arroz de Bacalhau

Ingredientes

1 posta de bacalhau 350g de arroz 1 cebola 4 colheres (sopa) de azeite 2 tomates maduros Sal e pimenta-do-reino a gosto Salsa

Preparo

Pique a cebola e refogue no azeite; Desfie o bacalhau, sem ser demolhado e retire as peles e as espinhas; Depois de lavá-lo, junte à cebola e refogue por cerca de 10 minutos; Acrescente o tomate levemente esmagado e água (duas vezes o volume do arroz); Tempere com sal e pimenta e, quando levantar fervura, junte o arroz; Cozinhe em fogo brando e deixe no ponto que preferir; Enfeite com a salsa picadinha.

***

Mais informações sobre o Centro Interpretativo da História do Bacalhau: @historiadobacalhau

***

Quer acompanhar as minhas viagens gastronômicas pelas redes sociais? Então, é só me seguir no Instagram @giselerech .

Para sugestões de pauta, o e-mail é contato@viagemgastronomica.com

Apesar de não ser um produto originário de Portugal, foi no país que o bacalhau, abundante nas águas geladas de países como a Noruega, ganhou notoriedade em escala mundial. Para se ter uma ideia, pelo menos 1.001 receitas com o produto estão registradas, fruto da criatividade de cozinheiros que fizeram e fazem o ingrediente brilhar.

Bacalhau à Gomes de Sá: lascas de bacalhau, batatas, cebola, azeitonas e azeite, com ovos cozido. Foto: Codo Meletti/Estadão

A popularização do bacalhau em terras lusas está ligado ao catolicismo e ao período do calendário que veta o consumo de carne vermelha, que era muito mais longo nos idos de antigamente. Boa parte da história dessa tradição gastronômica é contada no Centro Interpretativo da História do Bacalhau (4 euros a entrada), que fica na icônica Praça do Comércio, na Baixa lisboeta. Um dos cartões-postais mais encantadores da capital, o complexo foi erguido por Dom Manuel I em 1511, destruído pelo terremoto de 1755 e reconstruído na era pombalina.

O edifício onde se encontra o centro e sua arquitetura robusta, por si só, já são atrações à parte, não apenas pelo caráter histórico, mas, também, por estar estrategicamente posicionado em frente ao Tejo, com vista para o rio.

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A primeira parte da exposição, batizada de A Saga, é dedicada ao período em que milhares de portugueses, exímios navegadores, se lançavam aos gelados mares nórdicos, onde passavam meses e meses se dedicando à pesca. À entrada, um grande livro digital traça o percurso dos desbravadores lusitanos.

No espaço A Saga, é possível conhecer detalhes das navegações. 

A Viagem Gastronômica pela Terra Nova e o mundo do bacalhau prossegue com um espaço interativo onde o visitante pode entrar em um protótipo dos pequenos barcos - os dóris - que se desprendiam das grandes embarcações - os bacalhoeiros - e se lançavam ao mar em busca do que "pão" das mesas portuguesas. A experiência simula a sensação de estar em águas revoltas em um barquinho, o que fazia parte da rotina dos homens do mar.

Aliás, uma das salas mais interessantes é a que apresenta pequenas entrevistas com pescadores que viveram ou seguem vivendo da pesca do bacalhau. São depoimentos impactantes, que agregam ainda mais valor a esse tesouro da mesa portuguesa. Aqui, é importante lembrar que muitos portugueses perderam a vida nesse labor.

Pratos

No centro, não poderia faltar, é claro, as referências gastronômicas e ao receituário do bacalhau. Afinal, apesar de soar um tanto quanto pretensioso, o espaço brinca ser "o único lugar do mundo onde se explica quem foram o Brás e o Gomes de Sá", que batizam dois preparos de bacalhau super populares no cardápio das tascas portuguesas. Mas, não vou entrar nos detalhes para não dar spoiler para quem for fazer a visita.

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Aliás, outra coisa pitoresca do centro interpretativo é a apresentação de ditados e expressões que envolvem o bacalhau, como "ficar em águas de bacalhau", que significa se frustar, ficar sem efeito, algo semelhante com a brasileiríssima "dar com os burros n'água".

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O Centro Interpretativo da História do Bacalhau alimenta os visitantes com muito conhecimento, mas, com a profusão de referências ao ingrediente, não esquece daqueles que ficam com água na boca. Na entrada do centro, há uma mercearia com versões do bacalhau, especialmente enlatadas. Aqui, vale muito apostar nas conservas de partes menos convencionais do ingredientes, como línguas e ovas. Também tem livros e artigos decorativos que homenageiam o bacallhau.

No Centro Interpretativo da História do Bacalhau tem até mercearia. Foto: Gisele Rech

Se a pedida for esticar para um almoço ou jantar, o restaurante Terra Nova by Populi tem cardápio assinado pelo chef Ricardo Estevas que, é claro, dá uma atenção especial ao ingrediente homenageado pelo Centro Interpretativo. Tem bacalhau confitado com purê de grão de bico, o tradicionalíssimo bacalhau à Brás, com gema confitada, posta do meio do bacalhau assado com trilogia de pimentões e caldeirada de bacalhau com amêijoas. Também não faltam, é claro, os bolinhos de bacalhau.

Caldeirada de Bacalhau do restaurante Terra Nova by Populi. Foto: Reprodução/Instagram

Como muita gente que lê a coluna nesse exato momento não vai poder cruzar o oceano de imediato para provar tais pratos, separei uma das tantas receitinhas disponibilizada no Centro Interpretativo. Escolhi o arroz por dois motivos: é um prato econômico e cheio de sabor e, de quebra, leva arroz, sobre o qual, dentro e breve, precisamos falar.

Arroz de Bacalhau

Ingredientes

1 posta de bacalhau 350g de arroz 1 cebola 4 colheres (sopa) de azeite 2 tomates maduros Sal e pimenta-do-reino a gosto Salsa

Preparo

Pique a cebola e refogue no azeite; Desfie o bacalhau, sem ser demolhado e retire as peles e as espinhas; Depois de lavá-lo, junte à cebola e refogue por cerca de 10 minutos; Acrescente o tomate levemente esmagado e água (duas vezes o volume do arroz); Tempere com sal e pimenta e, quando levantar fervura, junte o arroz; Cozinhe em fogo brando e deixe no ponto que preferir; Enfeite com a salsa picadinha.

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Mais informações sobre o Centro Interpretativo da História do Bacalhau: @historiadobacalhau

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Para sugestões de pauta, o e-mail é contato@viagemgastronomica.com

Apesar de não ser um produto originário de Portugal, foi no país que o bacalhau, abundante nas águas geladas de países como a Noruega, ganhou notoriedade em escala mundial. Para se ter uma ideia, pelo menos 1.001 receitas com o produto estão registradas, fruto da criatividade de cozinheiros que fizeram e fazem o ingrediente brilhar.

Bacalhau à Gomes de Sá: lascas de bacalhau, batatas, cebola, azeitonas e azeite, com ovos cozido. Foto: Codo Meletti/Estadão

A popularização do bacalhau em terras lusas está ligado ao catolicismo e ao período do calendário que veta o consumo de carne vermelha, que era muito mais longo nos idos de antigamente. Boa parte da história dessa tradição gastronômica é contada no Centro Interpretativo da História do Bacalhau (4 euros a entrada), que fica na icônica Praça do Comércio, na Baixa lisboeta. Um dos cartões-postais mais encantadores da capital, o complexo foi erguido por Dom Manuel I em 1511, destruído pelo terremoto de 1755 e reconstruído na era pombalina.

O edifício onde se encontra o centro e sua arquitetura robusta, por si só, já são atrações à parte, não apenas pelo caráter histórico, mas, também, por estar estrategicamente posicionado em frente ao Tejo, com vista para o rio.

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A primeira parte da exposição, batizada de A Saga, é dedicada ao período em que milhares de portugueses, exímios navegadores, se lançavam aos gelados mares nórdicos, onde passavam meses e meses se dedicando à pesca. À entrada, um grande livro digital traça o percurso dos desbravadores lusitanos.

No espaço A Saga, é possível conhecer detalhes das navegações. 

A Viagem Gastronômica pela Terra Nova e o mundo do bacalhau prossegue com um espaço interativo onde o visitante pode entrar em um protótipo dos pequenos barcos - os dóris - que se desprendiam das grandes embarcações - os bacalhoeiros - e se lançavam ao mar em busca do que "pão" das mesas portuguesas. A experiência simula a sensação de estar em águas revoltas em um barquinho, o que fazia parte da rotina dos homens do mar.

Aliás, uma das salas mais interessantes é a que apresenta pequenas entrevistas com pescadores que viveram ou seguem vivendo da pesca do bacalhau. São depoimentos impactantes, que agregam ainda mais valor a esse tesouro da mesa portuguesa. Aqui, é importante lembrar que muitos portugueses perderam a vida nesse labor.

Pratos

No centro, não poderia faltar, é claro, as referências gastronômicas e ao receituário do bacalhau. Afinal, apesar de soar um tanto quanto pretensioso, o espaço brinca ser "o único lugar do mundo onde se explica quem foram o Brás e o Gomes de Sá", que batizam dois preparos de bacalhau super populares no cardápio das tascas portuguesas. Mas, não vou entrar nos detalhes para não dar spoiler para quem for fazer a visita.

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Aliás, outra coisa pitoresca do centro interpretativo é a apresentação de ditados e expressões que envolvem o bacalhau, como "ficar em águas de bacalhau", que significa se frustar, ficar sem efeito, algo semelhante com a brasileiríssima "dar com os burros n'água".

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O Centro Interpretativo da História do Bacalhau alimenta os visitantes com muito conhecimento, mas, com a profusão de referências ao ingrediente, não esquece daqueles que ficam com água na boca. Na entrada do centro, há uma mercearia com versões do bacalhau, especialmente enlatadas. Aqui, vale muito apostar nas conservas de partes menos convencionais do ingredientes, como línguas e ovas. Também tem livros e artigos decorativos que homenageiam o bacallhau.

No Centro Interpretativo da História do Bacalhau tem até mercearia. Foto: Gisele Rech

Se a pedida for esticar para um almoço ou jantar, o restaurante Terra Nova by Populi tem cardápio assinado pelo chef Ricardo Estevas que, é claro, dá uma atenção especial ao ingrediente homenageado pelo Centro Interpretativo. Tem bacalhau confitado com purê de grão de bico, o tradicionalíssimo bacalhau à Brás, com gema confitada, posta do meio do bacalhau assado com trilogia de pimentões e caldeirada de bacalhau com amêijoas. Também não faltam, é claro, os bolinhos de bacalhau.

Caldeirada de Bacalhau do restaurante Terra Nova by Populi. Foto: Reprodução/Instagram

Como muita gente que lê a coluna nesse exato momento não vai poder cruzar o oceano de imediato para provar tais pratos, separei uma das tantas receitinhas disponibilizada no Centro Interpretativo. Escolhi o arroz por dois motivos: é um prato econômico e cheio de sabor e, de quebra, leva arroz, sobre o qual, dentro e breve, precisamos falar.

Arroz de Bacalhau

Ingredientes

1 posta de bacalhau 350g de arroz 1 cebola 4 colheres (sopa) de azeite 2 tomates maduros Sal e pimenta-do-reino a gosto Salsa

Preparo

Pique a cebola e refogue no azeite; Desfie o bacalhau, sem ser demolhado e retire as peles e as espinhas; Depois de lavá-lo, junte à cebola e refogue por cerca de 10 minutos; Acrescente o tomate levemente esmagado e água (duas vezes o volume do arroz); Tempere com sal e pimenta e, quando levantar fervura, junte o arroz; Cozinhe em fogo brando e deixe no ponto que preferir; Enfeite com a salsa picadinha.

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Mais informações sobre o Centro Interpretativo da História do Bacalhau: @historiadobacalhau

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Quer acompanhar as minhas viagens gastronômicas pelas redes sociais? Então, é só me seguir no Instagram @giselerech .

Para sugestões de pauta, o e-mail é contato@viagemgastronomica.com

Apesar de não ser um produto originário de Portugal, foi no país que o bacalhau, abundante nas águas geladas de países como a Noruega, ganhou notoriedade em escala mundial. Para se ter uma ideia, pelo menos 1.001 receitas com o produto estão registradas, fruto da criatividade de cozinheiros que fizeram e fazem o ingrediente brilhar.

Bacalhau à Gomes de Sá: lascas de bacalhau, batatas, cebola, azeitonas e azeite, com ovos cozido. Foto: Codo Meletti/Estadão

A popularização do bacalhau em terras lusas está ligado ao catolicismo e ao período do calendário que veta o consumo de carne vermelha, que era muito mais longo nos idos de antigamente. Boa parte da história dessa tradição gastronômica é contada no Centro Interpretativo da História do Bacalhau (4 euros a entrada), que fica na icônica Praça do Comércio, na Baixa lisboeta. Um dos cartões-postais mais encantadores da capital, o complexo foi erguido por Dom Manuel I em 1511, destruído pelo terremoto de 1755 e reconstruído na era pombalina.

O edifício onde se encontra o centro e sua arquitetura robusta, por si só, já são atrações à parte, não apenas pelo caráter histórico, mas, também, por estar estrategicamente posicionado em frente ao Tejo, com vista para o rio.

reference

A primeira parte da exposição, batizada de A Saga, é dedicada ao período em que milhares de portugueses, exímios navegadores, se lançavam aos gelados mares nórdicos, onde passavam meses e meses se dedicando à pesca. À entrada, um grande livro digital traça o percurso dos desbravadores lusitanos.

No espaço A Saga, é possível conhecer detalhes das navegações. 

A Viagem Gastronômica pela Terra Nova e o mundo do bacalhau prossegue com um espaço interativo onde o visitante pode entrar em um protótipo dos pequenos barcos - os dóris - que se desprendiam das grandes embarcações - os bacalhoeiros - e se lançavam ao mar em busca do que "pão" das mesas portuguesas. A experiência simula a sensação de estar em águas revoltas em um barquinho, o que fazia parte da rotina dos homens do mar.

Aliás, uma das salas mais interessantes é a que apresenta pequenas entrevistas com pescadores que viveram ou seguem vivendo da pesca do bacalhau. São depoimentos impactantes, que agregam ainda mais valor a esse tesouro da mesa portuguesa. Aqui, é importante lembrar que muitos portugueses perderam a vida nesse labor.

Pratos

No centro, não poderia faltar, é claro, as referências gastronômicas e ao receituário do bacalhau. Afinal, apesar de soar um tanto quanto pretensioso, o espaço brinca ser "o único lugar do mundo onde se explica quem foram o Brás e o Gomes de Sá", que batizam dois preparos de bacalhau super populares no cardápio das tascas portuguesas. Mas, não vou entrar nos detalhes para não dar spoiler para quem for fazer a visita.

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Aliás, outra coisa pitoresca do centro interpretativo é a apresentação de ditados e expressões que envolvem o bacalhau, como "ficar em águas de bacalhau", que significa se frustar, ficar sem efeito, algo semelhante com a brasileiríssima "dar com os burros n'água".

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O Centro Interpretativo da História do Bacalhau alimenta os visitantes com muito conhecimento, mas, com a profusão de referências ao ingrediente, não esquece daqueles que ficam com água na boca. Na entrada do centro, há uma mercearia com versões do bacalhau, especialmente enlatadas. Aqui, vale muito apostar nas conservas de partes menos convencionais do ingredientes, como línguas e ovas. Também tem livros e artigos decorativos que homenageiam o bacallhau.

No Centro Interpretativo da História do Bacalhau tem até mercearia. Foto: Gisele Rech

Se a pedida for esticar para um almoço ou jantar, o restaurante Terra Nova by Populi tem cardápio assinado pelo chef Ricardo Estevas que, é claro, dá uma atenção especial ao ingrediente homenageado pelo Centro Interpretativo. Tem bacalhau confitado com purê de grão de bico, o tradicionalíssimo bacalhau à Brás, com gema confitada, posta do meio do bacalhau assado com trilogia de pimentões e caldeirada de bacalhau com amêijoas. Também não faltam, é claro, os bolinhos de bacalhau.

Caldeirada de Bacalhau do restaurante Terra Nova by Populi. Foto: Reprodução/Instagram

Como muita gente que lê a coluna nesse exato momento não vai poder cruzar o oceano de imediato para provar tais pratos, separei uma das tantas receitinhas disponibilizada no Centro Interpretativo. Escolhi o arroz por dois motivos: é um prato econômico e cheio de sabor e, de quebra, leva arroz, sobre o qual, dentro e breve, precisamos falar.

Arroz de Bacalhau

Ingredientes

1 posta de bacalhau 350g de arroz 1 cebola 4 colheres (sopa) de azeite 2 tomates maduros Sal e pimenta-do-reino a gosto Salsa

Preparo

Pique a cebola e refogue no azeite; Desfie o bacalhau, sem ser demolhado e retire as peles e as espinhas; Depois de lavá-lo, junte à cebola e refogue por cerca de 10 minutos; Acrescente o tomate levemente esmagado e água (duas vezes o volume do arroz); Tempere com sal e pimenta e, quando levantar fervura, junte o arroz; Cozinhe em fogo brando e deixe no ponto que preferir; Enfeite com a salsa picadinha.

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