Os sabores do mundo

Opinião|Chá das cinco: a tradição inglesa com raízes portuguesas


Conheça a origem do Chá das Cinco, que surgiu da nobreza portuguesa e se tornou uma tradição no Reino Unido

Por Gisele Rech

O chá das cinco é quase uma instituição entre os ingleses. Seja na esfera da realeza, seja  à mesa de gente como a gente, o hábito de tomar o chá preto, geralmente misturado ao leite, é uma das tradições gastronômicas mais marcantes por lá.

O Chá das Cinco, tradição inglesa, tem raízes portuguesas. Foto: Divulgação/Tivoli Palácio Seteais

Mas, você sabia que o costume de beber chá por lá tem raízes portuguesas? O mérito é da princesa Catarina de Bragança, que chegou a Londres em 1662 com ervas na bagagem, com a intenção de manter o hábito que mantinha na sua terra natal. Aqui, aliás, é importante lembrar que, apesar de ser um produto de origem asiática, foram os portugueses que o trouxeram para o Ocidente, nos tempos das grandes navegações.

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Catarina de Bragança levou o hábito de tomar chá para a Inglaterra. Foto: Gisele Rech

Em seu livro História, Lendas e Curiosidades da gastronomia, Roberta Malta Saldanha detalha aspectos pitorescos da história.

"Ao chegar à corte, Dona Catarina entregou um pacotinho que trouxera consigo e pediu que preparassem um chá. Perguntaram como se fazia aquilo. "Ferve-se água e deita-se água a ferver em cima das folhas", teria dito. Passado algum tempo, trouxeram-lhe um prato com as folhas molhadas e quentes. A água? Tinha sido jogada fora", conta a autora.

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Roberta acrescenta que apesar de Catarina ter popularizado a bebida em terras inglesas, foi Anna (1783-1857), sétima duquesa de Bedford, que introduziu o hábito de beber o chá por volta das cinco da tarde, acompanhado de comidinhas leves (com o tempo, os pãezinhos rápidos chamados scones foram introduzidos). Tudo porque, diziam à boca pequena, que Anna tinha um grande apetite e queria apaziguar a fome entre as refeições.

Já o hábito de acrescentar leite frio ao chá, segundo a autora, tem a ver com o tipo de louça usada para servir a bebida. Ao tentar reproduzir as pequenas xícaras chinesas usadas para consumir o chá, o material não tinha tanta resistência ao calor e se rompiam. Colocar o leite, à época, teria sido a solução que fez surgir o costume, carregado pelos ingleses até hoje.

Outra curiosidade: um dos chãs mais populares na Inglaterra é o Earl grey tea, que mescla o chás pretos do Ceilão e da Índia, cujo nome homenageia o conde Charles Grey. Ele teria recebido de presente tal mistura depois de salvar o filho de um mandarim. O resto, é história - com um pouco de lenda, é verdade!

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Doce lembrança

A referência a Portugal quando o assunto é chá me trouxe lembranças da incrível experiência que tive no ano passado, no Palácio Seteais, em Sintra, onde, à altura, a rede Tivoli mantinha um hotel com aquele clima de realeza. Uma das opções gastronômicas por lá era o Chá das Rainhas, é claro, regada a muito chá e tradição. Infelizmente, já não é mais possível curtir tal momento!

O Chá das Rainhas do Tivoli Palácio Seteais homenageia a origem do chá inglês. Foto: Gisele Rech
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As rainhas, em questão, são a já citada Catarina de Bragança e e a geniosas Carlota  Joaquina de Bourbon, que desembarcou no Brasil com Dom João VI em 1808 e é homenageada no arco da entrada do Palácio Seteais. O ponto, aliás, virou atração turísticas e dá acesso a uma das vistas mais bonitas de Sintra.

O Tivoli Palácio Seteais é uma viagem aos tempos da realezza. Foto: Gisele Rech

Mas, voltemos ao menu que era deliciosamente servido diariamente às 17h, como manda a regra. No início do outono, quando participei da experiência, a refeição completa foi servida no terraço, com vista para a piscina e ao imenso jardim, marcado pela profusão de árvores da região.

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Os doces servidos no Chá das Rainhas parecem obras de arte. Foto: Gisele Rech

A primeira opção - Catarina de Bragança - incluia doze opções de chá, uma seleção de três peças de confeitaria (pastelaria, para os portugueses), pequenos sanduíches, seleção de geleias e manteiga e os tradicionais scones, pãezinhos rápidos super populares no Reino Unido. A outra opção, Carlota Joaquina, incluia uma taçca de champagne, com atenção especial aos doces mais tradicionais de Sintra, como os Travessseiros e as Queijadas.

Nos dias mais quentes, o Chá das Rainhas é servido na área externa do Tivoli Seteais. Foto: Gisele Rech
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Durante os dias mais quentes do ano, o chá era degustado na área externa (ou, esplanada, como dizem os portugueses), com vista para a piscina. Quando as temperaturas caiam, a experiência ocorria no restaurante do Tivoli Palácio Seteais, que nos faz voltar ao tempo da realeza, dada a decoração esmerada.

Nos dias mais frios, o Chá das Rainhas é servido no restaurante do Tivoli Palácio Seteais. Foto: Divulgação/ Tivoli Palácio Seteais

Comecei o ano com a confirmação da notícia de que a rede Tivoli deixa de atuar no Palácio Seteais. Ficam, porém, as boas lembranças, em especial desse momento cheio de tradição do Chá das Rainhas.

***

Quer acompanhar as minhas viagens gastronômicas pelas redes sociais? Então, é só me seguir no Instagram @giselerech .

Para sugestões de pauta, o e-mail é contato@viagemgastronomica.com.

O chá das cinco é quase uma instituição entre os ingleses. Seja na esfera da realeza, seja  à mesa de gente como a gente, o hábito de tomar o chá preto, geralmente misturado ao leite, é uma das tradições gastronômicas mais marcantes por lá.

O Chá das Cinco, tradição inglesa, tem raízes portuguesas. Foto: Divulgação/Tivoli Palácio Seteais

Mas, você sabia que o costume de beber chá por lá tem raízes portuguesas? O mérito é da princesa Catarina de Bragança, que chegou a Londres em 1662 com ervas na bagagem, com a intenção de manter o hábito que mantinha na sua terra natal. Aqui, aliás, é importante lembrar que, apesar de ser um produto de origem asiática, foram os portugueses que o trouxeram para o Ocidente, nos tempos das grandes navegações.

Catarina de Bragança levou o hábito de tomar chá para a Inglaterra. Foto: Gisele Rech

Em seu livro História, Lendas e Curiosidades da gastronomia, Roberta Malta Saldanha detalha aspectos pitorescos da história.

"Ao chegar à corte, Dona Catarina entregou um pacotinho que trouxera consigo e pediu que preparassem um chá. Perguntaram como se fazia aquilo. "Ferve-se água e deita-se água a ferver em cima das folhas", teria dito. Passado algum tempo, trouxeram-lhe um prato com as folhas molhadas e quentes. A água? Tinha sido jogada fora", conta a autora.

Roberta acrescenta que apesar de Catarina ter popularizado a bebida em terras inglesas, foi Anna (1783-1857), sétima duquesa de Bedford, que introduziu o hábito de beber o chá por volta das cinco da tarde, acompanhado de comidinhas leves (com o tempo, os pãezinhos rápidos chamados scones foram introduzidos). Tudo porque, diziam à boca pequena, que Anna tinha um grande apetite e queria apaziguar a fome entre as refeições.

Já o hábito de acrescentar leite frio ao chá, segundo a autora, tem a ver com o tipo de louça usada para servir a bebida. Ao tentar reproduzir as pequenas xícaras chinesas usadas para consumir o chá, o material não tinha tanta resistência ao calor e se rompiam. Colocar o leite, à época, teria sido a solução que fez surgir o costume, carregado pelos ingleses até hoje.

Outra curiosidade: um dos chãs mais populares na Inglaterra é o Earl grey tea, que mescla o chás pretos do Ceilão e da Índia, cujo nome homenageia o conde Charles Grey. Ele teria recebido de presente tal mistura depois de salvar o filho de um mandarim. O resto, é história - com um pouco de lenda, é verdade!

Doce lembrança

A referência a Portugal quando o assunto é chá me trouxe lembranças da incrível experiência que tive no ano passado, no Palácio Seteais, em Sintra, onde, à altura, a rede Tivoli mantinha um hotel com aquele clima de realeza. Uma das opções gastronômicas por lá era o Chá das Rainhas, é claro, regada a muito chá e tradição. Infelizmente, já não é mais possível curtir tal momento!

O Chá das Rainhas do Tivoli Palácio Seteais homenageia a origem do chá inglês. Foto: Gisele Rech

As rainhas, em questão, são a já citada Catarina de Bragança e e a geniosas Carlota  Joaquina de Bourbon, que desembarcou no Brasil com Dom João VI em 1808 e é homenageada no arco da entrada do Palácio Seteais. O ponto, aliás, virou atração turísticas e dá acesso a uma das vistas mais bonitas de Sintra.

O Tivoli Palácio Seteais é uma viagem aos tempos da realezza. Foto: Gisele Rech

Mas, voltemos ao menu que era deliciosamente servido diariamente às 17h, como manda a regra. No início do outono, quando participei da experiência, a refeição completa foi servida no terraço, com vista para a piscina e ao imenso jardim, marcado pela profusão de árvores da região.

Os doces servidos no Chá das Rainhas parecem obras de arte. Foto: Gisele Rech

A primeira opção - Catarina de Bragança - incluia doze opções de chá, uma seleção de três peças de confeitaria (pastelaria, para os portugueses), pequenos sanduíches, seleção de geleias e manteiga e os tradicionais scones, pãezinhos rápidos super populares no Reino Unido. A outra opção, Carlota Joaquina, incluia uma taçca de champagne, com atenção especial aos doces mais tradicionais de Sintra, como os Travessseiros e as Queijadas.

Nos dias mais quentes, o Chá das Rainhas é servido na área externa do Tivoli Seteais. Foto: Gisele Rech

Durante os dias mais quentes do ano, o chá era degustado na área externa (ou, esplanada, como dizem os portugueses), com vista para a piscina. Quando as temperaturas caiam, a experiência ocorria no restaurante do Tivoli Palácio Seteais, que nos faz voltar ao tempo da realeza, dada a decoração esmerada.

Nos dias mais frios, o Chá das Rainhas é servido no restaurante do Tivoli Palácio Seteais. Foto: Divulgação/ Tivoli Palácio Seteais

Comecei o ano com a confirmação da notícia de que a rede Tivoli deixa de atuar no Palácio Seteais. Ficam, porém, as boas lembranças, em especial desse momento cheio de tradição do Chá das Rainhas.

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Para sugestões de pauta, o e-mail é contato@viagemgastronomica.com.

O chá das cinco é quase uma instituição entre os ingleses. Seja na esfera da realeza, seja  à mesa de gente como a gente, o hábito de tomar o chá preto, geralmente misturado ao leite, é uma das tradições gastronômicas mais marcantes por lá.

O Chá das Cinco, tradição inglesa, tem raízes portuguesas. Foto: Divulgação/Tivoli Palácio Seteais

Mas, você sabia que o costume de beber chá por lá tem raízes portuguesas? O mérito é da princesa Catarina de Bragança, que chegou a Londres em 1662 com ervas na bagagem, com a intenção de manter o hábito que mantinha na sua terra natal. Aqui, aliás, é importante lembrar que, apesar de ser um produto de origem asiática, foram os portugueses que o trouxeram para o Ocidente, nos tempos das grandes navegações.

Catarina de Bragança levou o hábito de tomar chá para a Inglaterra. Foto: Gisele Rech

Em seu livro História, Lendas e Curiosidades da gastronomia, Roberta Malta Saldanha detalha aspectos pitorescos da história.

"Ao chegar à corte, Dona Catarina entregou um pacotinho que trouxera consigo e pediu que preparassem um chá. Perguntaram como se fazia aquilo. "Ferve-se água e deita-se água a ferver em cima das folhas", teria dito. Passado algum tempo, trouxeram-lhe um prato com as folhas molhadas e quentes. A água? Tinha sido jogada fora", conta a autora.

Roberta acrescenta que apesar de Catarina ter popularizado a bebida em terras inglesas, foi Anna (1783-1857), sétima duquesa de Bedford, que introduziu o hábito de beber o chá por volta das cinco da tarde, acompanhado de comidinhas leves (com o tempo, os pãezinhos rápidos chamados scones foram introduzidos). Tudo porque, diziam à boca pequena, que Anna tinha um grande apetite e queria apaziguar a fome entre as refeições.

Já o hábito de acrescentar leite frio ao chá, segundo a autora, tem a ver com o tipo de louça usada para servir a bebida. Ao tentar reproduzir as pequenas xícaras chinesas usadas para consumir o chá, o material não tinha tanta resistência ao calor e se rompiam. Colocar o leite, à época, teria sido a solução que fez surgir o costume, carregado pelos ingleses até hoje.

Outra curiosidade: um dos chãs mais populares na Inglaterra é o Earl grey tea, que mescla o chás pretos do Ceilão e da Índia, cujo nome homenageia o conde Charles Grey. Ele teria recebido de presente tal mistura depois de salvar o filho de um mandarim. O resto, é história - com um pouco de lenda, é verdade!

Doce lembrança

A referência a Portugal quando o assunto é chá me trouxe lembranças da incrível experiência que tive no ano passado, no Palácio Seteais, em Sintra, onde, à altura, a rede Tivoli mantinha um hotel com aquele clima de realeza. Uma das opções gastronômicas por lá era o Chá das Rainhas, é claro, regada a muito chá e tradição. Infelizmente, já não é mais possível curtir tal momento!

O Chá das Rainhas do Tivoli Palácio Seteais homenageia a origem do chá inglês. Foto: Gisele Rech

As rainhas, em questão, são a já citada Catarina de Bragança e e a geniosas Carlota  Joaquina de Bourbon, que desembarcou no Brasil com Dom João VI em 1808 e é homenageada no arco da entrada do Palácio Seteais. O ponto, aliás, virou atração turísticas e dá acesso a uma das vistas mais bonitas de Sintra.

O Tivoli Palácio Seteais é uma viagem aos tempos da realezza. Foto: Gisele Rech

Mas, voltemos ao menu que era deliciosamente servido diariamente às 17h, como manda a regra. No início do outono, quando participei da experiência, a refeição completa foi servida no terraço, com vista para a piscina e ao imenso jardim, marcado pela profusão de árvores da região.

Os doces servidos no Chá das Rainhas parecem obras de arte. Foto: Gisele Rech

A primeira opção - Catarina de Bragança - incluia doze opções de chá, uma seleção de três peças de confeitaria (pastelaria, para os portugueses), pequenos sanduíches, seleção de geleias e manteiga e os tradicionais scones, pãezinhos rápidos super populares no Reino Unido. A outra opção, Carlota Joaquina, incluia uma taçca de champagne, com atenção especial aos doces mais tradicionais de Sintra, como os Travessseiros e as Queijadas.

Nos dias mais quentes, o Chá das Rainhas é servido na área externa do Tivoli Seteais. Foto: Gisele Rech

Durante os dias mais quentes do ano, o chá era degustado na área externa (ou, esplanada, como dizem os portugueses), com vista para a piscina. Quando as temperaturas caiam, a experiência ocorria no restaurante do Tivoli Palácio Seteais, que nos faz voltar ao tempo da realeza, dada a decoração esmerada.

Nos dias mais frios, o Chá das Rainhas é servido no restaurante do Tivoli Palácio Seteais. Foto: Divulgação/ Tivoli Palácio Seteais

Comecei o ano com a confirmação da notícia de que a rede Tivoli deixa de atuar no Palácio Seteais. Ficam, porém, as boas lembranças, em especial desse momento cheio de tradição do Chá das Rainhas.

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Quer acompanhar as minhas viagens gastronômicas pelas redes sociais? Então, é só me seguir no Instagram @giselerech .

Para sugestões de pauta, o e-mail é contato@viagemgastronomica.com.

O chá das cinco é quase uma instituição entre os ingleses. Seja na esfera da realeza, seja  à mesa de gente como a gente, o hábito de tomar o chá preto, geralmente misturado ao leite, é uma das tradições gastronômicas mais marcantes por lá.

O Chá das Cinco, tradição inglesa, tem raízes portuguesas. Foto: Divulgação/Tivoli Palácio Seteais

Mas, você sabia que o costume de beber chá por lá tem raízes portuguesas? O mérito é da princesa Catarina de Bragança, que chegou a Londres em 1662 com ervas na bagagem, com a intenção de manter o hábito que mantinha na sua terra natal. Aqui, aliás, é importante lembrar que, apesar de ser um produto de origem asiática, foram os portugueses que o trouxeram para o Ocidente, nos tempos das grandes navegações.

Catarina de Bragança levou o hábito de tomar chá para a Inglaterra. Foto: Gisele Rech

Em seu livro História, Lendas e Curiosidades da gastronomia, Roberta Malta Saldanha detalha aspectos pitorescos da história.

"Ao chegar à corte, Dona Catarina entregou um pacotinho que trouxera consigo e pediu que preparassem um chá. Perguntaram como se fazia aquilo. "Ferve-se água e deita-se água a ferver em cima das folhas", teria dito. Passado algum tempo, trouxeram-lhe um prato com as folhas molhadas e quentes. A água? Tinha sido jogada fora", conta a autora.

Roberta acrescenta que apesar de Catarina ter popularizado a bebida em terras inglesas, foi Anna (1783-1857), sétima duquesa de Bedford, que introduziu o hábito de beber o chá por volta das cinco da tarde, acompanhado de comidinhas leves (com o tempo, os pãezinhos rápidos chamados scones foram introduzidos). Tudo porque, diziam à boca pequena, que Anna tinha um grande apetite e queria apaziguar a fome entre as refeições.

Já o hábito de acrescentar leite frio ao chá, segundo a autora, tem a ver com o tipo de louça usada para servir a bebida. Ao tentar reproduzir as pequenas xícaras chinesas usadas para consumir o chá, o material não tinha tanta resistência ao calor e se rompiam. Colocar o leite, à época, teria sido a solução que fez surgir o costume, carregado pelos ingleses até hoje.

Outra curiosidade: um dos chãs mais populares na Inglaterra é o Earl grey tea, que mescla o chás pretos do Ceilão e da Índia, cujo nome homenageia o conde Charles Grey. Ele teria recebido de presente tal mistura depois de salvar o filho de um mandarim. O resto, é história - com um pouco de lenda, é verdade!

Doce lembrança

A referência a Portugal quando o assunto é chá me trouxe lembranças da incrível experiência que tive no ano passado, no Palácio Seteais, em Sintra, onde, à altura, a rede Tivoli mantinha um hotel com aquele clima de realeza. Uma das opções gastronômicas por lá era o Chá das Rainhas, é claro, regada a muito chá e tradição. Infelizmente, já não é mais possível curtir tal momento!

O Chá das Rainhas do Tivoli Palácio Seteais homenageia a origem do chá inglês. Foto: Gisele Rech

As rainhas, em questão, são a já citada Catarina de Bragança e e a geniosas Carlota  Joaquina de Bourbon, que desembarcou no Brasil com Dom João VI em 1808 e é homenageada no arco da entrada do Palácio Seteais. O ponto, aliás, virou atração turísticas e dá acesso a uma das vistas mais bonitas de Sintra.

O Tivoli Palácio Seteais é uma viagem aos tempos da realezza. Foto: Gisele Rech

Mas, voltemos ao menu que era deliciosamente servido diariamente às 17h, como manda a regra. No início do outono, quando participei da experiência, a refeição completa foi servida no terraço, com vista para a piscina e ao imenso jardim, marcado pela profusão de árvores da região.

Os doces servidos no Chá das Rainhas parecem obras de arte. Foto: Gisele Rech

A primeira opção - Catarina de Bragança - incluia doze opções de chá, uma seleção de três peças de confeitaria (pastelaria, para os portugueses), pequenos sanduíches, seleção de geleias e manteiga e os tradicionais scones, pãezinhos rápidos super populares no Reino Unido. A outra opção, Carlota Joaquina, incluia uma taçca de champagne, com atenção especial aos doces mais tradicionais de Sintra, como os Travessseiros e as Queijadas.

Nos dias mais quentes, o Chá das Rainhas é servido na área externa do Tivoli Seteais. Foto: Gisele Rech

Durante os dias mais quentes do ano, o chá era degustado na área externa (ou, esplanada, como dizem os portugueses), com vista para a piscina. Quando as temperaturas caiam, a experiência ocorria no restaurante do Tivoli Palácio Seteais, que nos faz voltar ao tempo da realeza, dada a decoração esmerada.

Nos dias mais frios, o Chá das Rainhas é servido no restaurante do Tivoli Palácio Seteais. Foto: Divulgação/ Tivoli Palácio Seteais

Comecei o ano com a confirmação da notícia de que a rede Tivoli deixa de atuar no Palácio Seteais. Ficam, porém, as boas lembranças, em especial desse momento cheio de tradição do Chá das Rainhas.

***

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Opinião por Gisele Rech

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