Os sabores do mundo

Opinião|Dia da Mandioca: é fácil encontrar o ingrediente além-mar?


No Dia da Mandioca, conheça um restaurante em Lisboa onde o ingrediente brasileiro é o protagonista e descubra outros lugares para comer

Por Gisele Rech

A festejada do dia 22 de abril já foi confundida com inhame na carta de Pero Vaz de Caminha, tão logo ele chegou ao Brasil, à época das grandes navegações. É a base da alimentação dos povos originários e recebe vários nomes Brasil. Além de Mandioca, pode ser chamada de Aipim, no Sul e Sudeste, e Macaxeira, no Nordeste. Sim, estamos falando da mandioca! Aliás, como você chama essa estrela da nossa gastronomia?

A mandioca é um símbolo da gastronomia brasileira. Foto: Kavinda F/Pixabay

A versatilidade do ingrediente permite que ele seja consumido cozido, frito ou em forma de purê, por exemplo. Da mandioca, também temos a goma de tapioca, a farinha (que, processada, vira a inigualável farofa), a puba, que tende um belo cuscuz doce. Das folhas, surge a maniçoba, prato típico do Pará.

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E, por falar em mandioca, nunca é demais recomendar a leitura do livro dedicado ao tema por Alex Atala. Mandioca: Manihot utilissima Pohl é um verdadeiro tratado sobre esse símbolo do Brasil. Bem antes, o sociólogo e historiador Luís Câmara Cascudo dedicou um capítulo robusto no eu História da Alimentação no Brasil ao ingrediente.

Aqui entre nós, uma das coisas que mais sinto falta em Portugal é dela. A que chega da África não tem as mesmas características. Bem, ao menos a farinha e a tapioca já se encontra muito facilmente cá, do outro lado do oceano.

Aliás, aqui cabe um parêntese: diferente de outros produtos brasileiros e latino-americanos que conseguem se desenvolver aqui (a batata, por exemplo), a mandioca não se adapta bem à Europa. O chef brasileiro radicado em Paris, Raphael Rego, diz que já houve tentativas, mas a danada não pegou!

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Em outra frente, pra minha sorte - e de todos os amantes desse tesouro tupiniquim, muitos restaurantes com raízes brasileiras importam o ingrediente e fazem a nossa alegria em terras lusas.

Em Lisboa, a chef Laila Soares, nascida em Juiz de Fora, foi mais longe: o Uaipi, que comanda ao lado do marido francês Gregory Bussow, brinca com a interjeição tipicamente mineira e a referência ao aipim no nome do seu restaurante na região de Santos, em Lisboa.

Maionese de mandioca com torradas de polvilho. Foto: Gisele Rech
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Aqui, a ordem é clara: a mandioca, nas mais diversas formas, aparece como uma marca registrada da casa. Foi assim, por exemplo, na substituição da batata-palha pela mandioca-palha para acompanhar o estrogonofe de frango.

No Uaipi, o estrogonofe é servido com mandioca-palha. Foto: Gisele Rech

Em outro carro-chefe da casa, o mineiríssimo pão de queijo, o polvilho proveniente da mandioca faz dobradinha com o incrível queijo São Jorge DOP, da Ilha dos Açores. Aqui, vale um parêntese: você sabia que o modo de produção do premiado queijo da Serra da Canastra, feito a partir de leite de vaca cru, foi introduzido por portugueses, nos idos de 1800 e tal?

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O pão de queijo leva polvilho e queijo da Serra da Estrela. Foto: Gisele Rech

A ideia de apostar na mandioca como referência do Uaipi, a primeira empreitada gastronômica de Lara, tem justamente a ver com a brasilidade do ingrediente. "É algo muito nosso, com muita versatilidade", diz. Por sinal, neste verão, eles inauguram uma popup na Comporta, uma das regiões praianas mais badaladas de Portugal, na costa do Alentejo.

Outro destaque da carta do Uaipi são as tapiocas. No campo das sobremesas, agradáveis surpresas, como o cuscuz feito com a goma da mandioca. A chef também produz granola com tapioca crocante e outros produtinhos que são a cara do Brasil, como catchup de goiaba.

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Laila Soares e Gregory Bussow comandam o Uaipi. Foto: Gisele Rech

Outras opções

Outra chef que mantém a brasileiríssima mandioca no menu é a baiana Carolina Brito, do Acarajé da Carol, com duas unidades em Lisboa. O ingrediente é servido frito, em porções tal como no Brasil, e vai também na preparação de um dos ícones do menu: o bobó de camarão. Já a goma de tapioca é o que dá alma ao bolinho de estudante, pulverizado com açúcar e canela.

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No restaurante Sol Brasil, outra referência da comida brasileira em Lisboa, a mandioca frita, bem típica dos melhores botecos, se faz presente no cardápio e também pode ser servida como acompanhamento em alguns dos cortes de carne ofertados na casa.

Outro derivados

Se a mandioca congelada, que acaba sendo a mais usada nos restaurantes pela facilidade de importação, não é tão fácil de encontrar em qualquer canto de Portugal, os derivados da mandioca são mais fáceis. Farinha de mandioca, farofa pronta e tapioca já estão nas gôndolas até das maiores redes de supermercado, como é o caso da rede alemã Lidl. Nos mercadinhos dedicados a produtos brasileiros e até mesmo em algumas mercearias comandadas por indianos - sim, eu já encontrei por lá- a gente pode tentar a sorte.

***

Quer acompanhar as minhas viagens gastronômicas pelas redes sociais? Então, é só me seguir no Instagram @giselerech .

Para sugestões de pauta, o e-mail é contato@viagemgastronomica.com

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A festejada do dia 22 de abril já foi confundida com inhame na carta de Pero Vaz de Caminha, tão logo ele chegou ao Brasil, à época das grandes navegações. É a base da alimentação dos povos originários e recebe vários nomes Brasil. Além de Mandioca, pode ser chamada de Aipim, no Sul e Sudeste, e Macaxeira, no Nordeste. Sim, estamos falando da mandioca! Aliás, como você chama essa estrela da nossa gastronomia?

A mandioca é um símbolo da gastronomia brasileira. Foto: Kavinda F/Pixabay

A versatilidade do ingrediente permite que ele seja consumido cozido, frito ou em forma de purê, por exemplo. Da mandioca, também temos a goma de tapioca, a farinha (que, processada, vira a inigualável farofa), a puba, que tende um belo cuscuz doce. Das folhas, surge a maniçoba, prato típico do Pará.

E, por falar em mandioca, nunca é demais recomendar a leitura do livro dedicado ao tema por Alex Atala. Mandioca: Manihot utilissima Pohl é um verdadeiro tratado sobre esse símbolo do Brasil. Bem antes, o sociólogo e historiador Luís Câmara Cascudo dedicou um capítulo robusto no eu História da Alimentação no Brasil ao ingrediente.

Aqui entre nós, uma das coisas que mais sinto falta em Portugal é dela. A que chega da África não tem as mesmas características. Bem, ao menos a farinha e a tapioca já se encontra muito facilmente cá, do outro lado do oceano.

Aliás, aqui cabe um parêntese: diferente de outros produtos brasileiros e latino-americanos que conseguem se desenvolver aqui (a batata, por exemplo), a mandioca não se adapta bem à Europa. O chef brasileiro radicado em Paris, Raphael Rego, diz que já houve tentativas, mas a danada não pegou!

Em outra frente, pra minha sorte - e de todos os amantes desse tesouro tupiniquim, muitos restaurantes com raízes brasileiras importam o ingrediente e fazem a nossa alegria em terras lusas.

Em Lisboa, a chef Laila Soares, nascida em Juiz de Fora, foi mais longe: o Uaipi, que comanda ao lado do marido francês Gregory Bussow, brinca com a interjeição tipicamente mineira e a referência ao aipim no nome do seu restaurante na região de Santos, em Lisboa.

Maionese de mandioca com torradas de polvilho. Foto: Gisele Rech

Aqui, a ordem é clara: a mandioca, nas mais diversas formas, aparece como uma marca registrada da casa. Foi assim, por exemplo, na substituição da batata-palha pela mandioca-palha para acompanhar o estrogonofe de frango.

No Uaipi, o estrogonofe é servido com mandioca-palha. Foto: Gisele Rech

Em outro carro-chefe da casa, o mineiríssimo pão de queijo, o polvilho proveniente da mandioca faz dobradinha com o incrível queijo São Jorge DOP, da Ilha dos Açores. Aqui, vale um parêntese: você sabia que o modo de produção do premiado queijo da Serra da Canastra, feito a partir de leite de vaca cru, foi introduzido por portugueses, nos idos de 1800 e tal?

O pão de queijo leva polvilho e queijo da Serra da Estrela. Foto: Gisele Rech

A ideia de apostar na mandioca como referência do Uaipi, a primeira empreitada gastronômica de Lara, tem justamente a ver com a brasilidade do ingrediente. "É algo muito nosso, com muita versatilidade", diz. Por sinal, neste verão, eles inauguram uma popup na Comporta, uma das regiões praianas mais badaladas de Portugal, na costa do Alentejo.

Outro destaque da carta do Uaipi são as tapiocas. No campo das sobremesas, agradáveis surpresas, como o cuscuz feito com a goma da mandioca. A chef também produz granola com tapioca crocante e outros produtinhos que são a cara do Brasil, como catchup de goiaba.

Laila Soares e Gregory Bussow comandam o Uaipi. Foto: Gisele Rech

Outras opções

Outra chef que mantém a brasileiríssima mandioca no menu é a baiana Carolina Brito, do Acarajé da Carol, com duas unidades em Lisboa. O ingrediente é servido frito, em porções tal como no Brasil, e vai também na preparação de um dos ícones do menu: o bobó de camarão. Já a goma de tapioca é o que dá alma ao bolinho de estudante, pulverizado com açúcar e canela.

No restaurante Sol Brasil, outra referência da comida brasileira em Lisboa, a mandioca frita, bem típica dos melhores botecos, se faz presente no cardápio e também pode ser servida como acompanhamento em alguns dos cortes de carne ofertados na casa.

Outro derivados

Se a mandioca congelada, que acaba sendo a mais usada nos restaurantes pela facilidade de importação, não é tão fácil de encontrar em qualquer canto de Portugal, os derivados da mandioca são mais fáceis. Farinha de mandioca, farofa pronta e tapioca já estão nas gôndolas até das maiores redes de supermercado, como é o caso da rede alemã Lidl. Nos mercadinhos dedicados a produtos brasileiros e até mesmo em algumas mercearias comandadas por indianos - sim, eu já encontrei por lá- a gente pode tentar a sorte.

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A mandioca é um símbolo da gastronomia brasileira. Foto: Kavinda F/Pixabay

A versatilidade do ingrediente permite que ele seja consumido cozido, frito ou em forma de purê, por exemplo. Da mandioca, também temos a goma de tapioca, a farinha (que, processada, vira a inigualável farofa), a puba, que tende um belo cuscuz doce. Das folhas, surge a maniçoba, prato típico do Pará.

E, por falar em mandioca, nunca é demais recomendar a leitura do livro dedicado ao tema por Alex Atala. Mandioca: Manihot utilissima Pohl é um verdadeiro tratado sobre esse símbolo do Brasil. Bem antes, o sociólogo e historiador Luís Câmara Cascudo dedicou um capítulo robusto no eu História da Alimentação no Brasil ao ingrediente.

Aqui entre nós, uma das coisas que mais sinto falta em Portugal é dela. A que chega da África não tem as mesmas características. Bem, ao menos a farinha e a tapioca já se encontra muito facilmente cá, do outro lado do oceano.

Aliás, aqui cabe um parêntese: diferente de outros produtos brasileiros e latino-americanos que conseguem se desenvolver aqui (a batata, por exemplo), a mandioca não se adapta bem à Europa. O chef brasileiro radicado em Paris, Raphael Rego, diz que já houve tentativas, mas a danada não pegou!

Em outra frente, pra minha sorte - e de todos os amantes desse tesouro tupiniquim, muitos restaurantes com raízes brasileiras importam o ingrediente e fazem a nossa alegria em terras lusas.

Em Lisboa, a chef Laila Soares, nascida em Juiz de Fora, foi mais longe: o Uaipi, que comanda ao lado do marido francês Gregory Bussow, brinca com a interjeição tipicamente mineira e a referência ao aipim no nome do seu restaurante na região de Santos, em Lisboa.

Maionese de mandioca com torradas de polvilho. Foto: Gisele Rech

Aqui, a ordem é clara: a mandioca, nas mais diversas formas, aparece como uma marca registrada da casa. Foi assim, por exemplo, na substituição da batata-palha pela mandioca-palha para acompanhar o estrogonofe de frango.

No Uaipi, o estrogonofe é servido com mandioca-palha. Foto: Gisele Rech

Em outro carro-chefe da casa, o mineiríssimo pão de queijo, o polvilho proveniente da mandioca faz dobradinha com o incrível queijo São Jorge DOP, da Ilha dos Açores. Aqui, vale um parêntese: você sabia que o modo de produção do premiado queijo da Serra da Canastra, feito a partir de leite de vaca cru, foi introduzido por portugueses, nos idos de 1800 e tal?

O pão de queijo leva polvilho e queijo da Serra da Estrela. Foto: Gisele Rech

A ideia de apostar na mandioca como referência do Uaipi, a primeira empreitada gastronômica de Lara, tem justamente a ver com a brasilidade do ingrediente. "É algo muito nosso, com muita versatilidade", diz. Por sinal, neste verão, eles inauguram uma popup na Comporta, uma das regiões praianas mais badaladas de Portugal, na costa do Alentejo.

Outro destaque da carta do Uaipi são as tapiocas. No campo das sobremesas, agradáveis surpresas, como o cuscuz feito com a goma da mandioca. A chef também produz granola com tapioca crocante e outros produtinhos que são a cara do Brasil, como catchup de goiaba.

Laila Soares e Gregory Bussow comandam o Uaipi. Foto: Gisele Rech

Outras opções

Outra chef que mantém a brasileiríssima mandioca no menu é a baiana Carolina Brito, do Acarajé da Carol, com duas unidades em Lisboa. O ingrediente é servido frito, em porções tal como no Brasil, e vai também na preparação de um dos ícones do menu: o bobó de camarão. Já a goma de tapioca é o que dá alma ao bolinho de estudante, pulverizado com açúcar e canela.

No restaurante Sol Brasil, outra referência da comida brasileira em Lisboa, a mandioca frita, bem típica dos melhores botecos, se faz presente no cardápio e também pode ser servida como acompanhamento em alguns dos cortes de carne ofertados na casa.

Outro derivados

Se a mandioca congelada, que acaba sendo a mais usada nos restaurantes pela facilidade de importação, não é tão fácil de encontrar em qualquer canto de Portugal, os derivados da mandioca são mais fáceis. Farinha de mandioca, farofa pronta e tapioca já estão nas gôndolas até das maiores redes de supermercado, como é o caso da rede alemã Lidl. Nos mercadinhos dedicados a produtos brasileiros e até mesmo em algumas mercearias comandadas por indianos - sim, eu já encontrei por lá- a gente pode tentar a sorte.

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A mandioca é um símbolo da gastronomia brasileira. Foto: Kavinda F/Pixabay

A versatilidade do ingrediente permite que ele seja consumido cozido, frito ou em forma de purê, por exemplo. Da mandioca, também temos a goma de tapioca, a farinha (que, processada, vira a inigualável farofa), a puba, que tende um belo cuscuz doce. Das folhas, surge a maniçoba, prato típico do Pará.

E, por falar em mandioca, nunca é demais recomendar a leitura do livro dedicado ao tema por Alex Atala. Mandioca: Manihot utilissima Pohl é um verdadeiro tratado sobre esse símbolo do Brasil. Bem antes, o sociólogo e historiador Luís Câmara Cascudo dedicou um capítulo robusto no eu História da Alimentação no Brasil ao ingrediente.

Aqui entre nós, uma das coisas que mais sinto falta em Portugal é dela. A que chega da África não tem as mesmas características. Bem, ao menos a farinha e a tapioca já se encontra muito facilmente cá, do outro lado do oceano.

Aliás, aqui cabe um parêntese: diferente de outros produtos brasileiros e latino-americanos que conseguem se desenvolver aqui (a batata, por exemplo), a mandioca não se adapta bem à Europa. O chef brasileiro radicado em Paris, Raphael Rego, diz que já houve tentativas, mas a danada não pegou!

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Em Lisboa, a chef Laila Soares, nascida em Juiz de Fora, foi mais longe: o Uaipi, que comanda ao lado do marido francês Gregory Bussow, brinca com a interjeição tipicamente mineira e a referência ao aipim no nome do seu restaurante na região de Santos, em Lisboa.

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Aqui, a ordem é clara: a mandioca, nas mais diversas formas, aparece como uma marca registrada da casa. Foi assim, por exemplo, na substituição da batata-palha pela mandioca-palha para acompanhar o estrogonofe de frango.

No Uaipi, o estrogonofe é servido com mandioca-palha. Foto: Gisele Rech

Em outro carro-chefe da casa, o mineiríssimo pão de queijo, o polvilho proveniente da mandioca faz dobradinha com o incrível queijo São Jorge DOP, da Ilha dos Açores. Aqui, vale um parêntese: você sabia que o modo de produção do premiado queijo da Serra da Canastra, feito a partir de leite de vaca cru, foi introduzido por portugueses, nos idos de 1800 e tal?

O pão de queijo leva polvilho e queijo da Serra da Estrela. Foto: Gisele Rech

A ideia de apostar na mandioca como referência do Uaipi, a primeira empreitada gastronômica de Lara, tem justamente a ver com a brasilidade do ingrediente. "É algo muito nosso, com muita versatilidade", diz. Por sinal, neste verão, eles inauguram uma popup na Comporta, uma das regiões praianas mais badaladas de Portugal, na costa do Alentejo.

Outro destaque da carta do Uaipi são as tapiocas. No campo das sobremesas, agradáveis surpresas, como o cuscuz feito com a goma da mandioca. A chef também produz granola com tapioca crocante e outros produtinhos que são a cara do Brasil, como catchup de goiaba.

Laila Soares e Gregory Bussow comandam o Uaipi. Foto: Gisele Rech

Outras opções

Outra chef que mantém a brasileiríssima mandioca no menu é a baiana Carolina Brito, do Acarajé da Carol, com duas unidades em Lisboa. O ingrediente é servido frito, em porções tal como no Brasil, e vai também na preparação de um dos ícones do menu: o bobó de camarão. Já a goma de tapioca é o que dá alma ao bolinho de estudante, pulverizado com açúcar e canela.

No restaurante Sol Brasil, outra referência da comida brasileira em Lisboa, a mandioca frita, bem típica dos melhores botecos, se faz presente no cardápio e também pode ser servida como acompanhamento em alguns dos cortes de carne ofertados na casa.

Outro derivados

Se a mandioca congelada, que acaba sendo a mais usada nos restaurantes pela facilidade de importação, não é tão fácil de encontrar em qualquer canto de Portugal, os derivados da mandioca são mais fáceis. Farinha de mandioca, farofa pronta e tapioca já estão nas gôndolas até das maiores redes de supermercado, como é o caso da rede alemã Lidl. Nos mercadinhos dedicados a produtos brasileiros e até mesmo em algumas mercearias comandadas por indianos - sim, eu já encontrei por lá- a gente pode tentar a sorte.

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