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Empreendedor quebra 3 vezes e hoje fatura R$ 30 milhões ensinando a vender mais na internet


Rodrigo Garcia, da Petina Soluções Digitais, mostra como entrar e dar certo numa profissão em alta: o gestor de marketplace, cujo salário pode chegar a R$ 20 mil mensais

Por Flamínio Fantini

Por três vezes, ao longo de 13 anos desafiadores, o empreendedor paulistano Rodrigo Garcia tentou se estabelecer com um negócio próprio em ramos variados como cosméticos, confecções e equipamentos para academias, mas acabou fechando as firmas, pressionado em particular por sucessivas dificuldades financeiras.

No esforço para saldar as dívidas e se desvencilhar do estoque que restou com a última experiência malsucedida, ele vislumbrou um nicho inexplorado de atuação: a gestão de marketplaces (shopping centers na internet).

Surgiu, assim, a Petina Soluções Digitais, que faz a ponte entre dois polos fundamentais do e-commerce. De um lado, estão empresas que querem começar ou ampliar suas vendas on-line. De outro, figuram os marketplaces, como Mercado Livre, Amazon e Magalu.

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No portfólio de clientes já atendidos, estão marcas conhecidas como Nike, Guess, Lupo, Puket, Chilli Beans, Melissa, Reserva, Usaflex, M.Officer, Trek Bikes e Universal Music, ao lado de pequenas e médias empresas (PME) que puderam iniciar ou ampliar suas vendas via marketplaces. No total, somam-se mais de 600 clientes ativos.

Fundada em 2015, a Petina faturou R$ 30 milhões em 2023 e conta com 106 funcionários. Para 2024, a expectativa gira em torno de R$ 45 milhões de faturamento, um salto de 50%, portanto.

Rodrigo Garcia, da Petina Soluções Digitais: caminhos para ter sucesso nos marketplaces. Foto: Petina/Divulgação
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“O que fazemos é digitalizar a indústria e os importadores”, explica Garcia. No caso das empresas que só vendem para lojas, a Petina monta toda a estrutura digital necessária para chegar ao consumidor final, por meio dos marketplaces.

Em paralelo, a rápida e lucrativa expansão desse ecossistema favoreceu o surgimento de novas carreiras profissionais no universo dos negócios digitalizados, como o gestor de marketplace (ver mais abaixo).

Aprendizado com os erros

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Em 2000, quando tinha 22 anos, Rodrigo Garcia trabalhava com o pai numa fábrica de cosméticos da família, em Guarulhos, município da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Resolveu se aventurar na vida empresarial e montou a Attractive, em Caieiras, também localizado na vizinhança da capital, no segmento de beleza, com ênfase em produtos para cabelo e boa aceitação no Nordeste do país.

Os problemas financeiros sufocaram a Attractive, numa era em que os cheques dominavam os meios de pagamento, em particular os pré-datados para vendas a prazo. Hoje, as compras se tornaram digitais em grande parte, quitadas em cartão de crédito ou débito, além de boleto.

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“Naquela época, a gente dependia muito de banco, vendia muito a prazo. Tive dificuldade para fazer o dinheiro girar, descontar duplicatas, obter crédito em banco. Isso acabou impactando no caixa e conduziu à falência”, conta Garcia, hoje com 44 anos de idade.

A Attractive saiu de cena definitivamente em 2005. Dois anos depois, veio a segunda iniciativa empresarial: a Minha Pele, em sociedade com amigos. Tratava-se de uma confecção que vendia para sacoleiras, em particular na região do Brás, tradicional ponto de varejo popular na capital paulista.

As sacoleiras vinham do interior e de outros estados. Compravam artigos de moda íntima e lingerie, como calcinhas e sutiãs, para revenda em suas cidades de origem. Entretanto, o retorno desse comércio se mostrou incerto, e a Minha Pele logo se viu às voltas com fluxo de caixa negativo.

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“Rodamos crédito demais e, com a inadimplência [dos clientes], tivemos que encerrar”, recorda-se Garcia, que colocou um ponto final na empresa em 2008, com menos de dois anos de funcionamento. O terceiro empreendimento emergiu com a Bike and Fitness em 2009, uma importadora e revendedora de equipamentos para academias, trazidos da China, com sede em Caieiras.

A aposta era aproveitar a grande tendência da valorização dos hábitos saudáveis entre a população. A operação exigia capital considerável para a importação, trazer as mercadorias em contêineres e saldar todos os impostos.

No cenário de longo prazo, avaliou-se que a Bike and Fitness não se sustentaria e marchava rumo à falência. Na importação, pagava-se o fornecedor à vista, mas as vendas locais se davam com prazos de 60, 90 e 120 dias. Não havia fluxo financeiro para garantir a continuidade.

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Com o fim da Bike and Fitness, Garcia percebeu que uma outra atividade dele poderia ajudar a resolver o legado de dívidas com os fornecedores e de equipamentos encalhados em estoque. Era um site por meio do qual comercializava produtos de esporte e saúde.

Os marketplaces estavam começando a decolar no Brasil, um ambiente ainda pouco explorado. Garcia havia acumulado boa experiência com o varejo em canais como as antigas B2W (Americanas, Submarino e Shoptime) e CNova (Extra, Ponto Frio e Casa Bahia), além do Mercado Livre.

O insight para lançar a Petina brotou quando ele observou que a economia brasileira ainda não estava preparada para o vibrante cenário de marketplaces, nem havia profissionais qualificados para isso. Essa descoberta mudou o rumo da jornada empresarial e fez o jogo virar a seu favor.

Entre os clientes, há companhias que, mesmo sendo de grande porte, tropeçam em dificuldades para conseguir a estruturação exigida pelo e-commerce. “Entramos, então, para dar o treinamento para essas grandes indústrias e grandes marcas para vender on-line”, diz Garcia.

No final das contas, os insucessos do passado acabaram deixando um legado positivo de aprendizagem, diz o empresário.

“Ter quebrado três vezes anteriormente não atrapalha em nada a Petina hoje, a começar pelo fato de não ter ficado dívida, mesmo que tenha demorado a pagar, parcelado, mas os credores receberam”, ele avalia. “Eu só consegui chegar nesse modelo atual por conta das experiências que eu tive e pela bagagem que foi adquirida.”

“Sou um empreendedor que, mesmo com todos os problemas que tive, continuo firme e, hoje, com uma empresa que é sustentável”, diz. “A superação dos negócios que não deram certo mostra determinação, objetivo, propósito e sonho.”

Gestor de marketplace ganha até R$ 20 mil; saiba como se preparar

Uma carreira profissional que está entrando no radar dos jovens que chegam hoje ao mercado de trabalho é a de gestor de marketplace. Com base na entrevista realizada com Rodrigo Garcia, formado em administração, preparamos um roteiro básico para mostrar as perspectivas oferecidas e o que é necessário para se dar bem na atividade.

1. Carreira e salários – Uma pessoa pode começar na função de analista de marketplace, que é a base da categoria, e crescer até chegar ao topo, como gestor de marketplace. Vai depender do envolvimento: se for dedicado e querendo crescer, chega rápido. Um analista ganha hoje entre R$ 4 mil e R$ 5 mil. O gestor de marketplace começa com R$ 15 mil e com bonificação por cumprimento de metas pode chegar a R$ 20 mil.

2. Formação – Não é necessário curso superior, uma vez que os conhecimentos mais relevantes são obtidos em cursos técnicos específicos. São exemplos a ComSchool, do Magalu, e a Partners, do Mercado Livre.

3. Competências – As plataformas de marketplace disponibilizam uma vasta quantidade de números e estatísticas, que devem ser organizados e interpretados pelo profissional. Para isso, ele precisa de capacidade analítica, especialmente em dados. O interesse pela área de negócios e gestão de empresas também é bem-vindo.

4. Habilidades – A atividade requer domínio aprofundado de criação de planilhas complexas e geração de painéis digitais (dashboards), em programas como Excel ou Power BI, para monitoramento contínuo de indicadores os mais variados. São ferramentas fundamentais para a inteligência de negócios (business intelligence).

5. Ferramentas – A venda pelos marketplaces demanda o uso de soluções de gestão empresarial, conhecidas como ERP, sigla em inglês de Enterprise Resource Planning, que promovem a integração dos diferentes processos dentro da empresa. São exemplos o Bling e a Tiny, para empresas de pequeno e médio porte sobretudo.

6. Tecnologias digitais – Parte importante da rotina consiste em interagir com as plataformas dos marketplaces para cadastramento de produtos, acompanhamento de fluxo das mercadorias e análise do desempenho, entre outras funções. Não é necessário ser desenvolvedor, mas conhecimentos básicos de programação podem ser produtivos. Ser especialista em marketing digital também não é fundamental, mas traz vantagem saber transitar na área.

7. Atenção ao mercado – Um dos requisitos para uma boa atuação é acompanhar de perto as tendências do mercado de e-commerce e de consumo. Há relatórios e fontes específicos para o setor, como o Webshoppers, da NielsenIQ, entre outros publicados regularmente.

8. Onde buscar vagas – No LinkedIn. Trata-se de um tipo bem específico de oportunidade, mais difícil de encontrar correspondência em classificados de emprego como a Catho.

Por três vezes, ao longo de 13 anos desafiadores, o empreendedor paulistano Rodrigo Garcia tentou se estabelecer com um negócio próprio em ramos variados como cosméticos, confecções e equipamentos para academias, mas acabou fechando as firmas, pressionado em particular por sucessivas dificuldades financeiras.

No esforço para saldar as dívidas e se desvencilhar do estoque que restou com a última experiência malsucedida, ele vislumbrou um nicho inexplorado de atuação: a gestão de marketplaces (shopping centers na internet).

Surgiu, assim, a Petina Soluções Digitais, que faz a ponte entre dois polos fundamentais do e-commerce. De um lado, estão empresas que querem começar ou ampliar suas vendas on-line. De outro, figuram os marketplaces, como Mercado Livre, Amazon e Magalu.

No portfólio de clientes já atendidos, estão marcas conhecidas como Nike, Guess, Lupo, Puket, Chilli Beans, Melissa, Reserva, Usaflex, M.Officer, Trek Bikes e Universal Music, ao lado de pequenas e médias empresas (PME) que puderam iniciar ou ampliar suas vendas via marketplaces. No total, somam-se mais de 600 clientes ativos.

Fundada em 2015, a Petina faturou R$ 30 milhões em 2023 e conta com 106 funcionários. Para 2024, a expectativa gira em torno de R$ 45 milhões de faturamento, um salto de 50%, portanto.

Rodrigo Garcia, da Petina Soluções Digitais: caminhos para ter sucesso nos marketplaces. Foto: Petina/Divulgação

“O que fazemos é digitalizar a indústria e os importadores”, explica Garcia. No caso das empresas que só vendem para lojas, a Petina monta toda a estrutura digital necessária para chegar ao consumidor final, por meio dos marketplaces.

Em paralelo, a rápida e lucrativa expansão desse ecossistema favoreceu o surgimento de novas carreiras profissionais no universo dos negócios digitalizados, como o gestor de marketplace (ver mais abaixo).

Aprendizado com os erros

Em 2000, quando tinha 22 anos, Rodrigo Garcia trabalhava com o pai numa fábrica de cosméticos da família, em Guarulhos, município da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Resolveu se aventurar na vida empresarial e montou a Attractive, em Caieiras, também localizado na vizinhança da capital, no segmento de beleza, com ênfase em produtos para cabelo e boa aceitação no Nordeste do país.

Os problemas financeiros sufocaram a Attractive, numa era em que os cheques dominavam os meios de pagamento, em particular os pré-datados para vendas a prazo. Hoje, as compras se tornaram digitais em grande parte, quitadas em cartão de crédito ou débito, além de boleto.

“Naquela época, a gente dependia muito de banco, vendia muito a prazo. Tive dificuldade para fazer o dinheiro girar, descontar duplicatas, obter crédito em banco. Isso acabou impactando no caixa e conduziu à falência”, conta Garcia, hoje com 44 anos de idade.

A Attractive saiu de cena definitivamente em 2005. Dois anos depois, veio a segunda iniciativa empresarial: a Minha Pele, em sociedade com amigos. Tratava-se de uma confecção que vendia para sacoleiras, em particular na região do Brás, tradicional ponto de varejo popular na capital paulista.

As sacoleiras vinham do interior e de outros estados. Compravam artigos de moda íntima e lingerie, como calcinhas e sutiãs, para revenda em suas cidades de origem. Entretanto, o retorno desse comércio se mostrou incerto, e a Minha Pele logo se viu às voltas com fluxo de caixa negativo.

“Rodamos crédito demais e, com a inadimplência [dos clientes], tivemos que encerrar”, recorda-se Garcia, que colocou um ponto final na empresa em 2008, com menos de dois anos de funcionamento. O terceiro empreendimento emergiu com a Bike and Fitness em 2009, uma importadora e revendedora de equipamentos para academias, trazidos da China, com sede em Caieiras.

A aposta era aproveitar a grande tendência da valorização dos hábitos saudáveis entre a população. A operação exigia capital considerável para a importação, trazer as mercadorias em contêineres e saldar todos os impostos.

No cenário de longo prazo, avaliou-se que a Bike and Fitness não se sustentaria e marchava rumo à falência. Na importação, pagava-se o fornecedor à vista, mas as vendas locais se davam com prazos de 60, 90 e 120 dias. Não havia fluxo financeiro para garantir a continuidade.

Com o fim da Bike and Fitness, Garcia percebeu que uma outra atividade dele poderia ajudar a resolver o legado de dívidas com os fornecedores e de equipamentos encalhados em estoque. Era um site por meio do qual comercializava produtos de esporte e saúde.

Os marketplaces estavam começando a decolar no Brasil, um ambiente ainda pouco explorado. Garcia havia acumulado boa experiência com o varejo em canais como as antigas B2W (Americanas, Submarino e Shoptime) e CNova (Extra, Ponto Frio e Casa Bahia), além do Mercado Livre.

O insight para lançar a Petina brotou quando ele observou que a economia brasileira ainda não estava preparada para o vibrante cenário de marketplaces, nem havia profissionais qualificados para isso. Essa descoberta mudou o rumo da jornada empresarial e fez o jogo virar a seu favor.

Entre os clientes, há companhias que, mesmo sendo de grande porte, tropeçam em dificuldades para conseguir a estruturação exigida pelo e-commerce. “Entramos, então, para dar o treinamento para essas grandes indústrias e grandes marcas para vender on-line”, diz Garcia.

No final das contas, os insucessos do passado acabaram deixando um legado positivo de aprendizagem, diz o empresário.

“Ter quebrado três vezes anteriormente não atrapalha em nada a Petina hoje, a começar pelo fato de não ter ficado dívida, mesmo que tenha demorado a pagar, parcelado, mas os credores receberam”, ele avalia. “Eu só consegui chegar nesse modelo atual por conta das experiências que eu tive e pela bagagem que foi adquirida.”

“Sou um empreendedor que, mesmo com todos os problemas que tive, continuo firme e, hoje, com uma empresa que é sustentável”, diz. “A superação dos negócios que não deram certo mostra determinação, objetivo, propósito e sonho.”

Gestor de marketplace ganha até R$ 20 mil; saiba como se preparar

Uma carreira profissional que está entrando no radar dos jovens que chegam hoje ao mercado de trabalho é a de gestor de marketplace. Com base na entrevista realizada com Rodrigo Garcia, formado em administração, preparamos um roteiro básico para mostrar as perspectivas oferecidas e o que é necessário para se dar bem na atividade.

1. Carreira e salários – Uma pessoa pode começar na função de analista de marketplace, que é a base da categoria, e crescer até chegar ao topo, como gestor de marketplace. Vai depender do envolvimento: se for dedicado e querendo crescer, chega rápido. Um analista ganha hoje entre R$ 4 mil e R$ 5 mil. O gestor de marketplace começa com R$ 15 mil e com bonificação por cumprimento de metas pode chegar a R$ 20 mil.

2. Formação – Não é necessário curso superior, uma vez que os conhecimentos mais relevantes são obtidos em cursos técnicos específicos. São exemplos a ComSchool, do Magalu, e a Partners, do Mercado Livre.

3. Competências – As plataformas de marketplace disponibilizam uma vasta quantidade de números e estatísticas, que devem ser organizados e interpretados pelo profissional. Para isso, ele precisa de capacidade analítica, especialmente em dados. O interesse pela área de negócios e gestão de empresas também é bem-vindo.

4. Habilidades – A atividade requer domínio aprofundado de criação de planilhas complexas e geração de painéis digitais (dashboards), em programas como Excel ou Power BI, para monitoramento contínuo de indicadores os mais variados. São ferramentas fundamentais para a inteligência de negócios (business intelligence).

5. Ferramentas – A venda pelos marketplaces demanda o uso de soluções de gestão empresarial, conhecidas como ERP, sigla em inglês de Enterprise Resource Planning, que promovem a integração dos diferentes processos dentro da empresa. São exemplos o Bling e a Tiny, para empresas de pequeno e médio porte sobretudo.

6. Tecnologias digitais – Parte importante da rotina consiste em interagir com as plataformas dos marketplaces para cadastramento de produtos, acompanhamento de fluxo das mercadorias e análise do desempenho, entre outras funções. Não é necessário ser desenvolvedor, mas conhecimentos básicos de programação podem ser produtivos. Ser especialista em marketing digital também não é fundamental, mas traz vantagem saber transitar na área.

7. Atenção ao mercado – Um dos requisitos para uma boa atuação é acompanhar de perto as tendências do mercado de e-commerce e de consumo. Há relatórios e fontes específicos para o setor, como o Webshoppers, da NielsenIQ, entre outros publicados regularmente.

8. Onde buscar vagas – No LinkedIn. Trata-se de um tipo bem específico de oportunidade, mais difícil de encontrar correspondência em classificados de emprego como a Catho.

Por três vezes, ao longo de 13 anos desafiadores, o empreendedor paulistano Rodrigo Garcia tentou se estabelecer com um negócio próprio em ramos variados como cosméticos, confecções e equipamentos para academias, mas acabou fechando as firmas, pressionado em particular por sucessivas dificuldades financeiras.

No esforço para saldar as dívidas e se desvencilhar do estoque que restou com a última experiência malsucedida, ele vislumbrou um nicho inexplorado de atuação: a gestão de marketplaces (shopping centers na internet).

Surgiu, assim, a Petina Soluções Digitais, que faz a ponte entre dois polos fundamentais do e-commerce. De um lado, estão empresas que querem começar ou ampliar suas vendas on-line. De outro, figuram os marketplaces, como Mercado Livre, Amazon e Magalu.

No portfólio de clientes já atendidos, estão marcas conhecidas como Nike, Guess, Lupo, Puket, Chilli Beans, Melissa, Reserva, Usaflex, M.Officer, Trek Bikes e Universal Music, ao lado de pequenas e médias empresas (PME) que puderam iniciar ou ampliar suas vendas via marketplaces. No total, somam-se mais de 600 clientes ativos.

Fundada em 2015, a Petina faturou R$ 30 milhões em 2023 e conta com 106 funcionários. Para 2024, a expectativa gira em torno de R$ 45 milhões de faturamento, um salto de 50%, portanto.

Rodrigo Garcia, da Petina Soluções Digitais: caminhos para ter sucesso nos marketplaces. Foto: Petina/Divulgação

“O que fazemos é digitalizar a indústria e os importadores”, explica Garcia. No caso das empresas que só vendem para lojas, a Petina monta toda a estrutura digital necessária para chegar ao consumidor final, por meio dos marketplaces.

Em paralelo, a rápida e lucrativa expansão desse ecossistema favoreceu o surgimento de novas carreiras profissionais no universo dos negócios digitalizados, como o gestor de marketplace (ver mais abaixo).

Aprendizado com os erros

Em 2000, quando tinha 22 anos, Rodrigo Garcia trabalhava com o pai numa fábrica de cosméticos da família, em Guarulhos, município da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Resolveu se aventurar na vida empresarial e montou a Attractive, em Caieiras, também localizado na vizinhança da capital, no segmento de beleza, com ênfase em produtos para cabelo e boa aceitação no Nordeste do país.

Os problemas financeiros sufocaram a Attractive, numa era em que os cheques dominavam os meios de pagamento, em particular os pré-datados para vendas a prazo. Hoje, as compras se tornaram digitais em grande parte, quitadas em cartão de crédito ou débito, além de boleto.

“Naquela época, a gente dependia muito de banco, vendia muito a prazo. Tive dificuldade para fazer o dinheiro girar, descontar duplicatas, obter crédito em banco. Isso acabou impactando no caixa e conduziu à falência”, conta Garcia, hoje com 44 anos de idade.

A Attractive saiu de cena definitivamente em 2005. Dois anos depois, veio a segunda iniciativa empresarial: a Minha Pele, em sociedade com amigos. Tratava-se de uma confecção que vendia para sacoleiras, em particular na região do Brás, tradicional ponto de varejo popular na capital paulista.

As sacoleiras vinham do interior e de outros estados. Compravam artigos de moda íntima e lingerie, como calcinhas e sutiãs, para revenda em suas cidades de origem. Entretanto, o retorno desse comércio se mostrou incerto, e a Minha Pele logo se viu às voltas com fluxo de caixa negativo.

“Rodamos crédito demais e, com a inadimplência [dos clientes], tivemos que encerrar”, recorda-se Garcia, que colocou um ponto final na empresa em 2008, com menos de dois anos de funcionamento. O terceiro empreendimento emergiu com a Bike and Fitness em 2009, uma importadora e revendedora de equipamentos para academias, trazidos da China, com sede em Caieiras.

A aposta era aproveitar a grande tendência da valorização dos hábitos saudáveis entre a população. A operação exigia capital considerável para a importação, trazer as mercadorias em contêineres e saldar todos os impostos.

No cenário de longo prazo, avaliou-se que a Bike and Fitness não se sustentaria e marchava rumo à falência. Na importação, pagava-se o fornecedor à vista, mas as vendas locais se davam com prazos de 60, 90 e 120 dias. Não havia fluxo financeiro para garantir a continuidade.

Com o fim da Bike and Fitness, Garcia percebeu que uma outra atividade dele poderia ajudar a resolver o legado de dívidas com os fornecedores e de equipamentos encalhados em estoque. Era um site por meio do qual comercializava produtos de esporte e saúde.

Os marketplaces estavam começando a decolar no Brasil, um ambiente ainda pouco explorado. Garcia havia acumulado boa experiência com o varejo em canais como as antigas B2W (Americanas, Submarino e Shoptime) e CNova (Extra, Ponto Frio e Casa Bahia), além do Mercado Livre.

O insight para lançar a Petina brotou quando ele observou que a economia brasileira ainda não estava preparada para o vibrante cenário de marketplaces, nem havia profissionais qualificados para isso. Essa descoberta mudou o rumo da jornada empresarial e fez o jogo virar a seu favor.

Entre os clientes, há companhias que, mesmo sendo de grande porte, tropeçam em dificuldades para conseguir a estruturação exigida pelo e-commerce. “Entramos, então, para dar o treinamento para essas grandes indústrias e grandes marcas para vender on-line”, diz Garcia.

No final das contas, os insucessos do passado acabaram deixando um legado positivo de aprendizagem, diz o empresário.

“Ter quebrado três vezes anteriormente não atrapalha em nada a Petina hoje, a começar pelo fato de não ter ficado dívida, mesmo que tenha demorado a pagar, parcelado, mas os credores receberam”, ele avalia. “Eu só consegui chegar nesse modelo atual por conta das experiências que eu tive e pela bagagem que foi adquirida.”

“Sou um empreendedor que, mesmo com todos os problemas que tive, continuo firme e, hoje, com uma empresa que é sustentável”, diz. “A superação dos negócios que não deram certo mostra determinação, objetivo, propósito e sonho.”

Gestor de marketplace ganha até R$ 20 mil; saiba como se preparar

Uma carreira profissional que está entrando no radar dos jovens que chegam hoje ao mercado de trabalho é a de gestor de marketplace. Com base na entrevista realizada com Rodrigo Garcia, formado em administração, preparamos um roteiro básico para mostrar as perspectivas oferecidas e o que é necessário para se dar bem na atividade.

1. Carreira e salários – Uma pessoa pode começar na função de analista de marketplace, que é a base da categoria, e crescer até chegar ao topo, como gestor de marketplace. Vai depender do envolvimento: se for dedicado e querendo crescer, chega rápido. Um analista ganha hoje entre R$ 4 mil e R$ 5 mil. O gestor de marketplace começa com R$ 15 mil e com bonificação por cumprimento de metas pode chegar a R$ 20 mil.

2. Formação – Não é necessário curso superior, uma vez que os conhecimentos mais relevantes são obtidos em cursos técnicos específicos. São exemplos a ComSchool, do Magalu, e a Partners, do Mercado Livre.

3. Competências – As plataformas de marketplace disponibilizam uma vasta quantidade de números e estatísticas, que devem ser organizados e interpretados pelo profissional. Para isso, ele precisa de capacidade analítica, especialmente em dados. O interesse pela área de negócios e gestão de empresas também é bem-vindo.

4. Habilidades – A atividade requer domínio aprofundado de criação de planilhas complexas e geração de painéis digitais (dashboards), em programas como Excel ou Power BI, para monitoramento contínuo de indicadores os mais variados. São ferramentas fundamentais para a inteligência de negócios (business intelligence).

5. Ferramentas – A venda pelos marketplaces demanda o uso de soluções de gestão empresarial, conhecidas como ERP, sigla em inglês de Enterprise Resource Planning, que promovem a integração dos diferentes processos dentro da empresa. São exemplos o Bling e a Tiny, para empresas de pequeno e médio porte sobretudo.

6. Tecnologias digitais – Parte importante da rotina consiste em interagir com as plataformas dos marketplaces para cadastramento de produtos, acompanhamento de fluxo das mercadorias e análise do desempenho, entre outras funções. Não é necessário ser desenvolvedor, mas conhecimentos básicos de programação podem ser produtivos. Ser especialista em marketing digital também não é fundamental, mas traz vantagem saber transitar na área.

7. Atenção ao mercado – Um dos requisitos para uma boa atuação é acompanhar de perto as tendências do mercado de e-commerce e de consumo. Há relatórios e fontes específicos para o setor, como o Webshoppers, da NielsenIQ, entre outros publicados regularmente.

8. Onde buscar vagas – No LinkedIn. Trata-se de um tipo bem específico de oportunidade, mais difícil de encontrar correspondência em classificados de emprego como a Catho.

Por três vezes, ao longo de 13 anos desafiadores, o empreendedor paulistano Rodrigo Garcia tentou se estabelecer com um negócio próprio em ramos variados como cosméticos, confecções e equipamentos para academias, mas acabou fechando as firmas, pressionado em particular por sucessivas dificuldades financeiras.

No esforço para saldar as dívidas e se desvencilhar do estoque que restou com a última experiência malsucedida, ele vislumbrou um nicho inexplorado de atuação: a gestão de marketplaces (shopping centers na internet).

Surgiu, assim, a Petina Soluções Digitais, que faz a ponte entre dois polos fundamentais do e-commerce. De um lado, estão empresas que querem começar ou ampliar suas vendas on-line. De outro, figuram os marketplaces, como Mercado Livre, Amazon e Magalu.

No portfólio de clientes já atendidos, estão marcas conhecidas como Nike, Guess, Lupo, Puket, Chilli Beans, Melissa, Reserva, Usaflex, M.Officer, Trek Bikes e Universal Music, ao lado de pequenas e médias empresas (PME) que puderam iniciar ou ampliar suas vendas via marketplaces. No total, somam-se mais de 600 clientes ativos.

Fundada em 2015, a Petina faturou R$ 30 milhões em 2023 e conta com 106 funcionários. Para 2024, a expectativa gira em torno de R$ 45 milhões de faturamento, um salto de 50%, portanto.

Rodrigo Garcia, da Petina Soluções Digitais: caminhos para ter sucesso nos marketplaces. Foto: Petina/Divulgação

“O que fazemos é digitalizar a indústria e os importadores”, explica Garcia. No caso das empresas que só vendem para lojas, a Petina monta toda a estrutura digital necessária para chegar ao consumidor final, por meio dos marketplaces.

Em paralelo, a rápida e lucrativa expansão desse ecossistema favoreceu o surgimento de novas carreiras profissionais no universo dos negócios digitalizados, como o gestor de marketplace (ver mais abaixo).

Aprendizado com os erros

Em 2000, quando tinha 22 anos, Rodrigo Garcia trabalhava com o pai numa fábrica de cosméticos da família, em Guarulhos, município da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP).

Resolveu se aventurar na vida empresarial e montou a Attractive, em Caieiras, também localizado na vizinhança da capital, no segmento de beleza, com ênfase em produtos para cabelo e boa aceitação no Nordeste do país.

Os problemas financeiros sufocaram a Attractive, numa era em que os cheques dominavam os meios de pagamento, em particular os pré-datados para vendas a prazo. Hoje, as compras se tornaram digitais em grande parte, quitadas em cartão de crédito ou débito, além de boleto.

“Naquela época, a gente dependia muito de banco, vendia muito a prazo. Tive dificuldade para fazer o dinheiro girar, descontar duplicatas, obter crédito em banco. Isso acabou impactando no caixa e conduziu à falência”, conta Garcia, hoje com 44 anos de idade.

A Attractive saiu de cena definitivamente em 2005. Dois anos depois, veio a segunda iniciativa empresarial: a Minha Pele, em sociedade com amigos. Tratava-se de uma confecção que vendia para sacoleiras, em particular na região do Brás, tradicional ponto de varejo popular na capital paulista.

As sacoleiras vinham do interior e de outros estados. Compravam artigos de moda íntima e lingerie, como calcinhas e sutiãs, para revenda em suas cidades de origem. Entretanto, o retorno desse comércio se mostrou incerto, e a Minha Pele logo se viu às voltas com fluxo de caixa negativo.

“Rodamos crédito demais e, com a inadimplência [dos clientes], tivemos que encerrar”, recorda-se Garcia, que colocou um ponto final na empresa em 2008, com menos de dois anos de funcionamento. O terceiro empreendimento emergiu com a Bike and Fitness em 2009, uma importadora e revendedora de equipamentos para academias, trazidos da China, com sede em Caieiras.

A aposta era aproveitar a grande tendência da valorização dos hábitos saudáveis entre a população. A operação exigia capital considerável para a importação, trazer as mercadorias em contêineres e saldar todos os impostos.

No cenário de longo prazo, avaliou-se que a Bike and Fitness não se sustentaria e marchava rumo à falência. Na importação, pagava-se o fornecedor à vista, mas as vendas locais se davam com prazos de 60, 90 e 120 dias. Não havia fluxo financeiro para garantir a continuidade.

Com o fim da Bike and Fitness, Garcia percebeu que uma outra atividade dele poderia ajudar a resolver o legado de dívidas com os fornecedores e de equipamentos encalhados em estoque. Era um site por meio do qual comercializava produtos de esporte e saúde.

Os marketplaces estavam começando a decolar no Brasil, um ambiente ainda pouco explorado. Garcia havia acumulado boa experiência com o varejo em canais como as antigas B2W (Americanas, Submarino e Shoptime) e CNova (Extra, Ponto Frio e Casa Bahia), além do Mercado Livre.

O insight para lançar a Petina brotou quando ele observou que a economia brasileira ainda não estava preparada para o vibrante cenário de marketplaces, nem havia profissionais qualificados para isso. Essa descoberta mudou o rumo da jornada empresarial e fez o jogo virar a seu favor.

Entre os clientes, há companhias que, mesmo sendo de grande porte, tropeçam em dificuldades para conseguir a estruturação exigida pelo e-commerce. “Entramos, então, para dar o treinamento para essas grandes indústrias e grandes marcas para vender on-line”, diz Garcia.

No final das contas, os insucessos do passado acabaram deixando um legado positivo de aprendizagem, diz o empresário.

“Ter quebrado três vezes anteriormente não atrapalha em nada a Petina hoje, a começar pelo fato de não ter ficado dívida, mesmo que tenha demorado a pagar, parcelado, mas os credores receberam”, ele avalia. “Eu só consegui chegar nesse modelo atual por conta das experiências que eu tive e pela bagagem que foi adquirida.”

“Sou um empreendedor que, mesmo com todos os problemas que tive, continuo firme e, hoje, com uma empresa que é sustentável”, diz. “A superação dos negócios que não deram certo mostra determinação, objetivo, propósito e sonho.”

Gestor de marketplace ganha até R$ 20 mil; saiba como se preparar

Uma carreira profissional que está entrando no radar dos jovens que chegam hoje ao mercado de trabalho é a de gestor de marketplace. Com base na entrevista realizada com Rodrigo Garcia, formado em administração, preparamos um roteiro básico para mostrar as perspectivas oferecidas e o que é necessário para se dar bem na atividade.

1. Carreira e salários – Uma pessoa pode começar na função de analista de marketplace, que é a base da categoria, e crescer até chegar ao topo, como gestor de marketplace. Vai depender do envolvimento: se for dedicado e querendo crescer, chega rápido. Um analista ganha hoje entre R$ 4 mil e R$ 5 mil. O gestor de marketplace começa com R$ 15 mil e com bonificação por cumprimento de metas pode chegar a R$ 20 mil.

2. Formação – Não é necessário curso superior, uma vez que os conhecimentos mais relevantes são obtidos em cursos técnicos específicos. São exemplos a ComSchool, do Magalu, e a Partners, do Mercado Livre.

3. Competências – As plataformas de marketplace disponibilizam uma vasta quantidade de números e estatísticas, que devem ser organizados e interpretados pelo profissional. Para isso, ele precisa de capacidade analítica, especialmente em dados. O interesse pela área de negócios e gestão de empresas também é bem-vindo.

4. Habilidades – A atividade requer domínio aprofundado de criação de planilhas complexas e geração de painéis digitais (dashboards), em programas como Excel ou Power BI, para monitoramento contínuo de indicadores os mais variados. São ferramentas fundamentais para a inteligência de negócios (business intelligence).

5. Ferramentas – A venda pelos marketplaces demanda o uso de soluções de gestão empresarial, conhecidas como ERP, sigla em inglês de Enterprise Resource Planning, que promovem a integração dos diferentes processos dentro da empresa. São exemplos o Bling e a Tiny, para empresas de pequeno e médio porte sobretudo.

6. Tecnologias digitais – Parte importante da rotina consiste em interagir com as plataformas dos marketplaces para cadastramento de produtos, acompanhamento de fluxo das mercadorias e análise do desempenho, entre outras funções. Não é necessário ser desenvolvedor, mas conhecimentos básicos de programação podem ser produtivos. Ser especialista em marketing digital também não é fundamental, mas traz vantagem saber transitar na área.

7. Atenção ao mercado – Um dos requisitos para uma boa atuação é acompanhar de perto as tendências do mercado de e-commerce e de consumo. Há relatórios e fontes específicos para o setor, como o Webshoppers, da NielsenIQ, entre outros publicados regularmente.

8. Onde buscar vagas – No LinkedIn. Trata-se de um tipo bem específico de oportunidade, mais difícil de encontrar correspondência em classificados de emprego como a Catho.

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