Ele foi boia-fria aos 9 anos e hoje comanda rede de 75 franquias de restaurante com cachaça premium


Delfino Golfeto colheu cana-de-açúcar quando criança no interior de SP, virou especialista no tema e criou a marca Água Doce Sabores do Brasil

Por Felipe Siqueira
Atualização:

Por quase 10 anos ele exerceu a função de boia-fria. Depois, conseguiu entrar para trabalhar em uma usina de álcool - o que o levou a se apaixonar pela cultura da cana. Quando estava estabilizado financeiramente, decidiu empreender: “esse era meu objetivo.”

Enfrentou uma certa desconfiança de familiares de início, mas no longo prazo a decisão se mostrou acertada: construiu uma rede de franquias de restaurantes que mantém um foco relevante em bebidas, a Água Doce Sabores do Brasil, com 76 unidades (75 franquias e uma própria). Ela serve inclusive uma releitura de um drink consumido por James Bond, da série de livros 007. Conheça, a seguir, a história de Delfino Golfeto.

Nascido em 1951, ele cresceu na cidade de Adamantina (SP). Segundo filho de cinco irmãos, desde cedo precisou ajudar a família com as despesas de casa. Foi nesse local e contexto que, aos nove anos, começou a trabalhar como boia-fria.

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Com o tempo, a atividade, que exerceu até os 17 anos, também serviu para que conseguisse comprar itens dos quais gostava. No geral, as plantações quais ele trabalhava eram de amendoim, algodão e cana-de-açúcar.

“Nesse período eu viajava em cima de caminhão, com 100 ou até mesmo 200 pessoas, sem nenhum EPI (Equipamento de Proteção Individual). Mesmo assim, no meio de tudo isso, nunca deixei de ser sonhador. Queria estudar, para ser alguém na vida”, diz.

Aprendendo sobre cana-de-açúcar e virando gestor

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Ao longo desses anos, acabou se interessando pelo ramo da cana-de-açúcar e foi aprendendo cada vez mais sobre o universo da planta. Surgiu uma oportunidade para trabalhar em uma usina de aguardente e álcool e ele começou a investigar mais sobre o tema. Isso aconteceu quando ele tinha 20 anos, em 1971. Na década de 1970, ele conseguiu ocupar cargos de gestão e foi trabalhando em diferentes usinas da região em que cresceu.

O empresário Delfino Golfeto, dono da rede Água Doce Sabores do Brasil Foto: Divulgação/Água Doce Sabores do Brasil

Ele foi se interessando cada vez mais pelo assunto. “Ficava pensando: ‘Meu Deus, como nós, brasileiros, não valorizamos esse produto como deveríamos? Por que é visto tão negativamente?’

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Nesse ínterim, se formou, em 1973, em um curso de tecnologia com foco em açúcar e álcool. “Eu me apaixonei por isso.”

Essa rotina perdurou por cerca de uma década. Em 1980, Golfeto resolveu abrir uma cachaçaria na garagem de casa. A ideia era utilizar o know how que ganhou na indústria de aguardente para apresentar o que considerava como melhores produtos para os clientes.

“Eu ganhava muita aguardente como combinação de salário. E, por um tempo, simplesmente dava esse excedente para amigos e familiares. Só que aí as pessoas iam ficando um pouco acanhadas de pedir e eu comecei a vender.”

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Família não acreditou no negócio de cachaça no começo

De início, nem a esposa nem o pai dele acharam a ideia muito interessante. “Você está perdendo o juízo?”, perguntavam para ele, que largou uma vaga de emprego na qual ganhava bem para se dedicar exclusivamente ao novo negócio.

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Só que ele acreditava muito na ideia e desejava fazê-la acontecer. Para ele, o negócio só vai ter sucesso se o empresário estiver à frente da operação. “Tem que administrar com paixão”, comenta.

E a família passou a apoiá-lo. Tudo isso fez surgir o embrião do que viria ser a Água Doce Sabores do Brasil. Em pouco tempo, investiu no local: passou a criar um ambiente agradável para o consumo e acrescentou outra ponta além das bebidas: os petiscos.

Enquanto o pai chegou a auxiliar na estrutura do boteco na parte das vendas, a esposa dele, que trabalhava à época como professora, chegava da escola e fazia petiscos para o negócio recém-inaugurado.

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Amostras grátis de cachaça atraíam clientes

Delfino conta que, nessa época, como não existia rede social para se fazer uma propaganda sobre o empreendimento, tudo tinha que ser conquistado no atendimento, para fomentar o famoso boca a boca.

“Ninguém entrava no botequinho sem antes experimentar. Mesmo sem pagar. O comentário na cidade foi crescendo e, depois, todo mundo sabia que tinha um louco no Jardim América (bairro de Tupã) vendendo cachaça”, relembra. A unidade neste bairro ainda se encontra por lá.

A ideia do empreendedor foi evoluindo até que em 1990 veio a primeira unidade com a marca oficial Água Doce Sabores do Brasil. E, em 1993, a primeira franquia, em Ourinhos (SP), no início do projeto de expansão.

Em 1999, investiu nos conhecimentos de empreendedorismo e fez uma pós-graduação em gestão empresarial.

Atualmente, A Água Doce Sabores do Brasil tem 75 lojas franqueadas e uma própria. A marca não revela o faturamento do grupo como um todo, mas o crescimento entre 2022 e 2023 da rede de franquias foi de 20%. O faturamento mensal médio estimado por franquia é de R$ 180 mil, segundo a própria empresa.

Escondidinho, feijão tropeiro, cachaça e 007

A rede tem pratos como escondidinho, um dos preferidos dos clientes, feijão tropeiro e arroz carreteiro. Além disso, os espaços contam com música ao vivo e o que chamam de Doce Cantinho, para crianças.

E, claro, também se mantém presente a tradicional cachaça, que acompanha a marca desde o primeiro segundo. A variedade vai desde uma batida de coco até o Coronel Negroni, com cachaça, Martini e Aperol.

Este drink é uma releitura, uma variação, do Negroni tradicional, mundialmente conhecido e que já foi consumido até mesmo nas páginas da obra de Ian Fleming, pelo agente fictício do serviço secreto britânico MI6 James Bond. Uma das vezes - não tão comuns assim - em que 007 não pediu o famoso dry martini ou vésper - batido, não mexido.

A aparição ocorre no livro “For Your Eyes Only” (Somente Para Seus Olhos, em tradução livre), de 1960, no capítulo “Risico”, em uma história sediada na Itália. E, como inúmeras outras publicações do autor, esta também viraria filme, anos mais tarde, em 1981, com o ator britânico Roger Moore no papel principal. A bebida, porém, não figurou nas telonas.

O jornalista do Estadão especializado em coquetelaria e autor do Balcão do Giba, Gilberto Amendola, explica que o drink tem origem italiana e data, provavelmente, do final da década de 1910. “Essas histórias de origem de drinks nunca são exatamente precisas, porque o conceito de coquetelaria surgiu no começo do século XIX, só que já existia muita história antes disso, que foi se perdendo”, explica.

Confira, a seguir, informações e valores sobre as franquias da Água Doce Sabores do Brasil.

  • Investimento inicial: R$ 594 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 180 mil
  • Lucro médio mensal: de 15% a 20%
  • Prazo de retorno: de 24 a 36 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 5%
  • Taxa de propaganda: 2%

Os dados desta reportagem foram coletados em fevereiro de 2024.

Por quase 10 anos ele exerceu a função de boia-fria. Depois, conseguiu entrar para trabalhar em uma usina de álcool - o que o levou a se apaixonar pela cultura da cana. Quando estava estabilizado financeiramente, decidiu empreender: “esse era meu objetivo.”

Enfrentou uma certa desconfiança de familiares de início, mas no longo prazo a decisão se mostrou acertada: construiu uma rede de franquias de restaurantes que mantém um foco relevante em bebidas, a Água Doce Sabores do Brasil, com 76 unidades (75 franquias e uma própria). Ela serve inclusive uma releitura de um drink consumido por James Bond, da série de livros 007. Conheça, a seguir, a história de Delfino Golfeto.

Nascido em 1951, ele cresceu na cidade de Adamantina (SP). Segundo filho de cinco irmãos, desde cedo precisou ajudar a família com as despesas de casa. Foi nesse local e contexto que, aos nove anos, começou a trabalhar como boia-fria.

Com o tempo, a atividade, que exerceu até os 17 anos, também serviu para que conseguisse comprar itens dos quais gostava. No geral, as plantações quais ele trabalhava eram de amendoim, algodão e cana-de-açúcar.

“Nesse período eu viajava em cima de caminhão, com 100 ou até mesmo 200 pessoas, sem nenhum EPI (Equipamento de Proteção Individual). Mesmo assim, no meio de tudo isso, nunca deixei de ser sonhador. Queria estudar, para ser alguém na vida”, diz.

Aprendendo sobre cana-de-açúcar e virando gestor

Ao longo desses anos, acabou se interessando pelo ramo da cana-de-açúcar e foi aprendendo cada vez mais sobre o universo da planta. Surgiu uma oportunidade para trabalhar em uma usina de aguardente e álcool e ele começou a investigar mais sobre o tema. Isso aconteceu quando ele tinha 20 anos, em 1971. Na década de 1970, ele conseguiu ocupar cargos de gestão e foi trabalhando em diferentes usinas da região em que cresceu.

O empresário Delfino Golfeto, dono da rede Água Doce Sabores do Brasil Foto: Divulgação/Água Doce Sabores do Brasil

Ele foi se interessando cada vez mais pelo assunto. “Ficava pensando: ‘Meu Deus, como nós, brasileiros, não valorizamos esse produto como deveríamos? Por que é visto tão negativamente?’

Nesse ínterim, se formou, em 1973, em um curso de tecnologia com foco em açúcar e álcool. “Eu me apaixonei por isso.”

Essa rotina perdurou por cerca de uma década. Em 1980, Golfeto resolveu abrir uma cachaçaria na garagem de casa. A ideia era utilizar o know how que ganhou na indústria de aguardente para apresentar o que considerava como melhores produtos para os clientes.

“Eu ganhava muita aguardente como combinação de salário. E, por um tempo, simplesmente dava esse excedente para amigos e familiares. Só que aí as pessoas iam ficando um pouco acanhadas de pedir e eu comecei a vender.”

Família não acreditou no negócio de cachaça no começo

De início, nem a esposa nem o pai dele acharam a ideia muito interessante. “Você está perdendo o juízo?”, perguntavam para ele, que largou uma vaga de emprego na qual ganhava bem para se dedicar exclusivamente ao novo negócio.

Só que ele acreditava muito na ideia e desejava fazê-la acontecer. Para ele, o negócio só vai ter sucesso se o empresário estiver à frente da operação. “Tem que administrar com paixão”, comenta.

E a família passou a apoiá-lo. Tudo isso fez surgir o embrião do que viria ser a Água Doce Sabores do Brasil. Em pouco tempo, investiu no local: passou a criar um ambiente agradável para o consumo e acrescentou outra ponta além das bebidas: os petiscos.

Enquanto o pai chegou a auxiliar na estrutura do boteco na parte das vendas, a esposa dele, que trabalhava à época como professora, chegava da escola e fazia petiscos para o negócio recém-inaugurado.

Amostras grátis de cachaça atraíam clientes

Delfino conta que, nessa época, como não existia rede social para se fazer uma propaganda sobre o empreendimento, tudo tinha que ser conquistado no atendimento, para fomentar o famoso boca a boca.

“Ninguém entrava no botequinho sem antes experimentar. Mesmo sem pagar. O comentário na cidade foi crescendo e, depois, todo mundo sabia que tinha um louco no Jardim América (bairro de Tupã) vendendo cachaça”, relembra. A unidade neste bairro ainda se encontra por lá.

A ideia do empreendedor foi evoluindo até que em 1990 veio a primeira unidade com a marca oficial Água Doce Sabores do Brasil. E, em 1993, a primeira franquia, em Ourinhos (SP), no início do projeto de expansão.

Em 1999, investiu nos conhecimentos de empreendedorismo e fez uma pós-graduação em gestão empresarial.

Atualmente, A Água Doce Sabores do Brasil tem 75 lojas franqueadas e uma própria. A marca não revela o faturamento do grupo como um todo, mas o crescimento entre 2022 e 2023 da rede de franquias foi de 20%. O faturamento mensal médio estimado por franquia é de R$ 180 mil, segundo a própria empresa.

Escondidinho, feijão tropeiro, cachaça e 007

A rede tem pratos como escondidinho, um dos preferidos dos clientes, feijão tropeiro e arroz carreteiro. Além disso, os espaços contam com música ao vivo e o que chamam de Doce Cantinho, para crianças.

E, claro, também se mantém presente a tradicional cachaça, que acompanha a marca desde o primeiro segundo. A variedade vai desde uma batida de coco até o Coronel Negroni, com cachaça, Martini e Aperol.

Este drink é uma releitura, uma variação, do Negroni tradicional, mundialmente conhecido e que já foi consumido até mesmo nas páginas da obra de Ian Fleming, pelo agente fictício do serviço secreto britânico MI6 James Bond. Uma das vezes - não tão comuns assim - em que 007 não pediu o famoso dry martini ou vésper - batido, não mexido.

A aparição ocorre no livro “For Your Eyes Only” (Somente Para Seus Olhos, em tradução livre), de 1960, no capítulo “Risico”, em uma história sediada na Itália. E, como inúmeras outras publicações do autor, esta também viraria filme, anos mais tarde, em 1981, com o ator britânico Roger Moore no papel principal. A bebida, porém, não figurou nas telonas.

O jornalista do Estadão especializado em coquetelaria e autor do Balcão do Giba, Gilberto Amendola, explica que o drink tem origem italiana e data, provavelmente, do final da década de 1910. “Essas histórias de origem de drinks nunca são exatamente precisas, porque o conceito de coquetelaria surgiu no começo do século XIX, só que já existia muita história antes disso, que foi se perdendo”, explica.

Confira, a seguir, informações e valores sobre as franquias da Água Doce Sabores do Brasil.

  • Investimento inicial: R$ 594 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 180 mil
  • Lucro médio mensal: de 15% a 20%
  • Prazo de retorno: de 24 a 36 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 5%
  • Taxa de propaganda: 2%

Os dados desta reportagem foram coletados em fevereiro de 2024.

Por quase 10 anos ele exerceu a função de boia-fria. Depois, conseguiu entrar para trabalhar em uma usina de álcool - o que o levou a se apaixonar pela cultura da cana. Quando estava estabilizado financeiramente, decidiu empreender: “esse era meu objetivo.”

Enfrentou uma certa desconfiança de familiares de início, mas no longo prazo a decisão se mostrou acertada: construiu uma rede de franquias de restaurantes que mantém um foco relevante em bebidas, a Água Doce Sabores do Brasil, com 76 unidades (75 franquias e uma própria). Ela serve inclusive uma releitura de um drink consumido por James Bond, da série de livros 007. Conheça, a seguir, a história de Delfino Golfeto.

Nascido em 1951, ele cresceu na cidade de Adamantina (SP). Segundo filho de cinco irmãos, desde cedo precisou ajudar a família com as despesas de casa. Foi nesse local e contexto que, aos nove anos, começou a trabalhar como boia-fria.

Com o tempo, a atividade, que exerceu até os 17 anos, também serviu para que conseguisse comprar itens dos quais gostava. No geral, as plantações quais ele trabalhava eram de amendoim, algodão e cana-de-açúcar.

“Nesse período eu viajava em cima de caminhão, com 100 ou até mesmo 200 pessoas, sem nenhum EPI (Equipamento de Proteção Individual). Mesmo assim, no meio de tudo isso, nunca deixei de ser sonhador. Queria estudar, para ser alguém na vida”, diz.

Aprendendo sobre cana-de-açúcar e virando gestor

Ao longo desses anos, acabou se interessando pelo ramo da cana-de-açúcar e foi aprendendo cada vez mais sobre o universo da planta. Surgiu uma oportunidade para trabalhar em uma usina de aguardente e álcool e ele começou a investigar mais sobre o tema. Isso aconteceu quando ele tinha 20 anos, em 1971. Na década de 1970, ele conseguiu ocupar cargos de gestão e foi trabalhando em diferentes usinas da região em que cresceu.

O empresário Delfino Golfeto, dono da rede Água Doce Sabores do Brasil Foto: Divulgação/Água Doce Sabores do Brasil

Ele foi se interessando cada vez mais pelo assunto. “Ficava pensando: ‘Meu Deus, como nós, brasileiros, não valorizamos esse produto como deveríamos? Por que é visto tão negativamente?’

Nesse ínterim, se formou, em 1973, em um curso de tecnologia com foco em açúcar e álcool. “Eu me apaixonei por isso.”

Essa rotina perdurou por cerca de uma década. Em 1980, Golfeto resolveu abrir uma cachaçaria na garagem de casa. A ideia era utilizar o know how que ganhou na indústria de aguardente para apresentar o que considerava como melhores produtos para os clientes.

“Eu ganhava muita aguardente como combinação de salário. E, por um tempo, simplesmente dava esse excedente para amigos e familiares. Só que aí as pessoas iam ficando um pouco acanhadas de pedir e eu comecei a vender.”

Família não acreditou no negócio de cachaça no começo

De início, nem a esposa nem o pai dele acharam a ideia muito interessante. “Você está perdendo o juízo?”, perguntavam para ele, que largou uma vaga de emprego na qual ganhava bem para se dedicar exclusivamente ao novo negócio.

Só que ele acreditava muito na ideia e desejava fazê-la acontecer. Para ele, o negócio só vai ter sucesso se o empresário estiver à frente da operação. “Tem que administrar com paixão”, comenta.

E a família passou a apoiá-lo. Tudo isso fez surgir o embrião do que viria ser a Água Doce Sabores do Brasil. Em pouco tempo, investiu no local: passou a criar um ambiente agradável para o consumo e acrescentou outra ponta além das bebidas: os petiscos.

Enquanto o pai chegou a auxiliar na estrutura do boteco na parte das vendas, a esposa dele, que trabalhava à época como professora, chegava da escola e fazia petiscos para o negócio recém-inaugurado.

Amostras grátis de cachaça atraíam clientes

Delfino conta que, nessa época, como não existia rede social para se fazer uma propaganda sobre o empreendimento, tudo tinha que ser conquistado no atendimento, para fomentar o famoso boca a boca.

“Ninguém entrava no botequinho sem antes experimentar. Mesmo sem pagar. O comentário na cidade foi crescendo e, depois, todo mundo sabia que tinha um louco no Jardim América (bairro de Tupã) vendendo cachaça”, relembra. A unidade neste bairro ainda se encontra por lá.

A ideia do empreendedor foi evoluindo até que em 1990 veio a primeira unidade com a marca oficial Água Doce Sabores do Brasil. E, em 1993, a primeira franquia, em Ourinhos (SP), no início do projeto de expansão.

Em 1999, investiu nos conhecimentos de empreendedorismo e fez uma pós-graduação em gestão empresarial.

Atualmente, A Água Doce Sabores do Brasil tem 75 lojas franqueadas e uma própria. A marca não revela o faturamento do grupo como um todo, mas o crescimento entre 2022 e 2023 da rede de franquias foi de 20%. O faturamento mensal médio estimado por franquia é de R$ 180 mil, segundo a própria empresa.

Escondidinho, feijão tropeiro, cachaça e 007

A rede tem pratos como escondidinho, um dos preferidos dos clientes, feijão tropeiro e arroz carreteiro. Além disso, os espaços contam com música ao vivo e o que chamam de Doce Cantinho, para crianças.

E, claro, também se mantém presente a tradicional cachaça, que acompanha a marca desde o primeiro segundo. A variedade vai desde uma batida de coco até o Coronel Negroni, com cachaça, Martini e Aperol.

Este drink é uma releitura, uma variação, do Negroni tradicional, mundialmente conhecido e que já foi consumido até mesmo nas páginas da obra de Ian Fleming, pelo agente fictício do serviço secreto britânico MI6 James Bond. Uma das vezes - não tão comuns assim - em que 007 não pediu o famoso dry martini ou vésper - batido, não mexido.

A aparição ocorre no livro “For Your Eyes Only” (Somente Para Seus Olhos, em tradução livre), de 1960, no capítulo “Risico”, em uma história sediada na Itália. E, como inúmeras outras publicações do autor, esta também viraria filme, anos mais tarde, em 1981, com o ator britânico Roger Moore no papel principal. A bebida, porém, não figurou nas telonas.

O jornalista do Estadão especializado em coquetelaria e autor do Balcão do Giba, Gilberto Amendola, explica que o drink tem origem italiana e data, provavelmente, do final da década de 1910. “Essas histórias de origem de drinks nunca são exatamente precisas, porque o conceito de coquetelaria surgiu no começo do século XIX, só que já existia muita história antes disso, que foi se perdendo”, explica.

Confira, a seguir, informações e valores sobre as franquias da Água Doce Sabores do Brasil.

  • Investimento inicial: R$ 594 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 180 mil
  • Lucro médio mensal: de 15% a 20%
  • Prazo de retorno: de 24 a 36 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 5%
  • Taxa de propaganda: 2%

Os dados desta reportagem foram coletados em fevereiro de 2024.

Por quase 10 anos ele exerceu a função de boia-fria. Depois, conseguiu entrar para trabalhar em uma usina de álcool - o que o levou a se apaixonar pela cultura da cana. Quando estava estabilizado financeiramente, decidiu empreender: “esse era meu objetivo.”

Enfrentou uma certa desconfiança de familiares de início, mas no longo prazo a decisão se mostrou acertada: construiu uma rede de franquias de restaurantes que mantém um foco relevante em bebidas, a Água Doce Sabores do Brasil, com 76 unidades (75 franquias e uma própria). Ela serve inclusive uma releitura de um drink consumido por James Bond, da série de livros 007. Conheça, a seguir, a história de Delfino Golfeto.

Nascido em 1951, ele cresceu na cidade de Adamantina (SP). Segundo filho de cinco irmãos, desde cedo precisou ajudar a família com as despesas de casa. Foi nesse local e contexto que, aos nove anos, começou a trabalhar como boia-fria.

Com o tempo, a atividade, que exerceu até os 17 anos, também serviu para que conseguisse comprar itens dos quais gostava. No geral, as plantações quais ele trabalhava eram de amendoim, algodão e cana-de-açúcar.

“Nesse período eu viajava em cima de caminhão, com 100 ou até mesmo 200 pessoas, sem nenhum EPI (Equipamento de Proteção Individual). Mesmo assim, no meio de tudo isso, nunca deixei de ser sonhador. Queria estudar, para ser alguém na vida”, diz.

Aprendendo sobre cana-de-açúcar e virando gestor

Ao longo desses anos, acabou se interessando pelo ramo da cana-de-açúcar e foi aprendendo cada vez mais sobre o universo da planta. Surgiu uma oportunidade para trabalhar em uma usina de aguardente e álcool e ele começou a investigar mais sobre o tema. Isso aconteceu quando ele tinha 20 anos, em 1971. Na década de 1970, ele conseguiu ocupar cargos de gestão e foi trabalhando em diferentes usinas da região em que cresceu.

O empresário Delfino Golfeto, dono da rede Água Doce Sabores do Brasil Foto: Divulgação/Água Doce Sabores do Brasil

Ele foi se interessando cada vez mais pelo assunto. “Ficava pensando: ‘Meu Deus, como nós, brasileiros, não valorizamos esse produto como deveríamos? Por que é visto tão negativamente?’

Nesse ínterim, se formou, em 1973, em um curso de tecnologia com foco em açúcar e álcool. “Eu me apaixonei por isso.”

Essa rotina perdurou por cerca de uma década. Em 1980, Golfeto resolveu abrir uma cachaçaria na garagem de casa. A ideia era utilizar o know how que ganhou na indústria de aguardente para apresentar o que considerava como melhores produtos para os clientes.

“Eu ganhava muita aguardente como combinação de salário. E, por um tempo, simplesmente dava esse excedente para amigos e familiares. Só que aí as pessoas iam ficando um pouco acanhadas de pedir e eu comecei a vender.”

Família não acreditou no negócio de cachaça no começo

De início, nem a esposa nem o pai dele acharam a ideia muito interessante. “Você está perdendo o juízo?”, perguntavam para ele, que largou uma vaga de emprego na qual ganhava bem para se dedicar exclusivamente ao novo negócio.

Só que ele acreditava muito na ideia e desejava fazê-la acontecer. Para ele, o negócio só vai ter sucesso se o empresário estiver à frente da operação. “Tem que administrar com paixão”, comenta.

E a família passou a apoiá-lo. Tudo isso fez surgir o embrião do que viria ser a Água Doce Sabores do Brasil. Em pouco tempo, investiu no local: passou a criar um ambiente agradável para o consumo e acrescentou outra ponta além das bebidas: os petiscos.

Enquanto o pai chegou a auxiliar na estrutura do boteco na parte das vendas, a esposa dele, que trabalhava à época como professora, chegava da escola e fazia petiscos para o negócio recém-inaugurado.

Amostras grátis de cachaça atraíam clientes

Delfino conta que, nessa época, como não existia rede social para se fazer uma propaganda sobre o empreendimento, tudo tinha que ser conquistado no atendimento, para fomentar o famoso boca a boca.

“Ninguém entrava no botequinho sem antes experimentar. Mesmo sem pagar. O comentário na cidade foi crescendo e, depois, todo mundo sabia que tinha um louco no Jardim América (bairro de Tupã) vendendo cachaça”, relembra. A unidade neste bairro ainda se encontra por lá.

A ideia do empreendedor foi evoluindo até que em 1990 veio a primeira unidade com a marca oficial Água Doce Sabores do Brasil. E, em 1993, a primeira franquia, em Ourinhos (SP), no início do projeto de expansão.

Em 1999, investiu nos conhecimentos de empreendedorismo e fez uma pós-graduação em gestão empresarial.

Atualmente, A Água Doce Sabores do Brasil tem 75 lojas franqueadas e uma própria. A marca não revela o faturamento do grupo como um todo, mas o crescimento entre 2022 e 2023 da rede de franquias foi de 20%. O faturamento mensal médio estimado por franquia é de R$ 180 mil, segundo a própria empresa.

Escondidinho, feijão tropeiro, cachaça e 007

A rede tem pratos como escondidinho, um dos preferidos dos clientes, feijão tropeiro e arroz carreteiro. Além disso, os espaços contam com música ao vivo e o que chamam de Doce Cantinho, para crianças.

E, claro, também se mantém presente a tradicional cachaça, que acompanha a marca desde o primeiro segundo. A variedade vai desde uma batida de coco até o Coronel Negroni, com cachaça, Martini e Aperol.

Este drink é uma releitura, uma variação, do Negroni tradicional, mundialmente conhecido e que já foi consumido até mesmo nas páginas da obra de Ian Fleming, pelo agente fictício do serviço secreto britânico MI6 James Bond. Uma das vezes - não tão comuns assim - em que 007 não pediu o famoso dry martini ou vésper - batido, não mexido.

A aparição ocorre no livro “For Your Eyes Only” (Somente Para Seus Olhos, em tradução livre), de 1960, no capítulo “Risico”, em uma história sediada na Itália. E, como inúmeras outras publicações do autor, esta também viraria filme, anos mais tarde, em 1981, com o ator britânico Roger Moore no papel principal. A bebida, porém, não figurou nas telonas.

O jornalista do Estadão especializado em coquetelaria e autor do Balcão do Giba, Gilberto Amendola, explica que o drink tem origem italiana e data, provavelmente, do final da década de 1910. “Essas histórias de origem de drinks nunca são exatamente precisas, porque o conceito de coquetelaria surgiu no começo do século XIX, só que já existia muita história antes disso, que foi se perdendo”, explica.

Confira, a seguir, informações e valores sobre as franquias da Água Doce Sabores do Brasil.

  • Investimento inicial: R$ 594 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 180 mil
  • Lucro médio mensal: de 15% a 20%
  • Prazo de retorno: de 24 a 36 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 5%
  • Taxa de propaganda: 2%

Os dados desta reportagem foram coletados em fevereiro de 2024.

Por quase 10 anos ele exerceu a função de boia-fria. Depois, conseguiu entrar para trabalhar em uma usina de álcool - o que o levou a se apaixonar pela cultura da cana. Quando estava estabilizado financeiramente, decidiu empreender: “esse era meu objetivo.”

Enfrentou uma certa desconfiança de familiares de início, mas no longo prazo a decisão se mostrou acertada: construiu uma rede de franquias de restaurantes que mantém um foco relevante em bebidas, a Água Doce Sabores do Brasil, com 76 unidades (75 franquias e uma própria). Ela serve inclusive uma releitura de um drink consumido por James Bond, da série de livros 007. Conheça, a seguir, a história de Delfino Golfeto.

Nascido em 1951, ele cresceu na cidade de Adamantina (SP). Segundo filho de cinco irmãos, desde cedo precisou ajudar a família com as despesas de casa. Foi nesse local e contexto que, aos nove anos, começou a trabalhar como boia-fria.

Com o tempo, a atividade, que exerceu até os 17 anos, também serviu para que conseguisse comprar itens dos quais gostava. No geral, as plantações quais ele trabalhava eram de amendoim, algodão e cana-de-açúcar.

“Nesse período eu viajava em cima de caminhão, com 100 ou até mesmo 200 pessoas, sem nenhum EPI (Equipamento de Proteção Individual). Mesmo assim, no meio de tudo isso, nunca deixei de ser sonhador. Queria estudar, para ser alguém na vida”, diz.

Aprendendo sobre cana-de-açúcar e virando gestor

Ao longo desses anos, acabou se interessando pelo ramo da cana-de-açúcar e foi aprendendo cada vez mais sobre o universo da planta. Surgiu uma oportunidade para trabalhar em uma usina de aguardente e álcool e ele começou a investigar mais sobre o tema. Isso aconteceu quando ele tinha 20 anos, em 1971. Na década de 1970, ele conseguiu ocupar cargos de gestão e foi trabalhando em diferentes usinas da região em que cresceu.

O empresário Delfino Golfeto, dono da rede Água Doce Sabores do Brasil Foto: Divulgação/Água Doce Sabores do Brasil

Ele foi se interessando cada vez mais pelo assunto. “Ficava pensando: ‘Meu Deus, como nós, brasileiros, não valorizamos esse produto como deveríamos? Por que é visto tão negativamente?’

Nesse ínterim, se formou, em 1973, em um curso de tecnologia com foco em açúcar e álcool. “Eu me apaixonei por isso.”

Essa rotina perdurou por cerca de uma década. Em 1980, Golfeto resolveu abrir uma cachaçaria na garagem de casa. A ideia era utilizar o know how que ganhou na indústria de aguardente para apresentar o que considerava como melhores produtos para os clientes.

“Eu ganhava muita aguardente como combinação de salário. E, por um tempo, simplesmente dava esse excedente para amigos e familiares. Só que aí as pessoas iam ficando um pouco acanhadas de pedir e eu comecei a vender.”

Família não acreditou no negócio de cachaça no começo

De início, nem a esposa nem o pai dele acharam a ideia muito interessante. “Você está perdendo o juízo?”, perguntavam para ele, que largou uma vaga de emprego na qual ganhava bem para se dedicar exclusivamente ao novo negócio.

Só que ele acreditava muito na ideia e desejava fazê-la acontecer. Para ele, o negócio só vai ter sucesso se o empresário estiver à frente da operação. “Tem que administrar com paixão”, comenta.

E a família passou a apoiá-lo. Tudo isso fez surgir o embrião do que viria ser a Água Doce Sabores do Brasil. Em pouco tempo, investiu no local: passou a criar um ambiente agradável para o consumo e acrescentou outra ponta além das bebidas: os petiscos.

Enquanto o pai chegou a auxiliar na estrutura do boteco na parte das vendas, a esposa dele, que trabalhava à época como professora, chegava da escola e fazia petiscos para o negócio recém-inaugurado.

Amostras grátis de cachaça atraíam clientes

Delfino conta que, nessa época, como não existia rede social para se fazer uma propaganda sobre o empreendimento, tudo tinha que ser conquistado no atendimento, para fomentar o famoso boca a boca.

“Ninguém entrava no botequinho sem antes experimentar. Mesmo sem pagar. O comentário na cidade foi crescendo e, depois, todo mundo sabia que tinha um louco no Jardim América (bairro de Tupã) vendendo cachaça”, relembra. A unidade neste bairro ainda se encontra por lá.

A ideia do empreendedor foi evoluindo até que em 1990 veio a primeira unidade com a marca oficial Água Doce Sabores do Brasil. E, em 1993, a primeira franquia, em Ourinhos (SP), no início do projeto de expansão.

Em 1999, investiu nos conhecimentos de empreendedorismo e fez uma pós-graduação em gestão empresarial.

Atualmente, A Água Doce Sabores do Brasil tem 75 lojas franqueadas e uma própria. A marca não revela o faturamento do grupo como um todo, mas o crescimento entre 2022 e 2023 da rede de franquias foi de 20%. O faturamento mensal médio estimado por franquia é de R$ 180 mil, segundo a própria empresa.

Escondidinho, feijão tropeiro, cachaça e 007

A rede tem pratos como escondidinho, um dos preferidos dos clientes, feijão tropeiro e arroz carreteiro. Além disso, os espaços contam com música ao vivo e o que chamam de Doce Cantinho, para crianças.

E, claro, também se mantém presente a tradicional cachaça, que acompanha a marca desde o primeiro segundo. A variedade vai desde uma batida de coco até o Coronel Negroni, com cachaça, Martini e Aperol.

Este drink é uma releitura, uma variação, do Negroni tradicional, mundialmente conhecido e que já foi consumido até mesmo nas páginas da obra de Ian Fleming, pelo agente fictício do serviço secreto britânico MI6 James Bond. Uma das vezes - não tão comuns assim - em que 007 não pediu o famoso dry martini ou vésper - batido, não mexido.

A aparição ocorre no livro “For Your Eyes Only” (Somente Para Seus Olhos, em tradução livre), de 1960, no capítulo “Risico”, em uma história sediada na Itália. E, como inúmeras outras publicações do autor, esta também viraria filme, anos mais tarde, em 1981, com o ator britânico Roger Moore no papel principal. A bebida, porém, não figurou nas telonas.

O jornalista do Estadão especializado em coquetelaria e autor do Balcão do Giba, Gilberto Amendola, explica que o drink tem origem italiana e data, provavelmente, do final da década de 1910. “Essas histórias de origem de drinks nunca são exatamente precisas, porque o conceito de coquetelaria surgiu no começo do século XIX, só que já existia muita história antes disso, que foi se perdendo”, explica.

Confira, a seguir, informações e valores sobre as franquias da Água Doce Sabores do Brasil.

  • Investimento inicial: R$ 594 mil
  • Faturamento médio mensal: R$ 180 mil
  • Lucro médio mensal: de 15% a 20%
  • Prazo de retorno: de 24 a 36 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Royalties: 5%
  • Taxa de propaganda: 2%

Os dados desta reportagem foram coletados em fevereiro de 2024.

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