Crédito mais acessível transforma produção de pequenos agricultores


Instrumentos financeiros unem investidores preocupados com impacto socioambiental e produtores rurais com dificuldade de obter financiamento

Por Ludimila Honorato
Atualização:

Em julho deste ano, a pequena marca Ju Arléo Chocolates, do sul da Bahia, ficou em segundo lugar no concurso internacional da Academy of Chocolate com uma barra 70% cacau e mel de uruçu, abelha nativa da região. Por trás desse feito está uma família de cacauicultores que teve acesso facilitado a crédito para melhorar a produção sustentável e um grupo de investidores conscientes do impacto socioambiental desse dinheiro.

A ligação entre essas pontas se deu por meio do primeiro Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) sustentável do País, lançado em 2021 pela ONG Tabôa. Esse instrumento financeiro é um título de investimento, de renda fixa, que nesse caso foi criado especificamente para atender a cadeia do cacau naquela parte do Estado.

Desenhada em parceria com o Grupo Gaia e os institutos Arapyaú e Humanize, a operação somou em torno de R$ 1,37 milhão e beneficiou 184 agricultores. Eles pegaram, em média, R$ 7 mil e, depois de um ano, obtiveram uma melhora de 38,9% na renda bruta média.

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O casal Lucas Arléo e Julianna Torres com a filha Julia na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus (BA) Foto: Amanda Gil

Lucas Arléo, terceira geração de produtores de cacau na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus, foi um dos beneficiados. A filha dele, Julia, hoje com 10 anos de idade, foi quem idealizou a marca destacada na premiação. O agricultor investiu o valor na compra de uma estufa para aprimorar a etapa de secagem das amêndoas, principalmente as especiais, que têm qualidade superior e são vendidas a preço mais alto.

Arléo vinha aprimorando a qualidade das amêndoas com o apoio do Centro de Inovação do Cacau e do Sebrae, mas alguns desafios no beneficiamento faziam com que elas fossem perdidas.

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Tradicionalmente, a secagem é feita a céu aberto sobre um lastro de madeira. Nos horários de pico do sol, a estrutura deve ser coberta para evitar queimar as amêndoas. Por outro lado, em períodos chuvosos, de pouco sol, o processo é comprometido e elas podem mofar. “A estufa era uma demanda que a gente tinha. Tivemos a felicidade de contar com esse crédito”, diz o agricultor.

Com o equipamento, o volume de cacau especial aumentou, bem como a rentabilidade, que cresceu 30%. “Isso nos permitiu fazer novos investimentos na fazenda, como na renovação do plantio. Também melhoramos a condição de vida dos nossos colaboradores, reformando as casas deles”, relata ele. Todo esse trabalho é realizado no ecossistema sustentável da cabruca, em que os cacaueiros são plantados sob a copa de árvores da Mata Atlântica, o que preserva a flora nativa.

Crédito rural facilitado

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Pesquisa realizada em abril de 2021 pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural mostrou que 38% dos 4,3 mil produtores rurais entrevistados nunca contrataram crédito rural. Lidar com as instituições financeiras tradicionais é um desafio: excesso de burocracia, demora na liberação de crédito e garantias exigidas são algumas das dificuldades que eles enfrentam.

Na busca por um cenário mais sustentável, o Grupo Gaia atua com negócios de impacto socioambiental. A empresa do mercado financeiro tem como foco de atuação a questão imobiliária, com emissão de títulos para financiar a construção de casas em comunidades, por exemplo, projetos para geração de renda e agricultura familiar.

Por meio de parcerias, o grupo cria instrumentos de captação de investimento, como fez com o CRA junto à ONG Tabôa e com o MST para investir em cooperativas que atuam com produção de alimentos saudáveis. O acesso facilitado se dá, principalmente, pela taxa de juros diferenciada.

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“A gente procura estar próximo ou abaixo da taxa Selic. O dinheiro vem de investidores que convenço a investir e ganhar menos, mas fazendo grande impacto”, diz João Paulo Pacífico, presidente do Grupo Gaia.

Vindo do mercado financeiro tradicional, ele diz ver, cada vez mais, uma demanda por investimentos com propósito. E exemplifica: entre uma empresa que gera mais resultados financeiros, mas não se preocupa com questões ambientais, sociais e de governança (ESG), o investidor consciente aposta numa rentabilidade menor que fomenta ações sustentáveis e melhora a qualidade de vida de pessoas.

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Título de investimento

Nessa toada, o Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop) nasce para unir pessoas interessadas em investimentos de impacto e cooperativas de produção agrícola que não têm incentivos financeiros.

A coordenadora do Finapop, Ana Terra Reis, explica que o primeiro passo é identificar quais cooperativas têm condições de executar os planos com o dinheiro. Plano de negócio, tipo de mercado e forma de organização são pontos analisados. “A gente precisa fazer um acompanhamento muito próximo desses recursos para não inviabilizar a cooperativa, para não ter inadimplência nem endividamento”, diz.

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Um dos títulos sustentáveis formulados com o Grupo Gaia foi o CRA Cooperativas MST, que teve como destino cooperativas e agricultores familiares. O instrumento recebeu investimento de 1,5 mil pessoas físicas, que podiam começar com R$ 100, sendo que o valor total da operação ficou em R$ 17,5 milhões.

Há desafios nesse modelo. “O grande ponto é montar boas operações e criar caminhos para o negócio começar a ganhar escala, criar parcerias que sejam sustentáveis e que cresçam no médio e longo prazos”, comenta Pacífico.

Outro ponto é a taxa de juros, indica Ana Terra. “No CRA, a gente conseguiu operar com 7,5% e hoje é impossível pensar isso, porque a Selic está em mais de 13%. É um desafio bastante grande para achar investidores dispostos a receber menos do que a Selic, mas ter condições de garantia melhores para os agricultores”, ela comenta.

Para atrair esse público, vale mostrar os resultados, como o da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, em Londrina (PR). A entidade foi uma das sete beneficiadas pelo CRA Cooperativas MST e investiu o valor captado na finalização da agroindústria de milho livre de transgênico, cuja construção tinha sido interrompida por falta de recursos.

“Demorou seis meses até a coleta do recurso. Conseguimos terminar a indústria, comprar máquinas, fazer projeto elétrico, cercar a indústria com alambrado, fazer projeto para liberação de alvará, inclusive o ambiental, e construção de silo para armazenar o produto”, conta Fábio Herdt, presidente da Copacon.

O dinheiro também melhorou processos que antes eram feitos manualmente e agora são automatizados, como descarga e carregamento de produtos.

Fábio Herbt, presidente da Copacon Foto: MST/PR

“As famílias produtoras do grão não tinham mercado para esse milho, que se misturava ao transgênico, ia para a cerealista e pagava preço baixo. Hoje, a cooperativa paga um preço melhor, desenvolve as famílias e põe o produto no mercado, por isso a importância do recurso, porque a gente não consegue acessar recurso tão fácil hoje nos bancos, porque é uma cooperativa pequena”, acrescenta.

Ana Terra diz que esses títulos sustentáveis também são uma forma de dar mais liberdade às cooperativas para buscar crédito além dos incentivos governamentais. “Quando abre possibilidade de entrar no mercado (de investimentos), abre possibilidade de criar autonomia dos agricultores frente a políticas públicas, que independem de governo”, afirma.

Em julho deste ano, a pequena marca Ju Arléo Chocolates, do sul da Bahia, ficou em segundo lugar no concurso internacional da Academy of Chocolate com uma barra 70% cacau e mel de uruçu, abelha nativa da região. Por trás desse feito está uma família de cacauicultores que teve acesso facilitado a crédito para melhorar a produção sustentável e um grupo de investidores conscientes do impacto socioambiental desse dinheiro.

A ligação entre essas pontas se deu por meio do primeiro Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) sustentável do País, lançado em 2021 pela ONG Tabôa. Esse instrumento financeiro é um título de investimento, de renda fixa, que nesse caso foi criado especificamente para atender a cadeia do cacau naquela parte do Estado.

Desenhada em parceria com o Grupo Gaia e os institutos Arapyaú e Humanize, a operação somou em torno de R$ 1,37 milhão e beneficiou 184 agricultores. Eles pegaram, em média, R$ 7 mil e, depois de um ano, obtiveram uma melhora de 38,9% na renda bruta média.

O casal Lucas Arléo e Julianna Torres com a filha Julia na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus (BA) Foto: Amanda Gil

Lucas Arléo, terceira geração de produtores de cacau na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus, foi um dos beneficiados. A filha dele, Julia, hoje com 10 anos de idade, foi quem idealizou a marca destacada na premiação. O agricultor investiu o valor na compra de uma estufa para aprimorar a etapa de secagem das amêndoas, principalmente as especiais, que têm qualidade superior e são vendidas a preço mais alto.

Arléo vinha aprimorando a qualidade das amêndoas com o apoio do Centro de Inovação do Cacau e do Sebrae, mas alguns desafios no beneficiamento faziam com que elas fossem perdidas.

Tradicionalmente, a secagem é feita a céu aberto sobre um lastro de madeira. Nos horários de pico do sol, a estrutura deve ser coberta para evitar queimar as amêndoas. Por outro lado, em períodos chuvosos, de pouco sol, o processo é comprometido e elas podem mofar. “A estufa era uma demanda que a gente tinha. Tivemos a felicidade de contar com esse crédito”, diz o agricultor.

Com o equipamento, o volume de cacau especial aumentou, bem como a rentabilidade, que cresceu 30%. “Isso nos permitiu fazer novos investimentos na fazenda, como na renovação do plantio. Também melhoramos a condição de vida dos nossos colaboradores, reformando as casas deles”, relata ele. Todo esse trabalho é realizado no ecossistema sustentável da cabruca, em que os cacaueiros são plantados sob a copa de árvores da Mata Atlântica, o que preserva a flora nativa.

Crédito rural facilitado

Pesquisa realizada em abril de 2021 pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural mostrou que 38% dos 4,3 mil produtores rurais entrevistados nunca contrataram crédito rural. Lidar com as instituições financeiras tradicionais é um desafio: excesso de burocracia, demora na liberação de crédito e garantias exigidas são algumas das dificuldades que eles enfrentam.

Na busca por um cenário mais sustentável, o Grupo Gaia atua com negócios de impacto socioambiental. A empresa do mercado financeiro tem como foco de atuação a questão imobiliária, com emissão de títulos para financiar a construção de casas em comunidades, por exemplo, projetos para geração de renda e agricultura familiar.

Por meio de parcerias, o grupo cria instrumentos de captação de investimento, como fez com o CRA junto à ONG Tabôa e com o MST para investir em cooperativas que atuam com produção de alimentos saudáveis. O acesso facilitado se dá, principalmente, pela taxa de juros diferenciada.

“A gente procura estar próximo ou abaixo da taxa Selic. O dinheiro vem de investidores que convenço a investir e ganhar menos, mas fazendo grande impacto”, diz João Paulo Pacífico, presidente do Grupo Gaia.

Vindo do mercado financeiro tradicional, ele diz ver, cada vez mais, uma demanda por investimentos com propósito. E exemplifica: entre uma empresa que gera mais resultados financeiros, mas não se preocupa com questões ambientais, sociais e de governança (ESG), o investidor consciente aposta numa rentabilidade menor que fomenta ações sustentáveis e melhora a qualidade de vida de pessoas.

Título de investimento

Nessa toada, o Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop) nasce para unir pessoas interessadas em investimentos de impacto e cooperativas de produção agrícola que não têm incentivos financeiros.

A coordenadora do Finapop, Ana Terra Reis, explica que o primeiro passo é identificar quais cooperativas têm condições de executar os planos com o dinheiro. Plano de negócio, tipo de mercado e forma de organização são pontos analisados. “A gente precisa fazer um acompanhamento muito próximo desses recursos para não inviabilizar a cooperativa, para não ter inadimplência nem endividamento”, diz.

Um dos títulos sustentáveis formulados com o Grupo Gaia foi o CRA Cooperativas MST, que teve como destino cooperativas e agricultores familiares. O instrumento recebeu investimento de 1,5 mil pessoas físicas, que podiam começar com R$ 100, sendo que o valor total da operação ficou em R$ 17,5 milhões.

Há desafios nesse modelo. “O grande ponto é montar boas operações e criar caminhos para o negócio começar a ganhar escala, criar parcerias que sejam sustentáveis e que cresçam no médio e longo prazos”, comenta Pacífico.

Outro ponto é a taxa de juros, indica Ana Terra. “No CRA, a gente conseguiu operar com 7,5% e hoje é impossível pensar isso, porque a Selic está em mais de 13%. É um desafio bastante grande para achar investidores dispostos a receber menos do que a Selic, mas ter condições de garantia melhores para os agricultores”, ela comenta.

Para atrair esse público, vale mostrar os resultados, como o da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, em Londrina (PR). A entidade foi uma das sete beneficiadas pelo CRA Cooperativas MST e investiu o valor captado na finalização da agroindústria de milho livre de transgênico, cuja construção tinha sido interrompida por falta de recursos.

“Demorou seis meses até a coleta do recurso. Conseguimos terminar a indústria, comprar máquinas, fazer projeto elétrico, cercar a indústria com alambrado, fazer projeto para liberação de alvará, inclusive o ambiental, e construção de silo para armazenar o produto”, conta Fábio Herdt, presidente da Copacon.

O dinheiro também melhorou processos que antes eram feitos manualmente e agora são automatizados, como descarga e carregamento de produtos.

Fábio Herbt, presidente da Copacon Foto: MST/PR

“As famílias produtoras do grão não tinham mercado para esse milho, que se misturava ao transgênico, ia para a cerealista e pagava preço baixo. Hoje, a cooperativa paga um preço melhor, desenvolve as famílias e põe o produto no mercado, por isso a importância do recurso, porque a gente não consegue acessar recurso tão fácil hoje nos bancos, porque é uma cooperativa pequena”, acrescenta.

Ana Terra diz que esses títulos sustentáveis também são uma forma de dar mais liberdade às cooperativas para buscar crédito além dos incentivos governamentais. “Quando abre possibilidade de entrar no mercado (de investimentos), abre possibilidade de criar autonomia dos agricultores frente a políticas públicas, que independem de governo”, afirma.

Em julho deste ano, a pequena marca Ju Arléo Chocolates, do sul da Bahia, ficou em segundo lugar no concurso internacional da Academy of Chocolate com uma barra 70% cacau e mel de uruçu, abelha nativa da região. Por trás desse feito está uma família de cacauicultores que teve acesso facilitado a crédito para melhorar a produção sustentável e um grupo de investidores conscientes do impacto socioambiental desse dinheiro.

A ligação entre essas pontas se deu por meio do primeiro Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) sustentável do País, lançado em 2021 pela ONG Tabôa. Esse instrumento financeiro é um título de investimento, de renda fixa, que nesse caso foi criado especificamente para atender a cadeia do cacau naquela parte do Estado.

Desenhada em parceria com o Grupo Gaia e os institutos Arapyaú e Humanize, a operação somou em torno de R$ 1,37 milhão e beneficiou 184 agricultores. Eles pegaram, em média, R$ 7 mil e, depois de um ano, obtiveram uma melhora de 38,9% na renda bruta média.

O casal Lucas Arléo e Julianna Torres com a filha Julia na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus (BA) Foto: Amanda Gil

Lucas Arléo, terceira geração de produtores de cacau na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus, foi um dos beneficiados. A filha dele, Julia, hoje com 10 anos de idade, foi quem idealizou a marca destacada na premiação. O agricultor investiu o valor na compra de uma estufa para aprimorar a etapa de secagem das amêndoas, principalmente as especiais, que têm qualidade superior e são vendidas a preço mais alto.

Arléo vinha aprimorando a qualidade das amêndoas com o apoio do Centro de Inovação do Cacau e do Sebrae, mas alguns desafios no beneficiamento faziam com que elas fossem perdidas.

Tradicionalmente, a secagem é feita a céu aberto sobre um lastro de madeira. Nos horários de pico do sol, a estrutura deve ser coberta para evitar queimar as amêndoas. Por outro lado, em períodos chuvosos, de pouco sol, o processo é comprometido e elas podem mofar. “A estufa era uma demanda que a gente tinha. Tivemos a felicidade de contar com esse crédito”, diz o agricultor.

Com o equipamento, o volume de cacau especial aumentou, bem como a rentabilidade, que cresceu 30%. “Isso nos permitiu fazer novos investimentos na fazenda, como na renovação do plantio. Também melhoramos a condição de vida dos nossos colaboradores, reformando as casas deles”, relata ele. Todo esse trabalho é realizado no ecossistema sustentável da cabruca, em que os cacaueiros são plantados sob a copa de árvores da Mata Atlântica, o que preserva a flora nativa.

Crédito rural facilitado

Pesquisa realizada em abril de 2021 pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural mostrou que 38% dos 4,3 mil produtores rurais entrevistados nunca contrataram crédito rural. Lidar com as instituições financeiras tradicionais é um desafio: excesso de burocracia, demora na liberação de crédito e garantias exigidas são algumas das dificuldades que eles enfrentam.

Na busca por um cenário mais sustentável, o Grupo Gaia atua com negócios de impacto socioambiental. A empresa do mercado financeiro tem como foco de atuação a questão imobiliária, com emissão de títulos para financiar a construção de casas em comunidades, por exemplo, projetos para geração de renda e agricultura familiar.

Por meio de parcerias, o grupo cria instrumentos de captação de investimento, como fez com o CRA junto à ONG Tabôa e com o MST para investir em cooperativas que atuam com produção de alimentos saudáveis. O acesso facilitado se dá, principalmente, pela taxa de juros diferenciada.

“A gente procura estar próximo ou abaixo da taxa Selic. O dinheiro vem de investidores que convenço a investir e ganhar menos, mas fazendo grande impacto”, diz João Paulo Pacífico, presidente do Grupo Gaia.

Vindo do mercado financeiro tradicional, ele diz ver, cada vez mais, uma demanda por investimentos com propósito. E exemplifica: entre uma empresa que gera mais resultados financeiros, mas não se preocupa com questões ambientais, sociais e de governança (ESG), o investidor consciente aposta numa rentabilidade menor que fomenta ações sustentáveis e melhora a qualidade de vida de pessoas.

Título de investimento

Nessa toada, o Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop) nasce para unir pessoas interessadas em investimentos de impacto e cooperativas de produção agrícola que não têm incentivos financeiros.

A coordenadora do Finapop, Ana Terra Reis, explica que o primeiro passo é identificar quais cooperativas têm condições de executar os planos com o dinheiro. Plano de negócio, tipo de mercado e forma de organização são pontos analisados. “A gente precisa fazer um acompanhamento muito próximo desses recursos para não inviabilizar a cooperativa, para não ter inadimplência nem endividamento”, diz.

Um dos títulos sustentáveis formulados com o Grupo Gaia foi o CRA Cooperativas MST, que teve como destino cooperativas e agricultores familiares. O instrumento recebeu investimento de 1,5 mil pessoas físicas, que podiam começar com R$ 100, sendo que o valor total da operação ficou em R$ 17,5 milhões.

Há desafios nesse modelo. “O grande ponto é montar boas operações e criar caminhos para o negócio começar a ganhar escala, criar parcerias que sejam sustentáveis e que cresçam no médio e longo prazos”, comenta Pacífico.

Outro ponto é a taxa de juros, indica Ana Terra. “No CRA, a gente conseguiu operar com 7,5% e hoje é impossível pensar isso, porque a Selic está em mais de 13%. É um desafio bastante grande para achar investidores dispostos a receber menos do que a Selic, mas ter condições de garantia melhores para os agricultores”, ela comenta.

Para atrair esse público, vale mostrar os resultados, como o da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, em Londrina (PR). A entidade foi uma das sete beneficiadas pelo CRA Cooperativas MST e investiu o valor captado na finalização da agroindústria de milho livre de transgênico, cuja construção tinha sido interrompida por falta de recursos.

“Demorou seis meses até a coleta do recurso. Conseguimos terminar a indústria, comprar máquinas, fazer projeto elétrico, cercar a indústria com alambrado, fazer projeto para liberação de alvará, inclusive o ambiental, e construção de silo para armazenar o produto”, conta Fábio Herdt, presidente da Copacon.

O dinheiro também melhorou processos que antes eram feitos manualmente e agora são automatizados, como descarga e carregamento de produtos.

Fábio Herbt, presidente da Copacon Foto: MST/PR

“As famílias produtoras do grão não tinham mercado para esse milho, que se misturava ao transgênico, ia para a cerealista e pagava preço baixo. Hoje, a cooperativa paga um preço melhor, desenvolve as famílias e põe o produto no mercado, por isso a importância do recurso, porque a gente não consegue acessar recurso tão fácil hoje nos bancos, porque é uma cooperativa pequena”, acrescenta.

Ana Terra diz que esses títulos sustentáveis também são uma forma de dar mais liberdade às cooperativas para buscar crédito além dos incentivos governamentais. “Quando abre possibilidade de entrar no mercado (de investimentos), abre possibilidade de criar autonomia dos agricultores frente a políticas públicas, que independem de governo”, afirma.

Em julho deste ano, a pequena marca Ju Arléo Chocolates, do sul da Bahia, ficou em segundo lugar no concurso internacional da Academy of Chocolate com uma barra 70% cacau e mel de uruçu, abelha nativa da região. Por trás desse feito está uma família de cacauicultores que teve acesso facilitado a crédito para melhorar a produção sustentável e um grupo de investidores conscientes do impacto socioambiental desse dinheiro.

A ligação entre essas pontas se deu por meio do primeiro Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) sustentável do País, lançado em 2021 pela ONG Tabôa. Esse instrumento financeiro é um título de investimento, de renda fixa, que nesse caso foi criado especificamente para atender a cadeia do cacau naquela parte do Estado.

Desenhada em parceria com o Grupo Gaia e os institutos Arapyaú e Humanize, a operação somou em torno de R$ 1,37 milhão e beneficiou 184 agricultores. Eles pegaram, em média, R$ 7 mil e, depois de um ano, obtiveram uma melhora de 38,9% na renda bruta média.

O casal Lucas Arléo e Julianna Torres com a filha Julia na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus (BA) Foto: Amanda Gil

Lucas Arléo, terceira geração de produtores de cacau na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus, foi um dos beneficiados. A filha dele, Julia, hoje com 10 anos de idade, foi quem idealizou a marca destacada na premiação. O agricultor investiu o valor na compra de uma estufa para aprimorar a etapa de secagem das amêndoas, principalmente as especiais, que têm qualidade superior e são vendidas a preço mais alto.

Arléo vinha aprimorando a qualidade das amêndoas com o apoio do Centro de Inovação do Cacau e do Sebrae, mas alguns desafios no beneficiamento faziam com que elas fossem perdidas.

Tradicionalmente, a secagem é feita a céu aberto sobre um lastro de madeira. Nos horários de pico do sol, a estrutura deve ser coberta para evitar queimar as amêndoas. Por outro lado, em períodos chuvosos, de pouco sol, o processo é comprometido e elas podem mofar. “A estufa era uma demanda que a gente tinha. Tivemos a felicidade de contar com esse crédito”, diz o agricultor.

Com o equipamento, o volume de cacau especial aumentou, bem como a rentabilidade, que cresceu 30%. “Isso nos permitiu fazer novos investimentos na fazenda, como na renovação do plantio. Também melhoramos a condição de vida dos nossos colaboradores, reformando as casas deles”, relata ele. Todo esse trabalho é realizado no ecossistema sustentável da cabruca, em que os cacaueiros são plantados sob a copa de árvores da Mata Atlântica, o que preserva a flora nativa.

Crédito rural facilitado

Pesquisa realizada em abril de 2021 pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural mostrou que 38% dos 4,3 mil produtores rurais entrevistados nunca contrataram crédito rural. Lidar com as instituições financeiras tradicionais é um desafio: excesso de burocracia, demora na liberação de crédito e garantias exigidas são algumas das dificuldades que eles enfrentam.

Na busca por um cenário mais sustentável, o Grupo Gaia atua com negócios de impacto socioambiental. A empresa do mercado financeiro tem como foco de atuação a questão imobiliária, com emissão de títulos para financiar a construção de casas em comunidades, por exemplo, projetos para geração de renda e agricultura familiar.

Por meio de parcerias, o grupo cria instrumentos de captação de investimento, como fez com o CRA junto à ONG Tabôa e com o MST para investir em cooperativas que atuam com produção de alimentos saudáveis. O acesso facilitado se dá, principalmente, pela taxa de juros diferenciada.

“A gente procura estar próximo ou abaixo da taxa Selic. O dinheiro vem de investidores que convenço a investir e ganhar menos, mas fazendo grande impacto”, diz João Paulo Pacífico, presidente do Grupo Gaia.

Vindo do mercado financeiro tradicional, ele diz ver, cada vez mais, uma demanda por investimentos com propósito. E exemplifica: entre uma empresa que gera mais resultados financeiros, mas não se preocupa com questões ambientais, sociais e de governança (ESG), o investidor consciente aposta numa rentabilidade menor que fomenta ações sustentáveis e melhora a qualidade de vida de pessoas.

Título de investimento

Nessa toada, o Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop) nasce para unir pessoas interessadas em investimentos de impacto e cooperativas de produção agrícola que não têm incentivos financeiros.

A coordenadora do Finapop, Ana Terra Reis, explica que o primeiro passo é identificar quais cooperativas têm condições de executar os planos com o dinheiro. Plano de negócio, tipo de mercado e forma de organização são pontos analisados. “A gente precisa fazer um acompanhamento muito próximo desses recursos para não inviabilizar a cooperativa, para não ter inadimplência nem endividamento”, diz.

Um dos títulos sustentáveis formulados com o Grupo Gaia foi o CRA Cooperativas MST, que teve como destino cooperativas e agricultores familiares. O instrumento recebeu investimento de 1,5 mil pessoas físicas, que podiam começar com R$ 100, sendo que o valor total da operação ficou em R$ 17,5 milhões.

Há desafios nesse modelo. “O grande ponto é montar boas operações e criar caminhos para o negócio começar a ganhar escala, criar parcerias que sejam sustentáveis e que cresçam no médio e longo prazos”, comenta Pacífico.

Outro ponto é a taxa de juros, indica Ana Terra. “No CRA, a gente conseguiu operar com 7,5% e hoje é impossível pensar isso, porque a Selic está em mais de 13%. É um desafio bastante grande para achar investidores dispostos a receber menos do que a Selic, mas ter condições de garantia melhores para os agricultores”, ela comenta.

Para atrair esse público, vale mostrar os resultados, como o da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, em Londrina (PR). A entidade foi uma das sete beneficiadas pelo CRA Cooperativas MST e investiu o valor captado na finalização da agroindústria de milho livre de transgênico, cuja construção tinha sido interrompida por falta de recursos.

“Demorou seis meses até a coleta do recurso. Conseguimos terminar a indústria, comprar máquinas, fazer projeto elétrico, cercar a indústria com alambrado, fazer projeto para liberação de alvará, inclusive o ambiental, e construção de silo para armazenar o produto”, conta Fábio Herdt, presidente da Copacon.

O dinheiro também melhorou processos que antes eram feitos manualmente e agora são automatizados, como descarga e carregamento de produtos.

Fábio Herbt, presidente da Copacon Foto: MST/PR

“As famílias produtoras do grão não tinham mercado para esse milho, que se misturava ao transgênico, ia para a cerealista e pagava preço baixo. Hoje, a cooperativa paga um preço melhor, desenvolve as famílias e põe o produto no mercado, por isso a importância do recurso, porque a gente não consegue acessar recurso tão fácil hoje nos bancos, porque é uma cooperativa pequena”, acrescenta.

Ana Terra diz que esses títulos sustentáveis também são uma forma de dar mais liberdade às cooperativas para buscar crédito além dos incentivos governamentais. “Quando abre possibilidade de entrar no mercado (de investimentos), abre possibilidade de criar autonomia dos agricultores frente a políticas públicas, que independem de governo”, afirma.

Em julho deste ano, a pequena marca Ju Arléo Chocolates, do sul da Bahia, ficou em segundo lugar no concurso internacional da Academy of Chocolate com uma barra 70% cacau e mel de uruçu, abelha nativa da região. Por trás desse feito está uma família de cacauicultores que teve acesso facilitado a crédito para melhorar a produção sustentável e um grupo de investidores conscientes do impacto socioambiental desse dinheiro.

A ligação entre essas pontas se deu por meio do primeiro Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) sustentável do País, lançado em 2021 pela ONG Tabôa. Esse instrumento financeiro é um título de investimento, de renda fixa, que nesse caso foi criado especificamente para atender a cadeia do cacau naquela parte do Estado.

Desenhada em parceria com o Grupo Gaia e os institutos Arapyaú e Humanize, a operação somou em torno de R$ 1,37 milhão e beneficiou 184 agricultores. Eles pegaram, em média, R$ 7 mil e, depois de um ano, obtiveram uma melhora de 38,9% na renda bruta média.

O casal Lucas Arléo e Julianna Torres com a filha Julia na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus (BA) Foto: Amanda Gil

Lucas Arléo, terceira geração de produtores de cacau na Fazenda Santa Rita, em Ilhéus, foi um dos beneficiados. A filha dele, Julia, hoje com 10 anos de idade, foi quem idealizou a marca destacada na premiação. O agricultor investiu o valor na compra de uma estufa para aprimorar a etapa de secagem das amêndoas, principalmente as especiais, que têm qualidade superior e são vendidas a preço mais alto.

Arléo vinha aprimorando a qualidade das amêndoas com o apoio do Centro de Inovação do Cacau e do Sebrae, mas alguns desafios no beneficiamento faziam com que elas fossem perdidas.

Tradicionalmente, a secagem é feita a céu aberto sobre um lastro de madeira. Nos horários de pico do sol, a estrutura deve ser coberta para evitar queimar as amêndoas. Por outro lado, em períodos chuvosos, de pouco sol, o processo é comprometido e elas podem mofar. “A estufa era uma demanda que a gente tinha. Tivemos a felicidade de contar com esse crédito”, diz o agricultor.

Com o equipamento, o volume de cacau especial aumentou, bem como a rentabilidade, que cresceu 30%. “Isso nos permitiu fazer novos investimentos na fazenda, como na renovação do plantio. Também melhoramos a condição de vida dos nossos colaboradores, reformando as casas deles”, relata ele. Todo esse trabalho é realizado no ecossistema sustentável da cabruca, em que os cacaueiros são plantados sob a copa de árvores da Mata Atlântica, o que preserva a flora nativa.

Crédito rural facilitado

Pesquisa realizada em abril de 2021 pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural mostrou que 38% dos 4,3 mil produtores rurais entrevistados nunca contrataram crédito rural. Lidar com as instituições financeiras tradicionais é um desafio: excesso de burocracia, demora na liberação de crédito e garantias exigidas são algumas das dificuldades que eles enfrentam.

Na busca por um cenário mais sustentável, o Grupo Gaia atua com negócios de impacto socioambiental. A empresa do mercado financeiro tem como foco de atuação a questão imobiliária, com emissão de títulos para financiar a construção de casas em comunidades, por exemplo, projetos para geração de renda e agricultura familiar.

Por meio de parcerias, o grupo cria instrumentos de captação de investimento, como fez com o CRA junto à ONG Tabôa e com o MST para investir em cooperativas que atuam com produção de alimentos saudáveis. O acesso facilitado se dá, principalmente, pela taxa de juros diferenciada.

“A gente procura estar próximo ou abaixo da taxa Selic. O dinheiro vem de investidores que convenço a investir e ganhar menos, mas fazendo grande impacto”, diz João Paulo Pacífico, presidente do Grupo Gaia.

Vindo do mercado financeiro tradicional, ele diz ver, cada vez mais, uma demanda por investimentos com propósito. E exemplifica: entre uma empresa que gera mais resultados financeiros, mas não se preocupa com questões ambientais, sociais e de governança (ESG), o investidor consciente aposta numa rentabilidade menor que fomenta ações sustentáveis e melhora a qualidade de vida de pessoas.

Título de investimento

Nessa toada, o Programa de Financiamento Popular da Agricultura Familiar para Produção de Alimentos Saudáveis (Finapop) nasce para unir pessoas interessadas em investimentos de impacto e cooperativas de produção agrícola que não têm incentivos financeiros.

A coordenadora do Finapop, Ana Terra Reis, explica que o primeiro passo é identificar quais cooperativas têm condições de executar os planos com o dinheiro. Plano de negócio, tipo de mercado e forma de organização são pontos analisados. “A gente precisa fazer um acompanhamento muito próximo desses recursos para não inviabilizar a cooperativa, para não ter inadimplência nem endividamento”, diz.

Um dos títulos sustentáveis formulados com o Grupo Gaia foi o CRA Cooperativas MST, que teve como destino cooperativas e agricultores familiares. O instrumento recebeu investimento de 1,5 mil pessoas físicas, que podiam começar com R$ 100, sendo que o valor total da operação ficou em R$ 17,5 milhões.

Há desafios nesse modelo. “O grande ponto é montar boas operações e criar caminhos para o negócio começar a ganhar escala, criar parcerias que sejam sustentáveis e que cresçam no médio e longo prazos”, comenta Pacífico.

Outro ponto é a taxa de juros, indica Ana Terra. “No CRA, a gente conseguiu operar com 7,5% e hoje é impossível pensar isso, porque a Selic está em mais de 13%. É um desafio bastante grande para achar investidores dispostos a receber menos do que a Selic, mas ter condições de garantia melhores para os agricultores”, ela comenta.

Para atrair esse público, vale mostrar os resultados, como o da Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), localizada no Assentamento Eli Vive I, em Londrina (PR). A entidade foi uma das sete beneficiadas pelo CRA Cooperativas MST e investiu o valor captado na finalização da agroindústria de milho livre de transgênico, cuja construção tinha sido interrompida por falta de recursos.

“Demorou seis meses até a coleta do recurso. Conseguimos terminar a indústria, comprar máquinas, fazer projeto elétrico, cercar a indústria com alambrado, fazer projeto para liberação de alvará, inclusive o ambiental, e construção de silo para armazenar o produto”, conta Fábio Herdt, presidente da Copacon.

O dinheiro também melhorou processos que antes eram feitos manualmente e agora são automatizados, como descarga e carregamento de produtos.

Fábio Herbt, presidente da Copacon Foto: MST/PR

“As famílias produtoras do grão não tinham mercado para esse milho, que se misturava ao transgênico, ia para a cerealista e pagava preço baixo. Hoje, a cooperativa paga um preço melhor, desenvolve as famílias e põe o produto no mercado, por isso a importância do recurso, porque a gente não consegue acessar recurso tão fácil hoje nos bancos, porque é uma cooperativa pequena”, acrescenta.

Ana Terra diz que esses títulos sustentáveis também são uma forma de dar mais liberdade às cooperativas para buscar crédito além dos incentivos governamentais. “Quando abre possibilidade de entrar no mercado (de investimentos), abre possibilidade de criar autonomia dos agricultores frente a políticas públicas, que independem de governo”, afirma.

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