Eles quebraram, viraram camelôs, e hoje faturam R$ 7 milhões: ‘Só voltamos porque fomos estudar’


Casal em SP conta como teve três lojas de roupas no Brás, mas perdeu tudo por erros de administração; eles buscaram especialização e reconstruíram os negócios

Por Felipe Siqueira
Atualização:

O casal Marcos, 35 anos, e Vivian Martins, 36, faturou R$ 7 milhões em 2022 com a loja de roupas Lamar Moda Feminina, no Brás, bairro de moda popular em São Paulo. Só que, até chegar nesse patamar, algumas quebras financeiras tiveram de ser superadas pelo caminho.

Marcos começou cedo nos negócios: nascido em família humilde, com a mãe trabalhando como empregada doméstica, teve uma infância simples e, aos 11 anos, já estava empregado em uma pizzaria. Aos 17, passou a ser vendedor em lojas de roupas. Por volta da mesma idade, enveredou para o empreendedorismo.

Barraca de camelô foi crescendo

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Em 2005, dois eventos importantes aconteceram na vida dele: começou a primeira barraca na região do Brás, com um sócio; e foi pai. Nesse momento, a necessidade de renda aumentou ainda mais.

A partir daí, durante o dia, o trabalho era na loja - como empregado. De madrugada, realizava as vendas na feira do Brás. A rotina foi ficando puxada, até que ele decidiu por se dedicar inteiramente ao negócio próprio.

Tudo isso fez com que não demorasse para surgir a necessidade de fabricar as próprias peças, em razão da demanda. Inicialmente, esse processo foi terceirizado. Depois, passou a fazer tudo por conta própria.

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Tudo foi acontecendo de maneira rápida, e as coisas “foram dando certo”, como ele relembra. Após uma conversa com um amigo representante comercial, passou a comercializar as roupas próprias para grandes lojas da região.

O modelo de negócio, então, tinha duas pontas: negociar com magazines e vender diretamente na barraca.

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Abriram três lojas em dois anos

O empreendimento seguiu ganhando tração e, passado um certo tempo, em 2013, Vivian entrou no negócio - eles se conheceram justamente nessa época.

Mantiveram-se como camelôs até 2015. Foi nesse ano em que abriram a primeira loja em um espaço alugado, também no Brás.

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Marcos e Vivian Martins, donos da Lamar Moda Feminina Foto: Alex Silva/Estadão Foto: Alex Silva

Em dois anos (2015 e 2016), abriram a segunda e a terceira unidades. “A gente estava no auge, com três lojas funcionando, vendendo muito”, fala Marcos.

Não tinham organização financeira

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Dois anos depois, porém, o baque: por falta de organização financeira, todo o negócio quebrou. As três lojas tiveram que ser fechadas e funcionários foram demitidos - cerca de 25 registrados e 50 terceirizados.

“Eu achava que era o cara, que eu estava ‘voando’ (antes da quebra). Mas eu estava totalmente errado. Porque eu não sabia mexer com fluxo de caixa direito. Não fazia uma boa precificação dos produtos. Vendia com prazo para receber dali a dois ou três meses. Então, errei em várias coisas”, explica o empreendedor.

Além de não se preocupar tanto com o caixa da empresa, Marcos fala que um dos maiores problemas nesse período foi não diferenciar as contas de pessoas física e jurídica.

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“Eu nem sabia o que era pro-labore (salário do empreendedor) naquela época. Então, eu achava que aquele dinheiro era meu, mas não era. Ficava tudo bagunçado porque a gente não tinha gestão.”

Outro erro identificado por ele mais tarde foi não ter conhecimento do que o faturamento representava no contexto da empresa. “Eu via aquele faturamento enorme e achava que era lucro. Claro que não era. Depois de descontar tudo, entre funcionários, impostos e tudo mais, não sobrava nada.”

Isso resultou em duas coisas:

  • o gatilho mais importante em relação à quebra: dívidas - tanto com bancos, quanto com fornecedores
  • necessidade de se reestruturar, por meio de estudo, para conseguir voltar a vender

Voltando a ser camelô na madrugada

A partir disso, eles precisaram começar todo o processo do zero, voltando a ser camelôs na madrugada.

Enquanto isso, buscaram capacitação com mentores e cursos variados, com destaque para o Empretec, de formação de empreendedores, do Sebrae.

Além disso, começaram a acompanhar mais de perto a estruturação da empresa, nas partes jurídica e contábil.

Nesse processo, houve uma decisão importante sobre o modelo de negócio. A partir dali, eles iam parar de revender para grandes lojas e passar a trabalhar com pequenos negócios.

Por quê? Segundo eles, para conseguir desenvolver uma marca própria. Surgia, então, a Lamar Moda Feminina.

Além das vendas para esses empreendimentos, o casal abriu um site para fornecer roupas no atacado, também para pequenos negócios. A compra mínimo era de R$ 300. A ideia era atender outros Estados.

Mas aí veio a pandemia de covid-19 e, junto, a necessidade de mais uma alteração no dia a dia. Todas as lojas que eram clientes do casal estavam fechadas, por conta dos lockdowns.

A partir disso, veio a ideia de vender diretamente para o consumidor final. Para isso, porém, foi necessário retirar o valor mínimo de compra, de R$ 300 - considerado alto para pessoas físicas.

Isso acabou por mudar completamente o foco dos empresários. Atualmente, eles mantêm apenas um ponto físico, uma loja, em uma galeria no Brás.

Mas é do site que vem o grande faturamento da marca - 90%. Apenas 10% vêm da unidade física, que existe desde 2018.

Para este ano, a previsão é manter o mesmo faturamento de 2022. Marcos afirma que as vendas em 2023 estão um pouco mais devagar. “Parece que as pessoas estão segurando mais o dinheiro.”

Para diversificar a atuação, eles estão estruturando um braço educacional na marca, com foco no ensino de gestão empresarial. “Quero ajudar as pessoas para tentar evitar que tenham os mesmos erros que tivemos”, declara.

O casal Marcos, 35 anos, e Vivian Martins, 36, faturou R$ 7 milhões em 2022 com a loja de roupas Lamar Moda Feminina, no Brás, bairro de moda popular em São Paulo. Só que, até chegar nesse patamar, algumas quebras financeiras tiveram de ser superadas pelo caminho.

Marcos começou cedo nos negócios: nascido em família humilde, com a mãe trabalhando como empregada doméstica, teve uma infância simples e, aos 11 anos, já estava empregado em uma pizzaria. Aos 17, passou a ser vendedor em lojas de roupas. Por volta da mesma idade, enveredou para o empreendedorismo.

Barraca de camelô foi crescendo

Em 2005, dois eventos importantes aconteceram na vida dele: começou a primeira barraca na região do Brás, com um sócio; e foi pai. Nesse momento, a necessidade de renda aumentou ainda mais.

A partir daí, durante o dia, o trabalho era na loja - como empregado. De madrugada, realizava as vendas na feira do Brás. A rotina foi ficando puxada, até que ele decidiu por se dedicar inteiramente ao negócio próprio.

Tudo isso fez com que não demorasse para surgir a necessidade de fabricar as próprias peças, em razão da demanda. Inicialmente, esse processo foi terceirizado. Depois, passou a fazer tudo por conta própria.

Tudo foi acontecendo de maneira rápida, e as coisas “foram dando certo”, como ele relembra. Após uma conversa com um amigo representante comercial, passou a comercializar as roupas próprias para grandes lojas da região.

O modelo de negócio, então, tinha duas pontas: negociar com magazines e vender diretamente na barraca.

Abriram três lojas em dois anos

O empreendimento seguiu ganhando tração e, passado um certo tempo, em 2013, Vivian entrou no negócio - eles se conheceram justamente nessa época.

Mantiveram-se como camelôs até 2015. Foi nesse ano em que abriram a primeira loja em um espaço alugado, também no Brás.

Marcos e Vivian Martins, donos da Lamar Moda Feminina Foto: Alex Silva/Estadão Foto: Alex Silva

Em dois anos (2015 e 2016), abriram a segunda e a terceira unidades. “A gente estava no auge, com três lojas funcionando, vendendo muito”, fala Marcos.

Não tinham organização financeira

Dois anos depois, porém, o baque: por falta de organização financeira, todo o negócio quebrou. As três lojas tiveram que ser fechadas e funcionários foram demitidos - cerca de 25 registrados e 50 terceirizados.

“Eu achava que era o cara, que eu estava ‘voando’ (antes da quebra). Mas eu estava totalmente errado. Porque eu não sabia mexer com fluxo de caixa direito. Não fazia uma boa precificação dos produtos. Vendia com prazo para receber dali a dois ou três meses. Então, errei em várias coisas”, explica o empreendedor.

Além de não se preocupar tanto com o caixa da empresa, Marcos fala que um dos maiores problemas nesse período foi não diferenciar as contas de pessoas física e jurídica.

“Eu nem sabia o que era pro-labore (salário do empreendedor) naquela época. Então, eu achava que aquele dinheiro era meu, mas não era. Ficava tudo bagunçado porque a gente não tinha gestão.”

Outro erro identificado por ele mais tarde foi não ter conhecimento do que o faturamento representava no contexto da empresa. “Eu via aquele faturamento enorme e achava que era lucro. Claro que não era. Depois de descontar tudo, entre funcionários, impostos e tudo mais, não sobrava nada.”

Isso resultou em duas coisas:

  • o gatilho mais importante em relação à quebra: dívidas - tanto com bancos, quanto com fornecedores
  • necessidade de se reestruturar, por meio de estudo, para conseguir voltar a vender

Voltando a ser camelô na madrugada

A partir disso, eles precisaram começar todo o processo do zero, voltando a ser camelôs na madrugada.

Enquanto isso, buscaram capacitação com mentores e cursos variados, com destaque para o Empretec, de formação de empreendedores, do Sebrae.

Além disso, começaram a acompanhar mais de perto a estruturação da empresa, nas partes jurídica e contábil.

Nesse processo, houve uma decisão importante sobre o modelo de negócio. A partir dali, eles iam parar de revender para grandes lojas e passar a trabalhar com pequenos negócios.

Por quê? Segundo eles, para conseguir desenvolver uma marca própria. Surgia, então, a Lamar Moda Feminina.

Além das vendas para esses empreendimentos, o casal abriu um site para fornecer roupas no atacado, também para pequenos negócios. A compra mínimo era de R$ 300. A ideia era atender outros Estados.

Mas aí veio a pandemia de covid-19 e, junto, a necessidade de mais uma alteração no dia a dia. Todas as lojas que eram clientes do casal estavam fechadas, por conta dos lockdowns.

A partir disso, veio a ideia de vender diretamente para o consumidor final. Para isso, porém, foi necessário retirar o valor mínimo de compra, de R$ 300 - considerado alto para pessoas físicas.

Isso acabou por mudar completamente o foco dos empresários. Atualmente, eles mantêm apenas um ponto físico, uma loja, em uma galeria no Brás.

Mas é do site que vem o grande faturamento da marca - 90%. Apenas 10% vêm da unidade física, que existe desde 2018.

Para este ano, a previsão é manter o mesmo faturamento de 2022. Marcos afirma que as vendas em 2023 estão um pouco mais devagar. “Parece que as pessoas estão segurando mais o dinheiro.”

Para diversificar a atuação, eles estão estruturando um braço educacional na marca, com foco no ensino de gestão empresarial. “Quero ajudar as pessoas para tentar evitar que tenham os mesmos erros que tivemos”, declara.

O casal Marcos, 35 anos, e Vivian Martins, 36, faturou R$ 7 milhões em 2022 com a loja de roupas Lamar Moda Feminina, no Brás, bairro de moda popular em São Paulo. Só que, até chegar nesse patamar, algumas quebras financeiras tiveram de ser superadas pelo caminho.

Marcos começou cedo nos negócios: nascido em família humilde, com a mãe trabalhando como empregada doméstica, teve uma infância simples e, aos 11 anos, já estava empregado em uma pizzaria. Aos 17, passou a ser vendedor em lojas de roupas. Por volta da mesma idade, enveredou para o empreendedorismo.

Barraca de camelô foi crescendo

Em 2005, dois eventos importantes aconteceram na vida dele: começou a primeira barraca na região do Brás, com um sócio; e foi pai. Nesse momento, a necessidade de renda aumentou ainda mais.

A partir daí, durante o dia, o trabalho era na loja - como empregado. De madrugada, realizava as vendas na feira do Brás. A rotina foi ficando puxada, até que ele decidiu por se dedicar inteiramente ao negócio próprio.

Tudo isso fez com que não demorasse para surgir a necessidade de fabricar as próprias peças, em razão da demanda. Inicialmente, esse processo foi terceirizado. Depois, passou a fazer tudo por conta própria.

Tudo foi acontecendo de maneira rápida, e as coisas “foram dando certo”, como ele relembra. Após uma conversa com um amigo representante comercial, passou a comercializar as roupas próprias para grandes lojas da região.

O modelo de negócio, então, tinha duas pontas: negociar com magazines e vender diretamente na barraca.

Abriram três lojas em dois anos

O empreendimento seguiu ganhando tração e, passado um certo tempo, em 2013, Vivian entrou no negócio - eles se conheceram justamente nessa época.

Mantiveram-se como camelôs até 2015. Foi nesse ano em que abriram a primeira loja em um espaço alugado, também no Brás.

Marcos e Vivian Martins, donos da Lamar Moda Feminina Foto: Alex Silva/Estadão Foto: Alex Silva

Em dois anos (2015 e 2016), abriram a segunda e a terceira unidades. “A gente estava no auge, com três lojas funcionando, vendendo muito”, fala Marcos.

Não tinham organização financeira

Dois anos depois, porém, o baque: por falta de organização financeira, todo o negócio quebrou. As três lojas tiveram que ser fechadas e funcionários foram demitidos - cerca de 25 registrados e 50 terceirizados.

“Eu achava que era o cara, que eu estava ‘voando’ (antes da quebra). Mas eu estava totalmente errado. Porque eu não sabia mexer com fluxo de caixa direito. Não fazia uma boa precificação dos produtos. Vendia com prazo para receber dali a dois ou três meses. Então, errei em várias coisas”, explica o empreendedor.

Além de não se preocupar tanto com o caixa da empresa, Marcos fala que um dos maiores problemas nesse período foi não diferenciar as contas de pessoas física e jurídica.

“Eu nem sabia o que era pro-labore (salário do empreendedor) naquela época. Então, eu achava que aquele dinheiro era meu, mas não era. Ficava tudo bagunçado porque a gente não tinha gestão.”

Outro erro identificado por ele mais tarde foi não ter conhecimento do que o faturamento representava no contexto da empresa. “Eu via aquele faturamento enorme e achava que era lucro. Claro que não era. Depois de descontar tudo, entre funcionários, impostos e tudo mais, não sobrava nada.”

Isso resultou em duas coisas:

  • o gatilho mais importante em relação à quebra: dívidas - tanto com bancos, quanto com fornecedores
  • necessidade de se reestruturar, por meio de estudo, para conseguir voltar a vender

Voltando a ser camelô na madrugada

A partir disso, eles precisaram começar todo o processo do zero, voltando a ser camelôs na madrugada.

Enquanto isso, buscaram capacitação com mentores e cursos variados, com destaque para o Empretec, de formação de empreendedores, do Sebrae.

Além disso, começaram a acompanhar mais de perto a estruturação da empresa, nas partes jurídica e contábil.

Nesse processo, houve uma decisão importante sobre o modelo de negócio. A partir dali, eles iam parar de revender para grandes lojas e passar a trabalhar com pequenos negócios.

Por quê? Segundo eles, para conseguir desenvolver uma marca própria. Surgia, então, a Lamar Moda Feminina.

Além das vendas para esses empreendimentos, o casal abriu um site para fornecer roupas no atacado, também para pequenos negócios. A compra mínimo era de R$ 300. A ideia era atender outros Estados.

Mas aí veio a pandemia de covid-19 e, junto, a necessidade de mais uma alteração no dia a dia. Todas as lojas que eram clientes do casal estavam fechadas, por conta dos lockdowns.

A partir disso, veio a ideia de vender diretamente para o consumidor final. Para isso, porém, foi necessário retirar o valor mínimo de compra, de R$ 300 - considerado alto para pessoas físicas.

Isso acabou por mudar completamente o foco dos empresários. Atualmente, eles mantêm apenas um ponto físico, uma loja, em uma galeria no Brás.

Mas é do site que vem o grande faturamento da marca - 90%. Apenas 10% vêm da unidade física, que existe desde 2018.

Para este ano, a previsão é manter o mesmo faturamento de 2022. Marcos afirma que as vendas em 2023 estão um pouco mais devagar. “Parece que as pessoas estão segurando mais o dinheiro.”

Para diversificar a atuação, eles estão estruturando um braço educacional na marca, com foco no ensino de gestão empresarial. “Quero ajudar as pessoas para tentar evitar que tenham os mesmos erros que tivemos”, declara.

O casal Marcos, 35 anos, e Vivian Martins, 36, faturou R$ 7 milhões em 2022 com a loja de roupas Lamar Moda Feminina, no Brás, bairro de moda popular em São Paulo. Só que, até chegar nesse patamar, algumas quebras financeiras tiveram de ser superadas pelo caminho.

Marcos começou cedo nos negócios: nascido em família humilde, com a mãe trabalhando como empregada doméstica, teve uma infância simples e, aos 11 anos, já estava empregado em uma pizzaria. Aos 17, passou a ser vendedor em lojas de roupas. Por volta da mesma idade, enveredou para o empreendedorismo.

Barraca de camelô foi crescendo

Em 2005, dois eventos importantes aconteceram na vida dele: começou a primeira barraca na região do Brás, com um sócio; e foi pai. Nesse momento, a necessidade de renda aumentou ainda mais.

A partir daí, durante o dia, o trabalho era na loja - como empregado. De madrugada, realizava as vendas na feira do Brás. A rotina foi ficando puxada, até que ele decidiu por se dedicar inteiramente ao negócio próprio.

Tudo isso fez com que não demorasse para surgir a necessidade de fabricar as próprias peças, em razão da demanda. Inicialmente, esse processo foi terceirizado. Depois, passou a fazer tudo por conta própria.

Tudo foi acontecendo de maneira rápida, e as coisas “foram dando certo”, como ele relembra. Após uma conversa com um amigo representante comercial, passou a comercializar as roupas próprias para grandes lojas da região.

O modelo de negócio, então, tinha duas pontas: negociar com magazines e vender diretamente na barraca.

Abriram três lojas em dois anos

O empreendimento seguiu ganhando tração e, passado um certo tempo, em 2013, Vivian entrou no negócio - eles se conheceram justamente nessa época.

Mantiveram-se como camelôs até 2015. Foi nesse ano em que abriram a primeira loja em um espaço alugado, também no Brás.

Marcos e Vivian Martins, donos da Lamar Moda Feminina Foto: Alex Silva/Estadão Foto: Alex Silva

Em dois anos (2015 e 2016), abriram a segunda e a terceira unidades. “A gente estava no auge, com três lojas funcionando, vendendo muito”, fala Marcos.

Não tinham organização financeira

Dois anos depois, porém, o baque: por falta de organização financeira, todo o negócio quebrou. As três lojas tiveram que ser fechadas e funcionários foram demitidos - cerca de 25 registrados e 50 terceirizados.

“Eu achava que era o cara, que eu estava ‘voando’ (antes da quebra). Mas eu estava totalmente errado. Porque eu não sabia mexer com fluxo de caixa direito. Não fazia uma boa precificação dos produtos. Vendia com prazo para receber dali a dois ou três meses. Então, errei em várias coisas”, explica o empreendedor.

Além de não se preocupar tanto com o caixa da empresa, Marcos fala que um dos maiores problemas nesse período foi não diferenciar as contas de pessoas física e jurídica.

“Eu nem sabia o que era pro-labore (salário do empreendedor) naquela época. Então, eu achava que aquele dinheiro era meu, mas não era. Ficava tudo bagunçado porque a gente não tinha gestão.”

Outro erro identificado por ele mais tarde foi não ter conhecimento do que o faturamento representava no contexto da empresa. “Eu via aquele faturamento enorme e achava que era lucro. Claro que não era. Depois de descontar tudo, entre funcionários, impostos e tudo mais, não sobrava nada.”

Isso resultou em duas coisas:

  • o gatilho mais importante em relação à quebra: dívidas - tanto com bancos, quanto com fornecedores
  • necessidade de se reestruturar, por meio de estudo, para conseguir voltar a vender

Voltando a ser camelô na madrugada

A partir disso, eles precisaram começar todo o processo do zero, voltando a ser camelôs na madrugada.

Enquanto isso, buscaram capacitação com mentores e cursos variados, com destaque para o Empretec, de formação de empreendedores, do Sebrae.

Além disso, começaram a acompanhar mais de perto a estruturação da empresa, nas partes jurídica e contábil.

Nesse processo, houve uma decisão importante sobre o modelo de negócio. A partir dali, eles iam parar de revender para grandes lojas e passar a trabalhar com pequenos negócios.

Por quê? Segundo eles, para conseguir desenvolver uma marca própria. Surgia, então, a Lamar Moda Feminina.

Além das vendas para esses empreendimentos, o casal abriu um site para fornecer roupas no atacado, também para pequenos negócios. A compra mínimo era de R$ 300. A ideia era atender outros Estados.

Mas aí veio a pandemia de covid-19 e, junto, a necessidade de mais uma alteração no dia a dia. Todas as lojas que eram clientes do casal estavam fechadas, por conta dos lockdowns.

A partir disso, veio a ideia de vender diretamente para o consumidor final. Para isso, porém, foi necessário retirar o valor mínimo de compra, de R$ 300 - considerado alto para pessoas físicas.

Isso acabou por mudar completamente o foco dos empresários. Atualmente, eles mantêm apenas um ponto físico, uma loja, em uma galeria no Brás.

Mas é do site que vem o grande faturamento da marca - 90%. Apenas 10% vêm da unidade física, que existe desde 2018.

Para este ano, a previsão é manter o mesmo faturamento de 2022. Marcos afirma que as vendas em 2023 estão um pouco mais devagar. “Parece que as pessoas estão segurando mais o dinheiro.”

Para diversificar a atuação, eles estão estruturando um braço educacional na marca, com foco no ensino de gestão empresarial. “Quero ajudar as pessoas para tentar evitar que tenham os mesmos erros que tivemos”, declara.

O casal Marcos, 35 anos, e Vivian Martins, 36, faturou R$ 7 milhões em 2022 com a loja de roupas Lamar Moda Feminina, no Brás, bairro de moda popular em São Paulo. Só que, até chegar nesse patamar, algumas quebras financeiras tiveram de ser superadas pelo caminho.

Marcos começou cedo nos negócios: nascido em família humilde, com a mãe trabalhando como empregada doméstica, teve uma infância simples e, aos 11 anos, já estava empregado em uma pizzaria. Aos 17, passou a ser vendedor em lojas de roupas. Por volta da mesma idade, enveredou para o empreendedorismo.

Barraca de camelô foi crescendo

Em 2005, dois eventos importantes aconteceram na vida dele: começou a primeira barraca na região do Brás, com um sócio; e foi pai. Nesse momento, a necessidade de renda aumentou ainda mais.

A partir daí, durante o dia, o trabalho era na loja - como empregado. De madrugada, realizava as vendas na feira do Brás. A rotina foi ficando puxada, até que ele decidiu por se dedicar inteiramente ao negócio próprio.

Tudo isso fez com que não demorasse para surgir a necessidade de fabricar as próprias peças, em razão da demanda. Inicialmente, esse processo foi terceirizado. Depois, passou a fazer tudo por conta própria.

Tudo foi acontecendo de maneira rápida, e as coisas “foram dando certo”, como ele relembra. Após uma conversa com um amigo representante comercial, passou a comercializar as roupas próprias para grandes lojas da região.

O modelo de negócio, então, tinha duas pontas: negociar com magazines e vender diretamente na barraca.

Abriram três lojas em dois anos

O empreendimento seguiu ganhando tração e, passado um certo tempo, em 2013, Vivian entrou no negócio - eles se conheceram justamente nessa época.

Mantiveram-se como camelôs até 2015. Foi nesse ano em que abriram a primeira loja em um espaço alugado, também no Brás.

Marcos e Vivian Martins, donos da Lamar Moda Feminina Foto: Alex Silva/Estadão Foto: Alex Silva

Em dois anos (2015 e 2016), abriram a segunda e a terceira unidades. “A gente estava no auge, com três lojas funcionando, vendendo muito”, fala Marcos.

Não tinham organização financeira

Dois anos depois, porém, o baque: por falta de organização financeira, todo o negócio quebrou. As três lojas tiveram que ser fechadas e funcionários foram demitidos - cerca de 25 registrados e 50 terceirizados.

“Eu achava que era o cara, que eu estava ‘voando’ (antes da quebra). Mas eu estava totalmente errado. Porque eu não sabia mexer com fluxo de caixa direito. Não fazia uma boa precificação dos produtos. Vendia com prazo para receber dali a dois ou três meses. Então, errei em várias coisas”, explica o empreendedor.

Além de não se preocupar tanto com o caixa da empresa, Marcos fala que um dos maiores problemas nesse período foi não diferenciar as contas de pessoas física e jurídica.

“Eu nem sabia o que era pro-labore (salário do empreendedor) naquela época. Então, eu achava que aquele dinheiro era meu, mas não era. Ficava tudo bagunçado porque a gente não tinha gestão.”

Outro erro identificado por ele mais tarde foi não ter conhecimento do que o faturamento representava no contexto da empresa. “Eu via aquele faturamento enorme e achava que era lucro. Claro que não era. Depois de descontar tudo, entre funcionários, impostos e tudo mais, não sobrava nada.”

Isso resultou em duas coisas:

  • o gatilho mais importante em relação à quebra: dívidas - tanto com bancos, quanto com fornecedores
  • necessidade de se reestruturar, por meio de estudo, para conseguir voltar a vender

Voltando a ser camelô na madrugada

A partir disso, eles precisaram começar todo o processo do zero, voltando a ser camelôs na madrugada.

Enquanto isso, buscaram capacitação com mentores e cursos variados, com destaque para o Empretec, de formação de empreendedores, do Sebrae.

Além disso, começaram a acompanhar mais de perto a estruturação da empresa, nas partes jurídica e contábil.

Nesse processo, houve uma decisão importante sobre o modelo de negócio. A partir dali, eles iam parar de revender para grandes lojas e passar a trabalhar com pequenos negócios.

Por quê? Segundo eles, para conseguir desenvolver uma marca própria. Surgia, então, a Lamar Moda Feminina.

Além das vendas para esses empreendimentos, o casal abriu um site para fornecer roupas no atacado, também para pequenos negócios. A compra mínimo era de R$ 300. A ideia era atender outros Estados.

Mas aí veio a pandemia de covid-19 e, junto, a necessidade de mais uma alteração no dia a dia. Todas as lojas que eram clientes do casal estavam fechadas, por conta dos lockdowns.

A partir disso, veio a ideia de vender diretamente para o consumidor final. Para isso, porém, foi necessário retirar o valor mínimo de compra, de R$ 300 - considerado alto para pessoas físicas.

Isso acabou por mudar completamente o foco dos empresários. Atualmente, eles mantêm apenas um ponto físico, uma loja, em uma galeria no Brás.

Mas é do site que vem o grande faturamento da marca - 90%. Apenas 10% vêm da unidade física, que existe desde 2018.

Para este ano, a previsão é manter o mesmo faturamento de 2022. Marcos afirma que as vendas em 2023 estão um pouco mais devagar. “Parece que as pessoas estão segurando mais o dinheiro.”

Para diversificar a atuação, eles estão estruturando um braço educacional na marca, com foco no ensino de gestão empresarial. “Quero ajudar as pessoas para tentar evitar que tenham os mesmos erros que tivemos”, declara.

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