Natural de Recife (PE), Livio Teobaldo, 42, começou a empreender para cobrir um rombo em sua renda. Virou dono de um negócio com franquias e fatura R$ 13 milhões por ano vendendo minicoxinhas no nordeste.
Formado em ciência da computação, trabalhou por um bom tempo na área de Tecnologia da Informação (TI). Em 2005, foi transferido para São Paulo, onde o “mercado de TI é muito melhor”. Mas, por volta de 2009, após se casar, viu uma necessidade grande de retornar a Recife. Isso porque sua esposa havia passado em um concurso público local. A distância, com ele em SP e a esposa em Pernambuco, manteve-se por mais um ano, até que ele decidiu por voltar para casa.
O problema foi a parte financeira. As vagas na área em que ele se formou pagavam menos na região Nordeste do País: “Perdi 50% do meu salário. Profissionalmente, foi um recuo. Mas fiz pensando na família”, explica.
Comprou uma franquia de sorvetes
Por conta disso, a vontade de empreender, para complementar a renda, foi aumentando. Até que, em 2013, adquiriu uma unidade de franquia de sorvetes, a Mr. Mix - e que se mantém em seu portfólio de negócios até hoje. “Você, como franqueado, entende como funciona todo o processo de franquia, e o negócio deu supercerto”, diz.
Isso acabou pavimentando um caminho que viria a seguir: abrir uma loja própria, sem ser franqueada de alguma marca já conhecida.
Teobaldo se interessou pelo setor de salgados. Pensou em comprar uma franquia da área, mas acabou desistindo. A ideia, no entanto, ficou na sua cabeça.
“Iniciei a pesquisa de mercado. Fui ver as máquinas que fazem a coxinha e decidi investir na produção. Então, montamos a primeira loja, que, na época, tinha um mezanino, em cima um espaço de 12 metros quadrados, com máquina de modelar. Uma estrutura mínima para a gente produzir. Assim surgiu a Coxinha no Pote”, conta. Ele diz que também buscou receitas diferenciadas, pensando na qualidade do produto.
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Começou com as coxinhas em 2014
A primeira unidade foi aberta em 2014. “Nosso valor mínimo do produto era R$ 2, o dobro do mercado concorrente (da época, segundo ele). A nossa loja era bem organizada, com uma coxinha com mais recheio e bem sequinha. No nosso primeiro dia, a gente fechou antes das 16h - tudo o que a gente tinha produzido para para o dia havia esgotado”, diz.
A segunda loja já veio com maior espaço, além de uma indústria, para centralizar a produção. Foi assim até 2018, quando já tinha cinco lojas.
A partir da sexta unidade, em 2019, veio o modelo de franquia. Já entre 2020 e 2021, concentrando a produção em uma fábrica própria, com 16 pontos de lojas em funcionamento, veio a necessidade de fechar um contrato com uma indústria especializada no setor, para suprir a demanda de produção de salgados. Este contexto permitiu um crescimento mais acelerado.
Atualmente, a marca possui 39 unidades, sendo 21 em funcionamento, 12 em implementação e 6 com contrato de franqueado fechado, mas em busca de um local apto a receber o negócio. Destas, apenas uma se mantém como loja própria: a primeira.
Antes concentrado em Pernambuco, o processo possibilitou expansão para Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Para este ano, a ideia é, até o segundo semestre, inaugurar unidades no sudeste: São Paulo e Minas Gerais. Bahia e Maranhão também estão no radar.
O faturamento dos últimos 12 meses, contando até maio, ficou em cerca de R$ 13 milhões. Foram vendidas cerca de 144 toneladas de produtos no período, de acordo com Teobaldo. Boa parte das vendas é concentrada em minicoxinhas, que têm cerca de 8 gramas. Mas também existem os minichurros, além de produtos maiores, até 120 gramas.
Franquia mais barata custa R$ 65 mil
A franquia da Coxinha no Pote tem alguns modelos diferentes. A loja de rua tem o valor inicial mais baixo: algo entre R$ 65 mil e R$ 75 mil.
Em quiosque de shopping, o valor fica mais alto: a partir de R$ 170 mil. Isso acontece porque a fritadeira para esse modelo é bem mais cara. Uma fritadeira usada na rua custa R$ 4 mil. A de shopping sai entre R$ 40 mil e R$ 50 mil, porque não gera fumaça e reduz o cheiro.
Esse modelo de fritadeira também é usado na franquia de estilo totem (pontos de venda em centros comerciais, supermercados e faculdades). Essa franquia custa a partir de R$ 110 mil.
A franquia de contêiner, que também usa a fritadeira mais em conta, custa a partir de R$ 95 mil.
Os preços das coxinhas variam de acordo com o local de venda. O pote de coxinha com dez unidades sai a partir de R$ 5. Cada loja tem de 80 a 150 atendimentos por dia, com um ticket médio (gasto de cada cliente) entre R$ 10 e R$ 18.
Os dados citados neste texto foram coletados originalmente em julho de 2023.