Pão de whey, aula particular e cesta de café da manhã: conheça negócios que começaram no condomínio


Vendas entre vizinhos ajudam empreendedores a dar o pontapé inicial de novos negócios e a complementar renda

Por João Scheller
Atualização:

A sala de estar deu lugar aos refrigeradores que guardam as encomendas. Onde ficava a sala de jantar, hoje estão as embalagens e a área de contabilidade. É numa casa na Zona Norte de São Paulo que Tatiana Almeida e Jackeline Andrade tocam o próprio negócio, uma produtora de alimentos fit que oferece programas de dieta sob medida para seus clientes.

Quem vê a empresa crescendo, com sete funcionários e pronta para expansão, não imagina que o início se deu de forma muito mais discreta. Tatiana começou a produção de pães Dukan, logo após perceber a demanda existente no condomínio onde morava. Resolveu deixar de comprar e passou a produzir. “Joguei no Facebook. No outro dia, o número de amigos tinha saltado de 1 mil para 5 mil e meu Messenger (aplicativo de mensagens da rede social) lotado de gente fazendo pedidos”, conta.

Com a vantagem de trazer uma maior proximidade com os clientes, possibilidade de testar um novo negócio com mais segurança e sem custos de locação e distribuição elevados, os condomínios são opções ótimas para se começar a empreender. Aliado ao uso da tecnologia, eles podem ser a porta de entrada para se criar uma base de clientes e expandir o negócio para além da vizinhança.

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Foi o que fez Tatiana. Após o sucesso das primeiras vendas, ela não parou. Passou a estudar nutrição, entrou na faculdade e aperfeiçoou sua receita para a produção de pães zero carboidratos. Além disso, passou a vender planos que incluem todas as refeições de forma balanceada, além da dieta nutricional de cada cliente. Trabalhando com ajuda da mãe, as vendas no condomínio - e para fora dele - explodiram. Ela, então, passou a ter uma gama de clientes fixos em diferentes pontos da Capital. Isso até a chegada da pandemia.

“Quando passou a pandemia, a demanda começou a ficar fraca. Então, meus funcionários que ainda não haviam pego covid, pegaram. Fechei por 15 dias, depois mais 15 dias e depois não tinha mais como aguentar”, explica. A empreendedora se afastou dos negócios por um tempo até retomar o projeto junto de Jackeline. O que ela não esperava é que seria o condomínio novamente o ponto de partida para o recomeço do novo negócio.

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“Fui anunciando no grupo do condomínio até que uma pessoa se interessou por comprar”, conta Jackeline, mencionando que bastou o primeiro elogio entre os vizinhos para que as vendas disparassem. “É um pão zero carb, feito todo com whey (protein) e aquela curiosidade bateu em todo mundo. Começaram a comprar, um, dois, três clientes, e agora de 250 moradores do condomínio a gente vende para 100″, explica.

Tatiana Almeida (D), junto da mãe Almira Gonzaga (E), e Jackeline Andrade (C) na cozinha da Eat Smart. Negócio faz sucesso no condomínio de Jackeline e se prepara para expansão  Foto: Daniel Teixeira

Agora a produção acontece na casa de Tatiana - com o primeiro andar transformado em cozinha industrial. Com parcerias com academias e restaurantes, elas planejam dobrar o número de funcionários e expandir as vendas também para redes de supermercado e outros negócios. “A Eat Smart veio para revolucionar. O retorno que estamos tendo está sendo muito bom, então, é só crescer cada vez mais”, comemora Jackeline.

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“Muitas vezes, o próprio empreendedor é um diferencial por ser alguém que demonstra ter sentimentos e cuidado”, afirma Adriano Augusto Campos, consultor do Sebrae-SP. Ele explica que, além dos custos mais baixos no início, ao empreender no condomínio há uma vantagem de fidelizar a clientela com base na conveniência, de se comprar de alguém conhecido e que convive no mesmo ambiente.

Expansão

Para o professor de matemática Diego Saraiva, o empreendimento no condomínio começou como complemento de renda. Enquanto dava aulas em uma escola de Salvador, passou a oferecer tutoria para estudantes do condomínio onde morava, utilizando as salas de estudo disponíveis no prédio.

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Não demorou para que outros moradores notassem as sessões de estudo e procurassem os serviços de Saraiva. Em um mês, ele já dava aulas de reforço para oito alunos da vizinhança. “Eu vi que não era mais um rendimento extra”, conta o professor, que teve de alugar uma sala comercial e contratar uma equipe de cinco professores para dar conta da demanda, dando início a Alvo Educacional.

A possibilidade de começar um novo negócio com uma base de clientes já estruturada é um dos diferenciais dos empreendimentos que começam nos condomínios. Uma vantagem e tanto, considerando que captar e fidelizar clientes é um dos principais desafios dos micro e pequenos empreendedores, segundo dados da pesquisa “Dores dos Pequenos Negócios”, publicada pelo Sebrae no início deste ano.

“Na maior parte das vezes o condomínio é um local menos hostil para o empreendedor porque é um ambiente mais controlado”, explica Campos. Ele salienta, porém, que é preciso uma análise profunda do mercado para entender se a expansão das vendas é viável, considerando os concorrentes já disponíveis no mercado. “Um dos riscos é se esquecer de que a diferença do negócio no condomínio é a facilidade e a conveniência e, muitas vezes, o próprio empreendedor”, afirma o consultor do Sebrae.

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Pandemia

Mas assim como o negócio de Tatiana, Diego Saraiva foi atingido em cheio pela pandemia. Com a migração das aulas para o ambiente remoto e a diminuição no número de alunos procurando reforço escolar, ele teve de entregar o ponto. O professor, então, voltou a lecionar em escolas e, com o tempo, para um número menor de alunos novamente dentro do condomínio.

Essa diminuição do número de clientes fora um dos principais desafios dos micro e pequenos empreendedores durante a pandemia. Cerca de 25% deles afirmaram ser essa a principal dificuldade para se retomar à situação financeira do início de 2020, segundo pesquisa do Sebrae feita em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

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Com a volta das atividades presenciais e a retomada econômica, Saraiva está voltando a ocupar algumas salas em parceria com outra instituição de ensino de Salvador e planeja retomar o ritmo anterior. “Vamos continuar com o reforço escolar, retomar os nossos cursos preparatórios e, a curto e médio prazo, pretendemos voltar àquela proposta que tínhamos antes, de abrir nossa própria escola”, afirma.

Enquanto alguns veem nos condomínios um pontapé inicial para expandir o próprio negócio, outros encaram o ambiente como o lugar perfeito para complementar a renda. É o caso de Mônica Garcia, produtora de eventos, que encontrou na confecção de cestas de café da manhã a oportunidade perfeita para complementar a renda.

Durante o período de pandemia, com o setor de eventos parado, passou a oferecer cestas feitas em casa para antigos clientes e moradores do condomínio onde mora, em Mogi das Cruzes, na grande São Paulo. “Um manda para o outro, coloca em um grupo (de mensagens) e vai indo”, explica, ao citar a expansão das vendas, que avançaram os muros do condomínio através do boca a boca virtual.

Foi a fórmula perfeita para complementar a renda durante um período difícil e continuar na memória dos clientes. “As pessoas dão preferência porque estou aqui dentro e voltam por causa da qualidade dos produtos”, explica Garcia, que continua com o negócio até hoje, em paralelo com a organização de eventos. Ela destaca a importância que as vendas tiveram durante o período de isolamento social, gerando renda e mantendo em contato com os antigos clientes. “Eu continuei aparecendo, ninguém esqueceu de mim”, afirma.

A sala de estar deu lugar aos refrigeradores que guardam as encomendas. Onde ficava a sala de jantar, hoje estão as embalagens e a área de contabilidade. É numa casa na Zona Norte de São Paulo que Tatiana Almeida e Jackeline Andrade tocam o próprio negócio, uma produtora de alimentos fit que oferece programas de dieta sob medida para seus clientes.

Quem vê a empresa crescendo, com sete funcionários e pronta para expansão, não imagina que o início se deu de forma muito mais discreta. Tatiana começou a produção de pães Dukan, logo após perceber a demanda existente no condomínio onde morava. Resolveu deixar de comprar e passou a produzir. “Joguei no Facebook. No outro dia, o número de amigos tinha saltado de 1 mil para 5 mil e meu Messenger (aplicativo de mensagens da rede social) lotado de gente fazendo pedidos”, conta.

Com a vantagem de trazer uma maior proximidade com os clientes, possibilidade de testar um novo negócio com mais segurança e sem custos de locação e distribuição elevados, os condomínios são opções ótimas para se começar a empreender. Aliado ao uso da tecnologia, eles podem ser a porta de entrada para se criar uma base de clientes e expandir o negócio para além da vizinhança.

Foi o que fez Tatiana. Após o sucesso das primeiras vendas, ela não parou. Passou a estudar nutrição, entrou na faculdade e aperfeiçoou sua receita para a produção de pães zero carboidratos. Além disso, passou a vender planos que incluem todas as refeições de forma balanceada, além da dieta nutricional de cada cliente. Trabalhando com ajuda da mãe, as vendas no condomínio - e para fora dele - explodiram. Ela, então, passou a ter uma gama de clientes fixos em diferentes pontos da Capital. Isso até a chegada da pandemia.

“Quando passou a pandemia, a demanda começou a ficar fraca. Então, meus funcionários que ainda não haviam pego covid, pegaram. Fechei por 15 dias, depois mais 15 dias e depois não tinha mais como aguentar”, explica. A empreendedora se afastou dos negócios por um tempo até retomar o projeto junto de Jackeline. O que ela não esperava é que seria o condomínio novamente o ponto de partida para o recomeço do novo negócio.

“Fui anunciando no grupo do condomínio até que uma pessoa se interessou por comprar”, conta Jackeline, mencionando que bastou o primeiro elogio entre os vizinhos para que as vendas disparassem. “É um pão zero carb, feito todo com whey (protein) e aquela curiosidade bateu em todo mundo. Começaram a comprar, um, dois, três clientes, e agora de 250 moradores do condomínio a gente vende para 100″, explica.

Tatiana Almeida (D), junto da mãe Almira Gonzaga (E), e Jackeline Andrade (C) na cozinha da Eat Smart. Negócio faz sucesso no condomínio de Jackeline e se prepara para expansão  Foto: Daniel Teixeira

Agora a produção acontece na casa de Tatiana - com o primeiro andar transformado em cozinha industrial. Com parcerias com academias e restaurantes, elas planejam dobrar o número de funcionários e expandir as vendas também para redes de supermercado e outros negócios. “A Eat Smart veio para revolucionar. O retorno que estamos tendo está sendo muito bom, então, é só crescer cada vez mais”, comemora Jackeline.

“Muitas vezes, o próprio empreendedor é um diferencial por ser alguém que demonstra ter sentimentos e cuidado”, afirma Adriano Augusto Campos, consultor do Sebrae-SP. Ele explica que, além dos custos mais baixos no início, ao empreender no condomínio há uma vantagem de fidelizar a clientela com base na conveniência, de se comprar de alguém conhecido e que convive no mesmo ambiente.

Expansão

Para o professor de matemática Diego Saraiva, o empreendimento no condomínio começou como complemento de renda. Enquanto dava aulas em uma escola de Salvador, passou a oferecer tutoria para estudantes do condomínio onde morava, utilizando as salas de estudo disponíveis no prédio.

Não demorou para que outros moradores notassem as sessões de estudo e procurassem os serviços de Saraiva. Em um mês, ele já dava aulas de reforço para oito alunos da vizinhança. “Eu vi que não era mais um rendimento extra”, conta o professor, que teve de alugar uma sala comercial e contratar uma equipe de cinco professores para dar conta da demanda, dando início a Alvo Educacional.

A possibilidade de começar um novo negócio com uma base de clientes já estruturada é um dos diferenciais dos empreendimentos que começam nos condomínios. Uma vantagem e tanto, considerando que captar e fidelizar clientes é um dos principais desafios dos micro e pequenos empreendedores, segundo dados da pesquisa “Dores dos Pequenos Negócios”, publicada pelo Sebrae no início deste ano.

“Na maior parte das vezes o condomínio é um local menos hostil para o empreendedor porque é um ambiente mais controlado”, explica Campos. Ele salienta, porém, que é preciso uma análise profunda do mercado para entender se a expansão das vendas é viável, considerando os concorrentes já disponíveis no mercado. “Um dos riscos é se esquecer de que a diferença do negócio no condomínio é a facilidade e a conveniência e, muitas vezes, o próprio empreendedor”, afirma o consultor do Sebrae.

Pandemia

Mas assim como o negócio de Tatiana, Diego Saraiva foi atingido em cheio pela pandemia. Com a migração das aulas para o ambiente remoto e a diminuição no número de alunos procurando reforço escolar, ele teve de entregar o ponto. O professor, então, voltou a lecionar em escolas e, com o tempo, para um número menor de alunos novamente dentro do condomínio.

Essa diminuição do número de clientes fora um dos principais desafios dos micro e pequenos empreendedores durante a pandemia. Cerca de 25% deles afirmaram ser essa a principal dificuldade para se retomar à situação financeira do início de 2020, segundo pesquisa do Sebrae feita em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Com a volta das atividades presenciais e a retomada econômica, Saraiva está voltando a ocupar algumas salas em parceria com outra instituição de ensino de Salvador e planeja retomar o ritmo anterior. “Vamos continuar com o reforço escolar, retomar os nossos cursos preparatórios e, a curto e médio prazo, pretendemos voltar àquela proposta que tínhamos antes, de abrir nossa própria escola”, afirma.

Enquanto alguns veem nos condomínios um pontapé inicial para expandir o próprio negócio, outros encaram o ambiente como o lugar perfeito para complementar a renda. É o caso de Mônica Garcia, produtora de eventos, que encontrou na confecção de cestas de café da manhã a oportunidade perfeita para complementar a renda.

Durante o período de pandemia, com o setor de eventos parado, passou a oferecer cestas feitas em casa para antigos clientes e moradores do condomínio onde mora, em Mogi das Cruzes, na grande São Paulo. “Um manda para o outro, coloca em um grupo (de mensagens) e vai indo”, explica, ao citar a expansão das vendas, que avançaram os muros do condomínio através do boca a boca virtual.

Foi a fórmula perfeita para complementar a renda durante um período difícil e continuar na memória dos clientes. “As pessoas dão preferência porque estou aqui dentro e voltam por causa da qualidade dos produtos”, explica Garcia, que continua com o negócio até hoje, em paralelo com a organização de eventos. Ela destaca a importância que as vendas tiveram durante o período de isolamento social, gerando renda e mantendo em contato com os antigos clientes. “Eu continuei aparecendo, ninguém esqueceu de mim”, afirma.

A sala de estar deu lugar aos refrigeradores que guardam as encomendas. Onde ficava a sala de jantar, hoje estão as embalagens e a área de contabilidade. É numa casa na Zona Norte de São Paulo que Tatiana Almeida e Jackeline Andrade tocam o próprio negócio, uma produtora de alimentos fit que oferece programas de dieta sob medida para seus clientes.

Quem vê a empresa crescendo, com sete funcionários e pronta para expansão, não imagina que o início se deu de forma muito mais discreta. Tatiana começou a produção de pães Dukan, logo após perceber a demanda existente no condomínio onde morava. Resolveu deixar de comprar e passou a produzir. “Joguei no Facebook. No outro dia, o número de amigos tinha saltado de 1 mil para 5 mil e meu Messenger (aplicativo de mensagens da rede social) lotado de gente fazendo pedidos”, conta.

Com a vantagem de trazer uma maior proximidade com os clientes, possibilidade de testar um novo negócio com mais segurança e sem custos de locação e distribuição elevados, os condomínios são opções ótimas para se começar a empreender. Aliado ao uso da tecnologia, eles podem ser a porta de entrada para se criar uma base de clientes e expandir o negócio para além da vizinhança.

Foi o que fez Tatiana. Após o sucesso das primeiras vendas, ela não parou. Passou a estudar nutrição, entrou na faculdade e aperfeiçoou sua receita para a produção de pães zero carboidratos. Além disso, passou a vender planos que incluem todas as refeições de forma balanceada, além da dieta nutricional de cada cliente. Trabalhando com ajuda da mãe, as vendas no condomínio - e para fora dele - explodiram. Ela, então, passou a ter uma gama de clientes fixos em diferentes pontos da Capital. Isso até a chegada da pandemia.

“Quando passou a pandemia, a demanda começou a ficar fraca. Então, meus funcionários que ainda não haviam pego covid, pegaram. Fechei por 15 dias, depois mais 15 dias e depois não tinha mais como aguentar”, explica. A empreendedora se afastou dos negócios por um tempo até retomar o projeto junto de Jackeline. O que ela não esperava é que seria o condomínio novamente o ponto de partida para o recomeço do novo negócio.

“Fui anunciando no grupo do condomínio até que uma pessoa se interessou por comprar”, conta Jackeline, mencionando que bastou o primeiro elogio entre os vizinhos para que as vendas disparassem. “É um pão zero carb, feito todo com whey (protein) e aquela curiosidade bateu em todo mundo. Começaram a comprar, um, dois, três clientes, e agora de 250 moradores do condomínio a gente vende para 100″, explica.

Tatiana Almeida (D), junto da mãe Almira Gonzaga (E), e Jackeline Andrade (C) na cozinha da Eat Smart. Negócio faz sucesso no condomínio de Jackeline e se prepara para expansão  Foto: Daniel Teixeira

Agora a produção acontece na casa de Tatiana - com o primeiro andar transformado em cozinha industrial. Com parcerias com academias e restaurantes, elas planejam dobrar o número de funcionários e expandir as vendas também para redes de supermercado e outros negócios. “A Eat Smart veio para revolucionar. O retorno que estamos tendo está sendo muito bom, então, é só crescer cada vez mais”, comemora Jackeline.

“Muitas vezes, o próprio empreendedor é um diferencial por ser alguém que demonstra ter sentimentos e cuidado”, afirma Adriano Augusto Campos, consultor do Sebrae-SP. Ele explica que, além dos custos mais baixos no início, ao empreender no condomínio há uma vantagem de fidelizar a clientela com base na conveniência, de se comprar de alguém conhecido e que convive no mesmo ambiente.

Expansão

Para o professor de matemática Diego Saraiva, o empreendimento no condomínio começou como complemento de renda. Enquanto dava aulas em uma escola de Salvador, passou a oferecer tutoria para estudantes do condomínio onde morava, utilizando as salas de estudo disponíveis no prédio.

Não demorou para que outros moradores notassem as sessões de estudo e procurassem os serviços de Saraiva. Em um mês, ele já dava aulas de reforço para oito alunos da vizinhança. “Eu vi que não era mais um rendimento extra”, conta o professor, que teve de alugar uma sala comercial e contratar uma equipe de cinco professores para dar conta da demanda, dando início a Alvo Educacional.

A possibilidade de começar um novo negócio com uma base de clientes já estruturada é um dos diferenciais dos empreendimentos que começam nos condomínios. Uma vantagem e tanto, considerando que captar e fidelizar clientes é um dos principais desafios dos micro e pequenos empreendedores, segundo dados da pesquisa “Dores dos Pequenos Negócios”, publicada pelo Sebrae no início deste ano.

“Na maior parte das vezes o condomínio é um local menos hostil para o empreendedor porque é um ambiente mais controlado”, explica Campos. Ele salienta, porém, que é preciso uma análise profunda do mercado para entender se a expansão das vendas é viável, considerando os concorrentes já disponíveis no mercado. “Um dos riscos é se esquecer de que a diferença do negócio no condomínio é a facilidade e a conveniência e, muitas vezes, o próprio empreendedor”, afirma o consultor do Sebrae.

Pandemia

Mas assim como o negócio de Tatiana, Diego Saraiva foi atingido em cheio pela pandemia. Com a migração das aulas para o ambiente remoto e a diminuição no número de alunos procurando reforço escolar, ele teve de entregar o ponto. O professor, então, voltou a lecionar em escolas e, com o tempo, para um número menor de alunos novamente dentro do condomínio.

Essa diminuição do número de clientes fora um dos principais desafios dos micro e pequenos empreendedores durante a pandemia. Cerca de 25% deles afirmaram ser essa a principal dificuldade para se retomar à situação financeira do início de 2020, segundo pesquisa do Sebrae feita em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Com a volta das atividades presenciais e a retomada econômica, Saraiva está voltando a ocupar algumas salas em parceria com outra instituição de ensino de Salvador e planeja retomar o ritmo anterior. “Vamos continuar com o reforço escolar, retomar os nossos cursos preparatórios e, a curto e médio prazo, pretendemos voltar àquela proposta que tínhamos antes, de abrir nossa própria escola”, afirma.

Enquanto alguns veem nos condomínios um pontapé inicial para expandir o próprio negócio, outros encaram o ambiente como o lugar perfeito para complementar a renda. É o caso de Mônica Garcia, produtora de eventos, que encontrou na confecção de cestas de café da manhã a oportunidade perfeita para complementar a renda.

Durante o período de pandemia, com o setor de eventos parado, passou a oferecer cestas feitas em casa para antigos clientes e moradores do condomínio onde mora, em Mogi das Cruzes, na grande São Paulo. “Um manda para o outro, coloca em um grupo (de mensagens) e vai indo”, explica, ao citar a expansão das vendas, que avançaram os muros do condomínio através do boca a boca virtual.

Foi a fórmula perfeita para complementar a renda durante um período difícil e continuar na memória dos clientes. “As pessoas dão preferência porque estou aqui dentro e voltam por causa da qualidade dos produtos”, explica Garcia, que continua com o negócio até hoje, em paralelo com a organização de eventos. Ela destaca a importância que as vendas tiveram durante o período de isolamento social, gerando renda e mantendo em contato com os antigos clientes. “Eu continuei aparecendo, ninguém esqueceu de mim”, afirma.

A sala de estar deu lugar aos refrigeradores que guardam as encomendas. Onde ficava a sala de jantar, hoje estão as embalagens e a área de contabilidade. É numa casa na Zona Norte de São Paulo que Tatiana Almeida e Jackeline Andrade tocam o próprio negócio, uma produtora de alimentos fit que oferece programas de dieta sob medida para seus clientes.

Quem vê a empresa crescendo, com sete funcionários e pronta para expansão, não imagina que o início se deu de forma muito mais discreta. Tatiana começou a produção de pães Dukan, logo após perceber a demanda existente no condomínio onde morava. Resolveu deixar de comprar e passou a produzir. “Joguei no Facebook. No outro dia, o número de amigos tinha saltado de 1 mil para 5 mil e meu Messenger (aplicativo de mensagens da rede social) lotado de gente fazendo pedidos”, conta.

Com a vantagem de trazer uma maior proximidade com os clientes, possibilidade de testar um novo negócio com mais segurança e sem custos de locação e distribuição elevados, os condomínios são opções ótimas para se começar a empreender. Aliado ao uso da tecnologia, eles podem ser a porta de entrada para se criar uma base de clientes e expandir o negócio para além da vizinhança.

Foi o que fez Tatiana. Após o sucesso das primeiras vendas, ela não parou. Passou a estudar nutrição, entrou na faculdade e aperfeiçoou sua receita para a produção de pães zero carboidratos. Além disso, passou a vender planos que incluem todas as refeições de forma balanceada, além da dieta nutricional de cada cliente. Trabalhando com ajuda da mãe, as vendas no condomínio - e para fora dele - explodiram. Ela, então, passou a ter uma gama de clientes fixos em diferentes pontos da Capital. Isso até a chegada da pandemia.

“Quando passou a pandemia, a demanda começou a ficar fraca. Então, meus funcionários que ainda não haviam pego covid, pegaram. Fechei por 15 dias, depois mais 15 dias e depois não tinha mais como aguentar”, explica. A empreendedora se afastou dos negócios por um tempo até retomar o projeto junto de Jackeline. O que ela não esperava é que seria o condomínio novamente o ponto de partida para o recomeço do novo negócio.

“Fui anunciando no grupo do condomínio até que uma pessoa se interessou por comprar”, conta Jackeline, mencionando que bastou o primeiro elogio entre os vizinhos para que as vendas disparassem. “É um pão zero carb, feito todo com whey (protein) e aquela curiosidade bateu em todo mundo. Começaram a comprar, um, dois, três clientes, e agora de 250 moradores do condomínio a gente vende para 100″, explica.

Tatiana Almeida (D), junto da mãe Almira Gonzaga (E), e Jackeline Andrade (C) na cozinha da Eat Smart. Negócio faz sucesso no condomínio de Jackeline e se prepara para expansão  Foto: Daniel Teixeira

Agora a produção acontece na casa de Tatiana - com o primeiro andar transformado em cozinha industrial. Com parcerias com academias e restaurantes, elas planejam dobrar o número de funcionários e expandir as vendas também para redes de supermercado e outros negócios. “A Eat Smart veio para revolucionar. O retorno que estamos tendo está sendo muito bom, então, é só crescer cada vez mais”, comemora Jackeline.

“Muitas vezes, o próprio empreendedor é um diferencial por ser alguém que demonstra ter sentimentos e cuidado”, afirma Adriano Augusto Campos, consultor do Sebrae-SP. Ele explica que, além dos custos mais baixos no início, ao empreender no condomínio há uma vantagem de fidelizar a clientela com base na conveniência, de se comprar de alguém conhecido e que convive no mesmo ambiente.

Expansão

Para o professor de matemática Diego Saraiva, o empreendimento no condomínio começou como complemento de renda. Enquanto dava aulas em uma escola de Salvador, passou a oferecer tutoria para estudantes do condomínio onde morava, utilizando as salas de estudo disponíveis no prédio.

Não demorou para que outros moradores notassem as sessões de estudo e procurassem os serviços de Saraiva. Em um mês, ele já dava aulas de reforço para oito alunos da vizinhança. “Eu vi que não era mais um rendimento extra”, conta o professor, que teve de alugar uma sala comercial e contratar uma equipe de cinco professores para dar conta da demanda, dando início a Alvo Educacional.

A possibilidade de começar um novo negócio com uma base de clientes já estruturada é um dos diferenciais dos empreendimentos que começam nos condomínios. Uma vantagem e tanto, considerando que captar e fidelizar clientes é um dos principais desafios dos micro e pequenos empreendedores, segundo dados da pesquisa “Dores dos Pequenos Negócios”, publicada pelo Sebrae no início deste ano.

“Na maior parte das vezes o condomínio é um local menos hostil para o empreendedor porque é um ambiente mais controlado”, explica Campos. Ele salienta, porém, que é preciso uma análise profunda do mercado para entender se a expansão das vendas é viável, considerando os concorrentes já disponíveis no mercado. “Um dos riscos é se esquecer de que a diferença do negócio no condomínio é a facilidade e a conveniência e, muitas vezes, o próprio empreendedor”, afirma o consultor do Sebrae.

Pandemia

Mas assim como o negócio de Tatiana, Diego Saraiva foi atingido em cheio pela pandemia. Com a migração das aulas para o ambiente remoto e a diminuição no número de alunos procurando reforço escolar, ele teve de entregar o ponto. O professor, então, voltou a lecionar em escolas e, com o tempo, para um número menor de alunos novamente dentro do condomínio.

Essa diminuição do número de clientes fora um dos principais desafios dos micro e pequenos empreendedores durante a pandemia. Cerca de 25% deles afirmaram ser essa a principal dificuldade para se retomar à situação financeira do início de 2020, segundo pesquisa do Sebrae feita em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Com a volta das atividades presenciais e a retomada econômica, Saraiva está voltando a ocupar algumas salas em parceria com outra instituição de ensino de Salvador e planeja retomar o ritmo anterior. “Vamos continuar com o reforço escolar, retomar os nossos cursos preparatórios e, a curto e médio prazo, pretendemos voltar àquela proposta que tínhamos antes, de abrir nossa própria escola”, afirma.

Enquanto alguns veem nos condomínios um pontapé inicial para expandir o próprio negócio, outros encaram o ambiente como o lugar perfeito para complementar a renda. É o caso de Mônica Garcia, produtora de eventos, que encontrou na confecção de cestas de café da manhã a oportunidade perfeita para complementar a renda.

Durante o período de pandemia, com o setor de eventos parado, passou a oferecer cestas feitas em casa para antigos clientes e moradores do condomínio onde mora, em Mogi das Cruzes, na grande São Paulo. “Um manda para o outro, coloca em um grupo (de mensagens) e vai indo”, explica, ao citar a expansão das vendas, que avançaram os muros do condomínio através do boca a boca virtual.

Foi a fórmula perfeita para complementar a renda durante um período difícil e continuar na memória dos clientes. “As pessoas dão preferência porque estou aqui dentro e voltam por causa da qualidade dos produtos”, explica Garcia, que continua com o negócio até hoje, em paralelo com a organização de eventos. Ela destaca a importância que as vendas tiveram durante o período de isolamento social, gerando renda e mantendo em contato com os antigos clientes. “Eu continuei aparecendo, ninguém esqueceu de mim”, afirma.

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