CEO carregou saco de batata nas costas, quebrou um estúdio fotográfico e hoje fatura R$ 23 milhões


Jonatas Abbott, sócio da empresa de marketing digital Dinamize, acordava às 5h para transportar e vender 1 tonelada de batatas no interior do RS

Por Adele Robichez

Vindo de uma infância e adolescência tranquilas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Jonatas Abbott, 56, viu a sua vida desmoronar após a morte precoce do pai. O gaúcho de então 24 anos quebrou o seu estúdio de fotografia e aceitou um emprego onde carregava todo dia 1 tonelada de batatas em sacos de 60 kg. Hoje é CEO de uma empresa com faturamento anual superior a R$ 20 milhões.

Abbott é sócio e diretor-executivo da Dinamize, empresa de automação de marketing digital. Mas a sua jornada profissional começou com a fotografia, em 1988. Com mais oito sócios, o empresário fundou a Trupe Produções, em Porto Alegre. Passava os dias fotografando e virava as noites revelando as imagens. Apesar da dedicação quase integral, a empresa quebrou quatro anos depois.

“Não sabia fazer divulgação, tinha medo de cobrar o preço certo… Vendia o almoço para pagar a janta”, conta. Para ele, foi a morte do pai, vítima de um câncer aos 54 anos, que escancarou a dura realidade: “Eu estava realizado com o que fazia, mas estava quebrado, a minha família estava quebrada.”

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Jonatas Abbott, sócio da empresa de marketing digital Dinamize Foto: ESTADAO

Sem rumo, Abbott aceitou a oferta de trabalho de um amigo, proprietário de uma granja em Santa Maria do Herval, pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul. Por volta de um ano, entre 1991 e 1992, acordava diariamente às 5h da manhã e carregava sozinho uma tonelada de batatas nas costas, em cerca de 15 sacos. Dirigia uma caminhonete por 1h30 até chegar aos restaurantes e mercadinhos de cidades mais próximas da capital, onde vendia a carga.

“Na primeira vez, eu nem consegui levantar o saco do chão, pensei em desistir”, relembra. Dias depois, acostumou-se e desenvolveu até uma técnica “de jiu-jitsu” para facilitar o processo. Mas os desafios estavam além do peso dos produtos.

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A caminhonete tinha pneus inadequados, por exemplo. No primeiro dia de trabalho, na chuva, um deles estourou. Abbott não sabia usar um macaco hidráulico, nem se proteger da desonestidade de certos clientes.

“Alguns mercadinhos adulteravam a balança para o pagamento”, diz. Com o trabalho, Abbott recebia o que corresponderia hoje a cerca de R$ 800 mensais, incluindo a comissão das vendas. “Era bem pouco, mas acho que aceitei porque eu queria sumir embaixo de batatas”, revela.

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Das batatas à internet

Nesse período, o amigo proprietário da granja notou em Abbott um talento para vendas e o contratou como vendedor em uma empresa de montagem de computadores.

Em 1996, tornou-se vendedor na Voyager, de serviços de internet. Lá, desenvolveu um kit “Internet in a Box”, que incluía internet liberada com um manual simples de instalação. Na época, o acesso à internet era caro e complicado para a maioria das pessoas.

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Jonatas Abbott estudou jornalismo e publicidade e propaganda, ambos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre 1989 e 1999. Embora não tenha concluído nenhum dos dois cursos, foi lá onde ouviu falar de internet pela primeira vez. “Soube que era o futuro”, recorda-se.

O reconhecimento profissional o levou para a Matrix Internet, uma operadora multinacional, onde trabalhou de 1999 a 2001. Ele começou como gerente geral de vendas e, eventualmente, se tornou diretor comercial da empresa, com sede em Florianópolis e 55 filiais no Brasil.

“Toda semana fazia, entre idas e vindas, Florianópolis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo. Foi um ano louco da minha vida, longe da família”.

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Pouco após o nascimento do filho, o empresário decidiu retornar à sua casa, em Porto Alegre. Foi contratado por um provedor regional à beira da falência, chamado Plug-In. Transformou o negócio e criou o “Hosting in a Box”, um sistema de hospedagem compartilhada de sites.

Com isso, ganhou o seu primeiro Top de Marketing da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), um dos principais e mais reconhecidos prêmios da área no País.

Foi trabalhar na empresa e virou sócio

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Com vontade de compartilhar o que aprendeu nesse caminho, o empresário passou a prestar consultoria para a Dinamize em 2005.

Na época, era uma microempresa com um funcionário, 23 clientes e faturamento de R$ 16 mil. “Uma agência digital que não sabia para onde ir”, resume Abbott.

As suas ideias foram tão bem recebidas que ele veio a se tornar sócio da empresa, trazendo Allan Luz, 56, seu antigo chefe na Voyager, como parceiro.

“A Dinamize tinha um produto de mailing com potencial, mas abandonou porque achava que não andava. Era a mesma deficiência comercial que eu tinha com as fotos: o pequeno empreendedor tende sempre a atribuir o insucesso das vendas ao produto”, avalia.

O e-mail marketing tornou-se carro-chefe da Dinamize, que fechou o ano de 2022 com o faturamento de R$ 23 milhões. A expectativa é que chegue a R$ 25 milhões em 2023. Hoje, conta com 60 funcionários e atende mais de 22 mil marcas em mais de 20 países. Tem sete filiais no Brasil, além dos Estados Unidos, Canadá e Portugal. À frente da empresa, Abbott recebeu o seu segundo prêmio Top de Marketing.

Mas o início não foi fácil. A Dinamize tem 100% de capital próprio e acumulou grandes dívidas com empréstimos de bancos e do governo nos primeiros anos.

“Isso assustava, não nos deixava dormir”, relembra Abbott. Os sócios também se frustraram com a compra de outras empresas e produtos, além do fechamento de filiais internacionais durante a pandemia.

Abbott ainda cita como desafio o domínio das big techs, como Google e Meta (Facebook). “Com frequência, matam o setor digital inteiro”, lamenta.

Abbott enfatiza que a empresa levou tempo para decolar, demorando um ano para começar a vender e dois anos para começar a pagar os salários dos sócios. Ele diz que foi somente após três anos que a empresa experimentou um crescimento acelerado, tornando-se lucrativa.

Filial em Londres está nos planos

Neste momento, Jonatas Abbott está negociando a reabertura de uma filial da Dinamize no Reino Unido. “O Brasil é um país excepcional, tem um mercado rico, interessante para empreender. Mas quando você vai para fora, tem contato com a exigência de outros países, dá um salto em qualidade”, explica.

A empresa tem priorizado o e-commerce e a gestão de relacionamento com o cliente (CRM). “A nossa ferramenta é muito valorizada. Ter uma base de dados inteligente é o futuro da internet”, afirma.

Apesar do sucesso, Abbott acredita que começou a empreender tardiamente. “Sou uma boa história, não sou um bom exemplo”, diz.

Mas é grato pelos aprendizados que teve ao longo da vida. “Nunca imaginei estar onde estou hoje. Eu realmente estava muito perdido na época das batatas, sem rumo. A morte do meu pai foi um choque, eu só pensava em viver o dia seguinte. Quebrar o estúdio de fotografia foi muito importante. É um clichê, mas foi importante.”

Vindo de uma infância e adolescência tranquilas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Jonatas Abbott, 56, viu a sua vida desmoronar após a morte precoce do pai. O gaúcho de então 24 anos quebrou o seu estúdio de fotografia e aceitou um emprego onde carregava todo dia 1 tonelada de batatas em sacos de 60 kg. Hoje é CEO de uma empresa com faturamento anual superior a R$ 20 milhões.

Abbott é sócio e diretor-executivo da Dinamize, empresa de automação de marketing digital. Mas a sua jornada profissional começou com a fotografia, em 1988. Com mais oito sócios, o empresário fundou a Trupe Produções, em Porto Alegre. Passava os dias fotografando e virava as noites revelando as imagens. Apesar da dedicação quase integral, a empresa quebrou quatro anos depois.

“Não sabia fazer divulgação, tinha medo de cobrar o preço certo… Vendia o almoço para pagar a janta”, conta. Para ele, foi a morte do pai, vítima de um câncer aos 54 anos, que escancarou a dura realidade: “Eu estava realizado com o que fazia, mas estava quebrado, a minha família estava quebrada.”

Jonatas Abbott, sócio da empresa de marketing digital Dinamize Foto: ESTADAO

Sem rumo, Abbott aceitou a oferta de trabalho de um amigo, proprietário de uma granja em Santa Maria do Herval, pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul. Por volta de um ano, entre 1991 e 1992, acordava diariamente às 5h da manhã e carregava sozinho uma tonelada de batatas nas costas, em cerca de 15 sacos. Dirigia uma caminhonete por 1h30 até chegar aos restaurantes e mercadinhos de cidades mais próximas da capital, onde vendia a carga.

“Na primeira vez, eu nem consegui levantar o saco do chão, pensei em desistir”, relembra. Dias depois, acostumou-se e desenvolveu até uma técnica “de jiu-jitsu” para facilitar o processo. Mas os desafios estavam além do peso dos produtos.

A caminhonete tinha pneus inadequados, por exemplo. No primeiro dia de trabalho, na chuva, um deles estourou. Abbott não sabia usar um macaco hidráulico, nem se proteger da desonestidade de certos clientes.

“Alguns mercadinhos adulteravam a balança para o pagamento”, diz. Com o trabalho, Abbott recebia o que corresponderia hoje a cerca de R$ 800 mensais, incluindo a comissão das vendas. “Era bem pouco, mas acho que aceitei porque eu queria sumir embaixo de batatas”, revela.

Das batatas à internet

Nesse período, o amigo proprietário da granja notou em Abbott um talento para vendas e o contratou como vendedor em uma empresa de montagem de computadores.

Em 1996, tornou-se vendedor na Voyager, de serviços de internet. Lá, desenvolveu um kit “Internet in a Box”, que incluía internet liberada com um manual simples de instalação. Na época, o acesso à internet era caro e complicado para a maioria das pessoas.

Jonatas Abbott estudou jornalismo e publicidade e propaganda, ambos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre 1989 e 1999. Embora não tenha concluído nenhum dos dois cursos, foi lá onde ouviu falar de internet pela primeira vez. “Soube que era o futuro”, recorda-se.

O reconhecimento profissional o levou para a Matrix Internet, uma operadora multinacional, onde trabalhou de 1999 a 2001. Ele começou como gerente geral de vendas e, eventualmente, se tornou diretor comercial da empresa, com sede em Florianópolis e 55 filiais no Brasil.

“Toda semana fazia, entre idas e vindas, Florianópolis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo. Foi um ano louco da minha vida, longe da família”.

Pouco após o nascimento do filho, o empresário decidiu retornar à sua casa, em Porto Alegre. Foi contratado por um provedor regional à beira da falência, chamado Plug-In. Transformou o negócio e criou o “Hosting in a Box”, um sistema de hospedagem compartilhada de sites.

Com isso, ganhou o seu primeiro Top de Marketing da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), um dos principais e mais reconhecidos prêmios da área no País.

Foi trabalhar na empresa e virou sócio

Com vontade de compartilhar o que aprendeu nesse caminho, o empresário passou a prestar consultoria para a Dinamize em 2005.

Na época, era uma microempresa com um funcionário, 23 clientes e faturamento de R$ 16 mil. “Uma agência digital que não sabia para onde ir”, resume Abbott.

As suas ideias foram tão bem recebidas que ele veio a se tornar sócio da empresa, trazendo Allan Luz, 56, seu antigo chefe na Voyager, como parceiro.

“A Dinamize tinha um produto de mailing com potencial, mas abandonou porque achava que não andava. Era a mesma deficiência comercial que eu tinha com as fotos: o pequeno empreendedor tende sempre a atribuir o insucesso das vendas ao produto”, avalia.

O e-mail marketing tornou-se carro-chefe da Dinamize, que fechou o ano de 2022 com o faturamento de R$ 23 milhões. A expectativa é que chegue a R$ 25 milhões em 2023. Hoje, conta com 60 funcionários e atende mais de 22 mil marcas em mais de 20 países. Tem sete filiais no Brasil, além dos Estados Unidos, Canadá e Portugal. À frente da empresa, Abbott recebeu o seu segundo prêmio Top de Marketing.

Mas o início não foi fácil. A Dinamize tem 100% de capital próprio e acumulou grandes dívidas com empréstimos de bancos e do governo nos primeiros anos.

“Isso assustava, não nos deixava dormir”, relembra Abbott. Os sócios também se frustraram com a compra de outras empresas e produtos, além do fechamento de filiais internacionais durante a pandemia.

Abbott ainda cita como desafio o domínio das big techs, como Google e Meta (Facebook). “Com frequência, matam o setor digital inteiro”, lamenta.

Abbott enfatiza que a empresa levou tempo para decolar, demorando um ano para começar a vender e dois anos para começar a pagar os salários dos sócios. Ele diz que foi somente após três anos que a empresa experimentou um crescimento acelerado, tornando-se lucrativa.

Filial em Londres está nos planos

Neste momento, Jonatas Abbott está negociando a reabertura de uma filial da Dinamize no Reino Unido. “O Brasil é um país excepcional, tem um mercado rico, interessante para empreender. Mas quando você vai para fora, tem contato com a exigência de outros países, dá um salto em qualidade”, explica.

A empresa tem priorizado o e-commerce e a gestão de relacionamento com o cliente (CRM). “A nossa ferramenta é muito valorizada. Ter uma base de dados inteligente é o futuro da internet”, afirma.

Apesar do sucesso, Abbott acredita que começou a empreender tardiamente. “Sou uma boa história, não sou um bom exemplo”, diz.

Mas é grato pelos aprendizados que teve ao longo da vida. “Nunca imaginei estar onde estou hoje. Eu realmente estava muito perdido na época das batatas, sem rumo. A morte do meu pai foi um choque, eu só pensava em viver o dia seguinte. Quebrar o estúdio de fotografia foi muito importante. É um clichê, mas foi importante.”

Vindo de uma infância e adolescência tranquilas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Jonatas Abbott, 56, viu a sua vida desmoronar após a morte precoce do pai. O gaúcho de então 24 anos quebrou o seu estúdio de fotografia e aceitou um emprego onde carregava todo dia 1 tonelada de batatas em sacos de 60 kg. Hoje é CEO de uma empresa com faturamento anual superior a R$ 20 milhões.

Abbott é sócio e diretor-executivo da Dinamize, empresa de automação de marketing digital. Mas a sua jornada profissional começou com a fotografia, em 1988. Com mais oito sócios, o empresário fundou a Trupe Produções, em Porto Alegre. Passava os dias fotografando e virava as noites revelando as imagens. Apesar da dedicação quase integral, a empresa quebrou quatro anos depois.

“Não sabia fazer divulgação, tinha medo de cobrar o preço certo… Vendia o almoço para pagar a janta”, conta. Para ele, foi a morte do pai, vítima de um câncer aos 54 anos, que escancarou a dura realidade: “Eu estava realizado com o que fazia, mas estava quebrado, a minha família estava quebrada.”

Jonatas Abbott, sócio da empresa de marketing digital Dinamize Foto: ESTADAO

Sem rumo, Abbott aceitou a oferta de trabalho de um amigo, proprietário de uma granja em Santa Maria do Herval, pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul. Por volta de um ano, entre 1991 e 1992, acordava diariamente às 5h da manhã e carregava sozinho uma tonelada de batatas nas costas, em cerca de 15 sacos. Dirigia uma caminhonete por 1h30 até chegar aos restaurantes e mercadinhos de cidades mais próximas da capital, onde vendia a carga.

“Na primeira vez, eu nem consegui levantar o saco do chão, pensei em desistir”, relembra. Dias depois, acostumou-se e desenvolveu até uma técnica “de jiu-jitsu” para facilitar o processo. Mas os desafios estavam além do peso dos produtos.

A caminhonete tinha pneus inadequados, por exemplo. No primeiro dia de trabalho, na chuva, um deles estourou. Abbott não sabia usar um macaco hidráulico, nem se proteger da desonestidade de certos clientes.

“Alguns mercadinhos adulteravam a balança para o pagamento”, diz. Com o trabalho, Abbott recebia o que corresponderia hoje a cerca de R$ 800 mensais, incluindo a comissão das vendas. “Era bem pouco, mas acho que aceitei porque eu queria sumir embaixo de batatas”, revela.

Das batatas à internet

Nesse período, o amigo proprietário da granja notou em Abbott um talento para vendas e o contratou como vendedor em uma empresa de montagem de computadores.

Em 1996, tornou-se vendedor na Voyager, de serviços de internet. Lá, desenvolveu um kit “Internet in a Box”, que incluía internet liberada com um manual simples de instalação. Na época, o acesso à internet era caro e complicado para a maioria das pessoas.

Jonatas Abbott estudou jornalismo e publicidade e propaganda, ambos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) entre 1989 e 1999. Embora não tenha concluído nenhum dos dois cursos, foi lá onde ouviu falar de internet pela primeira vez. “Soube que era o futuro”, recorda-se.

O reconhecimento profissional o levou para a Matrix Internet, uma operadora multinacional, onde trabalhou de 1999 a 2001. Ele começou como gerente geral de vendas e, eventualmente, se tornou diretor comercial da empresa, com sede em Florianópolis e 55 filiais no Brasil.

“Toda semana fazia, entre idas e vindas, Florianópolis, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo. Foi um ano louco da minha vida, longe da família”.

Pouco após o nascimento do filho, o empresário decidiu retornar à sua casa, em Porto Alegre. Foi contratado por um provedor regional à beira da falência, chamado Plug-In. Transformou o negócio e criou o “Hosting in a Box”, um sistema de hospedagem compartilhada de sites.

Com isso, ganhou o seu primeiro Top de Marketing da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), um dos principais e mais reconhecidos prêmios da área no País.

Foi trabalhar na empresa e virou sócio

Com vontade de compartilhar o que aprendeu nesse caminho, o empresário passou a prestar consultoria para a Dinamize em 2005.

Na época, era uma microempresa com um funcionário, 23 clientes e faturamento de R$ 16 mil. “Uma agência digital que não sabia para onde ir”, resume Abbott.

As suas ideias foram tão bem recebidas que ele veio a se tornar sócio da empresa, trazendo Allan Luz, 56, seu antigo chefe na Voyager, como parceiro.

“A Dinamize tinha um produto de mailing com potencial, mas abandonou porque achava que não andava. Era a mesma deficiência comercial que eu tinha com as fotos: o pequeno empreendedor tende sempre a atribuir o insucesso das vendas ao produto”, avalia.

O e-mail marketing tornou-se carro-chefe da Dinamize, que fechou o ano de 2022 com o faturamento de R$ 23 milhões. A expectativa é que chegue a R$ 25 milhões em 2023. Hoje, conta com 60 funcionários e atende mais de 22 mil marcas em mais de 20 países. Tem sete filiais no Brasil, além dos Estados Unidos, Canadá e Portugal. À frente da empresa, Abbott recebeu o seu segundo prêmio Top de Marketing.

Mas o início não foi fácil. A Dinamize tem 100% de capital próprio e acumulou grandes dívidas com empréstimos de bancos e do governo nos primeiros anos.

“Isso assustava, não nos deixava dormir”, relembra Abbott. Os sócios também se frustraram com a compra de outras empresas e produtos, além do fechamento de filiais internacionais durante a pandemia.

Abbott ainda cita como desafio o domínio das big techs, como Google e Meta (Facebook). “Com frequência, matam o setor digital inteiro”, lamenta.

Abbott enfatiza que a empresa levou tempo para decolar, demorando um ano para começar a vender e dois anos para começar a pagar os salários dos sócios. Ele diz que foi somente após três anos que a empresa experimentou um crescimento acelerado, tornando-se lucrativa.

Filial em Londres está nos planos

Neste momento, Jonatas Abbott está negociando a reabertura de uma filial da Dinamize no Reino Unido. “O Brasil é um país excepcional, tem um mercado rico, interessante para empreender. Mas quando você vai para fora, tem contato com a exigência de outros países, dá um salto em qualidade”, explica.

A empresa tem priorizado o e-commerce e a gestão de relacionamento com o cliente (CRM). “A nossa ferramenta é muito valorizada. Ter uma base de dados inteligente é o futuro da internet”, afirma.

Apesar do sucesso, Abbott acredita que começou a empreender tardiamente. “Sou uma boa história, não sou um bom exemplo”, diz.

Mas é grato pelos aprendizados que teve ao longo da vida. “Nunca imaginei estar onde estou hoje. Eu realmente estava muito perdido na época das batatas, sem rumo. A morte do meu pai foi um choque, eu só pensava em viver o dia seguinte. Quebrar o estúdio de fotografia foi muito importante. É um clichê, mas foi importante.”

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