O Instagram tem mais de 200 milhões de contas Business (feita especialmente para empresas/marcas), segundo dados da plataforma. Em paralelo, outras redes sociais acompanharam as mudanças do mercado de trabalho e o momento de renovação que veio com a pandemia, a exemplo do TikTok. Afinal, em um mundo digitalizado, vale a pena inserir o negócio em todas as redes? Para especialistas, já existe um consenso.
A criadora de conteúdo Lela Batista, 34 anos, costuma brincar que quando lançou, em 2011, sua loja de cupcakes no Instagram “era tudo mato”. O empreendimento fechou em 2014, mas deixou aprendizados que Lela compartilha até hoje. O primeiro conselho ela sabe de cor e salteado: “Melhor estar em uma rede social entregando com frequência e eficácia do que estar em várias e ficar só repostando, sem dedicação a entender como a plataforma funciona”, sugere ela, que é publicitária e especialista em Instagram.
Para Lela, o ponto de partida é entender o tempo disponível de cada pessoa e o que ela deseja obter a partir da plataforma. “Tem de observar o objetivo para o empreendedor ingressar naquela rede. Seja crescer, se tornar mais conhecido ou aumentar as vendas”, diz. Após essa reflexão, o ideal é estudar o cliente e conhecer o público que consome o perfil.
A estrategista digital Rejane Toigo acrescenta que a rede social escolhida vai depender do produto. “Tenho de me comunicar com o meu perfil de consumidor para entender o que ele está procurando na internet, investigar quais são as soluções para os seus problemas que podem levar ao meu produto”, afirma.
O pilar da produção de conteúdo, segundo Rejane, inclui identificar o que o empreendedor quer vender na plataforma, o quanto quer investir (a rede social é gratuita, mas o conteúdo não é), o público alvo e o que almeja alcançar. Mesmo assim, com base nessas dicas, ainda há armadilhas que podem colocar em risco a credibilidade do negócio.
Nem tudo que reluz é ouro
Ambas as especialistas alertam que engajamento e número de seguidores não resolvem o problema das vendas. Likes e comentários são uma forma de dizer que o empreendimento está estabelecendo uma conversa. Porém, esse diálogo pode caminhar para um sentido errado, adverte Rejane. “A interação tem de conduzir até o produto e aos objetivos do negócio. Tem muita gente que desvia do conteúdo vendedor para o conteúdo engajador”.
Por isso, estar presente em uma rede social não é suficiente, é necessário interagir e construir senso de comunidade. “Mas interação sem estratégia de conteúdo também não funciona”, complementa a estrategista digital.
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Já a criadora de conteúdo Lela avalia que muitos empreendedores costumam impulsionar o crescimento da conta através de ferramentas que não seguem as diretrizes da plataforma, como compra de seguidores e automação. Uma das punições é a exclusão do usuário da rede.
Por exemplo, uma conta de supermercado é automatizada para começar a seguir todos os seguidores da concorrência. Neste caso, ela explica que, às vezes, uma das pessoas seguidas percebe que ganhou 20 seguidores em uma única semana, mas perdeu mais da metade em poucos dias, esse é o ciclo da automatização. Apesar disso, ela considera que a prática têm diminuído por causa do prejuízo a longo prazo.
Outra situação citada pela criadora tem a ver com relevância dos seguidores. Após uma influencer tailandesa, com 23 milhões de seguidores, compartilhar um filtro criado por Lela, a criadora ganhou inúmeros seguidores no Instagram. No entanto, o efeito não foi interessante. “Não é legal ter seguidor da Tailândia porque não tenho produto para oferecer para ele. Então, mesmo quando não é comprado, você pode atrair ‘seguidor fantasma’ por hashtag e conteúdos viralizados”, diz. Essa dica também vale para pequenos empreendedores.
Um caso hipotético: um negócio de São Paulo é compartilhado por uma influencer do Ceará. A descoberta pode render muitos seguidores, mas não significa dinheiro ou aumento das vendas. “É melhor pensar de forma mais local, em que você consegue entregar o produto no seu bairro ou na sua cidade. Então, investir em um influenciador da região pode ter um retorno maior”, orienta.
Uni-Duni-Tê
Menos publicidade e mais vida real. É isso que as pessoas estão buscando na internet, analisa Rejane Toigo. Antes de produzir qualquer conteúdo, uma alternativa é decidir qual rede social mais se encaixa com o produto desenvolvido pelo negócio. A estrategista digital listou alguns diferenciais de cada plataforma. Confira:
Facebook. Adequado para o efeito de compartilhamento por causa da disponibilidade do botão, e para empreendimento que foque no consumidor 50+, pois o grupo prateado utiliza a rede com mais frequência e detém poder de compra.
Instagram. Plataforma democrática, com possibilidade de criação de vídeos rápidos e humorados, com questões neurocompatíveis. “A história é consumida de forma muito rápida, você tem um entendimento quase instantâneo, lembra o TikTok”, comenta.
TikTok. Linguagem mais jovem, com vídeos mais espontâneos, conectados a realidade das pessoas.
YouTube. Uma espécie de Netflix gratuita. “Quem busca esse canal quer um conteúdo mais longo, debates mais profundos”. Ideal para tutoriais e para construir comunidades de peso.
Por onde começar?
As dicas sugeridas pelas especialistas também são compartilhadas nos cursos que promovem. Lela foca em segurança digital, já Rejane em estratégia de conteúdo e neuromarketing. Em comum, as duas engrossam o coro a respeito da importância de cursos para quem está começando no mundo digital. Somente em 2022, o consumo de material sobre mercado digital aumentou 220% no Sebrae, conforme dados do portal. Aqui estão algumas sugestões de cursos gratuitos:
. Marketing digital para sua empresa: primeiros passos
. Comunicação no processo de vendas para pequenos negócios
Ainda no site do Sebrae, é possível ter acesso a cursos disponíveis via WhatsApp.