Ela saiu do Complexo do Alemão, estudou educação financeira e hoje fatura com cursos e franquias


Aline Soaper, 44, nasceu na favela carioca, trabalha desde os 12 anos e enfrentou assalto e calote em suas empresas; em 2023, seu faturamento com educação financeira atingiu R$ 5 milhões

Por Felipe Siqueira

Nascida em 1979 no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, Aline Soaper, 44 anos, viveu por lá até se formar na faculdade de direito, em 2004. Filha de pequenos empreendedores, o pai era torneiro mecânico e a mãe vendia picolés na comunidade.

Os anseios de encontrar no empreendedorismo melhores condições de vida fizeram com que ela começasse nesse mundo cedo, antes dos 18. Só que, em dois momentos diferentes da vida, teve que recomeçar do zero - aos 24 e aos 36. Uma vez por conta de um assalto, em que perdeu tudo. Na outra, por causa de um calote milionário que sofreu. Confira a história dela a seguir.

Quando era criança, o pai era a única fonte de renda regular - mensal - da casa, atuando como torneiro mecânico em uma fábrica. Foi por lá, inclusive, que ele conheceu a mãe de Aline. Com uma condição financeira mais humilde, ambos tentavam angariar rendas extras para o lar. O caminho foi o empreendedorismo por necessidade.

continua após a publicidade

Ele, prestando os mesmos serviços que já realizava, mas, agora, também para outras empresas; ela, vendendo picolés na comunidade.

O negócio do pai foi pegando um pouco mais de tração, resultando em uma empresa própria. Conseguiram comprar um apartamento financiado, ainda dentro do Complexo do Alemão. “Foi nesse ambiente de empreendedorismo que eu cresci. Eu já tinha uma coisa de gostar disso, mas o ambiente contribuiu muito para o que eu me tornei como empresária”, comenta Soaper.

A partir dos 12 anos de idade ajudava o pai na empresa dele. Com 16, ingressou na primeira - e única - vaga CLT de sua carreira. “Fui trabalhar de assistente em um consultório dentário, mas durou apenas nove meses.”

continua após a publicidade

Ela explica que o grande desejo nessa época era comprar um carro. “Conversei com meu pai e ele me disse que o único jeito de conseguir fazer isso era montando meu próprio negócio. E fiz isso”, relembra.

A empreendedora Aline Soaper Foto: Carlos Leo Pereira/Divulgação

Comprou uma máquina de fazer carimbos, depois de ir a uma feira de empreendedorismo em São Paulo, ao lado do pai. “Fabricava e saía vendendo para papelarias e chaveiros.” O negócio foi dando minimamente certo e ela teve que contratar uma funcionária para ajudá-la na operação. Com 18 anos, conseguiu comprar o carro.

continua após a publicidade

Em 2000, com 21 anos, já casada e com um filho pequeno, o negócio de carimbos havia crescido - evoluindo para uma empresa de comunicação visual, com canecas e camisetas personalizadas, além de serviços gráficos, com três unidades em funcionamento concomitantemente.

Anos depois, em 2003, a primeira reviravolta na caminhada no empreendedorismo: o negócio dela foi assaltado e eles perderam quase todo o maquinário que usavam: “sobrou só um, que a gente usava em unidade de rua”, diz.

Nesse mesmo período, se formou em direito e decidiu largar os negócios e atuar como estagiária em escritório de advocacia. Isso também foi um gatilho para ela sair da região do Complexo do Alemão, comprando um terreno na região de Várzea Pequena. “Aí precisava construir, o que demorou ainda uns dois anos.”

continua após a publicidade

O marido continuou tocando o negócio de impressão e carimbos e ela acabou voltando logo para o empreendedorismo. Isso porque surgiu uma oportunidade para comprar uma escola particular na região do Recreio dos Bandeirantes, por intermédio do pai dela.

Soaper entrou como sócia da mãe no empreendimento. A ideia era conciliar a advocacia com o tempo da gestão no empreendimento educacional. “Mas não dava, consumia muito. Acabei focando no negócio da escola”, que assumiu em 2007, aos 28 anos.

continua após a publicidade

Saiu de uma carteira de clientes de 25 alunos para mais de 150. Em 2015, porém, decidiu vender a marca - a inadimplência era muito alta, na casa dos 30%, e a vontade de tentar novos ares falou mais alto.

“Não era aquilo que eu queria, nunca foi meu sonho ser dona de escola. Comecei a buscar outras coisas: cheguei a abrir estúdio de fotografia, tive uma franquia de limpeza doméstica - sempre tentando me encaixar. Até que fui fazer um curso de educação financeira”, conta. “Me encantei. ‘As pessoas precisam saber disso aqui’, eu falava.”

Após vender a escola, decidiu abrir uma consultoria financeira. Porém, aqui viria a segunda reviravolta na trajetória da empreendedora: ela até tinha algumas propostas na mesa de grupos maiores do setor de educação, mas quis vender a marca para duas pessoas da estrutura da escola - diretora e coordenadora, que não tinham muita experiência no empreendedorismo.

continua após a publicidade

“Queria tentar manter a estrutura, para não haver demissão”, diz. Além de ter passado quase uma década com o negócio e tê-lo feito crescer, dois filhos estudaram por lá, então, havia uma ligação emocional forte com o lugar. O resultado foi um calote de cerca de R$ 1 milhão. “Hoje eu vejo que esse foi meu erro, tinha que ter tentado ser um pouco mais pé no chão.”

O vice-presidente de consultoria da 300 Ecossistema de Alto Impacto, Lucien Newton, explica que o lado emocional é muito importante na gestão de um negócio, especialmente quando se fala em construir uma cultura organizacional. Porém, quando se vai adquirir ou vender um negócio, a razão deve predominar.

“É muito importante analisar vantagens e desvantagens, para conseguir ponderar o que pode ser melhor. E, eventualmente, contar com uma assessoria ou consultoria externa pode te ajudar a ter um distanciamento para conseguir avaliar tudo com mais calma”, complementa o especialista.

Ela não quis judicializar o processo e ficou com o prejuízo. Decidiu focar na recém-criada consultoria do Instituto Soaper. O lado bom é que o negócio ganhou tração. Em 2015, primeiro ano de atuação, foi de planejamento e estruturação. Em 2016, vieram os primeiros alunos.

Atualmente, entre idas e vindas, a marca já teve cerca de 8 mil alunos. Ela se especializou no tema, com capacitações na área, e, com isso, surgiram duas oportunidades de negócio diferentes, ambas relacionadas ao mercado de franquias: um sistema de aprendizado financeiro voltado para crianças e uma metodologia de gestão para PMEs.

Esses dois braços já contam com cerca de 20 franqueados cada um.

Em 2023, o Grupo Soaper conseguiu ter um faturamento em 2023 que ultrapassou a marca R$ 5 milhões. Para este ano, a expectativa é chegar no dobro - R$ 10 milhões.

Confira raio-x das marcas de Aline Soaper

EfincKids

Marca focada no tema de educação financeira para crianças e adolescentes.

  • Investimento inicial: R$ 35 mil
  • Faturamento estimado: a partir de R$ 300 mil por ano
  • Lucro previsto: a partir de R$ 150 mil por ano
  • Royalties: 5%
  • Fundo de publicidade e propaganda: 2%
  • Previsão de retorno: de 12 a 18 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Número de unidades em operação: 20 franqueados

Health Money

Marca focada em serviços de consultoria e gestão financeira e estratégica para PMEs.

  • Investimento inicial: R$ 35 mil
  • Faturamento estimado: a partir de R$ 360 mil por ano
  • Lucro previsto: a partir de R$ 252 mil por ano
  • Royalties: 5%
  • Fundo de publicidade e propaganda: 2%
  • Previsão de retorno: de 6 a 18 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Número de unidades em operação: 20

Nascida em 1979 no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, Aline Soaper, 44 anos, viveu por lá até se formar na faculdade de direito, em 2004. Filha de pequenos empreendedores, o pai era torneiro mecânico e a mãe vendia picolés na comunidade.

Os anseios de encontrar no empreendedorismo melhores condições de vida fizeram com que ela começasse nesse mundo cedo, antes dos 18. Só que, em dois momentos diferentes da vida, teve que recomeçar do zero - aos 24 e aos 36. Uma vez por conta de um assalto, em que perdeu tudo. Na outra, por causa de um calote milionário que sofreu. Confira a história dela a seguir.

Quando era criança, o pai era a única fonte de renda regular - mensal - da casa, atuando como torneiro mecânico em uma fábrica. Foi por lá, inclusive, que ele conheceu a mãe de Aline. Com uma condição financeira mais humilde, ambos tentavam angariar rendas extras para o lar. O caminho foi o empreendedorismo por necessidade.

Ele, prestando os mesmos serviços que já realizava, mas, agora, também para outras empresas; ela, vendendo picolés na comunidade.

O negócio do pai foi pegando um pouco mais de tração, resultando em uma empresa própria. Conseguiram comprar um apartamento financiado, ainda dentro do Complexo do Alemão. “Foi nesse ambiente de empreendedorismo que eu cresci. Eu já tinha uma coisa de gostar disso, mas o ambiente contribuiu muito para o que eu me tornei como empresária”, comenta Soaper.

A partir dos 12 anos de idade ajudava o pai na empresa dele. Com 16, ingressou na primeira - e única - vaga CLT de sua carreira. “Fui trabalhar de assistente em um consultório dentário, mas durou apenas nove meses.”

Ela explica que o grande desejo nessa época era comprar um carro. “Conversei com meu pai e ele me disse que o único jeito de conseguir fazer isso era montando meu próprio negócio. E fiz isso”, relembra.

A empreendedora Aline Soaper Foto: Carlos Leo Pereira/Divulgação

Comprou uma máquina de fazer carimbos, depois de ir a uma feira de empreendedorismo em São Paulo, ao lado do pai. “Fabricava e saía vendendo para papelarias e chaveiros.” O negócio foi dando minimamente certo e ela teve que contratar uma funcionária para ajudá-la na operação. Com 18 anos, conseguiu comprar o carro.

Em 2000, com 21 anos, já casada e com um filho pequeno, o negócio de carimbos havia crescido - evoluindo para uma empresa de comunicação visual, com canecas e camisetas personalizadas, além de serviços gráficos, com três unidades em funcionamento concomitantemente.

Anos depois, em 2003, a primeira reviravolta na caminhada no empreendedorismo: o negócio dela foi assaltado e eles perderam quase todo o maquinário que usavam: “sobrou só um, que a gente usava em unidade de rua”, diz.

Nesse mesmo período, se formou em direito e decidiu largar os negócios e atuar como estagiária em escritório de advocacia. Isso também foi um gatilho para ela sair da região do Complexo do Alemão, comprando um terreno na região de Várzea Pequena. “Aí precisava construir, o que demorou ainda uns dois anos.”

O marido continuou tocando o negócio de impressão e carimbos e ela acabou voltando logo para o empreendedorismo. Isso porque surgiu uma oportunidade para comprar uma escola particular na região do Recreio dos Bandeirantes, por intermédio do pai dela.

Soaper entrou como sócia da mãe no empreendimento. A ideia era conciliar a advocacia com o tempo da gestão no empreendimento educacional. “Mas não dava, consumia muito. Acabei focando no negócio da escola”, que assumiu em 2007, aos 28 anos.

Saiu de uma carteira de clientes de 25 alunos para mais de 150. Em 2015, porém, decidiu vender a marca - a inadimplência era muito alta, na casa dos 30%, e a vontade de tentar novos ares falou mais alto.

“Não era aquilo que eu queria, nunca foi meu sonho ser dona de escola. Comecei a buscar outras coisas: cheguei a abrir estúdio de fotografia, tive uma franquia de limpeza doméstica - sempre tentando me encaixar. Até que fui fazer um curso de educação financeira”, conta. “Me encantei. ‘As pessoas precisam saber disso aqui’, eu falava.”

Após vender a escola, decidiu abrir uma consultoria financeira. Porém, aqui viria a segunda reviravolta na trajetória da empreendedora: ela até tinha algumas propostas na mesa de grupos maiores do setor de educação, mas quis vender a marca para duas pessoas da estrutura da escola - diretora e coordenadora, que não tinham muita experiência no empreendedorismo.

“Queria tentar manter a estrutura, para não haver demissão”, diz. Além de ter passado quase uma década com o negócio e tê-lo feito crescer, dois filhos estudaram por lá, então, havia uma ligação emocional forte com o lugar. O resultado foi um calote de cerca de R$ 1 milhão. “Hoje eu vejo que esse foi meu erro, tinha que ter tentado ser um pouco mais pé no chão.”

O vice-presidente de consultoria da 300 Ecossistema de Alto Impacto, Lucien Newton, explica que o lado emocional é muito importante na gestão de um negócio, especialmente quando se fala em construir uma cultura organizacional. Porém, quando se vai adquirir ou vender um negócio, a razão deve predominar.

“É muito importante analisar vantagens e desvantagens, para conseguir ponderar o que pode ser melhor. E, eventualmente, contar com uma assessoria ou consultoria externa pode te ajudar a ter um distanciamento para conseguir avaliar tudo com mais calma”, complementa o especialista.

Ela não quis judicializar o processo e ficou com o prejuízo. Decidiu focar na recém-criada consultoria do Instituto Soaper. O lado bom é que o negócio ganhou tração. Em 2015, primeiro ano de atuação, foi de planejamento e estruturação. Em 2016, vieram os primeiros alunos.

Atualmente, entre idas e vindas, a marca já teve cerca de 8 mil alunos. Ela se especializou no tema, com capacitações na área, e, com isso, surgiram duas oportunidades de negócio diferentes, ambas relacionadas ao mercado de franquias: um sistema de aprendizado financeiro voltado para crianças e uma metodologia de gestão para PMEs.

Esses dois braços já contam com cerca de 20 franqueados cada um.

Em 2023, o Grupo Soaper conseguiu ter um faturamento em 2023 que ultrapassou a marca R$ 5 milhões. Para este ano, a expectativa é chegar no dobro - R$ 10 milhões.

Confira raio-x das marcas de Aline Soaper

EfincKids

Marca focada no tema de educação financeira para crianças e adolescentes.

  • Investimento inicial: R$ 35 mil
  • Faturamento estimado: a partir de R$ 300 mil por ano
  • Lucro previsto: a partir de R$ 150 mil por ano
  • Royalties: 5%
  • Fundo de publicidade e propaganda: 2%
  • Previsão de retorno: de 12 a 18 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Número de unidades em operação: 20 franqueados

Health Money

Marca focada em serviços de consultoria e gestão financeira e estratégica para PMEs.

  • Investimento inicial: R$ 35 mil
  • Faturamento estimado: a partir de R$ 360 mil por ano
  • Lucro previsto: a partir de R$ 252 mil por ano
  • Royalties: 5%
  • Fundo de publicidade e propaganda: 2%
  • Previsão de retorno: de 6 a 18 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Número de unidades em operação: 20

Nascida em 1979 no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, Aline Soaper, 44 anos, viveu por lá até se formar na faculdade de direito, em 2004. Filha de pequenos empreendedores, o pai era torneiro mecânico e a mãe vendia picolés na comunidade.

Os anseios de encontrar no empreendedorismo melhores condições de vida fizeram com que ela começasse nesse mundo cedo, antes dos 18. Só que, em dois momentos diferentes da vida, teve que recomeçar do zero - aos 24 e aos 36. Uma vez por conta de um assalto, em que perdeu tudo. Na outra, por causa de um calote milionário que sofreu. Confira a história dela a seguir.

Quando era criança, o pai era a única fonte de renda regular - mensal - da casa, atuando como torneiro mecânico em uma fábrica. Foi por lá, inclusive, que ele conheceu a mãe de Aline. Com uma condição financeira mais humilde, ambos tentavam angariar rendas extras para o lar. O caminho foi o empreendedorismo por necessidade.

Ele, prestando os mesmos serviços que já realizava, mas, agora, também para outras empresas; ela, vendendo picolés na comunidade.

O negócio do pai foi pegando um pouco mais de tração, resultando em uma empresa própria. Conseguiram comprar um apartamento financiado, ainda dentro do Complexo do Alemão. “Foi nesse ambiente de empreendedorismo que eu cresci. Eu já tinha uma coisa de gostar disso, mas o ambiente contribuiu muito para o que eu me tornei como empresária”, comenta Soaper.

A partir dos 12 anos de idade ajudava o pai na empresa dele. Com 16, ingressou na primeira - e única - vaga CLT de sua carreira. “Fui trabalhar de assistente em um consultório dentário, mas durou apenas nove meses.”

Ela explica que o grande desejo nessa época era comprar um carro. “Conversei com meu pai e ele me disse que o único jeito de conseguir fazer isso era montando meu próprio negócio. E fiz isso”, relembra.

A empreendedora Aline Soaper Foto: Carlos Leo Pereira/Divulgação

Comprou uma máquina de fazer carimbos, depois de ir a uma feira de empreendedorismo em São Paulo, ao lado do pai. “Fabricava e saía vendendo para papelarias e chaveiros.” O negócio foi dando minimamente certo e ela teve que contratar uma funcionária para ajudá-la na operação. Com 18 anos, conseguiu comprar o carro.

Em 2000, com 21 anos, já casada e com um filho pequeno, o negócio de carimbos havia crescido - evoluindo para uma empresa de comunicação visual, com canecas e camisetas personalizadas, além de serviços gráficos, com três unidades em funcionamento concomitantemente.

Anos depois, em 2003, a primeira reviravolta na caminhada no empreendedorismo: o negócio dela foi assaltado e eles perderam quase todo o maquinário que usavam: “sobrou só um, que a gente usava em unidade de rua”, diz.

Nesse mesmo período, se formou em direito e decidiu largar os negócios e atuar como estagiária em escritório de advocacia. Isso também foi um gatilho para ela sair da região do Complexo do Alemão, comprando um terreno na região de Várzea Pequena. “Aí precisava construir, o que demorou ainda uns dois anos.”

O marido continuou tocando o negócio de impressão e carimbos e ela acabou voltando logo para o empreendedorismo. Isso porque surgiu uma oportunidade para comprar uma escola particular na região do Recreio dos Bandeirantes, por intermédio do pai dela.

Soaper entrou como sócia da mãe no empreendimento. A ideia era conciliar a advocacia com o tempo da gestão no empreendimento educacional. “Mas não dava, consumia muito. Acabei focando no negócio da escola”, que assumiu em 2007, aos 28 anos.

Saiu de uma carteira de clientes de 25 alunos para mais de 150. Em 2015, porém, decidiu vender a marca - a inadimplência era muito alta, na casa dos 30%, e a vontade de tentar novos ares falou mais alto.

“Não era aquilo que eu queria, nunca foi meu sonho ser dona de escola. Comecei a buscar outras coisas: cheguei a abrir estúdio de fotografia, tive uma franquia de limpeza doméstica - sempre tentando me encaixar. Até que fui fazer um curso de educação financeira”, conta. “Me encantei. ‘As pessoas precisam saber disso aqui’, eu falava.”

Após vender a escola, decidiu abrir uma consultoria financeira. Porém, aqui viria a segunda reviravolta na trajetória da empreendedora: ela até tinha algumas propostas na mesa de grupos maiores do setor de educação, mas quis vender a marca para duas pessoas da estrutura da escola - diretora e coordenadora, que não tinham muita experiência no empreendedorismo.

“Queria tentar manter a estrutura, para não haver demissão”, diz. Além de ter passado quase uma década com o negócio e tê-lo feito crescer, dois filhos estudaram por lá, então, havia uma ligação emocional forte com o lugar. O resultado foi um calote de cerca de R$ 1 milhão. “Hoje eu vejo que esse foi meu erro, tinha que ter tentado ser um pouco mais pé no chão.”

O vice-presidente de consultoria da 300 Ecossistema de Alto Impacto, Lucien Newton, explica que o lado emocional é muito importante na gestão de um negócio, especialmente quando se fala em construir uma cultura organizacional. Porém, quando se vai adquirir ou vender um negócio, a razão deve predominar.

“É muito importante analisar vantagens e desvantagens, para conseguir ponderar o que pode ser melhor. E, eventualmente, contar com uma assessoria ou consultoria externa pode te ajudar a ter um distanciamento para conseguir avaliar tudo com mais calma”, complementa o especialista.

Ela não quis judicializar o processo e ficou com o prejuízo. Decidiu focar na recém-criada consultoria do Instituto Soaper. O lado bom é que o negócio ganhou tração. Em 2015, primeiro ano de atuação, foi de planejamento e estruturação. Em 2016, vieram os primeiros alunos.

Atualmente, entre idas e vindas, a marca já teve cerca de 8 mil alunos. Ela se especializou no tema, com capacitações na área, e, com isso, surgiram duas oportunidades de negócio diferentes, ambas relacionadas ao mercado de franquias: um sistema de aprendizado financeiro voltado para crianças e uma metodologia de gestão para PMEs.

Esses dois braços já contam com cerca de 20 franqueados cada um.

Em 2023, o Grupo Soaper conseguiu ter um faturamento em 2023 que ultrapassou a marca R$ 5 milhões. Para este ano, a expectativa é chegar no dobro - R$ 10 milhões.

Confira raio-x das marcas de Aline Soaper

EfincKids

Marca focada no tema de educação financeira para crianças e adolescentes.

  • Investimento inicial: R$ 35 mil
  • Faturamento estimado: a partir de R$ 300 mil por ano
  • Lucro previsto: a partir de R$ 150 mil por ano
  • Royalties: 5%
  • Fundo de publicidade e propaganda: 2%
  • Previsão de retorno: de 12 a 18 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Número de unidades em operação: 20 franqueados

Health Money

Marca focada em serviços de consultoria e gestão financeira e estratégica para PMEs.

  • Investimento inicial: R$ 35 mil
  • Faturamento estimado: a partir de R$ 360 mil por ano
  • Lucro previsto: a partir de R$ 252 mil por ano
  • Royalties: 5%
  • Fundo de publicidade e propaganda: 2%
  • Previsão de retorno: de 6 a 18 meses
  • Prazo de contrato: 5 anos
  • Número de unidades em operação: 20

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.