Empresas que duram mais tempo crescem no País, e cenário para empreendedores melhora, segundo Sebrae


Pesquisa aponta também diminuição do número de empreendedoras mulheres nos últimos quatro anos

Por João Scheller

Quando pensava em abrir o próprio negócio, a empresária Priscyla França, 38, imaginava que só conseguiria ter tempo para a empreitada quando já estivesse aposentada. Essa realidade mudou em 2013, quando ela decidiu testar se o hobby podia se tornar uma carreira. Pegou uma licença do trabalho no Espírito Santo, mudou-se para São Paulo e começou a trabalhar como confeiteira.

Com o tempo, ficou mais claro que o sonho não era tão distante. Mantendo o trabalho como chefe em diferentes restaurantes da cidade, passou a produzir chocolates caseiros como uma atividade extra para testar se a ideia de ter um negócio próprio podia vingar. “Na época, eu não tinha a menor ideia de como fazer chocolates, mas queria fazer”, relembra França.

Durante a pandemia, largou o emprego e focou 100% no negócio. Pouco mais de três anos depois, ela acumula prêmios nacionais e investiu recentemente em uma fábrica para aumentar o volume de produção.

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Priscyla França começou sua própria marca de chocolates há pouco mais de 3 anos e está expandindo o negócio desde então Foto: Felipe Rau/Estadão

Negócios como os de Priscyla, com mais de três anos e meio de duração, tem crescido no País, segundo pesquisa do Sebrae Nacional, feita em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe). Os dados fazem parte da pesquisa internacional Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que consolida dados sobre empreendedorismo em diferentes países.

A coleta de dados da pesquisa foi feita de junho a agosto de 2023, mas os dados foram divulgados em abril deste ano. Foram ouvidos 2.000 empreendedores de 18 a 64 anos. Também participaram 54 especialistas, que avaliaram o cenário no País.

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O aumento dos empreendedores estabelecidos, como são chamados os que atuam por mais de três anos e meio, aponta para um cenário de melhora no ambiente econômico e de empreendedorismo no País, segundo o Sebrae. Desde 2020, o número de empreendedores que se encaixam nessa categoria vem subindo ano após ano. De 10,96 milhões de pessoas naquele ano, chegou à marca de 14,9 milhões em 2023, o que representa cerca de 12% da população adulta brasileira.

O crescimento destes empresários é acompanhado pela queda do número de negócios chamados de iniciais, com duração menor do que três anos e meio, o que representaria, em partes, uma migração destes empresários para a categoria de empreendedores estabelecidos, segundo a instituição.

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De acordo com o presidente nacional do Sebrae, Décio Lima, o processo representa uma mudança de perspectiva para quem busca empreender. “As pessoas no País deixam de empreender somente por necessidade e sim para fazer uma diferença no mundo”, afirma Lima. “Além da consolidação dos seus negócios, elas conseguem buscar escala”, complementa.

Para o professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, esse crescimento de empresas com mais de três anos e meio durante a pandemia pode ser explicado também pela abertura de microempresas, por conta da dificuldade de conseguir emprego durante a crise sanitária.

“Como não se conseguia emprego de uma forma mais estável, a pessoa virava MEI (microempreendedor individual), e esse CNPJ perdura”, pontua o professor.

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O Sebrae afirma, porém, que a pesquisa foi feita por meio de entrevistas com uma série de empreendedores, escolhidos para representar o cenário de novos negócios abertos no País. Não foram considerados prestadores de serviços individuais ou MEIs, por exemplo, porque muitos desses CNPJs não operam como empresas, de fato, e são utilizados para outros fins, como a contratação de funcionários terceirizados.

Ainda assim, MEIs que surgiram na pandemia podem ter evoluído para empresas maiores, o que os levou a ser considerados para compor a amostragem da pesquisa.

Atualmente, MEIs podem contratar somente um funcionário e ter faturamento anual de R$ 81 mil, mas há discussões no governo para flexibilizar alguns desses limites.

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Fábrica da Priscyla França Chocolates começou a operar no início de 2023, para expandir o volume de produção da empresa Foto: Felipe Rau/Estadão

Número de novas empreendedoras mulheres cai desde 2020

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Apesar de a pesquisa apontar para a melhora do cenário do empreendedorismo no País, ela traz um recorte preocupante: a dificuldade das mulheres em abrir o próprio negócio. O número de empreendedoras que acabaram de abrir ou estão prestes a inaugurar o próprio negócio vem caindo anualmente, desde 2020.

Naquele ano, esses empreendedores iniciais, como são chamados pela pesquisa, eram metade homens e metade mulheres. Em 2023, somente 40,2% são mulheres, enquanto 59,8% são homens.

O Sebrae pontua que durante a pandemia o número de empresas fechadas foi maior entre aquelas lideradas por mulheres do que por homens.

Isso poderia se explicado, em parte, porque empresas lideradas por mulheres se concentram tradicionalmente no setor de serviços, mais afetado durante a pandemia.

Além disso, historicamente a mulher tem maior sobrecarga de cuidados com filhos, idosos e com a casa, o que poderia influenciar também nos números.

Segundo Lima, a instituição deve focar esforços para tentar compreender em detalhe os motivos da queda de mulheres que buscam empreender, porém ainda não há nenhum estudo específico sobre o tema em curso.

Essa dificuldade das mulheres também foi sentida por Priscyla França. Ela comenta que há mais dificuldade de ter apoio até mesmo entre os familiares do que os homens quando buscam empreender.

“Na nossa sociedade, se a mulher empreende, ela precisa convencer o homem de que aquilo é viável, de que não é uma loucura. Se um homem empreende, a mulher, obrigatoriamente, tem que dar apoio”, afirma a empresária.

Quando pensava em abrir o próprio negócio, a empresária Priscyla França, 38, imaginava que só conseguiria ter tempo para a empreitada quando já estivesse aposentada. Essa realidade mudou em 2013, quando ela decidiu testar se o hobby podia se tornar uma carreira. Pegou uma licença do trabalho no Espírito Santo, mudou-se para São Paulo e começou a trabalhar como confeiteira.

Com o tempo, ficou mais claro que o sonho não era tão distante. Mantendo o trabalho como chefe em diferentes restaurantes da cidade, passou a produzir chocolates caseiros como uma atividade extra para testar se a ideia de ter um negócio próprio podia vingar. “Na época, eu não tinha a menor ideia de como fazer chocolates, mas queria fazer”, relembra França.

Durante a pandemia, largou o emprego e focou 100% no negócio. Pouco mais de três anos depois, ela acumula prêmios nacionais e investiu recentemente em uma fábrica para aumentar o volume de produção.

Priscyla França começou sua própria marca de chocolates há pouco mais de 3 anos e está expandindo o negócio desde então Foto: Felipe Rau/Estadão

Negócios como os de Priscyla, com mais de três anos e meio de duração, tem crescido no País, segundo pesquisa do Sebrae Nacional, feita em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe). Os dados fazem parte da pesquisa internacional Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que consolida dados sobre empreendedorismo em diferentes países.

A coleta de dados da pesquisa foi feita de junho a agosto de 2023, mas os dados foram divulgados em abril deste ano. Foram ouvidos 2.000 empreendedores de 18 a 64 anos. Também participaram 54 especialistas, que avaliaram o cenário no País.

O aumento dos empreendedores estabelecidos, como são chamados os que atuam por mais de três anos e meio, aponta para um cenário de melhora no ambiente econômico e de empreendedorismo no País, segundo o Sebrae. Desde 2020, o número de empreendedores que se encaixam nessa categoria vem subindo ano após ano. De 10,96 milhões de pessoas naquele ano, chegou à marca de 14,9 milhões em 2023, o que representa cerca de 12% da população adulta brasileira.

O crescimento destes empresários é acompanhado pela queda do número de negócios chamados de iniciais, com duração menor do que três anos e meio, o que representaria, em partes, uma migração destes empresários para a categoria de empreendedores estabelecidos, segundo a instituição.

De acordo com o presidente nacional do Sebrae, Décio Lima, o processo representa uma mudança de perspectiva para quem busca empreender. “As pessoas no País deixam de empreender somente por necessidade e sim para fazer uma diferença no mundo”, afirma Lima. “Além da consolidação dos seus negócios, elas conseguem buscar escala”, complementa.

Para o professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, esse crescimento de empresas com mais de três anos e meio durante a pandemia pode ser explicado também pela abertura de microempresas, por conta da dificuldade de conseguir emprego durante a crise sanitária.

“Como não se conseguia emprego de uma forma mais estável, a pessoa virava MEI (microempreendedor individual), e esse CNPJ perdura”, pontua o professor.

O Sebrae afirma, porém, que a pesquisa foi feita por meio de entrevistas com uma série de empreendedores, escolhidos para representar o cenário de novos negócios abertos no País. Não foram considerados prestadores de serviços individuais ou MEIs, por exemplo, porque muitos desses CNPJs não operam como empresas, de fato, e são utilizados para outros fins, como a contratação de funcionários terceirizados.

Ainda assim, MEIs que surgiram na pandemia podem ter evoluído para empresas maiores, o que os levou a ser considerados para compor a amostragem da pesquisa.

Atualmente, MEIs podem contratar somente um funcionário e ter faturamento anual de R$ 81 mil, mas há discussões no governo para flexibilizar alguns desses limites.

Fábrica da Priscyla França Chocolates começou a operar no início de 2023, para expandir o volume de produção da empresa Foto: Felipe Rau/Estadão

Número de novas empreendedoras mulheres cai desde 2020

Apesar de a pesquisa apontar para a melhora do cenário do empreendedorismo no País, ela traz um recorte preocupante: a dificuldade das mulheres em abrir o próprio negócio. O número de empreendedoras que acabaram de abrir ou estão prestes a inaugurar o próprio negócio vem caindo anualmente, desde 2020.

Naquele ano, esses empreendedores iniciais, como são chamados pela pesquisa, eram metade homens e metade mulheres. Em 2023, somente 40,2% são mulheres, enquanto 59,8% são homens.

O Sebrae pontua que durante a pandemia o número de empresas fechadas foi maior entre aquelas lideradas por mulheres do que por homens.

Isso poderia se explicado, em parte, porque empresas lideradas por mulheres se concentram tradicionalmente no setor de serviços, mais afetado durante a pandemia.

Além disso, historicamente a mulher tem maior sobrecarga de cuidados com filhos, idosos e com a casa, o que poderia influenciar também nos números.

Segundo Lima, a instituição deve focar esforços para tentar compreender em detalhe os motivos da queda de mulheres que buscam empreender, porém ainda não há nenhum estudo específico sobre o tema em curso.

Essa dificuldade das mulheres também foi sentida por Priscyla França. Ela comenta que há mais dificuldade de ter apoio até mesmo entre os familiares do que os homens quando buscam empreender.

“Na nossa sociedade, se a mulher empreende, ela precisa convencer o homem de que aquilo é viável, de que não é uma loucura. Se um homem empreende, a mulher, obrigatoriamente, tem que dar apoio”, afirma a empresária.

Quando pensava em abrir o próprio negócio, a empresária Priscyla França, 38, imaginava que só conseguiria ter tempo para a empreitada quando já estivesse aposentada. Essa realidade mudou em 2013, quando ela decidiu testar se o hobby podia se tornar uma carreira. Pegou uma licença do trabalho no Espírito Santo, mudou-se para São Paulo e começou a trabalhar como confeiteira.

Com o tempo, ficou mais claro que o sonho não era tão distante. Mantendo o trabalho como chefe em diferentes restaurantes da cidade, passou a produzir chocolates caseiros como uma atividade extra para testar se a ideia de ter um negócio próprio podia vingar. “Na época, eu não tinha a menor ideia de como fazer chocolates, mas queria fazer”, relembra França.

Durante a pandemia, largou o emprego e focou 100% no negócio. Pouco mais de três anos depois, ela acumula prêmios nacionais e investiu recentemente em uma fábrica para aumentar o volume de produção.

Priscyla França começou sua própria marca de chocolates há pouco mais de 3 anos e está expandindo o negócio desde então Foto: Felipe Rau/Estadão

Negócios como os de Priscyla, com mais de três anos e meio de duração, tem crescido no País, segundo pesquisa do Sebrae Nacional, feita em parceria com a Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe). Os dados fazem parte da pesquisa internacional Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que consolida dados sobre empreendedorismo em diferentes países.

A coleta de dados da pesquisa foi feita de junho a agosto de 2023, mas os dados foram divulgados em abril deste ano. Foram ouvidos 2.000 empreendedores de 18 a 64 anos. Também participaram 54 especialistas, que avaliaram o cenário no País.

O aumento dos empreendedores estabelecidos, como são chamados os que atuam por mais de três anos e meio, aponta para um cenário de melhora no ambiente econômico e de empreendedorismo no País, segundo o Sebrae. Desde 2020, o número de empreendedores que se encaixam nessa categoria vem subindo ano após ano. De 10,96 milhões de pessoas naquele ano, chegou à marca de 14,9 milhões em 2023, o que representa cerca de 12% da população adulta brasileira.

O crescimento destes empresários é acompanhado pela queda do número de negócios chamados de iniciais, com duração menor do que três anos e meio, o que representaria, em partes, uma migração destes empresários para a categoria de empreendedores estabelecidos, segundo a instituição.

De acordo com o presidente nacional do Sebrae, Décio Lima, o processo representa uma mudança de perspectiva para quem busca empreender. “As pessoas no País deixam de empreender somente por necessidade e sim para fazer uma diferença no mundo”, afirma Lima. “Além da consolidação dos seus negócios, elas conseguem buscar escala”, complementa.

Para o professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, esse crescimento de empresas com mais de três anos e meio durante a pandemia pode ser explicado também pela abertura de microempresas, por conta da dificuldade de conseguir emprego durante a crise sanitária.

“Como não se conseguia emprego de uma forma mais estável, a pessoa virava MEI (microempreendedor individual), e esse CNPJ perdura”, pontua o professor.

O Sebrae afirma, porém, que a pesquisa foi feita por meio de entrevistas com uma série de empreendedores, escolhidos para representar o cenário de novos negócios abertos no País. Não foram considerados prestadores de serviços individuais ou MEIs, por exemplo, porque muitos desses CNPJs não operam como empresas, de fato, e são utilizados para outros fins, como a contratação de funcionários terceirizados.

Ainda assim, MEIs que surgiram na pandemia podem ter evoluído para empresas maiores, o que os levou a ser considerados para compor a amostragem da pesquisa.

Atualmente, MEIs podem contratar somente um funcionário e ter faturamento anual de R$ 81 mil, mas há discussões no governo para flexibilizar alguns desses limites.

Fábrica da Priscyla França Chocolates começou a operar no início de 2023, para expandir o volume de produção da empresa Foto: Felipe Rau/Estadão

Número de novas empreendedoras mulheres cai desde 2020

Apesar de a pesquisa apontar para a melhora do cenário do empreendedorismo no País, ela traz um recorte preocupante: a dificuldade das mulheres em abrir o próprio negócio. O número de empreendedoras que acabaram de abrir ou estão prestes a inaugurar o próprio negócio vem caindo anualmente, desde 2020.

Naquele ano, esses empreendedores iniciais, como são chamados pela pesquisa, eram metade homens e metade mulheres. Em 2023, somente 40,2% são mulheres, enquanto 59,8% são homens.

O Sebrae pontua que durante a pandemia o número de empresas fechadas foi maior entre aquelas lideradas por mulheres do que por homens.

Isso poderia se explicado, em parte, porque empresas lideradas por mulheres se concentram tradicionalmente no setor de serviços, mais afetado durante a pandemia.

Além disso, historicamente a mulher tem maior sobrecarga de cuidados com filhos, idosos e com a casa, o que poderia influenciar também nos números.

Segundo Lima, a instituição deve focar esforços para tentar compreender em detalhe os motivos da queda de mulheres que buscam empreender, porém ainda não há nenhum estudo específico sobre o tema em curso.

Essa dificuldade das mulheres também foi sentida por Priscyla França. Ela comenta que há mais dificuldade de ter apoio até mesmo entre os familiares do que os homens quando buscam empreender.

“Na nossa sociedade, se a mulher empreende, ela precisa convencer o homem de que aquilo é viável, de que não é uma loucura. Se um homem empreende, a mulher, obrigatoriamente, tem que dar apoio”, afirma a empresária.

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