Ela criou app de felicidade no trabalho depois de um trauma pessoal; hoje, fatura R$ 500 mil


Flávia da Veiga, de 48 anos, decidiu estudar a felicidade após estresse pós-traumático; aplicativo vai oferecer atendimento personalizado com ajuda de inteligência artificial

Por Geovanna Hora

Apesar de ser bem-sucedida no trabalho, a publicitária Flávia da Veiga, de 48 anos, não era feliz. Em 2016, ao ser diagnosticada com depressão e estresse pós-traumático, ela resolveu estudar a felicidade para auxiliar no tratamento contra as doenças.

O resultado foi a criação da BeHappier, uma consultoria com um aplicativo focado em promover a felicidade no ambiente corporativo, lançada em 2020 e sediada em Vitória (ES). Eles atendem 24 empresas e tiveram um faturamento de R$ 517 mil em 2023.

Sofreu com depressão após desabamento e decidiu estudar a felicidade

continua após a publicidade

Antes da BeHappier, Flávia já tinha uma trajetória de sucesso: era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), chegou a ser gerente de comunicação da Embratel e foi sócia de uma agência de publicidade por 14 anos.

O que ela não tinha, contudo, era felicidade. A situação piorou após um evento traumático: a área de lazer do condomínio onde ela morava em Vitória (ES) desabou na madrugada do dia 19 de junho de 2016.

“Ouvi um estrondo e olhei para baixo: tudo estava destruído, pensei que o prédio ia cair e eu morreria soterrada. Fui diagnosticada com estresse pós-traumático e depressão. Senti que era uma segunda chance de ser feliz, mas eu não sabia como ser feliz”, afirma.

continua após a publicidade
Flávia da Veiga decidiu estudar a felicidade ao ser diagnosticada com depressão.  Foto: Divulgação/BeHappier

Para ajudar no tratamento contra as doenças, Flávia decidiu estudar a felicidade. Ela fez cursos livres nas universidades da Califórnia, Harvard e Yale, com temas que iam da psicologia positiva à ciência da felicidade. A conclusão da publicitária foi de que felicidade é uma habilidade que poderia ser aprendida e desenvolvida, tal qual um instrumento ou um idioma.

“Entendi que tudo depende de como o nosso cérebro interpreta os acontecimentos e a realidade. Comecei a perceber que existia um negócio por trás e entendi a economia da felicidade”, diz.

continua após a publicidade

Desenvolvimento da BeHappier em meio a outra tragédia pessoal

Em 2018, Flávia ganhou uma concorrência para desenvolver um aplicativo para uma multinacional do setor de siderurgia que ajudasse a formar hábitos de felicidade. Ela começou a estruturar o que viria a ser a BeHappier, ainda como sócia de uma agência de publicidade.

O grande desafio veio em 2019, quando o filho mais velho da capixaba foi baleado e perdeu o movimento das pernas.

continua após a publicidade

“Foi o momento mais doloroso e sofrido da minha vida, mas senti que consegui passar por ele com mais força, porque eu tinha aprendido a ser resiliente e a lidar com desafios. Eu uso a minha experiência para criar conexão emocional com as pessoas, porque peguei a minha dor para ajudar a minimizar a dor do próximo e mostrar que é possível ser feliz”, relata.

Como funciona a BeHappier

No ano seguinte, Flávia saiu da sociedade da agência e passou a investir todo o seu tempo no desenvolvimento da BeHappier. O aplicativo tem três etapas: a primeira parte é voltada para assimilação dos conteúdos, com aulas teóricas, seguida por atividades práticas e, por fim, exercícios de repetição, para fixação do aprendizado.

continua após a publicidade

Os funcionários da empresa, de todos os níveis hierárquicos, passam por treinamentos. Alguns profissionais são selecionados para serem embaixadores e ficam responsáveis por ajudar na promoção dos hábitos de felicidade.

Interface do aplicativo da BeHappier. Foto: Divulgação/BeHappier

“A BeHappier oferece treinamentos, como o módulo voltado para atividades físicas, mas também estimula as empresas a adotarem outras iniciativas voltadas ao bem-estar e rituais que permitam que isso seja aplicado no ambiente corporativo”, afirma.

continua após a publicidade

O serviço utiliza a “Escala de Bem-Estar Afetivo no Trabalho (Jaws, na sigla em inglês)” para mensurar os resultados e fazer comparações entre início, meio e fim de cada módulo. Flávia conta que a decisão de trabalhar com empresas foi baseada na economia com divulgação.

“O investimento em marketing para atrair uma empresa com mil colaboradores é muito menor do que seria necessário para atrair mil pessoas de forma independente, além de ser mais fácil convencer a empresa a investir no bem-estar, porque o ser humano não sabe se priorizar”, diz.

Introdução de inteligência artificial é próximo passo

O faturamento da BeHappier em 2023 foi de R$ 517 mil. Neste ano, o aplicativo está presente em 24 empresas, com mais de 300 usuários.

O investimento total para criar e modernizar a plataforma, segundo Flávia, já chegou a R$ 800 mil. Um dos objetivos para o próximo ano é investir em marketing para aumentar a cartela de parceiros.

A BeHappier também já tem uma ferramenta de inteligência artificial, que é treinada diariamente com artigos, livros e estudos sobre psicologia positiva e neurociência. A ideia é oferecer um atendimento personalizado para cada trabalhador, inclusive com a antecipação de comportamentos.

“A ferramenta vai aprender o comportamento do usuário e antecipar algumas reações. Se a pessoa dormiu mal, por exemplo, a IA vai reconhecer que ela pode ficar mais irritada e sugerir atividades para aliviar o estresse antes mesmo de acontecer algo de fato”, explica.

Inteligência artificial é um copiloto na gestão de empresas, avalia especialista

O uso da inteligência artificial não está restrito a negócios digitais, como a BeHappier. Um levantamento encomendado pela Microsoft para a Edelman Comunicação mostrou que 90% das micro, pequenas e médias empresas buscavam inserir a IA no seu dia a dia em 2023.

O consultor de negócios do Sebrae-SP Edgard dos Santos Neto explica que a IA deixou de ser uma ferramenta do futuro para se tornar um copiloto na gestão de empresas, especialmente após o lançamento do ChatGPT, da norte-americana OpenAI.

“A IA não substitui o ser humano, mas potencializa o que ele tem de melhor. A recomendação é usar, inicialmente, para automatizar tarefas que o empreendedor já domine, assim, facilita tanto o aprendizado quanto a revisão de possíveis erros”, afirma.

Mas, para conseguir respostas efetivas das plataformas, é essencial entender a melhor forma de usar os prompts, que são os comandos feitos para orientar a IA. Na prática, o segredo é aprender a perguntar.

Neto diz que o ideal é fornecer uma descrição detalhada sobre o problema, mas ter cuidado com os dados que serão usados, para evitar o vazamento de informações sigilosas.

“Para ter ideias de como montar uma vitrine, por exemplo, o empreendedor pode usar o Adobe Firefly, que gera imagens baseadas em textos. Mas ele precisa informar as medidas, a quantidade de manequins ou itens disponíveis e o tema central, pelo menos, para ter um resultado satisfatório. Se você não souber explicar, a IA não vai saber responder”, avalia.

As plataformas também ajudam quem precisa responder clientes com retornos negativos. O especialista explica que, nos momentos de crise, é comum que o lado emocional sobreponha o racional. A IA entra na história para amenizar esse problema.

Ele afirma que o profissional pode explicar a situação e solicitar opções de respostas cordiais, para o ChatGPT, por exemplo. Além de agilizar o tempo de retorno, a ação também diminui as chances de perder o cliente por desentendimentos.

Como introduzir a IA no negócio?

Existe um passo a passo que pode ajudar quem quer introduzir a IA na empresa. Neto explica que a primeira parte é identificar os desafios e objetivos para alinhar qual a melhor ferramenta para cada situação.

Depois, é importante conhecer os produtos. Existem milhares de opções disponíveis, que vão muito além do ChatGPT, e podem facilitar tarefas burocráticas ou até ajudar em processos criativos, como o Bing CoPilot, Canva e Zapier.

A terceira etapa é mergulhar nos conteúdos disponíveis no YouTube. De tutorias com dicas de uso a avaliações sobre prós e contras. A plataforma tem vídeos com uma linguagem simplificada sobre a IA.

“A maior queixa dos empreendedores é a falta de tempo para colocar essas ações em prática, mas a principal função da IA é justamente otimizar o tempo, para que eles gastem energia com questões mais importantes e deixem a tecnologia cuidar de outras partes”, diz o consultor.

Apesar de ser bem-sucedida no trabalho, a publicitária Flávia da Veiga, de 48 anos, não era feliz. Em 2016, ao ser diagnosticada com depressão e estresse pós-traumático, ela resolveu estudar a felicidade para auxiliar no tratamento contra as doenças.

O resultado foi a criação da BeHappier, uma consultoria com um aplicativo focado em promover a felicidade no ambiente corporativo, lançada em 2020 e sediada em Vitória (ES). Eles atendem 24 empresas e tiveram um faturamento de R$ 517 mil em 2023.

Sofreu com depressão após desabamento e decidiu estudar a felicidade

Antes da BeHappier, Flávia já tinha uma trajetória de sucesso: era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), chegou a ser gerente de comunicação da Embratel e foi sócia de uma agência de publicidade por 14 anos.

O que ela não tinha, contudo, era felicidade. A situação piorou após um evento traumático: a área de lazer do condomínio onde ela morava em Vitória (ES) desabou na madrugada do dia 19 de junho de 2016.

“Ouvi um estrondo e olhei para baixo: tudo estava destruído, pensei que o prédio ia cair e eu morreria soterrada. Fui diagnosticada com estresse pós-traumático e depressão. Senti que era uma segunda chance de ser feliz, mas eu não sabia como ser feliz”, afirma.

Flávia da Veiga decidiu estudar a felicidade ao ser diagnosticada com depressão.  Foto: Divulgação/BeHappier

Para ajudar no tratamento contra as doenças, Flávia decidiu estudar a felicidade. Ela fez cursos livres nas universidades da Califórnia, Harvard e Yale, com temas que iam da psicologia positiva à ciência da felicidade. A conclusão da publicitária foi de que felicidade é uma habilidade que poderia ser aprendida e desenvolvida, tal qual um instrumento ou um idioma.

“Entendi que tudo depende de como o nosso cérebro interpreta os acontecimentos e a realidade. Comecei a perceber que existia um negócio por trás e entendi a economia da felicidade”, diz.

Desenvolvimento da BeHappier em meio a outra tragédia pessoal

Em 2018, Flávia ganhou uma concorrência para desenvolver um aplicativo para uma multinacional do setor de siderurgia que ajudasse a formar hábitos de felicidade. Ela começou a estruturar o que viria a ser a BeHappier, ainda como sócia de uma agência de publicidade.

O grande desafio veio em 2019, quando o filho mais velho da capixaba foi baleado e perdeu o movimento das pernas.

“Foi o momento mais doloroso e sofrido da minha vida, mas senti que consegui passar por ele com mais força, porque eu tinha aprendido a ser resiliente e a lidar com desafios. Eu uso a minha experiência para criar conexão emocional com as pessoas, porque peguei a minha dor para ajudar a minimizar a dor do próximo e mostrar que é possível ser feliz”, relata.

Como funciona a BeHappier

No ano seguinte, Flávia saiu da sociedade da agência e passou a investir todo o seu tempo no desenvolvimento da BeHappier. O aplicativo tem três etapas: a primeira parte é voltada para assimilação dos conteúdos, com aulas teóricas, seguida por atividades práticas e, por fim, exercícios de repetição, para fixação do aprendizado.

Os funcionários da empresa, de todos os níveis hierárquicos, passam por treinamentos. Alguns profissionais são selecionados para serem embaixadores e ficam responsáveis por ajudar na promoção dos hábitos de felicidade.

Interface do aplicativo da BeHappier. Foto: Divulgação/BeHappier

“A BeHappier oferece treinamentos, como o módulo voltado para atividades físicas, mas também estimula as empresas a adotarem outras iniciativas voltadas ao bem-estar e rituais que permitam que isso seja aplicado no ambiente corporativo”, afirma.

O serviço utiliza a “Escala de Bem-Estar Afetivo no Trabalho (Jaws, na sigla em inglês)” para mensurar os resultados e fazer comparações entre início, meio e fim de cada módulo. Flávia conta que a decisão de trabalhar com empresas foi baseada na economia com divulgação.

“O investimento em marketing para atrair uma empresa com mil colaboradores é muito menor do que seria necessário para atrair mil pessoas de forma independente, além de ser mais fácil convencer a empresa a investir no bem-estar, porque o ser humano não sabe se priorizar”, diz.

Introdução de inteligência artificial é próximo passo

O faturamento da BeHappier em 2023 foi de R$ 517 mil. Neste ano, o aplicativo está presente em 24 empresas, com mais de 300 usuários.

O investimento total para criar e modernizar a plataforma, segundo Flávia, já chegou a R$ 800 mil. Um dos objetivos para o próximo ano é investir em marketing para aumentar a cartela de parceiros.

A BeHappier também já tem uma ferramenta de inteligência artificial, que é treinada diariamente com artigos, livros e estudos sobre psicologia positiva e neurociência. A ideia é oferecer um atendimento personalizado para cada trabalhador, inclusive com a antecipação de comportamentos.

“A ferramenta vai aprender o comportamento do usuário e antecipar algumas reações. Se a pessoa dormiu mal, por exemplo, a IA vai reconhecer que ela pode ficar mais irritada e sugerir atividades para aliviar o estresse antes mesmo de acontecer algo de fato”, explica.

Inteligência artificial é um copiloto na gestão de empresas, avalia especialista

O uso da inteligência artificial não está restrito a negócios digitais, como a BeHappier. Um levantamento encomendado pela Microsoft para a Edelman Comunicação mostrou que 90% das micro, pequenas e médias empresas buscavam inserir a IA no seu dia a dia em 2023.

O consultor de negócios do Sebrae-SP Edgard dos Santos Neto explica que a IA deixou de ser uma ferramenta do futuro para se tornar um copiloto na gestão de empresas, especialmente após o lançamento do ChatGPT, da norte-americana OpenAI.

“A IA não substitui o ser humano, mas potencializa o que ele tem de melhor. A recomendação é usar, inicialmente, para automatizar tarefas que o empreendedor já domine, assim, facilita tanto o aprendizado quanto a revisão de possíveis erros”, afirma.

Mas, para conseguir respostas efetivas das plataformas, é essencial entender a melhor forma de usar os prompts, que são os comandos feitos para orientar a IA. Na prática, o segredo é aprender a perguntar.

Neto diz que o ideal é fornecer uma descrição detalhada sobre o problema, mas ter cuidado com os dados que serão usados, para evitar o vazamento de informações sigilosas.

“Para ter ideias de como montar uma vitrine, por exemplo, o empreendedor pode usar o Adobe Firefly, que gera imagens baseadas em textos. Mas ele precisa informar as medidas, a quantidade de manequins ou itens disponíveis e o tema central, pelo menos, para ter um resultado satisfatório. Se você não souber explicar, a IA não vai saber responder”, avalia.

As plataformas também ajudam quem precisa responder clientes com retornos negativos. O especialista explica que, nos momentos de crise, é comum que o lado emocional sobreponha o racional. A IA entra na história para amenizar esse problema.

Ele afirma que o profissional pode explicar a situação e solicitar opções de respostas cordiais, para o ChatGPT, por exemplo. Além de agilizar o tempo de retorno, a ação também diminui as chances de perder o cliente por desentendimentos.

Como introduzir a IA no negócio?

Existe um passo a passo que pode ajudar quem quer introduzir a IA na empresa. Neto explica que a primeira parte é identificar os desafios e objetivos para alinhar qual a melhor ferramenta para cada situação.

Depois, é importante conhecer os produtos. Existem milhares de opções disponíveis, que vão muito além do ChatGPT, e podem facilitar tarefas burocráticas ou até ajudar em processos criativos, como o Bing CoPilot, Canva e Zapier.

A terceira etapa é mergulhar nos conteúdos disponíveis no YouTube. De tutorias com dicas de uso a avaliações sobre prós e contras. A plataforma tem vídeos com uma linguagem simplificada sobre a IA.

“A maior queixa dos empreendedores é a falta de tempo para colocar essas ações em prática, mas a principal função da IA é justamente otimizar o tempo, para que eles gastem energia com questões mais importantes e deixem a tecnologia cuidar de outras partes”, diz o consultor.

Apesar de ser bem-sucedida no trabalho, a publicitária Flávia da Veiga, de 48 anos, não era feliz. Em 2016, ao ser diagnosticada com depressão e estresse pós-traumático, ela resolveu estudar a felicidade para auxiliar no tratamento contra as doenças.

O resultado foi a criação da BeHappier, uma consultoria com um aplicativo focado em promover a felicidade no ambiente corporativo, lançada em 2020 e sediada em Vitória (ES). Eles atendem 24 empresas e tiveram um faturamento de R$ 517 mil em 2023.

Sofreu com depressão após desabamento e decidiu estudar a felicidade

Antes da BeHappier, Flávia já tinha uma trajetória de sucesso: era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), chegou a ser gerente de comunicação da Embratel e foi sócia de uma agência de publicidade por 14 anos.

O que ela não tinha, contudo, era felicidade. A situação piorou após um evento traumático: a área de lazer do condomínio onde ela morava em Vitória (ES) desabou na madrugada do dia 19 de junho de 2016.

“Ouvi um estrondo e olhei para baixo: tudo estava destruído, pensei que o prédio ia cair e eu morreria soterrada. Fui diagnosticada com estresse pós-traumático e depressão. Senti que era uma segunda chance de ser feliz, mas eu não sabia como ser feliz”, afirma.

Flávia da Veiga decidiu estudar a felicidade ao ser diagnosticada com depressão.  Foto: Divulgação/BeHappier

Para ajudar no tratamento contra as doenças, Flávia decidiu estudar a felicidade. Ela fez cursos livres nas universidades da Califórnia, Harvard e Yale, com temas que iam da psicologia positiva à ciência da felicidade. A conclusão da publicitária foi de que felicidade é uma habilidade que poderia ser aprendida e desenvolvida, tal qual um instrumento ou um idioma.

“Entendi que tudo depende de como o nosso cérebro interpreta os acontecimentos e a realidade. Comecei a perceber que existia um negócio por trás e entendi a economia da felicidade”, diz.

Desenvolvimento da BeHappier em meio a outra tragédia pessoal

Em 2018, Flávia ganhou uma concorrência para desenvolver um aplicativo para uma multinacional do setor de siderurgia que ajudasse a formar hábitos de felicidade. Ela começou a estruturar o que viria a ser a BeHappier, ainda como sócia de uma agência de publicidade.

O grande desafio veio em 2019, quando o filho mais velho da capixaba foi baleado e perdeu o movimento das pernas.

“Foi o momento mais doloroso e sofrido da minha vida, mas senti que consegui passar por ele com mais força, porque eu tinha aprendido a ser resiliente e a lidar com desafios. Eu uso a minha experiência para criar conexão emocional com as pessoas, porque peguei a minha dor para ajudar a minimizar a dor do próximo e mostrar que é possível ser feliz”, relata.

Como funciona a BeHappier

No ano seguinte, Flávia saiu da sociedade da agência e passou a investir todo o seu tempo no desenvolvimento da BeHappier. O aplicativo tem três etapas: a primeira parte é voltada para assimilação dos conteúdos, com aulas teóricas, seguida por atividades práticas e, por fim, exercícios de repetição, para fixação do aprendizado.

Os funcionários da empresa, de todos os níveis hierárquicos, passam por treinamentos. Alguns profissionais são selecionados para serem embaixadores e ficam responsáveis por ajudar na promoção dos hábitos de felicidade.

Interface do aplicativo da BeHappier. Foto: Divulgação/BeHappier

“A BeHappier oferece treinamentos, como o módulo voltado para atividades físicas, mas também estimula as empresas a adotarem outras iniciativas voltadas ao bem-estar e rituais que permitam que isso seja aplicado no ambiente corporativo”, afirma.

O serviço utiliza a “Escala de Bem-Estar Afetivo no Trabalho (Jaws, na sigla em inglês)” para mensurar os resultados e fazer comparações entre início, meio e fim de cada módulo. Flávia conta que a decisão de trabalhar com empresas foi baseada na economia com divulgação.

“O investimento em marketing para atrair uma empresa com mil colaboradores é muito menor do que seria necessário para atrair mil pessoas de forma independente, além de ser mais fácil convencer a empresa a investir no bem-estar, porque o ser humano não sabe se priorizar”, diz.

Introdução de inteligência artificial é próximo passo

O faturamento da BeHappier em 2023 foi de R$ 517 mil. Neste ano, o aplicativo está presente em 24 empresas, com mais de 300 usuários.

O investimento total para criar e modernizar a plataforma, segundo Flávia, já chegou a R$ 800 mil. Um dos objetivos para o próximo ano é investir em marketing para aumentar a cartela de parceiros.

A BeHappier também já tem uma ferramenta de inteligência artificial, que é treinada diariamente com artigos, livros e estudos sobre psicologia positiva e neurociência. A ideia é oferecer um atendimento personalizado para cada trabalhador, inclusive com a antecipação de comportamentos.

“A ferramenta vai aprender o comportamento do usuário e antecipar algumas reações. Se a pessoa dormiu mal, por exemplo, a IA vai reconhecer que ela pode ficar mais irritada e sugerir atividades para aliviar o estresse antes mesmo de acontecer algo de fato”, explica.

Inteligência artificial é um copiloto na gestão de empresas, avalia especialista

O uso da inteligência artificial não está restrito a negócios digitais, como a BeHappier. Um levantamento encomendado pela Microsoft para a Edelman Comunicação mostrou que 90% das micro, pequenas e médias empresas buscavam inserir a IA no seu dia a dia em 2023.

O consultor de negócios do Sebrae-SP Edgard dos Santos Neto explica que a IA deixou de ser uma ferramenta do futuro para se tornar um copiloto na gestão de empresas, especialmente após o lançamento do ChatGPT, da norte-americana OpenAI.

“A IA não substitui o ser humano, mas potencializa o que ele tem de melhor. A recomendação é usar, inicialmente, para automatizar tarefas que o empreendedor já domine, assim, facilita tanto o aprendizado quanto a revisão de possíveis erros”, afirma.

Mas, para conseguir respostas efetivas das plataformas, é essencial entender a melhor forma de usar os prompts, que são os comandos feitos para orientar a IA. Na prática, o segredo é aprender a perguntar.

Neto diz que o ideal é fornecer uma descrição detalhada sobre o problema, mas ter cuidado com os dados que serão usados, para evitar o vazamento de informações sigilosas.

“Para ter ideias de como montar uma vitrine, por exemplo, o empreendedor pode usar o Adobe Firefly, que gera imagens baseadas em textos. Mas ele precisa informar as medidas, a quantidade de manequins ou itens disponíveis e o tema central, pelo menos, para ter um resultado satisfatório. Se você não souber explicar, a IA não vai saber responder”, avalia.

As plataformas também ajudam quem precisa responder clientes com retornos negativos. O especialista explica que, nos momentos de crise, é comum que o lado emocional sobreponha o racional. A IA entra na história para amenizar esse problema.

Ele afirma que o profissional pode explicar a situação e solicitar opções de respostas cordiais, para o ChatGPT, por exemplo. Além de agilizar o tempo de retorno, a ação também diminui as chances de perder o cliente por desentendimentos.

Como introduzir a IA no negócio?

Existe um passo a passo que pode ajudar quem quer introduzir a IA na empresa. Neto explica que a primeira parte é identificar os desafios e objetivos para alinhar qual a melhor ferramenta para cada situação.

Depois, é importante conhecer os produtos. Existem milhares de opções disponíveis, que vão muito além do ChatGPT, e podem facilitar tarefas burocráticas ou até ajudar em processos criativos, como o Bing CoPilot, Canva e Zapier.

A terceira etapa é mergulhar nos conteúdos disponíveis no YouTube. De tutorias com dicas de uso a avaliações sobre prós e contras. A plataforma tem vídeos com uma linguagem simplificada sobre a IA.

“A maior queixa dos empreendedores é a falta de tempo para colocar essas ações em prática, mas a principal função da IA é justamente otimizar o tempo, para que eles gastem energia com questões mais importantes e deixem a tecnologia cuidar de outras partes”, diz o consultor.

Apesar de ser bem-sucedida no trabalho, a publicitária Flávia da Veiga, de 48 anos, não era feliz. Em 2016, ao ser diagnosticada com depressão e estresse pós-traumático, ela resolveu estudar a felicidade para auxiliar no tratamento contra as doenças.

O resultado foi a criação da BeHappier, uma consultoria com um aplicativo focado em promover a felicidade no ambiente corporativo, lançada em 2020 e sediada em Vitória (ES). Eles atendem 24 empresas e tiveram um faturamento de R$ 517 mil em 2023.

Sofreu com depressão após desabamento e decidiu estudar a felicidade

Antes da BeHappier, Flávia já tinha uma trajetória de sucesso: era formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), chegou a ser gerente de comunicação da Embratel e foi sócia de uma agência de publicidade por 14 anos.

O que ela não tinha, contudo, era felicidade. A situação piorou após um evento traumático: a área de lazer do condomínio onde ela morava em Vitória (ES) desabou na madrugada do dia 19 de junho de 2016.

“Ouvi um estrondo e olhei para baixo: tudo estava destruído, pensei que o prédio ia cair e eu morreria soterrada. Fui diagnosticada com estresse pós-traumático e depressão. Senti que era uma segunda chance de ser feliz, mas eu não sabia como ser feliz”, afirma.

Flávia da Veiga decidiu estudar a felicidade ao ser diagnosticada com depressão.  Foto: Divulgação/BeHappier

Para ajudar no tratamento contra as doenças, Flávia decidiu estudar a felicidade. Ela fez cursos livres nas universidades da Califórnia, Harvard e Yale, com temas que iam da psicologia positiva à ciência da felicidade. A conclusão da publicitária foi de que felicidade é uma habilidade que poderia ser aprendida e desenvolvida, tal qual um instrumento ou um idioma.

“Entendi que tudo depende de como o nosso cérebro interpreta os acontecimentos e a realidade. Comecei a perceber que existia um negócio por trás e entendi a economia da felicidade”, diz.

Desenvolvimento da BeHappier em meio a outra tragédia pessoal

Em 2018, Flávia ganhou uma concorrência para desenvolver um aplicativo para uma multinacional do setor de siderurgia que ajudasse a formar hábitos de felicidade. Ela começou a estruturar o que viria a ser a BeHappier, ainda como sócia de uma agência de publicidade.

O grande desafio veio em 2019, quando o filho mais velho da capixaba foi baleado e perdeu o movimento das pernas.

“Foi o momento mais doloroso e sofrido da minha vida, mas senti que consegui passar por ele com mais força, porque eu tinha aprendido a ser resiliente e a lidar com desafios. Eu uso a minha experiência para criar conexão emocional com as pessoas, porque peguei a minha dor para ajudar a minimizar a dor do próximo e mostrar que é possível ser feliz”, relata.

Como funciona a BeHappier

No ano seguinte, Flávia saiu da sociedade da agência e passou a investir todo o seu tempo no desenvolvimento da BeHappier. O aplicativo tem três etapas: a primeira parte é voltada para assimilação dos conteúdos, com aulas teóricas, seguida por atividades práticas e, por fim, exercícios de repetição, para fixação do aprendizado.

Os funcionários da empresa, de todos os níveis hierárquicos, passam por treinamentos. Alguns profissionais são selecionados para serem embaixadores e ficam responsáveis por ajudar na promoção dos hábitos de felicidade.

Interface do aplicativo da BeHappier. Foto: Divulgação/BeHappier

“A BeHappier oferece treinamentos, como o módulo voltado para atividades físicas, mas também estimula as empresas a adotarem outras iniciativas voltadas ao bem-estar e rituais que permitam que isso seja aplicado no ambiente corporativo”, afirma.

O serviço utiliza a “Escala de Bem-Estar Afetivo no Trabalho (Jaws, na sigla em inglês)” para mensurar os resultados e fazer comparações entre início, meio e fim de cada módulo. Flávia conta que a decisão de trabalhar com empresas foi baseada na economia com divulgação.

“O investimento em marketing para atrair uma empresa com mil colaboradores é muito menor do que seria necessário para atrair mil pessoas de forma independente, além de ser mais fácil convencer a empresa a investir no bem-estar, porque o ser humano não sabe se priorizar”, diz.

Introdução de inteligência artificial é próximo passo

O faturamento da BeHappier em 2023 foi de R$ 517 mil. Neste ano, o aplicativo está presente em 24 empresas, com mais de 300 usuários.

O investimento total para criar e modernizar a plataforma, segundo Flávia, já chegou a R$ 800 mil. Um dos objetivos para o próximo ano é investir em marketing para aumentar a cartela de parceiros.

A BeHappier também já tem uma ferramenta de inteligência artificial, que é treinada diariamente com artigos, livros e estudos sobre psicologia positiva e neurociência. A ideia é oferecer um atendimento personalizado para cada trabalhador, inclusive com a antecipação de comportamentos.

“A ferramenta vai aprender o comportamento do usuário e antecipar algumas reações. Se a pessoa dormiu mal, por exemplo, a IA vai reconhecer que ela pode ficar mais irritada e sugerir atividades para aliviar o estresse antes mesmo de acontecer algo de fato”, explica.

Inteligência artificial é um copiloto na gestão de empresas, avalia especialista

O uso da inteligência artificial não está restrito a negócios digitais, como a BeHappier. Um levantamento encomendado pela Microsoft para a Edelman Comunicação mostrou que 90% das micro, pequenas e médias empresas buscavam inserir a IA no seu dia a dia em 2023.

O consultor de negócios do Sebrae-SP Edgard dos Santos Neto explica que a IA deixou de ser uma ferramenta do futuro para se tornar um copiloto na gestão de empresas, especialmente após o lançamento do ChatGPT, da norte-americana OpenAI.

“A IA não substitui o ser humano, mas potencializa o que ele tem de melhor. A recomendação é usar, inicialmente, para automatizar tarefas que o empreendedor já domine, assim, facilita tanto o aprendizado quanto a revisão de possíveis erros”, afirma.

Mas, para conseguir respostas efetivas das plataformas, é essencial entender a melhor forma de usar os prompts, que são os comandos feitos para orientar a IA. Na prática, o segredo é aprender a perguntar.

Neto diz que o ideal é fornecer uma descrição detalhada sobre o problema, mas ter cuidado com os dados que serão usados, para evitar o vazamento de informações sigilosas.

“Para ter ideias de como montar uma vitrine, por exemplo, o empreendedor pode usar o Adobe Firefly, que gera imagens baseadas em textos. Mas ele precisa informar as medidas, a quantidade de manequins ou itens disponíveis e o tema central, pelo menos, para ter um resultado satisfatório. Se você não souber explicar, a IA não vai saber responder”, avalia.

As plataformas também ajudam quem precisa responder clientes com retornos negativos. O especialista explica que, nos momentos de crise, é comum que o lado emocional sobreponha o racional. A IA entra na história para amenizar esse problema.

Ele afirma que o profissional pode explicar a situação e solicitar opções de respostas cordiais, para o ChatGPT, por exemplo. Além de agilizar o tempo de retorno, a ação também diminui as chances de perder o cliente por desentendimentos.

Como introduzir a IA no negócio?

Existe um passo a passo que pode ajudar quem quer introduzir a IA na empresa. Neto explica que a primeira parte é identificar os desafios e objetivos para alinhar qual a melhor ferramenta para cada situação.

Depois, é importante conhecer os produtos. Existem milhares de opções disponíveis, que vão muito além do ChatGPT, e podem facilitar tarefas burocráticas ou até ajudar em processos criativos, como o Bing CoPilot, Canva e Zapier.

A terceira etapa é mergulhar nos conteúdos disponíveis no YouTube. De tutorias com dicas de uso a avaliações sobre prós e contras. A plataforma tem vídeos com uma linguagem simplificada sobre a IA.

“A maior queixa dos empreendedores é a falta de tempo para colocar essas ações em prática, mas a principal função da IA é justamente otimizar o tempo, para que eles gastem energia com questões mais importantes e deixem a tecnologia cuidar de outras partes”, diz o consultor.

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.