Incentivos impulsionam empreendedorismo entre jovens da periferia


Cerca de 35% dos moradores sonham em ter um negócio próprio; outros 50% se consideram empreendedores

Por Ana Clara Praxedes

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’. O potencial econômico das periferias tem incentivado o empreendedorismo entre os moradores das comunidades e ampliado o sonho de ter um negócio próprio. Segundo dados da pesquisa “Um país chamado favela’”, do Data Favela, dos 17 milhões de brasileiros que vivem em comunidades, cerca de 35% (ou 6 milhões) sonham em ter o negócio próprio. Além disso, 50% dos moradores se consideram empreendedores e 41% têm o próprio negócio.

Para o morador da periferia, empreender surge como oportunidade de mudar de vida e crescer socialmente. Para isso, não é preciso sair do bairro em que nasceu. A capacidade produtiva das favelas é superior a de muitas cidades do interior do País. A pesquisa do Data Favela apontou que moradores de comunidade movimentam cerca de R$180,9 bilhões em renda própria por ano.

No entanto, o caminho que esses empreendedores percorrem é diferente do habitual. Eles têm de enfrentar mais barreiras que atrasam o desenvolvimento do negócio, como a falta de acesso a crédito e limitação de conhecimento para expandir o negócio.

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O que surge como um facilitador para quem sonha empreender são os programas de incentivo e de crédito para moradores de favelas. A gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos de incentivo por meio da inovação. Segundo ela, inovação é resolver problemas reais em ambientes de altíssimas incertezas. No contexto do empreendedor periférico, o que fazemos é auxiliar”.

O grupo Semente, em parceria com a ADE Sampa, desenvolve o Vai Tec, que auxilia jovens de comunidades a criar, expandir e validar seus empreendimentos. O objetivo é promover o desenvolvimento dentro das comunidades e gerar emprego e renda. A iniciativa já chegou a aumentar 70% do faturamento dos participantes do projeto.

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Josiane explica que os cursos buscam fornecer acesso a conhecimento técnico, ferramentas, redes de relacionamento, networking e trabalham os negócios de forma individual. “Temos consultorias individuais, para trabalhar a perspectiva individual de cada negócio, olhando para as necessidades específicas”

Gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos voltados à inovação Foto: Arquivo pessoal

Diogo Bezerra, de 29 anos, é o fundador dos projetos PLT4Way, uma escola de idiomas de impacto social e da Mais1Code, uma escola de programação para jovens da periferia. Ele começou a empreender aos 16 anos, mas devido à falta de estímulo, os negócios não prosperavam. “Tive dois negócios, só que nenhum deu certo. Isso por causa do pouco conhecimento que eu tinha sobre empreendedorismo e gestão de fluxo de caixa.”

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Com isso, ao decidir empreender pela terceira vez, buscou direcionamento para construir um negócio saudável. “Fui atrás de ajuda, porque eu não podia errar de novo, já estava com 21 anos e, na quebrada, você não pode ficar errando.”

Diogo afirma que, com os programas de incentivos, ele adquiriu conhecimento e base financeira para crescer e competir de igual para igual com outros negócios. O empresário conta que está mais simples empreender. “Antes não tinham programas como o Vai Tec. Não tinha muito acesso. Era muito institucionalizado. Hoje tem muito mais oportunidades, redes de coworking, mais programas para empreendedores, mais escolas de empreendedorismo.”

Depois de dois fracassos, Diogo Bezerra, não hesitou em abrir um novo negócio, mas procurou ajuda  Foto: Arquivo pessoal
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Ele acrescenta que seus negócios visam impulsionar jovens que sonham em se capacitar e encontrar o papel de protagonista na sociedade. “Tentamos fazer com que os jovens possam sair da inércia do que chamamos de ‘sem sem’, que é sem dinheiro, sem emprego e sem oportunidade. Meu objetivo com a Mais1Code e PLT4WAY é fazer essa inclusão produtiva. É, como nós dizemos, reprogramar a quebrada, tornar este jovem uma referência no que faz.”

Az Marias

Inspiração para quem quer ser empreendedor, a marca de roupas Az Marias, voltada o street style, foi criada em 2015 e aposta no apelo sustentável. A empresa usa como matéria-prima o resíduo têxtil de grandes empresas do setor para fazer suas peças.

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A criadora da marca, Cíntia Felix, conta que o início de sua carreira como empresária foi intenso e que teve que empreender na escassez. “Tem uma música do Racionais que eu gosto muito, fala que até no lixão nasce flor. Na periferia, onde todo mundo diz que não tem nada, há pessoas extremamente criativas que florescem, que fazem coisas fantásticas.”

A dificuldade financeira, a falta de conhecimento e networking foram alguns dos problemas que Cíntia enfrentou, mas a estilista afirma que, aos poucos, foi furando as bolhas com muita persistência e conquistando seu espaço.

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Ela conta que os incentivos são de grande importância, pois sem investimento é impossível tocar um negócio. “Fazer o nosso trabalho sem dinheiro é uma extrema dificuldade e, talvez por isso, muitos negócios não conseguiram se desenvolver”. Cíntia ressalta que apesar das ajudas, os jovens de comunidades ainda enfrentam outras dificuldades, “Os acessos que surgiram ainda não são suficientes e não são devidamente comunicados, para que os jovens consigam empreender.”

Para Cíntia, a Az Marias serve de exemplo para jovens periféricos que sonham ter um negócio próprio. Eles se inspiram na trajetória da marca, sem copiar, mas observando o caminho e percorrendo a própria jornada. “Estamos falando de troca de narrativas e de posições de poder. Quando um jovem de periferia me vê, uma mulher preta retinta, de dreadlocks verdes, mãe, professora no São Paulo Fashion Week, num lugar de destaque, em uma revista ou no Estadão, ele começa a entender que é possível.”

Todas Por Uma APP

Outro exemplo de empreendedorismo na periferia é o Todas Por Uma, um aplicativo contra a violência doméstica, que conta com a Nice, inteligência artificial capaz de encontrar uma pessoa sequestrada. Desenvolvido pelo estudante, Mateus Lima, de 23 anos, a equipe por trás do app conta com apenas duas pessoas. “Somos 2 meninos lutando contra milhões de agressores.”

Mateus Lima, criador do app “Todas Por Uma”, afirma que programas de incentivo são importantes e deveriam ser mais divulgados Foto: Arquivo pessoal

Mateus conta que é muito difícil empreender dentro da favela e afirma que os projetos foram essenciais para fomentar seu negócio e alimentar seu sonho. “Os programas de aceleração para as pessoas da favela deveriam ser mais expostos, pois existem muitos talentos que precisam dessa mesma oportunidade que tive um dia”, ressalta.

O aplicativo já está presente em mais de 15 países e, segundo o criador, o principal objetivo é salvar vidas. “A gente entrega mais que um aplicativo, entregamos a esperança na palma da sua mão. Hoje o Todas Por Uma está presente nos principais Estados do Brasil e ficamos muito felizes, pois nossa tecnologia foi desenvolvida dentro de uma favela”, afirma Mateus Lima.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’. O potencial econômico das periferias tem incentivado o empreendedorismo entre os moradores das comunidades e ampliado o sonho de ter um negócio próprio. Segundo dados da pesquisa “Um país chamado favela’”, do Data Favela, dos 17 milhões de brasileiros que vivem em comunidades, cerca de 35% (ou 6 milhões) sonham em ter o negócio próprio. Além disso, 50% dos moradores se consideram empreendedores e 41% têm o próprio negócio.

Para o morador da periferia, empreender surge como oportunidade de mudar de vida e crescer socialmente. Para isso, não é preciso sair do bairro em que nasceu. A capacidade produtiva das favelas é superior a de muitas cidades do interior do País. A pesquisa do Data Favela apontou que moradores de comunidade movimentam cerca de R$180,9 bilhões em renda própria por ano.

No entanto, o caminho que esses empreendedores percorrem é diferente do habitual. Eles têm de enfrentar mais barreiras que atrasam o desenvolvimento do negócio, como a falta de acesso a crédito e limitação de conhecimento para expandir o negócio.

O que surge como um facilitador para quem sonha empreender são os programas de incentivo e de crédito para moradores de favelas. A gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos de incentivo por meio da inovação. Segundo ela, inovação é resolver problemas reais em ambientes de altíssimas incertezas. No contexto do empreendedor periférico, o que fazemos é auxiliar”.

O grupo Semente, em parceria com a ADE Sampa, desenvolve o Vai Tec, que auxilia jovens de comunidades a criar, expandir e validar seus empreendimentos. O objetivo é promover o desenvolvimento dentro das comunidades e gerar emprego e renda. A iniciativa já chegou a aumentar 70% do faturamento dos participantes do projeto.

Josiane explica que os cursos buscam fornecer acesso a conhecimento técnico, ferramentas, redes de relacionamento, networking e trabalham os negócios de forma individual. “Temos consultorias individuais, para trabalhar a perspectiva individual de cada negócio, olhando para as necessidades específicas”

Gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos voltados à inovação Foto: Arquivo pessoal

Diogo Bezerra, de 29 anos, é o fundador dos projetos PLT4Way, uma escola de idiomas de impacto social e da Mais1Code, uma escola de programação para jovens da periferia. Ele começou a empreender aos 16 anos, mas devido à falta de estímulo, os negócios não prosperavam. “Tive dois negócios, só que nenhum deu certo. Isso por causa do pouco conhecimento que eu tinha sobre empreendedorismo e gestão de fluxo de caixa.”

Com isso, ao decidir empreender pela terceira vez, buscou direcionamento para construir um negócio saudável. “Fui atrás de ajuda, porque eu não podia errar de novo, já estava com 21 anos e, na quebrada, você não pode ficar errando.”

Diogo afirma que, com os programas de incentivos, ele adquiriu conhecimento e base financeira para crescer e competir de igual para igual com outros negócios. O empresário conta que está mais simples empreender. “Antes não tinham programas como o Vai Tec. Não tinha muito acesso. Era muito institucionalizado. Hoje tem muito mais oportunidades, redes de coworking, mais programas para empreendedores, mais escolas de empreendedorismo.”

Depois de dois fracassos, Diogo Bezerra, não hesitou em abrir um novo negócio, mas procurou ajuda  Foto: Arquivo pessoal

Ele acrescenta que seus negócios visam impulsionar jovens que sonham em se capacitar e encontrar o papel de protagonista na sociedade. “Tentamos fazer com que os jovens possam sair da inércia do que chamamos de ‘sem sem’, que é sem dinheiro, sem emprego e sem oportunidade. Meu objetivo com a Mais1Code e PLT4WAY é fazer essa inclusão produtiva. É, como nós dizemos, reprogramar a quebrada, tornar este jovem uma referência no que faz.”

Az Marias

Inspiração para quem quer ser empreendedor, a marca de roupas Az Marias, voltada o street style, foi criada em 2015 e aposta no apelo sustentável. A empresa usa como matéria-prima o resíduo têxtil de grandes empresas do setor para fazer suas peças.

A criadora da marca, Cíntia Felix, conta que o início de sua carreira como empresária foi intenso e que teve que empreender na escassez. “Tem uma música do Racionais que eu gosto muito, fala que até no lixão nasce flor. Na periferia, onde todo mundo diz que não tem nada, há pessoas extremamente criativas que florescem, que fazem coisas fantásticas.”

A dificuldade financeira, a falta de conhecimento e networking foram alguns dos problemas que Cíntia enfrentou, mas a estilista afirma que, aos poucos, foi furando as bolhas com muita persistência e conquistando seu espaço.

Ela conta que os incentivos são de grande importância, pois sem investimento é impossível tocar um negócio. “Fazer o nosso trabalho sem dinheiro é uma extrema dificuldade e, talvez por isso, muitos negócios não conseguiram se desenvolver”. Cíntia ressalta que apesar das ajudas, os jovens de comunidades ainda enfrentam outras dificuldades, “Os acessos que surgiram ainda não são suficientes e não são devidamente comunicados, para que os jovens consigam empreender.”

Para Cíntia, a Az Marias serve de exemplo para jovens periféricos que sonham ter um negócio próprio. Eles se inspiram na trajetória da marca, sem copiar, mas observando o caminho e percorrendo a própria jornada. “Estamos falando de troca de narrativas e de posições de poder. Quando um jovem de periferia me vê, uma mulher preta retinta, de dreadlocks verdes, mãe, professora no São Paulo Fashion Week, num lugar de destaque, em uma revista ou no Estadão, ele começa a entender que é possível.”

Todas Por Uma APP

Outro exemplo de empreendedorismo na periferia é o Todas Por Uma, um aplicativo contra a violência doméstica, que conta com a Nice, inteligência artificial capaz de encontrar uma pessoa sequestrada. Desenvolvido pelo estudante, Mateus Lima, de 23 anos, a equipe por trás do app conta com apenas duas pessoas. “Somos 2 meninos lutando contra milhões de agressores.”

Mateus Lima, criador do app “Todas Por Uma”, afirma que programas de incentivo são importantes e deveriam ser mais divulgados Foto: Arquivo pessoal

Mateus conta que é muito difícil empreender dentro da favela e afirma que os projetos foram essenciais para fomentar seu negócio e alimentar seu sonho. “Os programas de aceleração para as pessoas da favela deveriam ser mais expostos, pois existem muitos talentos que precisam dessa mesma oportunidade que tive um dia”, ressalta.

O aplicativo já está presente em mais de 15 países e, segundo o criador, o principal objetivo é salvar vidas. “A gente entrega mais que um aplicativo, entregamos a esperança na palma da sua mão. Hoje o Todas Por Uma está presente nos principais Estados do Brasil e ficamos muito felizes, pois nossa tecnologia foi desenvolvida dentro de uma favela”, afirma Mateus Lima.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’. O potencial econômico das periferias tem incentivado o empreendedorismo entre os moradores das comunidades e ampliado o sonho de ter um negócio próprio. Segundo dados da pesquisa “Um país chamado favela’”, do Data Favela, dos 17 milhões de brasileiros que vivem em comunidades, cerca de 35% (ou 6 milhões) sonham em ter o negócio próprio. Além disso, 50% dos moradores se consideram empreendedores e 41% têm o próprio negócio.

Para o morador da periferia, empreender surge como oportunidade de mudar de vida e crescer socialmente. Para isso, não é preciso sair do bairro em que nasceu. A capacidade produtiva das favelas é superior a de muitas cidades do interior do País. A pesquisa do Data Favela apontou que moradores de comunidade movimentam cerca de R$180,9 bilhões em renda própria por ano.

No entanto, o caminho que esses empreendedores percorrem é diferente do habitual. Eles têm de enfrentar mais barreiras que atrasam o desenvolvimento do negócio, como a falta de acesso a crédito e limitação de conhecimento para expandir o negócio.

O que surge como um facilitador para quem sonha empreender são os programas de incentivo e de crédito para moradores de favelas. A gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos de incentivo por meio da inovação. Segundo ela, inovação é resolver problemas reais em ambientes de altíssimas incertezas. No contexto do empreendedor periférico, o que fazemos é auxiliar”.

O grupo Semente, em parceria com a ADE Sampa, desenvolve o Vai Tec, que auxilia jovens de comunidades a criar, expandir e validar seus empreendimentos. O objetivo é promover o desenvolvimento dentro das comunidades e gerar emprego e renda. A iniciativa já chegou a aumentar 70% do faturamento dos participantes do projeto.

Josiane explica que os cursos buscam fornecer acesso a conhecimento técnico, ferramentas, redes de relacionamento, networking e trabalham os negócios de forma individual. “Temos consultorias individuais, para trabalhar a perspectiva individual de cada negócio, olhando para as necessidades específicas”

Gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos voltados à inovação Foto: Arquivo pessoal

Diogo Bezerra, de 29 anos, é o fundador dos projetos PLT4Way, uma escola de idiomas de impacto social e da Mais1Code, uma escola de programação para jovens da periferia. Ele começou a empreender aos 16 anos, mas devido à falta de estímulo, os negócios não prosperavam. “Tive dois negócios, só que nenhum deu certo. Isso por causa do pouco conhecimento que eu tinha sobre empreendedorismo e gestão de fluxo de caixa.”

Com isso, ao decidir empreender pela terceira vez, buscou direcionamento para construir um negócio saudável. “Fui atrás de ajuda, porque eu não podia errar de novo, já estava com 21 anos e, na quebrada, você não pode ficar errando.”

Diogo afirma que, com os programas de incentivos, ele adquiriu conhecimento e base financeira para crescer e competir de igual para igual com outros negócios. O empresário conta que está mais simples empreender. “Antes não tinham programas como o Vai Tec. Não tinha muito acesso. Era muito institucionalizado. Hoje tem muito mais oportunidades, redes de coworking, mais programas para empreendedores, mais escolas de empreendedorismo.”

Depois de dois fracassos, Diogo Bezerra, não hesitou em abrir um novo negócio, mas procurou ajuda  Foto: Arquivo pessoal

Ele acrescenta que seus negócios visam impulsionar jovens que sonham em se capacitar e encontrar o papel de protagonista na sociedade. “Tentamos fazer com que os jovens possam sair da inércia do que chamamos de ‘sem sem’, que é sem dinheiro, sem emprego e sem oportunidade. Meu objetivo com a Mais1Code e PLT4WAY é fazer essa inclusão produtiva. É, como nós dizemos, reprogramar a quebrada, tornar este jovem uma referência no que faz.”

Az Marias

Inspiração para quem quer ser empreendedor, a marca de roupas Az Marias, voltada o street style, foi criada em 2015 e aposta no apelo sustentável. A empresa usa como matéria-prima o resíduo têxtil de grandes empresas do setor para fazer suas peças.

A criadora da marca, Cíntia Felix, conta que o início de sua carreira como empresária foi intenso e que teve que empreender na escassez. “Tem uma música do Racionais que eu gosto muito, fala que até no lixão nasce flor. Na periferia, onde todo mundo diz que não tem nada, há pessoas extremamente criativas que florescem, que fazem coisas fantásticas.”

A dificuldade financeira, a falta de conhecimento e networking foram alguns dos problemas que Cíntia enfrentou, mas a estilista afirma que, aos poucos, foi furando as bolhas com muita persistência e conquistando seu espaço.

Ela conta que os incentivos são de grande importância, pois sem investimento é impossível tocar um negócio. “Fazer o nosso trabalho sem dinheiro é uma extrema dificuldade e, talvez por isso, muitos negócios não conseguiram se desenvolver”. Cíntia ressalta que apesar das ajudas, os jovens de comunidades ainda enfrentam outras dificuldades, “Os acessos que surgiram ainda não são suficientes e não são devidamente comunicados, para que os jovens consigam empreender.”

Para Cíntia, a Az Marias serve de exemplo para jovens periféricos que sonham ter um negócio próprio. Eles se inspiram na trajetória da marca, sem copiar, mas observando o caminho e percorrendo a própria jornada. “Estamos falando de troca de narrativas e de posições de poder. Quando um jovem de periferia me vê, uma mulher preta retinta, de dreadlocks verdes, mãe, professora no São Paulo Fashion Week, num lugar de destaque, em uma revista ou no Estadão, ele começa a entender que é possível.”

Todas Por Uma APP

Outro exemplo de empreendedorismo na periferia é o Todas Por Uma, um aplicativo contra a violência doméstica, que conta com a Nice, inteligência artificial capaz de encontrar uma pessoa sequestrada. Desenvolvido pelo estudante, Mateus Lima, de 23 anos, a equipe por trás do app conta com apenas duas pessoas. “Somos 2 meninos lutando contra milhões de agressores.”

Mateus Lima, criador do app “Todas Por Uma”, afirma que programas de incentivo são importantes e deveriam ser mais divulgados Foto: Arquivo pessoal

Mateus conta que é muito difícil empreender dentro da favela e afirma que os projetos foram essenciais para fomentar seu negócio e alimentar seu sonho. “Os programas de aceleração para as pessoas da favela deveriam ser mais expostos, pois existem muitos talentos que precisam dessa mesma oportunidade que tive um dia”, ressalta.

O aplicativo já está presente em mais de 15 países e, segundo o criador, o principal objetivo é salvar vidas. “A gente entrega mais que um aplicativo, entregamos a esperança na palma da sua mão. Hoje o Todas Por Uma está presente nos principais Estados do Brasil e ficamos muito felizes, pois nossa tecnologia foi desenvolvida dentro de uma favela”, afirma Mateus Lima.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’. O potencial econômico das periferias tem incentivado o empreendedorismo entre os moradores das comunidades e ampliado o sonho de ter um negócio próprio. Segundo dados da pesquisa “Um país chamado favela’”, do Data Favela, dos 17 milhões de brasileiros que vivem em comunidades, cerca de 35% (ou 6 milhões) sonham em ter o negócio próprio. Além disso, 50% dos moradores se consideram empreendedores e 41% têm o próprio negócio.

Para o morador da periferia, empreender surge como oportunidade de mudar de vida e crescer socialmente. Para isso, não é preciso sair do bairro em que nasceu. A capacidade produtiva das favelas é superior a de muitas cidades do interior do País. A pesquisa do Data Favela apontou que moradores de comunidade movimentam cerca de R$180,9 bilhões em renda própria por ano.

No entanto, o caminho que esses empreendedores percorrem é diferente do habitual. Eles têm de enfrentar mais barreiras que atrasam o desenvolvimento do negócio, como a falta de acesso a crédito e limitação de conhecimento para expandir o negócio.

O que surge como um facilitador para quem sonha empreender são os programas de incentivo e de crédito para moradores de favelas. A gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos de incentivo por meio da inovação. Segundo ela, inovação é resolver problemas reais em ambientes de altíssimas incertezas. No contexto do empreendedor periférico, o que fazemos é auxiliar”.

O grupo Semente, em parceria com a ADE Sampa, desenvolve o Vai Tec, que auxilia jovens de comunidades a criar, expandir e validar seus empreendimentos. O objetivo é promover o desenvolvimento dentro das comunidades e gerar emprego e renda. A iniciativa já chegou a aumentar 70% do faturamento dos participantes do projeto.

Josiane explica que os cursos buscam fornecer acesso a conhecimento técnico, ferramentas, redes de relacionamento, networking e trabalham os negócios de forma individual. “Temos consultorias individuais, para trabalhar a perspectiva individual de cada negócio, olhando para as necessidades específicas”

Gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos voltados à inovação Foto: Arquivo pessoal

Diogo Bezerra, de 29 anos, é o fundador dos projetos PLT4Way, uma escola de idiomas de impacto social e da Mais1Code, uma escola de programação para jovens da periferia. Ele começou a empreender aos 16 anos, mas devido à falta de estímulo, os negócios não prosperavam. “Tive dois negócios, só que nenhum deu certo. Isso por causa do pouco conhecimento que eu tinha sobre empreendedorismo e gestão de fluxo de caixa.”

Com isso, ao decidir empreender pela terceira vez, buscou direcionamento para construir um negócio saudável. “Fui atrás de ajuda, porque eu não podia errar de novo, já estava com 21 anos e, na quebrada, você não pode ficar errando.”

Diogo afirma que, com os programas de incentivos, ele adquiriu conhecimento e base financeira para crescer e competir de igual para igual com outros negócios. O empresário conta que está mais simples empreender. “Antes não tinham programas como o Vai Tec. Não tinha muito acesso. Era muito institucionalizado. Hoje tem muito mais oportunidades, redes de coworking, mais programas para empreendedores, mais escolas de empreendedorismo.”

Depois de dois fracassos, Diogo Bezerra, não hesitou em abrir um novo negócio, mas procurou ajuda  Foto: Arquivo pessoal

Ele acrescenta que seus negócios visam impulsionar jovens que sonham em se capacitar e encontrar o papel de protagonista na sociedade. “Tentamos fazer com que os jovens possam sair da inércia do que chamamos de ‘sem sem’, que é sem dinheiro, sem emprego e sem oportunidade. Meu objetivo com a Mais1Code e PLT4WAY é fazer essa inclusão produtiva. É, como nós dizemos, reprogramar a quebrada, tornar este jovem uma referência no que faz.”

Az Marias

Inspiração para quem quer ser empreendedor, a marca de roupas Az Marias, voltada o street style, foi criada em 2015 e aposta no apelo sustentável. A empresa usa como matéria-prima o resíduo têxtil de grandes empresas do setor para fazer suas peças.

A criadora da marca, Cíntia Felix, conta que o início de sua carreira como empresária foi intenso e que teve que empreender na escassez. “Tem uma música do Racionais que eu gosto muito, fala que até no lixão nasce flor. Na periferia, onde todo mundo diz que não tem nada, há pessoas extremamente criativas que florescem, que fazem coisas fantásticas.”

A dificuldade financeira, a falta de conhecimento e networking foram alguns dos problemas que Cíntia enfrentou, mas a estilista afirma que, aos poucos, foi furando as bolhas com muita persistência e conquistando seu espaço.

Ela conta que os incentivos são de grande importância, pois sem investimento é impossível tocar um negócio. “Fazer o nosso trabalho sem dinheiro é uma extrema dificuldade e, talvez por isso, muitos negócios não conseguiram se desenvolver”. Cíntia ressalta que apesar das ajudas, os jovens de comunidades ainda enfrentam outras dificuldades, “Os acessos que surgiram ainda não são suficientes e não são devidamente comunicados, para que os jovens consigam empreender.”

Para Cíntia, a Az Marias serve de exemplo para jovens periféricos que sonham ter um negócio próprio. Eles se inspiram na trajetória da marca, sem copiar, mas observando o caminho e percorrendo a própria jornada. “Estamos falando de troca de narrativas e de posições de poder. Quando um jovem de periferia me vê, uma mulher preta retinta, de dreadlocks verdes, mãe, professora no São Paulo Fashion Week, num lugar de destaque, em uma revista ou no Estadão, ele começa a entender que é possível.”

Todas Por Uma APP

Outro exemplo de empreendedorismo na periferia é o Todas Por Uma, um aplicativo contra a violência doméstica, que conta com a Nice, inteligência artificial capaz de encontrar uma pessoa sequestrada. Desenvolvido pelo estudante, Mateus Lima, de 23 anos, a equipe por trás do app conta com apenas duas pessoas. “Somos 2 meninos lutando contra milhões de agressores.”

Mateus Lima, criador do app “Todas Por Uma”, afirma que programas de incentivo são importantes e deveriam ser mais divulgados Foto: Arquivo pessoal

Mateus conta que é muito difícil empreender dentro da favela e afirma que os projetos foram essenciais para fomentar seu negócio e alimentar seu sonho. “Os programas de aceleração para as pessoas da favela deveriam ser mais expostos, pois existem muitos talentos que precisam dessa mesma oportunidade que tive um dia”, ressalta.

O aplicativo já está presente em mais de 15 países e, segundo o criador, o principal objetivo é salvar vidas. “A gente entrega mais que um aplicativo, entregamos a esperança na palma da sua mão. Hoje o Todas Por Uma está presente nos principais Estados do Brasil e ficamos muito felizes, pois nossa tecnologia foi desenvolvida dentro de uma favela”, afirma Mateus Lima.

ESPECIAL PARA O ‘ESTADÃO’. O potencial econômico das periferias tem incentivado o empreendedorismo entre os moradores das comunidades e ampliado o sonho de ter um negócio próprio. Segundo dados da pesquisa “Um país chamado favela’”, do Data Favela, dos 17 milhões de brasileiros que vivem em comunidades, cerca de 35% (ou 6 milhões) sonham em ter o negócio próprio. Além disso, 50% dos moradores se consideram empreendedores e 41% têm o próprio negócio.

Para o morador da periferia, empreender surge como oportunidade de mudar de vida e crescer socialmente. Para isso, não é preciso sair do bairro em que nasceu. A capacidade produtiva das favelas é superior a de muitas cidades do interior do País. A pesquisa do Data Favela apontou que moradores de comunidade movimentam cerca de R$180,9 bilhões em renda própria por ano.

No entanto, o caminho que esses empreendedores percorrem é diferente do habitual. Eles têm de enfrentar mais barreiras que atrasam o desenvolvimento do negócio, como a falta de acesso a crédito e limitação de conhecimento para expandir o negócio.

O que surge como um facilitador para quem sonha empreender são os programas de incentivo e de crédito para moradores de favelas. A gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos de incentivo por meio da inovação. Segundo ela, inovação é resolver problemas reais em ambientes de altíssimas incertezas. No contexto do empreendedor periférico, o que fazemos é auxiliar”.

O grupo Semente, em parceria com a ADE Sampa, desenvolve o Vai Tec, que auxilia jovens de comunidades a criar, expandir e validar seus empreendimentos. O objetivo é promover o desenvolvimento dentro das comunidades e gerar emprego e renda. A iniciativa já chegou a aumentar 70% do faturamento dos participantes do projeto.

Josiane explica que os cursos buscam fornecer acesso a conhecimento técnico, ferramentas, redes de relacionamento, networking e trabalham os negócios de forma individual. “Temos consultorias individuais, para trabalhar a perspectiva individual de cada negócio, olhando para as necessidades específicas”

Gestora em inovação social empreendedora, Josiane Santos, faz parte do grupo Semente Negócios, que desenvolve projetos voltados à inovação Foto: Arquivo pessoal

Diogo Bezerra, de 29 anos, é o fundador dos projetos PLT4Way, uma escola de idiomas de impacto social e da Mais1Code, uma escola de programação para jovens da periferia. Ele começou a empreender aos 16 anos, mas devido à falta de estímulo, os negócios não prosperavam. “Tive dois negócios, só que nenhum deu certo. Isso por causa do pouco conhecimento que eu tinha sobre empreendedorismo e gestão de fluxo de caixa.”

Com isso, ao decidir empreender pela terceira vez, buscou direcionamento para construir um negócio saudável. “Fui atrás de ajuda, porque eu não podia errar de novo, já estava com 21 anos e, na quebrada, você não pode ficar errando.”

Diogo afirma que, com os programas de incentivos, ele adquiriu conhecimento e base financeira para crescer e competir de igual para igual com outros negócios. O empresário conta que está mais simples empreender. “Antes não tinham programas como o Vai Tec. Não tinha muito acesso. Era muito institucionalizado. Hoje tem muito mais oportunidades, redes de coworking, mais programas para empreendedores, mais escolas de empreendedorismo.”

Depois de dois fracassos, Diogo Bezerra, não hesitou em abrir um novo negócio, mas procurou ajuda  Foto: Arquivo pessoal

Ele acrescenta que seus negócios visam impulsionar jovens que sonham em se capacitar e encontrar o papel de protagonista na sociedade. “Tentamos fazer com que os jovens possam sair da inércia do que chamamos de ‘sem sem’, que é sem dinheiro, sem emprego e sem oportunidade. Meu objetivo com a Mais1Code e PLT4WAY é fazer essa inclusão produtiva. É, como nós dizemos, reprogramar a quebrada, tornar este jovem uma referência no que faz.”

Az Marias

Inspiração para quem quer ser empreendedor, a marca de roupas Az Marias, voltada o street style, foi criada em 2015 e aposta no apelo sustentável. A empresa usa como matéria-prima o resíduo têxtil de grandes empresas do setor para fazer suas peças.

A criadora da marca, Cíntia Felix, conta que o início de sua carreira como empresária foi intenso e que teve que empreender na escassez. “Tem uma música do Racionais que eu gosto muito, fala que até no lixão nasce flor. Na periferia, onde todo mundo diz que não tem nada, há pessoas extremamente criativas que florescem, que fazem coisas fantásticas.”

A dificuldade financeira, a falta de conhecimento e networking foram alguns dos problemas que Cíntia enfrentou, mas a estilista afirma que, aos poucos, foi furando as bolhas com muita persistência e conquistando seu espaço.

Ela conta que os incentivos são de grande importância, pois sem investimento é impossível tocar um negócio. “Fazer o nosso trabalho sem dinheiro é uma extrema dificuldade e, talvez por isso, muitos negócios não conseguiram se desenvolver”. Cíntia ressalta que apesar das ajudas, os jovens de comunidades ainda enfrentam outras dificuldades, “Os acessos que surgiram ainda não são suficientes e não são devidamente comunicados, para que os jovens consigam empreender.”

Para Cíntia, a Az Marias serve de exemplo para jovens periféricos que sonham ter um negócio próprio. Eles se inspiram na trajetória da marca, sem copiar, mas observando o caminho e percorrendo a própria jornada. “Estamos falando de troca de narrativas e de posições de poder. Quando um jovem de periferia me vê, uma mulher preta retinta, de dreadlocks verdes, mãe, professora no São Paulo Fashion Week, num lugar de destaque, em uma revista ou no Estadão, ele começa a entender que é possível.”

Todas Por Uma APP

Outro exemplo de empreendedorismo na periferia é o Todas Por Uma, um aplicativo contra a violência doméstica, que conta com a Nice, inteligência artificial capaz de encontrar uma pessoa sequestrada. Desenvolvido pelo estudante, Mateus Lima, de 23 anos, a equipe por trás do app conta com apenas duas pessoas. “Somos 2 meninos lutando contra milhões de agressores.”

Mateus Lima, criador do app “Todas Por Uma”, afirma que programas de incentivo são importantes e deveriam ser mais divulgados Foto: Arquivo pessoal

Mateus conta que é muito difícil empreender dentro da favela e afirma que os projetos foram essenciais para fomentar seu negócio e alimentar seu sonho. “Os programas de aceleração para as pessoas da favela deveriam ser mais expostos, pois existem muitos talentos que precisam dessa mesma oportunidade que tive um dia”, ressalta.

O aplicativo já está presente em mais de 15 países e, segundo o criador, o principal objetivo é salvar vidas. “A gente entrega mais que um aplicativo, entregamos a esperança na palma da sua mão. Hoje o Todas Por Uma está presente nos principais Estados do Brasil e ficamos muito felizes, pois nossa tecnologia foi desenvolvida dentro de uma favela”, afirma Mateus Lima.

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